A Colônia escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 15
Capítulo 14




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Capitulo 14

 

— Pelos Deuses!

Olho por cima dos meus ombros, encontrando Noah e Phillip com seus rostos brancos enquanto olhavam para o que havia em minha frente. Me viro novamente e analiso o que antes eram Kai e Gale, quer dizer, ainda eram eles de certa forma. Eu havia matado antes, mas ao contrário da última vez, naquele momento eu não sentia nada além de satisfação por ter tirado aquelas duas criaturas horríveis do mundo.

Depois de transpassar, saí do território real e os arrastei para um beco na capital. Era um no qual tinha passado algumas noites, antes de finalmente ir para o palácio.

Comecei por Gale, deixando Kai ainda sufocando bem devagar enquanto ele assistia o rosto de seu amigo ser espancado até ficar irreconhecível, e com o dom que tinha descoberto ter – a telicinese – quebrei seu pescoço.

Com Kai eu me demorei muito mais, eu o deixei respirar, eu o deixei implorar não só aos Deuses, mais a mim também, deixei que sofresse por horas sabendo que ninguém nos encontraria até o amanhecer. Então depois de quebrar cada membro de seu corpo, o deixando gritar enquanto eu permanecia em total silêncio, deixando a imagem de Chester arruinada passar por várias e várias vezes alimentando minha ira enquanto o fazia sofrer, até que o matei.

Ainda sentia que não tinha feito o suficiente.

Nada no mundo repararia o que tinha acontecido a ela.

— Alishia - Meneio a cabeça olhando para Noah ao meu lado. – O que você fez, garota?

Eu sorrio. Um sorriso largo e mortal.

— Quer mesmo que eu responda? – Questiono e passo as mãos pelos cabelos que haviam se soltado e estavam em meu rosto.

— Deixe-me reformular. – Noah rosna e agarra meu braço com força. – Que merda você tinha na cabeça para matar dois competidores, porra?

Phillip nos observa atentamente, seu rosto estava mais inexpressivo do que eu já havia visto antes.

— Que merda eu tinha na cabeça?! – Eu grito no rosto de Noah e repito, falando cada palavra pausadamente. – Que.Merda.Eu.Tinha.Na.Cabeça?!

Ele apenas me fuzila com o olhar esperando por uma resposta, sua respiração tão pesada contra a minha.

— Eu fiz o que eu tinha que fazer para tirar deste mundo já imundo, duas criaturas horríveis que estavam a poucos minutos de violentar uma garota por terem tido seus malditos egos feridos por mim, caramba! – Grito e ele solta meu braço, dando um passo para trás. – Não fiz por mim apesar de ter sido minha fodida culpa, eu fiz porque sei que enquanto eles vivessem, Chester nunca dormiria ou sentira vontade de viver novamente, sabendo que eles ainda estariam impunes por aí!

Tomo uma respiração, sentindo minhas pernas tremulas, antes de continuar:

— Fiz porque eu sei qual é a sensação de ter seu corpo violentado por alguém tão imundo e cruel, que faz algo assim apenas porquê quer ou porquê e mais forte e acha que tem o direito de tocar outra pessoa quando bem entender! – Eu continuo e aponto para os corpos sem vida atrás de mim. – E digo e repito na frente de quem quiser, que eu apenas me arrependo de não ter feito eles sofrerem mais, porquê era o que mereciam!

Noah balança a cabeça, então rosna baixo e fecha as mãos em punho.

— Você não tem o direito de definir a sentença de alguém. – Ele fala suavemente e eu bufo.

— Ah, eu tenho, e você sabe! – Sorrio e olho para Phillip. – Quer me levar e me sentenciar a morte? Vá em frente, faça isto. - Os olhos de Noah se arregalam e ele nega com a cabeça, mas o ignora e continuo. – Mas faça sabendo que sentenciará não qualquer Níberiano, mas alguém da realeza.

Choque enche o rosto do Príncipe.

— Do que está falando? – Ele pergunta com a voz rouca.

Dou de ombros e me abaixo pegando minha adaga, e ignorando o sangue, a coloco junto a outra na bainha pequena em minha panturrilha.

— Vamos apenas dizer que não é apenas o Príncipe Pupilo que tem segredos. – Falo calmamente e olho para os dois. – Vocês podem me ajudar ou podem me levar para um calabouço, sinceramente não me importo. Seja qual for a escolha, eu ficarei bem sabendo que minha amiga poderá dormir à noite, mesmo que mal, mas não terá que se preocupar com eles dois voltando para terminar o que tinham começado.

Phillip olha para Noah, e com um tom de voz que nunca o tinha ouvido falar, exige ao perguntar:

— Sabe do que ela está falando, Grão-Fenwick?

— Sim, alteza. – Noah responde me olhando atentamente.

— Então diga para que eu possa pensar no que fazer. – Philip diz.

— Talvez seja melhor ela mesma responder, não é segredo meu para revelar.

— Eu não estou pedindo...

— Ah, me poupe vocês dois! – Falo segurando a cabeça entre as mãos, sentia como se ela fosse rachar a qualquer momento. – Eu nasci com uma marca da realeza, é isto! E não me pergunte quem são meus pais porque nem mesmo sei quem são.

Novamente, choque preenche aquele lindo rosto pálido enquanto ele me olha, como se fosse a primeira vez que tivesse me enxergando.

— Você pode não saber, mas acho que sei. – Phillip responde e assim que abro a boca, Noah interfere.

— Príncipe, não fale do que não tem certeza, pode ser mais complicado do que isto.

Eles se encaram como se tivessem discutindo algo em silêncio. Reviro os olhos e olhos para os corpos caídos antes de me virar e começar a caminhar.

— Aonde você pensa que vai? – Noah pergunta com a voz cheia de frustração.

— Acabei de matar duas pessoas, se é que podem ser consideras assim. – Respondo sem parar. – Pode não parecer, mas estou cansada, e sei que enfrentarei muitas coisas antes de poder ter algum descanso.

Ouço os passos dos dois logo atrás de mim, e começo a subir a ladeira que dava direto para o grande castelo de pedra, para o palácio real. Os dois começam a discutir, mas falavam tão baixo que não conseguia ouvir nada do que dizem.

— Alishia, espere. – Noah pede, sua voz lisa como seda.

Paro e espero até que eles estão na minha frente novamente.

— Vamos protege-la, eu entendo porque os matou. – Phillip fala e eu acredito no que ele diz. Ele realmente entendia, e via isto em seus olhos. – Mas sei que muitos não vão, então vamos ajuda-la.

— Vão castiga-la, mesmo que o Rei a perdoe. – Noah diz e eu assinto. – E temos duas condições.

— Sim? – Questiono impaciente.

— Começará a procura sobre sua linhagem e eu estarei presente. – Philip fala secamente. – E como ontem terminou a primeira prova, como sinal de boa fé, você pedira rendição se afastará do torneiro por alguns dias – Eu abro a boca em choque, mas ele levanta a mãos, me calando -, e irá abrir mão dos cinquenta pontos que ganhou.

— Bateu com a maldita cabeça, príncipe? – Eu rosno e ele sorri como o maldito bastardo que é.

— Não, não bati princesa. – Ele afirma e eu fecho meus punhos, pronta para acerta-lo por ser tão debochado. – Estas são as minhas condições, Noah tem outra.

— Estou ansiosa para ouvir. – Falo entredentes.

— Você vai contar a mim tudo o que preciso saber sobre a Colônia. – Noah fala e a boca de Phillip se abre. Oh, então Noah não tinha aberto o bocão para contar tudo para o príncipe pomposo. – Discutiremos sobre isto depois, alteza, estamos sem tempo extra no momento.

— Iremos sim. – Ele me fuzila com o olhar e eu retribuo com a mesma intensidade.

— Então, Alishia, o que nos diz? – Noah questiona.

— Claro que aceito, não preciso ganhar está competição afinal. – Respondo e Phillip grunhe para mim. – Olha, sinto muito que se sinta traído, mas vai entender que as coisas vão além de sua própria bunda real. Estão acontecendo coisas preocupantes do lado de fora, alteza.

— Vejo vocês na sala do trono. – Ele responde sem me dar atenção, então desaparece.

— Você poderia parar de ofender o príncipe pelo menos até passar o risco e você manter sua cabeça grudada no pescoço? – Noah rosna e eu bufo, começando a andar novamente.

— Com medo de nunca mais ver este rostinho bonito, Grão Senhor? – Alfinete e ele segura meu braço, mas não para me parar, percebo.

Estávamos chegando na entrada do palácio, possivelmente tínhamos que atuar na frente do Rei. Que bom, eu era uma ótima atriz.

— Garota, desde que te conheci só lido com problema, você é uma tremenda dor na bunda. – Noah resmunga e eu sorrio.

Um sorriso que logo morre assim que vejo Phillip, o Capitão Durand e muitos soldados na entrada, nos esperando.

— Cuidado com o que fala. – Noah sussurra em meu ouvido, ainda segurando meu braço.

— Tive certeza que você só traria problema assim que a vi. – Durand fala, com um sorrisinho perverso nos lábios. – Como vemos, eu estava mais do que certo.

— Isto ou você está apenas com raiva por ter parado de receber tanta atenção do Príncipe Phillip. – Digo não me importando de parecer realmente uma cadela. – Quer dizer, é patético como você o olha, será que ele ao menos sabe?

O Capitão Durand fica pálido quando Phillip o olha confuso, mas logo se recupera, me encarando como se eu fosse o próprio demônio na terra.

— Espero que as consequências dos seus atos a façam sofrer. – Durand murmura e chega mais perto de mim, tirando as adagas da bainha e minha panturrilha. Quando ele se levanta, ele me olha bem e sorri novamente. – Muito.

— Não se pode quebrar o que já está quebrado, assim como não podem fazer sofrer quem nasceu na miséria. – Digo e mostro os dentes para ele.

— A leve antes que eu peça que os soldados o façam. – O Capitão diz a Noah e recua, me olhando como uma serpente venenosa.

Noah me puxa gentilmente e o sigo em direção ao palácio, e viro o rosto apenas para piscar um olho para Daemon, que me observava com preocupação e tristeza.

Eu ficaria bem.

Tinha que ficar, pois minha missão naquele lugar estava longe de acabar.

Rápida e silenciosa.

Era assim que eu seria.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!



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