#DateRuim escrita por agheesi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar quero agradecer a 2 pessoas especiais e maravilhosas que me ajudaram com isso: Larissa (conhecida por vcs como KL) e Brenda. Vocês são maravilhosas de verdade, muito obrigada! Dedico essa one shot à vcs! ♥
??”
Palavras chave: poeira, deslumbrante, incapacidade.



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Eu estava sentada na minha cama do dormitório estudando para a prova de Fisiologia Animal Comparada que seria dali a duas semanas. O laptop estava aberto no pdf dos slides da aula, o caderno com minhas anotações do meu lado direito, o livro do lado esquerdo. Eu ouvia uma playlist própria para estudar no meu fone de ouvido conectado ao meu celular e podia visualizar Temari – minha colega de quarto e melhor amiga desde que nos conhecemos ao nos mudarmos para o alojamento da faculdade – tirando poeira de seu criado mudo. Era seu dia de faxina, ela limpava seu lado do quarto toda quinzena religiosamente e sempre reclamava da bagunça que era o meu lado.

Eu poderia muito bem dizer que estava conseguindo focar nas diferenças entre os sistemas respiratórios de diferentes classes de animais, mas a verdade é que eventualmente eu me distraía olhando as atualizações do facebook e verificando para ver se uma certa pessoa havia respondido minha mensagem. Até ver um certo de status de relacionamento passando no meu feed e exclamar:

“Eita!”

“O que foi?” Temari estava passando o aspirador debaixo de sua cama neste momento e levantou a cabeça para mim curiosa.

“A Sakura ‘ta namorando a Ino desde quando?”

Temari respondeu dando de ombros:

“Bem que elas pareciam muito grudadas naquela festa que fomos na república na semana passada. Bem, isso explica a cara fechada da Karin a festa toda.” Temari voltou à sua tarefa completamente indiferente ao assunto. Eu estava indignada. Até mês passado, Sakura e Karin estavam ficando e eu estava realmente torcendo para que o caso das duas fosse para frente.

“Claro que ela estava de cara fechada, porra! Eu não acredito que meu shipp se desfez.” Fingi chorar, o que fez Temari rir sem nem desviar a atenção do que fazia. Eu vou descobrir um dia como ela era capaz de conversar comigo enquanto fazia qualquer outra atividade, infelizmente eu não tinha essa capacidade.

“Você não era afim da Karin antes desse caso dela com a Sakura? Aproveita a oportunidade, Dix Dix.” Revirei os olhos, tanto pelo comentário quanto pelo apelido. Quando me apresentei como TenTen no dia que nos conhecemos, Temari riu e fez piada sobre meu nome ser 1010 em inglês. Desde então, ela surge com inúmeros apelidos com o número 10 em diferentes idiomas e meu nome no celular dela está “Mil e dez”. De qualquer forma, tive uma reação super madura e arremessei meu estojo em cima dela. Felizmente, eu tenho excelente pontaria e acertei em cheio sua cabeça, para então lhe responder.

“Primeiramente, você é ridícula!” Ela riu. “E depois, eu já estou a fim de outra pessoa e você sabe como eu só consigo focar em uma pessoa só.”

Temari terminou de arrumar sua cama antes de caminhar em minha direção e tirar meu caderno do lugar e sentar ao meu lado, com o olhar que claramente dizia ‘conta mais’. Mas eu não ia dar esse gostinho para ela. Abri de volta meus slides e me limitei a dizer.

“Estou estudando.”

Ela arrancou o laptop do meu colo.

“ ’Tá nada, você ‘tava fofocando sobre a vida da Sakura ainda agora e você tem o dever de me manter atualizada sobre sua lista de interesses amorosos, isso está no Estatuto das Melhores Amigas. Eu tenho disciplinas de Direito, sei do que ‘to falando.” Temari utilizou seu melhor tom mandão, o que me fez só bufar e me jogar para trás. O que não foi boa ideia, pois acabei batendo minha cabeça na parede atrás de mim. “Vai, fala... É homem ou mulher dessa vez? É a Konan?”

“Eu só fiquei com a Konan uma vez, nada mais, supera o shipp! E é um cara da minha turma de Francês.”

“Hmmm, parece que fazer uma eletiva de Letras valeu a pena, então? Tudo bem que ainda não sou a favor de você trocar aquele mulherão da porra que é a Konan por macho, mas vida que segue.”

“Primeiro, se você ‘tá tão a fim da Konan assim, fica você com ela. E eu não ‘to trocando, Temari, quantas vezes tenho que repetir que a gente não tinha nada?” Bufei. “Enfim, tem esse cara de Engenharia da Computação na minha turma que é extremamente inteligente, você não tem ideia. Ele prestou o vestibular quando ainda ‘tava no primeiro ano e passou, aí teve que fazer todo um rolo pra conseguir se matricular e tal. E vou te contar, ele é um gato. Assim, ele tem aquele charme, sabe? Nossa, que homem!”

“Ai, amiga, logo de Engenharia e pirralho ainda? Sinceramente, você já foi melhor... Mas e aí? Conhecendo você, nem deve ter falado com ele ainda.”

“Pra sua informação, eu já chamei ele pra sair hoje a noite e estou só esperando a resposta.” Peguei meu celular e desbloqueei, procurando a conversa e mostrando o visor para ela.

“Shikabom, sério?” Temari riu quando viu o nome que eu havia salvo o contato e eu senti meu rosto esquentar de vergonha. Mas antes que eu pudesse responder à provocação de Temari, surgiu uma notificação de resposta do dito cujo topando a saída mais tarde. E quem leu a resposta obviamente foi a minha amiga que não perdeu a chance de provocar. “Parece que alguém vai dar essa noite, hein!”

“Vai se fuder, Temari!” Respondi, puxando o celular e visualizando a resposta. “Aliás, você não tem um encontro com aquele tal de Neji ou algo assim?”

“Primeiro: você é ridícula. O Neji e eu somos apenas amigos e eu vou encontrar com ele pra fazer o trabalho de Direito Internacional. ”

“Ah, claro, claro. Esse cara deve ser é feio pra você ainda não ter arrancado a calcinha pra ele.”

“Eu não vou nem te responder, sinceramente. Enfim, vou tomar banho.” Ela se dirigiu ao armário, pegou uma muda de roupas e entrou no banheiro e eu larguei meus estudos de lado para a importante tarefa de escolher a roupa com quem eu sairia pro meu encontro enquanto assistia tutoriais de maquiagem e penteado no YouTube.

[...]

Terminei de me arrumar e Temari já havia saído. Eu iria com Shikamaru em um pub com temática anos 80, aparentemente alguns amigos dele tinham uma banda cover que se apresentava lá todas as sextas feiras. Prendi o cabelo em uma trança lateral, optei por não fazer nenhuma maquiagem porque assistir vídeos de tutorial só me faziam ter certeza que eu não tinha nenhuma habilidade pra isso. Mas de qualquer forma, eu estava deslumbrante, modéstia à parte.

Como o pub era dentro do campus, Shikamaru veio me buscar na porta de meu dormitório para que andássemos juntos até lá. E já nesse trajeto percebi certas incompatibilidades entres nós dois. Aparentemente a única coisa em comum que tínhamos era a disciplina que fazíamos mesmo. Nem ao menos assistíamos as mesmas séries (como existia no mundo alguém que nunca assistiu Friends? De verdade?). Ele era um cara legal, mas não conseguíamos manter nenhum tipo de diálogo e aquilo me deixava tensa.

Enfim chegamos ao pub. Sentamos em uma mesa redonda mais próxima ao palco e Shikamaru pegou o cardápio que estava em cima da mesa e chamou o garçom.

“Oe, eu vou querer uma cerveja! E você?” Ele se virou para mim com uma das sobrancelhas erguidas.

“Vou querer uma cerveja também. Ah, e uma porção de batata frita, por favor!” Pedi, sorrindo. O garçom foi buscar o pedido e Shikamaru se virou para mim com uma cara de curiosidade.

“Cerveja? Isso é bem incomum...”

“O que é incomum?”

“Sei lá, mulheres não costumam beber cerveja.”

Eu tive que rir. Ou melhor, gargalhar. Aquilo era sério?

“Não sei com que mulheres você convive, mas as que eu conheço bebem e bastante, viu?”

Ele apenas deu de ombros, aparentemente desinteressado e aquilo me deixou nervosa. O garçom chegou com duas long neck e eu já ‘tava sinceramente achando que deveria ter ficado em casa estudando. Ou realizado o sonho de Temari e ter saído com Konan. Estava um silêncio bastante constrangedor na mesa e decidi quebra-lo.

“Então... Que horas começa a apresentação dos seus amigos?”

“As dez horas.”

E pronto. Foi aquilo. Nenhum desenvolvimento de conversa, nada. Segurei um grunhido de frustração e peguei meu celular para ver a hora. Eram 21:30. Não tinha nem meia hora de encontro ainda e eu já queria ir embora. Ele também não parecia lá muito confortável com aquela situação e estava seriamente refletindo fingir que estava me sentindo mal para ir embora quando vi Temari chegando perto da gente com um cara de cabelos incrivelmente compridos e olhos claros que me parecia bastante familiar. Ela parou ao meu lado e colocou uma mão no meu ombro.

“Ora, ora, olha só quem está aqui! Diez Diez e você deve ser o tal do Shikabom!”

Não, sério! A Temari deve ter vindo à Terra com a missão especial de me infernizar. Senti meu rosto esquentar na hora. Shikamaru pareceu bastante confuso, mas não teve tempo de perguntar porque felizmente ele e o tal cara que tinha chego com Temari se conheciam e engancharam alguma conversa. Eu aproveitei o momento de distração.

“Caralho Temari, você só me faz passar vergonha.”

“Amiga, você já passa a vergonha sozinha. E de longe eu ‘tava vendo sua cara de tédio, aliás, parece que o encontro não tá indo bem, né?” Eu bufei.

“Meninos, precisamos ir ao banheiro, já voltamos.”

Os dois me olharam antes de assentir. O olhar do tal cara que chegou com Temari pareceu se demorar um pouco mais no meu, o que me deixou um pouco desconcertada. Sacudi a cabeça e puxei Temari pelo braço em direção aos fundos do bar. Entramos no banheiro feminino, lá dentro me encostei na pia e consegui finalmente deixar sair meu suspiro de frustração preso desde que havia chegado ao bar.

“Date ruim?” Temari perguntou, direta.

“E como! Ele não é ruim, mas nossa... Parece que a gente não bateu muito, sabe? Não temos nada em comum, não conseguimos manter um diálogo decente e ele não é muito de falar... Eu não sei o que faço!” Bati a cabeça de leve na parede.

“E vocês lá precisam conversar pra transar? Só parte logo pra ação e segue a vida. Ele pode ter outras habilidades com a língua, já que não fala muito.”

“Temari, você é ridícula, como eu sou sua amiga?” Eu apoiei minha testa na mão, antes de lembrar. “Aliás, você não me contou que ia vir em um encontro hoje! Quem era o senhor L’Oreal lá e o que aconteceu com o tal Estatuto da Melhor Amiga?”

“Isso não é um encontro, caramba! Aquele é o Neji...”

“EU SABIA QUE VOCÊ TAVA PEGANDO ESSE CARA!” Interrompi Temari e uma mulher entrou no banheiro. Ela nos ignorou completamente e adentrou uma das cabines.

“Cacete, não! A gente terminou o trabalho e eu comentei que queria tomar uma cerveja pra relaxar, ele chamou pra vir aqui porque uns amigos dele tocam aqui ou sei lá.”

“Ele quer te comer, você sabe disso, né?”

“JuuJuu, você é ridícula!”

“JuuJuu?”

“É 1010 em japonês.”

“...”

“...”

“Eu te odeio, Temari!”

Saí do banheiro e voltei para a mesa, Temari veio logo atrás de mim rindo. O tal do Neji já estava sentado à nossa mesa e eu nem liguei, de repente ter Temari por perto tornaria a coisa toda menos constrangedora. Aliás, a incapacidade de Shikamaru de manter um diálogo decente devia ser só comigo, porque ele conversava animadamente com Neji.

“Desculpem a demora, rapazes, a Temari ficou menstruada.” Comentei com a cara mais cínica do mundo, enquanto me sentava de volta ao meu lugar. Temari me fuzilou com o olhar, antes de puxar uma cadeira de uma mesa próxima e sentar conosco.

“Como temos amigos mal-educados, deixe-me apresentar.” Neji interrompeu seu diálogo com Shikamaru para falar comigo. “Sou Neji Hyuuga.” Ele levantou sua mão direita.

“Ah, sim... Me chamo Tenten Mitsashi!” Respondi sorrindo, apertando sua mão. “Você me parece bastante familiar, sabia? E esse seu sobrenome não me é estranho.”

“Ele é primo da Hinata, aquela menina que você pegou na última festa da Sakura.” Temari respondeu e eu juro que quis dar na cara dela naquele momento. “Sabe, quando você ‘tava bêbada e...”

“Temari só cala a boca, pelo amor de Deus ou eu te bato!”

“Nossa, Zehn Zehn, que ignorância. Só estava te ajudando.”

Nem me dei ao trabalho de perguntar o que significava Zehn Zehn que possivelmente era o número 10 em algum outro idioma escroto. Aí, sinceramente, como uma pessoa consegue ser tão cínica? Mais uma vez naquele dia, me perguntei o porquê de ser amiga de Temari. Felizmente – ou não – Neji e Shikamaru levaram tudo na esportiva e começaram a rir, o que me deixou ainda mais indignada. Mas me limitei a pedir mais uma cerveja.

[...]

Algumas horas se passaram e até que as coisas haviam ficado divertidas depois que Neji e Temari chegaram. Já eram mais de meia noite e o show da banda já havia acabado. O vocalista e o baterista – Sasuke e Naruto, respectivamente – que eram os amigos de Shikamaru e Neji eram um casal e achei absurdamente fofo os dois juntos. Eles foram embora logo que o show acabou, alegando cansaço. O bar estava para fechar e estávamos os quatro animados demais para voltar pra casa, acabamos decidindo seguir para uma boate qualquer. Temari pediu um uber e cá estamos nós em uma fila gigantesca para o lugar mais popular da cidade, uma tal de Konoha, que eu nunca havia posto sequer os pés.

 Por algum motivo que eu não me recordo muito bem, eu estava com uma garrafa de vodka em mãos, a qual era compartilhada entre os quatro membros do grupo. Passei a garrafa para Temari, que parecia muito envolvida em uma conversa com Shikamaru. Eles estavam se dando muito bem desde o bar e conhecendo Temari como eu conhecia, era capaz de os dois acabarem em um motel ainda naquela noite. No início eu me senti um tanto incomodada com a maneira que o meu suposto encontro havia se desenrolado, mas eu acabei me dando incrivelmente bem com o Neji depois que ele mencionou que também praticava artes marciais. Ficamos de treinar juntos, inclusive, embora promessas de bêbado não devam se levar muito em consideração.

“Estou começando a achar que tivemos uma péssima ideia.” Neji comentou com a voz bastante enrolada e eu desatei a rir.

“Nossa, nem me fala. Eu só queria uma boa transa essa noite, mas acabei vindo parar na calçada da Konoha e nem sei se vou ter dinheiro pra entrar.” Neji me encarou com uma das sobrancelhas levantadas e eu me dei conta do que havia falado. A garrafa de vodka foi parar na mão dele.

“Eu moro sozinho...” Ele deu de ombros antes de beber um gole da garrafa de vodka e passar a garrafa para mim. E eu não entendi muito bem o que ele quis dizer com aquilo, falando daquilo do nada.

“Ah, que legal! Eu moro no alojamento, a Temari é minha colega de quarto.” Neji riu.

“Acho que você não entendeu... Mas eu posso te levar pra lá e te dar a boa transa que você estava querendo essa noite.”

 Ok, devo confessar que aquilo abalou minhas estruturas e eu certamente soube responder da mesma maneira sedutora que ele, que basicamente foi:

“...”

“...”

“Temari, eu e Neji estamos indo.” Nem olhei para minha amiga quando disse aquilo, simplesmente comecei a andar puxando Neji em direção ao ponto de táxi em frente ao clube. 

“Onde vocês vão?” Ela gritou, enquanto eu me distanciava.

“Transar!” Gritei de volta.

“NÃO ESQUECE A CAMISINHA!”

Já estávamos entrando no carro quando ouvi as últimas palavras de Temari.

[...]

Acordei com meu celular vibrando com vários alertas de mensagem seguidos. Desbloqueei o aparelho e vi que eram todas de Temari. Senti o braço de Neji em volta da minha cintura e demorei um pouco para fazer meu cérebro funcionar perfeitamente. Lição da noite: Nunca mais misture cerveja e vodka, a ressaca é terrível. Fui ler as mensagens que Temari havia enviado.

— Eu te disse que ele podia ter outras habilidades com a língua.

— Eu te disse!

— Cacete, que oral maravilhoso!

— Aliás, desculpe ter acabado pegando seu date, mas como você saiu pra transar com o Neji, não vi problemas.

— E nem pense em voltar tão cedo pra esse quarto!

— Ah, e bom dia! ♥

Eu só consegui rir e nem me dei ao trabalho de responder. A dor de cabeça estava me matando e achei melhor simplesmente voltar a dormir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da minha tentativa de comédia aqui hahahaha
Gostaria de finalizar agradecendo, como sempre, às meninas do grupo ShikaTemaBR por sempre darem total apoio para que eu continue escrevendo. Vcs são todas incríveis, de verdade!
Muito obrigada a quem quer que tenha lido, críticas construtivas e sugestões são bem vindas!
Beijão!