Depois do Exame Chuunin, o que mais Temari fazia em sua vida era o caminho de Suna para Konoha. Tinha meses que ela passava mais tempo na vila da folha do que na sua vila natal e, diferente do que qualquer um podia achar, ela gostava disso. Sentia-se em duvida com Konoha por tudo que Naruto havia feito por seu irmão e sentia-se grata por ser bem recebida todas as vezes que lá estava, mesmo com a traição anterior de Suna. Também havia o sentimento de contentamento em estar fazendo algo positivo, mediando o relacionamento entre as duas vilas, principalmente depois que Gaara ocupou o cargo de Kazekage. Ele sabia do que Temari achava de Konoha e compartilhava do pensamento que a vila tinha muito a ensinar a eles.

Então, chegar a Konoha e ter seu guia a esperando encostado em um dos portões com cara de sono fazia-a sempre dar um pequeno sorriso. Mas do que a gratidão por Gaara e o que ela podia chamar hoje de família, ela também era grata por ter feito amigos, coisa que sua posição como filha do quarto Kazekage pouco permitiu.

—É quase meio dia e você ainda está com essa cara de sono, Shikamaru? –foi a primeira coisa que ela disse quando se aproximou.

—Acordei cedo para poder estar aqui pra te receber, mulher problemática. –ele resmungou, contendo um bocejo. –Você devia ser mais grata e dizer pelo menos um “oi”.

Ela soltou um riso anasalado e ele sorriu. Temari tinha que admitir que, apesar do jeito preguiçoso a irritar e ela adorar provocá-lo, Shikamaru era um bom amigo e um ótimo guia. Mesmo reclamando, a levava para onde ela pedisse, até mesmo quando ela já conhecia o local. Os dois anos trabalhando juntos fez ambos acabando gostando da companhia um do outro.

—Continua um bebê chorão. –ela acusou.

Shikamaru revirou os olhos de forma um tanto sofrida que a fez rir novamente. Tomaram o caminho para dentro da vila.

—Tsunade-sama disse para eu levar você primeiro para almoçar. –ele disse após um suspiro –O que você quer comer?

—Ramen. –Temari respondeu prontamente. Shikamaru riu e ela questionou –O que foi?

—Toda vez que você vem pra Konoha, você quer comer ramen. –ele observou.

Ela levantou uma sobrancelha.

—O ramen daqui é melhor do que o de Suna. –ela justificou –E você fica observando o que eu gosto ou não de comer por acaso?

Shikamaru arregalou de leve os olhos e desviou o olhar. Temari podia jurar que ele corou, mas como ele estava olhando para o outro lado, não pode afirmar com certeza.

—Que problemático! –escutou ele resmungar, sem responder sua pergunta.

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Já estava um pouco tarde, mas Temari não estranhou quando batidas na porta do quarto de hotel que estava hospedada tiraram a atenção do documento que lia. Levantou da almofada que estava sentada no chão e olhou no olho-mágico da porta só para ter certeza de quem estava do lado de fora, abrindo-a logo em seguida.

—Temari! –Tenten exclamou animada, entrando no quarto sem que um convite fosse feito e abraçando-a rapidamente –Você não pode demorar tanto tempo assim para aparecer! Três meses!

—Oras, Tenten! –ela exclamou, retribuindo o abraço e se afastando –Eu moro em Suna, se você bem se lembra. Gosto de ficar mais de duas semanas na minha casa às vezes.

—Deveria pedir para seu irmão deixar você morar aqui. –Tenten respondeu –Você pode ser uma diplomata daqui também.

Temari revirou os olhos.

—Vem, já pedi chá pra gente. –Temari chamou –Já está esfriando, você demorou.

—Treino com o time Gai, sabe como é. –Tenten explicou sentando-se na almofada em frente à mesinha onde Temari lia os documentos anteriormente e também havia uma bandeja com uma chaleira e duas xícaras.

Temari tirou a papelada que estava em cima da mesinha e a realocou em cima da cômoda que junto com a mesinha, o criado mudo e a cama, mobiliavam o quarto.

—Gai-sensei continua com toda aquela energia? –Temari perguntou sentando-se também e servindo chá para as duas.

—Aquele lá vai morrer falando do fogo da juventude. –Tenten riu-se –E não vai deixar seu legado morrer, Lee esta ai pra isso.

Temari sorriu de canto, levando a xícara aos lábios. A amizade com Tenten tinha nascido de uma forma um tanto inusitada, quando as duas precisaram cumprir uma missão juntas logo que as vilas tinham voltado a ter uma aliança. Temari se sentiu incomoda e preferiu pedir desculpas pela forma que tinha a tratado na luta das duas no Exame Chuunin. Ela sabia que fora uma luta justa, mas a forma esnobe que a tratara, sem respeito algum pela adversaria, era motivo de se desculpar, ainda tirando o fato que tinham que ter uma boa convivência para desenvolver a missão e Temari não sabia se Tenten guardava algum tipo de rancor. Tenten, no dia, disse que tudo bem, aceitava as de desculpas e disse que aquela luta serviu apenas para motiva-la a ser melhor e que não haviam mágoas. Depois disso, Tenten sempre a procurava quando estava na vila, afirmando não ter muito com quem conversar além do próprio time, e as duas se tornaram amigas.

—E Neji? –ela perguntou por fim, olhando-a enquanto bebericava o chá com um olhar insinuativo.

Tenten corou e bebeu o chá também para disfarçar, quase se engasgando com a bebida.

—O que está querendo dizer com isso? –ela perguntou depois de se recuperar do quase engasgo.

Temari revirou os olhos.

—Não me venha com essa! –Temari mandou, o dedo em riste –Você me disse que tomaria uma atitude na ultima vez que estive em Konoha e não fez nada?

Tenten desviou o olhar, parecendo mais envergonhada ainda.

—Não é tão fácil assim! –ela resmungou –Ele melhorou depois da luta com o Naruto, mas continua uma pessoa distante.

Temari suspirou. Entendia tanto de relacionamento quanto sua amiga e não sabia bem quais concelhos dar nessas horas. A verdade era que a única pessoa com quem tinha essas conversar era Tenten e a maioria das vezes era unilateral, da morena falando de seus sentimentos por Neji. Temari não gostava muito de falar dos próprios sentimentos, mas não ligava de ouvir.

—Vai ter um festival no distrito das fontes termais. –ela disse, se lembrando de ter visto um folheto. –Você podia chama-lo para ir com você.

—Eu não! –Tenten exclamou rapidamente, arregalando os olhos.

—Então sinceramente não sei. –Temari disse, pousando a xicara na mesa.

Tenten suspirou e olhou para as próprias mãos. Temari a olhou, com a expressão solidaria. Ela podia até não admitir em voz alta, mas sabia o que sua amiga estava sentindo.

—E se... –Tenten levantou o olhar e um sorrisinho começou a nascer nos lábios dela –E se você for junto?

—Você quer que eu vá junto em um encontro com você e o Neji? –Temari perguntou, levantando uma sobrancelha.

—Sim! –Tenten confirmou e depois pareceu pensar melhor –Não... Espera...

—Não faz sentido, Tenten! –ela terminou o pensamento pela morena –Você quer se declarar pra ele e eu não quero ficar lá de... Vela.

Tenten murchou, os ombros caíram e ela choramingou. Temari a fitou por um momento, sem saber o que fazer para elevar os ânimos da amiga. Mas ela não precisou fazer nada e Tenten estava animada de novo, olhando-a com um novo sorriso.

—Pode dar certo se você levar um garoto também! –Tenten disse.

—O que? –Temari exclamou em supresa.

—Tipo um encontro duplo! –Tenten completou, animada.

—Não, Tenten! –Temari cortou –Isso não pode dar certo.

—Por que não? –Tenten perguntou, quase fazendo um bico.

—Não é segredo para ninguém que a maioria dos caras de Konoha tem medo de mim. –Temari disse fazendo um gesto amplo com a mão –Ou medo do meu irmão, o que da quase na mesma. Pelo menos os mantem afastados.

—Mas eles te acham um mulherão. –Tenten disse com uma expressão um tanto maliciosa –Escutei muita coisa por aí.

Temari corou de leve. Não gostava muito de chamar a atenção por esses motivos.

—Mesmo assim. –Temari achou melhor voltar para o assunto anterior –Não há quem eu possa chamar que não vai ficar com intensões erradas depois.

—Podemos chamar o Lee. –Tenten sugeriu. –Ele não vai interpretar de maneira errada... Eu acho.

—Não. –Temari descartou a possibilidade prontamente –Nada contra seu amigo, mas ele vai ficar horas falando sobre o fogo da juventude e competições, fora as outras horas falando da luta contra meu irmão e o respeito que ele tem pelo “Gaara-kun”.

Tenten fez uma careta, tendo que concordar com a loira e pareceu pensativa por um longo tempo. Temari escutou-a levantar alguns nomes, mas nenhum parecia realmente uma boa ideia.

—Você não está ajudando! –Tenten reclamou.

Temari bufou. A ideia de Tenten parecia um pouco insana, mas Temari não gostava de não poder ajudar seus amigos, agora que os tinha.

—Posso chamar o Nara. –Temari sentiu o rosto esquentar quando disse isso, mas fez o possível para disfarçar –Ele é meu guia e não se nega a ir onde eu peço.

Tenten levantou as sobrancelhas, olhando-a com curiosidade.

—Então é verdade que vocês... –ela deu uma pausa, olhando com atenção para amiga –Estão saindo?

—O que? –Temari arregalou os olhos e corou de forma intensa –Não! Eu acabei de dizer que ele é meu guia e você pergunta isso?! Quer saber, não vou mais te ajudar também!

—Não! –Tenten choramingou, prolongando as vogais da palavra –Temari, por favor!

Temari bufou e revirou os olhos.

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—Por que você tem que querer ir tão longe? –a voz dele soou arrastada, como sempre.

—Porque Tenten pediu pra acompanha-la no festival. –Temari respondeu, seu humor não era dos melhores.

—E por que eu tenho que ir junto se Tenten vai estar lá? –Shikamaru perguntou de novo, a voz mais sofrida.

—Porque você é meu guia e é sua obrigação! –Temari respondeu um tanto rude.

Shikamaru se calou e Temari bufou, parecendo irritada. Ela o tinha praticamente forçado a leva-la até o distrito das fontes termias onde haveria um festival ao ar livre. O sol estava se ponto e os dois caminhavam lado a lado, ele vestia seu uniforme, o que rendeu uma reclamação de Temari, que vestia uma yukata azul bonita, toda estampada com leques coloridos. Ele tinha tido um pouco de dificuldade em falar com ela assim que a viu, achando-a deslumbrante na roupa tão diferente do seu habitual. Agora, se sentia constrangido pela gagueira de mais cedo e torcia para que quando encontrassem Tenten, ele pudesse sair pela tangente.

Andaram mais alguns minutos em total silencio. O silencio não costumava ser incomodo entre eles, mas naquele momento, era o oposto. Shikamaru se amaldiçoou quando sua observação em volta, buscando não ficar encarando demais Temari por mais que o quisesse, o fez perceber o tanto de casais que os cercavam agora que já estavam entre as barraquinhas. De repente, Shikamaru sentiu como se estivesse em um encontro e aquilo o fez suar frio. Descartou a ideia logo em seguida, sabendo que Temari jamais o chamaria para um encontro.

—Temari! –escutaram a voz de Tenten chamando e de forma rápida se viraram na direção que o som vinha. Shikamaru notou apenas naquele momento como o local já estava um tanto cheio.

Demorou um momento para Shikamaru localizar a kunoichi no meio das pessoas e seus olhos se arregalaram de leve ao notar que ela não estava sozinha. Hyuuga Neji estava parado ao lado dela, os dois lado a lado na lateral de uma barraca de dangos, as roupas que ele usava deixavam claro que ele havia vindo para o festival e não apenas encontrado a morena por acaso. A ideia que tinha vindo a sua mente antes de Tenten chamar por Temari voltou com força e ele simplesmente não conseguia acreditar, mas não podia ser alguma outra coisa: Aquilo era um encontro. Um encontro duplo.

Temari acenou para a amiga e deu um passo na direção que os dois outros ninjas estavam. Shikamaru a segurou pelo braço para que ela não avançasse mais.

—Temari... –ele chamou, sua voz saiu um pouco esganiçada e mais uma vez no dia ele sentiu-se constrangido pelo comportamento adverso de seu corpo em relação a situação.

—O que foi? –ela virou-se para ele, parando de andar e o encarando. Ele sentiu o rosto esquentar.

—Isso... Isso é o que esta parecendo? –ele perguntou meio atropelado.

Ela levantou uma sobrancelha.

—O que parece? –perguntou.

Shikamaru engoliu em seco, sem saber se conseguia dizer as palavras em voz alta.

—Um encontro duplo. –ele respondeu por fim e a voz saiu esganiçada de novo. Temari corou e desviou o olhar, ele arregalou os olhos –É? –ele reforçou a pergunta.

—Tenten estava sem coragem de chamar Neji pra sair. –ela respondeu sem olha-lo –Ela me pediu ajuda, mas eu não podia vir e ficar sozinha com eles sem parecer estranho, certo?

—Ah... –ele torceu para que não parecesse que ele estava lamentando –Certo...

—Tenten disse que para Neji exatamente isso. –ela continuou como se ele não tivesse se pronunciado –Mas como se nós dois fossemos o casal, entendeu?

Shikamaru refletiu um momento, e as peças se encaixaram rapidamente em sua cabeça.

—Neji acha que você gosta de mim e que ele e Tenten estão ajudando nós a... a ficar juntos, mas na verdade Tenten que quer se declarar? –ele questionou apenas para ter certeza.

—Olha, não é que você é mesmo um gênio. –Temari disse com ironia –Agora vamos logo antes que Neji comece a desconfiar de algo.

Shikamaru coçou a nuca, Temari começou a andar de novo e ele foi atrás. Eles cumprimentaram o outro casal e Tenten disse animada que havia visto algumas barracas de jogos mais ao fundo e os quatro se dirigiram para lá. De forma óbvia, os jogos tinham segredos que fazia que até mesmo os ninjas tivessem dificuldades com eles, o que os faziam ser divertido mesmo com todas as habilidades. Tenten insistiu algumas vezes pra Neji usar o byakugan para desvenda-los, mas o Hyuuga se recusou. Acabaram entrando em uma pequena competição e Tenten ganhou na pontaria, mas o Hyuuga levou a melhor em um joguinho de estratégia. Shikamaru e Temari acabaram só observando, com ar de riso e trocando um olhar. Aparentemente, a armação de Temari e Tenten estava dando certo.

Quando já estavam cansados das brincadeiras, resolveram parar para comer. Pararam em uma barraquinha de okonomiyaki, mas Tenten lembrou-se de passar mais cedo por uma de baozi, dizendo como o pãozinho era raro por aquelas bandas, e Neji e Shikamaru acabaram indo comprar enquanto Tenten e Temari faziam o pedido.

Os dois saíram em silencio, andando entre as pessoas com cuidado para não esbarrar em ninguém. Compraram o baozi e estavam voltando quando Neji falou, quase sobressaltando Shikamaru:

—Então... Você e a Temari-san realmente estão saindo? –ele perguntou.

Shikamaru levantou as duas sobrancelhas em surpresa, parando de andar por alguns segundos, sem saber o que responder. Ele não tinha ideia do que Tenten e Temari haviam combinado além do que Temari disse para ele mais cedo e muito menos ideia do que Tenten tinha dito para ele. Voltou a andar antes que o Hyuuga notasse sua dúvida, sem ainda saber o que dizer.

—Bem... Mais ou menos. –resolveu-se por fim

—Hum...

O silencio se fez presente de novo e Shikamaru agradeceu mentalmente por isso. Estavam quase chegando onde estavam as meninas quando Shikamaru sentiu um cheiro doce e olhou de onde ele vinha. A barraquinha de doces a sua frente lhe deu uma ideia e ele apressou-se em usa-la para que Temari não dissesse que não fez nada pelo plano, mesmo que ele próprio não tivesse exatamente concordado em ajudar.

 -Neji... –ele chamou e mais velho olhou para ele –Tenten gosta de doce?

—Gosta. –Neji respondeu –Por que?

Shikamaru apontou a barraquinha com a cabeça e Neji deu um sorriso de canto.

Quando voltaram para a barraquinha de okonomiyaki, as duas já os esperavam com os pedidos dos quatro. Eles sentaram-se em uma mesinha e comeram sem pressa, conversando. Apesar de Neji e Shikamaru serem mais calados, acabavam interagindo bastante na conversa, tornando o clima agradável. Ainda ficaram um tempo sentados apenas conversando depois de comer, mas as mesinhas ao redor começaram a lotar e eles acharam melhor abrir espaço para quem precisava.

—O que vamos fazer agora? –Shikamaru perguntou, apesar do constrangimento inicial com a situação, ele estava se divertindo.

—Vamos passar naquelas barraquinhas de quinquilharias perto da entrada. –Temari sugeriu.

—Tem umas coisinhas legais das fontes termais vendendo. –Tenten concordou com a ideia.

Seguiram o caminho de volta, desviando das pessoas que faziam o caminho inverso, doidas para chegarem nas barracas de comida. Shikamaru não tinha muito interesse pelas coisas vendidas ali e só seguia Temari, que disse querer levar um presente para cada um de seus irmãos. Quando deu por si, já não via mais Neji e Tenten, mas não se incomodou, pensando que logo os acharia de novo. Esperou Temari deixar o vidro com sais de banho de volta na mesa de exposição e tocou seu ombro.

—Hum? –ela virou para si, os olhos verdes estavam com um leve traço de maquiagem e ele se impressionou com isso, nunca tinha notado ela maquiada.

—Eu... É... –ele gaguejou, sentindo-se estupido novamente –Toma.

Ela levantou uma sobrancelha para o saquinho branco e o pegou, abrindo logo em seguida. Shikamaru podia jurar que viu os olhos dela brilharem.

—Castanhas doces... –ela murmurou.

—É... –ele respondeu, corando quando ela dirigiu o olhar para ele.

—Como você...? –ela começou um pouco confusa, depois franziu de leve o cenho –Por que você me observa tanto?

Ele arregalou os olhos.

—O que? –perguntou, tentando se fazer de desentendido.

—Você sabe o que eu gosto de comer quando chego a Konoha, o tipo de chá que eu tomo sempre, comentou hoje mais cedo que eu não costumava usar azul e agora me deu meu doce preferido... –ela enumerou os fatos.

—Eu só sou observador e... –ele bufou –E só! Vem, vamos procurar o Neji e a Tenten.

Ele começou a andar e achou que ela não o seguiria e ele teria que voltar até ela, mas logo sentiu a presença atrás de si e, em pouco tempo ela estava do seu lado. Viu pelo canto dos olhos a expressão de contentamento de Temari quando ela levou uma das castanhas a boca e mastigou e isso o fez dar um sorriso de canto. Andaram alguns minutos sem nenhum sinal de Neji e Tenten e ele começou a pensar que talvez eles estivesse se desencontrando ou mesmo que o casal de amigos tinha ido embora.

—Oh! –escutou Temari exclamar do seu lado, estacando.

Ele parou de andar também e olhou para ela, mas Temari não o olhava, encarando algum ponto com a boca com um leve formato de “o”. Ele seguiu a direção do olhar da loira, que dava num ponto um pouco mal iluminado mais a frente, e sua boca adquiriu o mesmo formato ao ver o casal que até então procuravam se beijando.

—Nossa.... –ele quebrou o silencio depois de alguns segundos –Eu... Acho que a armação deu certo.

Temari pareceu sair do estado de choque que estava e olhou para ele.

—Aparentemente sim. –Temari concordou

Os dois se encararam por um momento e riram. Olharam mais uma vez para o casal se beijando e depois voltaram a se olhar, os olhos se encontraram e os dois coraram. Shikamaru desviou o olhar e percebeu que Temari também. Pelo canto do olho, conseguiu perceber que ela encarava o pacote de castanhas que ainda estava em sua mão, mesmo que agora vazio.

—Acho que estamos sobrando agora... –Shikamaru murmurou.

Temari olhou para ele e concordou com um aceno de cabeça. Num acordo mudo, começaram a caminhar para a saída do festival, onde estava tudo um tanto deserto. Temari jogou fora o pacote vazio em uma lixeira e Shikamaru espiou rapidamente para trás apenas para ver o casal ainda se beijando e voltou a olhar para frente.

—Sabe... –Temari começou, parando de andar. Shikamaru também parou, olhando para ela. –Você sabe que todo mundo acha que temos alguma coisa né?

Shikamaru sentiu o rosto esquentar, mas contorceu a expressão em uma careta sofrida.

—Sim, eu sei. –ele respondeu –Neji me questionou sobre isso inclusive hoje.

Temari deu uma risadinha um tanto envergonhada e ele viu as bochechas dela se tingirem de vermelho enquanto ela dizia:

—Eu detesto ser acusada de coisas que não faço.

—Eu também, mas como resolver isso? –ele respondeu rapidamente, pensando que ela podia estar brava com a situação que nem mesmo estava no controle dele.

—Fazer. –ela respondeu e ele a fitou confuso por um instante.

Seus olhos se arregalaram quando ele finalmente entendeu e seu rosto ficou mais quente. Temari olhava para ele um tanto tímida e ele achou-a ainda mais bonita. Suspirou, se aproximando e esperando que fosse aquilo mesmo que ela estava dizendo. Ele nem pensou muito quando se aproximou mais e, ao vê-la fechar os olhos, seu coração disparou.

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Os lábios de Neji se afastaram e ela suspirou, satisfeita. Ainda sem abrir os olhos, deu uma risadinha e perguntou:

—Deu certo?

Neji se afastou de leve, mas sem tirar os braços da sua cintura. Ela abriu os olhos e ele estava olhando por cima do ombro. Ele riu contido e virou um pouco mais o corpo para ela conseguir ver ao longe Shikamaru laçando a cintura de Temari e ela o abraçando pelo pescoço, os olhos fechados e os lábios colados.

—Eu acho que deu. –Neji respondeu, voltando a olhar para ela.

—É isso ai!! –Tenten comemorou, dando um pulinho –Eu sabia! Eu sa-bi-a!

—Não entendo como. –Neji suspirou –Apesar dos boatos, sempre achei Shikamaru desinteressado demais. E Temari-san também, nunca me pareceu o tipo de mulher para relacionamentos.

—Você só não a conhece o suficiente, Neji! –Tenten disse –Eu não achava que os boatos eram verdadeiros, você sabe... Mas que esses dois se gostavam, era evidente.

—É, você tinha razão. –Neji suspirou –Estou te devendo um picknick romântico no monte dos Hokages.

Tenten riu, beijando a bochecha de Neji.

—Espero ansiosa! –ele deu outro pulinho. –Foi uma boa comemoração de um mês de namoro, você sabe mesmo fazer uma garota feliz.

Neji corou de leve e Tenten o beijou na bochecha de novo.

—Você vai contar pra ela? –ele pergunto, os dois voltaram a olhar o casal que começava a se afastar, de mão dadas.

—Vou sim, mas não agora. –ela respondeu. –Deixa eles aproveitarem e... Bem... Nós podemos aproveitar também.

Neji sorriu de novo e Tenten corou. Ele se abaixou, a beijando novamente. Tenten correspondeu o beijo.

No fim, a armação não era bem o que Temari achava, mas Tenten sabia que ela não iria reclamar, nem quando soubesse a verdade.