Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 19
Festa de Aniversário - Part IV


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas do meu ♥

Aqui estou eu com um capitulo BEEEM focado em Adrinette, como muito de vocês imploraram para ter em SYH. Confesso que ainda estou desenvolvendo o primeiro dos muitos arcos que essa fanfic terá, ou seja, POR ENQUANTO o nosso shipp ainda não vai acontecer. Segurem seus forninhos que não vai demorar pra hora certa chegar, isso eu posso prometer - tanto que também estou louca para fazer altas cenas com esse casal, u.u me aguardem! Huehuehue :v Bem, deixo vocês com a última parte dessa festa de aniversário maluca, um pouco do lado mais "Marinette original e menos durona/segura de si", o desenvolvimento do meu segundo shipp predileto do meu universo: Louttie ♥ - ♥ e ainda um climinha de suspense no final. Quero seus comentários, suas teorias, críticas, elogios e o que quiserem me enviar, belezinha meus xuxus?

PS: A pesquisa para uma terceira temporada de "Miraculous Para Sempre" ainda está valendo gente, é para comentarem. Tá, vou dar uma colher de chá (spoiler) pra vocês: essa história se passa com os filhos dos nossos personagens favoritos. Fica a critério de vocês decidir ;)

Capítulo postado dia 29/08/2018, ás 22: 23.



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Marinette

— Tem alguém ai fora? - grito pela centésima vez, esmurrando a porta com as duas mãos. Minha garganta já estava rouca de tanto gritar, mas eu não podia parar senão iria ficar presa naquela escuridão pra sempre. - Alguém me ajuda! Pelo amor de Deus, será que ninguém tem ouvidos nessa merda de festa?! - grito frustrada quando ouço uma gritaria lá fora começar também.

Tento mexer mais uma vez naquela maldita maçaneta e forçá-la, mas como da última vez não obtenho sucesso. A escuridão parece querer me engolir e sinto o desespero começar a tomar conta de mim. Meus pulmões começam a me dar sinal de não terem oxigênio o suficiente e me encosto na porta para tentar respirar normalmente de novo, sem sucesso. Eu odeio lugares fechados. Lugares escuros. Eu me sinto isolada de tudo e de todos, como se fosse algum tipo de lunática ou algo do tipo e começo a me sentir sufocada. Ay e Kat jamais me deixavam sozinha em lugares assim porque sabiam desse meu problema. Já estava ficando tão apavorada que quando senti uma mão me tocar do nada não escondi o meu pânico e berrei o mais alto que consegui, socando a porta com o resto de forças que me restavam.

— Ei, ei calma, sou apenas eu. - uma voz disse no meio da escuridão e senti alguma coisa tocar no meu ombro de novo. - Não reconhece a minha voz Cheng?

Olho para trás e não encontro nada além da negritude do quer que seja aquele cômodo que alguém da festa me empurrou há minutos atrás. Eu estava assustada demais até pra me mexer então tratei encostar as minhas costas contra a única coisa que sabia que estava ali mesmo: a porta atrás de mim. Comecei a ficar ofegante. Eu precisava sair daquele lugar fechado. Foi quando uma luz iluminou todo o escuro da minha visão e eu o vi ali. Adrien me encarava - preocupado? - apontando a lanterna de seu celular caríssimo no meu rosto e quase me deixando cega. Talvez se eu pudesse respirar naquele momento, ou então conseguir dizer alguma coisa e agradecer por simplesmente ser ele ali e não um estranho, ou mesmo culpá-lo de toda aquela situação, ou se eu mesmo conseguisse sair do lugar, eu não teria ficado tão feliz em sair daquela escuridão que ameaçava me sufocar cada vez mais.

Fechei meus olhos e tentei respirar fundo, mas o ar não era suficiente. De repente sinto duas mãos segurarem meus ombros com firmeza e abro meus olhos instintivamente, dando de cara com aquele par de olhos verdes tão intensos como esmeraldas. Estão sérios, concentrados, e por um momento me sinto frágil ali, em toda aquela situação, onde justo o Agreste é que me encontra naquele estado. Não queria jamais dar alguma brecha para que ele me visse numa situação daquelas, mas parece que o destino realmente faz questão dele estar por perto nessas horas.

— Repete comigo. - sua voz sai firme e o observo inspirar e expirar com calma. Ele faz esse movimento mais uma vez, mas eu ainda não consigo em acalmar. - Devagar Cheng. Inspira. - ele me orienta e admiro sua paciência e cuidado ao invés do costumeiro deboche e piadinhas sem graça. Me forço a inspirar o mais calma que consigo e puxo o ar desesperada para que tal agonia vá embora de mim. - Isso, agora expira.

Não sei como ele conseguiu, mas depois de repetir esse movimento mais algumas vezes eu comecei a me sentir melhor. Preferi ficar quieta. Afinal de contas ele havia me ajudado como nunca e mesmo que não queira admitir pra ele, confesso que a sua presença e toda aquela atenção tinham me ajudado muito.

— Está se sentindo melhor agora? Consegue respirar normalmente? - o escuto me perguntar com calma enquanto solta os meus ombros.

Desvio o olhar para baixo e balanço minha cabeça levemente.

— Obrigada. - sussurro, sem coragem para conseguir encarar seus olhos de novo. Aquela altura deviam estar cheios de escárnio da minha cena. Ele suspira e eu encaro seus pés.

— Não foi nada. - devolve, enquanto muda o foco da luz no ambiente. Não era lá uma lanterna daquelas, mas agradeci mentalmente por ele ter o celular em mãos ainda. Alya provavelmente teria sumido com o meu. - Sabe, já precisei lidar com algumas modelos que tiveram uma crise de pânico antes do desfile. Vai por mim, você não é a única que sofre em lugares apertados desse jeito. Não precisa ter vergonha disso.

Apesar de toda a confusão do outro lado da porta um silêncio pouco confortável se instala entre nós dois. Eu não sabia mesmo o que dizer. Estava morrendo de vergonha do loiro e ele me pareceu notar isso. Porém, ao contrário do que eu esperava, ele simplesmente se afastou, me dando espaço para me localizar por minha conta própria. Tinha um monte de bagunça em algumas prateleiras; uns cabides cheios de blusas, camisas e roupas coloridas diferentes pendurados embaixo dessas prateleiras; um escorredor de macarrão, algumas malas amontoadas num outro canto, uns chapéus esquisitos, tinha até alguns travesseiros lá! Pelas minhas contas nós devíamos estar num tipo de...

Closet. - Adrien solta, me assustando. Argh, como eu odeio quando as pessoas leem a minha mente! - Provavelmente isso deve ser obra daquela pirada da prima do seu amigo.

— Como assim? - questiono, lhe arqueando uma sobrancelha, desconfiada.

— Isso. - gesticula para o ambiente ao nosso redor. -Essa brincadeira ridícula de me trancar com você e nos deixar sozinhos no escuro. - o loiro explica cruzando o braços e jogando a cabeça para trás. Dou um leve suspiro.

— Eu sabia que alguma coisa iria acontecer. - murmuro, esfregando o rosto com minhas mãos ainda um pouco trêmulas. Quando meu olhar cruza com o do mesmo sinto meu corpo estremecer levemente. Ignoro essa sensação. - Foi por isso que não queria ficar perto de você. Você só me arranja confusão Agreste e isso você não tem como negar, porque é verdade.

— Talvez seja mesmo. - ele revida, se sentando no chão e desviando o olhar para a fileira desorganizada de roupas coloridas a minha direita. Percebo que não está lá muito bem-humorado como sempre. - Eu só trago azar para as pessoas ao meu redor Marinette, não se preocupe, já aceitei isso.

— Não foi isso que eu quis dizer. - tento me justificar, mas só um olhar frio do mesmo na minha direção me faz perder as palavras na minha garganta.

O silêncio desconfortável volta a se enfiar no nosso meio e me sinto um pouco culpada por amargurar ainda mais nossas almas feridas. Sei que ele está pouco se importando com a minha presença ali depois daquela gafe. Abaixo a cabeça e me sento no chão, ao lado dele sem dizer uma palavra. Ficamos encarando tais peças que eu poderia apostar uma grana alta que pertenciam a Tuggi a julgar pelas estampas tão aleatórias de uma para a outra. A pouca luz que ilumina o tal closet está muito acima das nossas cabeças, fazendo uma penumbra assustadora me arrepiar dos pés a cabeça. Tal cômodo é tão silencioso que mal conseguimos ouvir o que está acontecendo lá fora e se a festa ainda está rolando ou já acabou.

— Quanto tempo vamos ficar aqui? - pergunto baixo, mesmo sabendo que de qualquer jeito ele me ouviria. Ele balança os ombros.

— Não sei. - ele responde e não sei se diz ou não a verdade. - Na certa todos estão tão bêbados que nem devem lembrar que estamos aqui.

— O que é que eles tinham na cabeça nos prendendo aqui desse jeito? - indago, cruzando os braços sobre o peito e franzindo a testa, irritada. Adrien me olha como se não tivesse ouvido o que eu disse.

— O que você acha? - o loiro me rebate a pergunta com um sorriso sarcástico. - Por favor Cheng, você não pode ser tão inocente assim. - viro meu rosto e lhe fito, esperando que ele responda minha pergunta. Ele dá uma gargalhada e encosta a cabeça na parede fria atrás de nós. - Eles queriam que eu ficasse com você Marinette. - explica parecendo se divertir. - Antes de me apontar o dedo quero que saiba que eu jamais faria uma coisas dessas com você contra a sua vontade. Acha mesmo que eu te agarraria a força só porque tenho uma oportunidade como essa? - ele me questiona voltando a olhar para mim. Levanto as sobrancelhas por instinto.

— É bom ter esse juízo mesmo, porque senão sairia daqui manco como daquela vez no colégio. - respondo, sendo a minha vez de dar um sorriso sarcástico. Mais uma vez ele me surpreende e ri do meu comentário.

— E você acha que eu já me esqueci desse episódio? - Adrien rebate abrindo um sorriso divertido. Me sinto um pouco envergonhada, mas dou uma risada fraca. - Cara, nunca mais faça aquilo. Sério. Eu não bato em mulher, mas se fosse outro cara poderia ter revidado e até te machucado mais Cheng.

Apoio meus braços encima dos joelhos e desvio meu olhar para o chão. Meus pensamentos me levam até aquele dia e junto com ele, à disputa de dança que travamos no auditório vazio da detenção. Dou um pequeno sorriso. Antes eu achava impossível encontrar alguém que tivesse o nível certo de harmonia e sincronia como o meu. Mas depois daquele dia e das nossas últimas conversas eu tenho que dizer que o Agreste pode ser - talvez, e só talvez - realmente diferente do que eu pensei. Encaro minha bota de cano curto preta e aperto minha blusa preta e fofinha para me aquecer mais.

— Adrien? - chamo, quase em outro sussurro. Ele vira a cabeça na minha direção, disso tenho certeza.

— Sim... Marinette? - ele responde, hesitante de me chamar pelo meu primeiro nome e não como costumava fazer para me irritar.

Sinto meu coração disparar contra a minha vontade e mordo o lábio, pensativa. Depois de alguns minutos decidindo se devo dizer em voz alta o que penso ou não, me afasto um pouco e me sento de frente para o Agreste. Ele me fita, curioso em saber o que tenho para dizer. Tomo uma coragem que não tenho e continuo:

— Quando você disse que não faria nada contra mim sem que eu quisesse... Você disse a verdade ou só disse isso porque está na friendzone? - lhe pergunto devagar e observo aparecer em seu rosto um pequeno sorriso de canto. Ele se senta da mesma maneira que eu, de frente pra mim e segura minha mão com delicadeza. Sinto meus dedos formigarem levemente com o seu toque e meu coração acelerar um pouco mais com tal aproximação.

— Marinette você sabe o que eu sinto por você. Não tenho como mentir que gostaria sim de fazer o que Plagg e todo mundo queria que acontecesse. - ele começou olhando dentro dos meus olhos e quase me distraindo com aquele sorriso. - Porém, eu estou aprendendo que nem tudo é como eu quero. Estou respeitando os seus limites e o seu jeito de ser porque não quero estragar a nossa amizade.

— Você, um filhinho de papai que está acostumado a ter tudo quando quer, está me dizendo que me respeita? - pergunto, lhe encarando incrédula. Dou uma risada um pouco desacreditada. - Eu não consigo entender porque você simplesmente não desiste.

— Porque eu sei que mais cedo ou mais tarde você ainda vai desarmar as suas defesas e me deixar entrar nesse seu coração de pedra senhorita. - Adrien responde com um tom ao mesmo tempo brincalhão e convencido que me faz revirar os olhos.

— E o que te faz ter toda essa confiança gatinho? - lhe questiono, sarcástica.

Ele sustenta nossa troca de olhares por tanto tempo que eu me senti perdida naquela imensidão esverdeada. Tenho a impressão que o silêncio ao nosso redor nos empurra cada vez mais perto um do outro, nos prendendo numa verdadeira bolha de paz e sossego, nos privando do mundo enlouquecedor lá fora. A pouca luz torna tal cenário em que estamos presos ainda mais difícil de não responder aquela pergunta com um ato impulsivo. Há algo que brilha nos seus olhos, um pedido desesperado para que eu lhe dê uma chance, para que desista da minha posição na defensiva... Quase me implorando para me render a ele. O observo então, subitamente, se levantar e pegar seu celular do local onde estava, apoiando o aparelho na parede e abrir sua seleção de músicas.

— Bem, já que vamos ficar aqui por não sei lá quanto tempo, acho que merecemos nos distrair um pouco não? O que me diz? - ele me indaga com um sorriso, como se nada do que atentamente assisti tivesse realmente acontecido. Balanço a cabeça, ainda um pouco zonza com tamanha mudança no rumo da nossa conversa.

Uma música conhecida começa a tocar e me impressiona o fato de ser um cover - um que eu conhecia pelo menos. Heart Attack da Demi Lovato. Algo curioso, já que me identifico tanto com tal música.

Nunca coloquei meu amor em jogo

Nunca disse "sim" para o cara certo

Nunca tive problemas em conseguir o que quero

Mas quando se trata de você, nunca sou boa o bastante

Dou um pequeno sorriso e aceito entrar na brincadeira do mesmo. Já que teríamos de ficar ali até alguma alma viva abrir a porta que seja fazendo algo que nós dois encontrávamos um pouco de conforto e até mesmo certa semelhança.

Quando não me importo

Posso manipulá-los como um boneco Ken

Não lavarei meu cabelo

Depois o farei balançar como uma bola de basquete

Mas você

Me faz querer agir como uma garota

Pintar minhas unhas e usar salto-alto

Ele dá uma pequena gargalhada e se senta mais perto de mim. Ok, confesso que essa parte não era verdade sobre minha personalidade.

Sim você

Me deixa tão nervosa

Que não consigo segurar sua mão

É minha vez de rir de suas palhaçadas, enquanto fazia uma careta e balançava a mão exageradamente. Não resisti e junto cantamos o refrão da música.

Você me faz brilhar

Mas eu disfarço

Não vou demonstrar

Então estou armando minhas defesas

Porque não quero me apaixonar

Se alguma vez fizesse isso

Acho que teria um ataque cardíaco

O observo passar a mão no cabelo e o bagunçar. Dou um meio sorriso e encaro o chão, pensando na próxima parte em que vou cantar. Não posso deixar de me sentir pensativa enquanto escuto qualquer música que saiba a tradução.

Nunca derramei uma gota de suor por outros caras

Quando você surge, eu fico paralisada

E toda vez que tento ser eu mesma

Dá tudo errado como um grito por socorro

Vejo o Agreste parecer sentir o mesmo que eu e uma ideia brilha em minha mente. Estaríamos nós falando conforme a música?

Isso não é justo

A dor é mais confusa do que vale o amor

Eu sufoco querendo ar

Parece tão bom, mas você sabe que machuca

Mas você

Me faz querer agir como uma garota

Pintar minhas unhas e usar perfume

Para você

Me deixa tão nervosa

Que não consigo segurar sua mão

Ele está parado a pouco mais de um metro de distância de mim. Seu cabelo está bagunçado, longas mechas loiras desordenadas em perfeita harmonia com aquele típico rosto de modelo que o destino lhe dera com generosidade. De repente minhas memórias voltam ao duelo de dança, exatamente à conexão que senti enquanto dançávamos em perfeita sincronia sem ensaiarmos e nem nada do tipo antes.

Você me faz brilhar

Mas eu disfarço

Não vou demonstrar

Então estou armando minhas defesas

Porque não quero me apaixonar

Se alguma vez fizesse isso

Acho que teria um ataque cardíaco

Nossos joelhos batem um no outro e sem querer sinto novamente o toque entre nossas mãos. Aquilo estava ficando perigoso, mas eu não conseguia evitar e nem mesmo me mexer. Aquela era a minha parte favorita da música.

O sentimento se perdeu em meus pulmões

Eles estão queimando, preferiria estar dopada

E não há outra pessoa para culpar

Tão amedrontada que eu disparo e fujo

Estou voando muito perto do sol

E eu explodo em chamas

Tudo bem. Talvez toda aquela situação também estivesse começando a sair do meu controle. Eu não sei o que deu em mim, eu realmente queria ter parado, pensado, repensado e não ter começado a cantar aquela música naquele lugar, naquele momento e com ele. Aquilo ao invés de ser apenas uma brincadeira inocente estava se tornando uma verdadeira tentação. Eu realmente precisava sair daquele lugar antes de cair naquela armadilha.

Você me faz brilhar

Mas eu disfarço

Não vou demonstrar

Então estou armando minhas defesas

Porque não quero me apaixonar

Se alguma vez fizesse isso

Acho que teria um ataque cardíaco

Acho que teria um ataque cardíaco

— Porque você continua fugindo de mim garota? - ele me indaga, tão perto e tão baixo que prendo a respiração a cada palavra que sai de sua boca. Ele parece analisar cada canto da minha face como se eu fosse uma pintura indecifrável. Meu rosto queima embaixo de seu olhar.

— Porque não quero fazer uma besteira. - respondo com sinceridade, não resistindo ao impulso de arrumar aquela cabeleira bagunçada. Maldito TOC. - Porque eu não quero me iludir com um amor que não existe, que é só uma fachada. - o loiro dá um meio sorriso e segura meu queixo com cuidado. Porque eu deixei isso acontecer? Não sei, pergunta pros meus malditos hormônios. - Como posso ter certeza de que você não é mais um canalha Adrien?

— Você tem duas escolhas. - devolve tão envolto naquela loucura quanto eu. Nossos narizes se tocam e meu corpo se arrepia contra a minha vontade. - Ou você arrisca e acredita que eu não sou um canalha como você imaginou ou...

— Ou...? - sussurro, e o escuto dar um suspiro curto.

— Ou então eu continuaria insistindo até você ceder. - o Agreste comenta, parecendo um pouco contente e decepcionado ao mesmo tempo. Sinto sua mão atravessar os cabelos da minha nuca e o seu toque quente e diferente em minha pele. - Acho que talvez você não precise pensar muito... Marinette.

Acho que teria um ataque cardíaco

Então eu voltei pra realidade quando a próxima música da sua playlist começou a tocar. Toquei levemente meu indicador em seus lábios e o empurrei para trás devagar, até que uma distância relativamente boa se instalasse entre nossos corpos.

— Se acha isso, - começo dando um leve sorriso com a decepção estampada em sua face. - então é melhor desistir por aqui dessa tática e procurar outra loirinho.

***

Louis

Já eram três horas da manhã quando finalmente terminamos nosso seminário sobre briófitas, pteridófitas, gimnospermas e suas devidas reproduções. Fala sério, nunca imaginei que estudar plantas fosse tão difícil e extenso. Balançando a cabeça, grampeio um tijolo de folhas - vulgo nosso trabalho por escrito de tudo que estava nos slides - e lanço um olhar na direção onde Kattie dorme: na minha escrivaninha, a frente do computador. Ela está com a cabeça apoiada nos braços encima da mesa, respirando profundamente. Dou um bocejo. Ela tinha adormecido enquanto passava a limpo as últimas cinco páginas do trabalho - a melhor parte, a conclusão, por nós dois. Foi por isso que havíamos saído da festa da prima do Diego tão cedo e viemos para a casa do meu avô, Niakamo-Fu. Para acabar de uma vez com aquela tortura estudantil.

— Tem certeza de que seu avô não vai se incomodar Louis? - Kat me perguntou enquanto nos aproximávamos do prédio de ioga que passara praticamente a minha vida toda. - Tipo, já é meio tarde... A última coisa que quero é atrapalhar a paz dos outros.

— Ei, relaxa, tá? - disse pegando as chaves no meu bolso e lhe lançando um olhar tranquilizador. Ela dá um leve suspiro. - Eu avisei que viríamos fazer um trabalho aqui hoje e meu vô disse que não tinha problema nenhum, que podíamos fazer o que precisássemos sem pressa. - a ruiva ainda não parecia muito convencida. Abro a porta da frente e indico o caminho a ela. - E outra, não são nem onze horas. Dá tempo da gente terminar o trabalho de boa, não dá?

Obviamente não dava. Mesmo.

Esfrego a mão no rosto e jogo o pen drive do nosso seminário sobre o trabalho manuscrito que acabara de terminar, olhando mais uma vez para a ruiva dividindo o mesmo cômodo que eu. Não podia deixá-la dormir toda torta naquela cadeira ou iria amanhecer - o que, daqui umas duas horas? - com o pescoço dolorido. Vou até minha cama e arrumo as cobertas. Ela não era lá a melhor cama do mundo como a que meu primo tinha no apartamento dele, mas acho que serviria ao menos para Kat dormir mais confortável.

Volto até onde a mesma está, mas paro no meio do caminho, admirando a beleza daqueles cabelos ruivos, todos despenteados cobrindo aquelas pequenas sardas adoráveis que só ela possuia.

Meu Deus garota, como você pode ser tão linda até dormindo?

Agradeço mentalmente aos céus que ela não esteja acordada e me veja com o rosto provavelmente vermelho. Ainda mais depois de um pensamento desses brotando na minha mente de repente. Não consigo evitar um pequeno sorriso enquanto a pego nos braços, com o máximo de cuidado para que não desperte e aquela situação não se torne mais embaraçosa. Por sorte ela parece nem mesmo sentir que lhe seguro no colo. Pelo contrário, me arrepio quando passa os braços ao redor do meu pescoço e afunda seu rosto em meu peito, como se fosse algum tipo de travesseiro ou algo assim. Sinto sua respiração calma contra minha pele e por um momento fecho os olhos. É impressionante como sua presença me acalma. Em poucos minutos todos os pesadelos, todas as sombras do meu passado, todos os monstros que me rodeiam e não me deixam em paz, me atormentando todos os dias, desaparecem. Lhe seguro firmemente para que não caia. Não quero que se machuque. Não vou deixar que ninguém machuque essa garota. Quero protegê-la. Abro os olhos e lhe fito, observando aquela expressão tão calma e distante em sua face. Não deixo de sorrir mais uma vez.

Dou passos largos até minha cama e a deito lá com cuidado. Assim que se acomoda agarrando o travesseiro reprimo uma risada. Coloco o meu cobertor ao seu redor devagar. Tudo para não acordar a bela adormecida. A vontade de rir volta, mas morre em minha garganta assim que vejo seu pulso. A pulseira ainda estava lá. Caindo aos pedaços como a minha, mas ainda estava lá. Fico surpreso. Achei que já tivesse se livrado daquilo.

— Você realmente me surpreende ruiva. - sussurro, sentindo o sono me consumir por dentro.

Num impulso, lhe dou um beijo na testa e me jogo no colchão da cama retrátil embaixo da minha - comprada e escolhida por mim exatamente para momentos como aquele -, com medo que a mesma acorde.

Olho para o relógio mais uma vez. 3:27 da manhã. Com um grunhido, me enrolo na coberta que reservara para dormir e afundo minha cabeça cansada no meu travesseiro, fechando os olhos, ainda com os ânimos exaltados por aquela presença ao mesmo tempo tão calmante e tão desesperadora para mim. Antes de realmente apagar só me vem uma verdade à mente e não reprimo tal pensamento.

Acho que estou apaixonado.

***

Marinette

— Mas o que é que é isso? - uma voz feminina estridente e assustada grita, me fazendo acordar num pulo.

A claridade atinge meus olhos com força e na mesma hora sinto frio embaixo de mim. O sono deixa meus pensamentos nublados e demoro para me lembrar de onde estou. Aos poucos minha consciência volta e minhas ideias se esclarecem. Eu ainda estava no closet. Olho ao redor e quando meus olhos abaixam sinto meu rosto ficar vermelho de vergonha. Adrien estava ali, com uma cara de sono amassada quase pior do que a minha, tentando entender o que estava se passando entre mim e a figura parada na porta. Ela simplesmente sai chamando em alta voz Tuggi e deixa eu junto ao loiro sem saber exatamente o que fazer a seguir. Esfrego meu rosto e bocejo. Tenho que parar de ir em festas de gente assim.

— Bom dia Cheng. - escuto o Agreste dizer se sentando ao meu lado com um sorriso de lado e bagunçando o cabelo com uma das mãos. - Que noite, não?

Reviro os olhos, ainda um pouco envergonhada pelo que nos ocorrera em altas horas da madrugada, quando o sono começava a nos invadir e havíamos sido obrigados a dormir encostados um no outro para não pegarmos uma friagem do chão. Eu havia deitado em seu ombro, porém agora eu me encontrava em uma situação um pouco embaraçosa: estávamos praticamente abraçados um no outro por causa do frio de congelar da noite. Havíamos dormido juntos! Depois de tudo o que dissera e implicara com o loiro, cometera tal erro gravíssimo!

Argh, as vezes eu me odeio.

Depois de uma longa conversa entre eu, o Agreste, o Diego e a tal mulher - que descobri que era a mãe do Diego, Camillie Broussard, e que não estava nem um pouco contente em encontrar pessoas quase inconscientes dentro do seu closet, eu finalmente cheguei em casa. Ainda dava tempo de me arrumar para ir a faculdade e eu simplesmente não podia contar faltas logo no fim daquele semestre. Assim que passo pela porta do apartamento e giro a chave, a campainha toca. Dou um leve grunhido de cansaço e abro a porta novamente. Era ninguém menos que aquela doida da Kattie com cara de quem havia acabado de acordar e não tinha sido em casa.

— Me lembre de nunca mais concordar em ir as festas da prima do Diego. - a ruiva me pede atravessando a porta como um furação carregado e desabando no sofá. Suspiro alto, balançando a cabeça e trancando a nossa casa.

— Nunca mais. - concordo, me atirando no outro sofá e lhe encarando com um sorriso divertido. - Tem alguma coisa a me dizer sobre um certo moreno, senhorita O'Green?

— Aposto uma Coca que muita coisa que nós não havíamos planejado aconteceu depois de uma festa dessas. Por acaso você viu a Alya? - Kat devolveu um pouco sarcástica e fui obrigada a concordar mais uma vez. - Não, é sério, onde é que ela se meteu Mari?

— Eu não sei. - confesso, sentindo o rosto ficar corado contra minha vontade. - Por motivos especiais eu perdi ela de vista no meio da festa ontem.

— Hum, "motivos especiais", não? - a garota brinca, fazendo aspas com os dedos e me lançando um sorriso malicioso. - Por acaso, esses "motivos" tem cabelos loiros, um belo par de olhos verdes e 1,70 de altura?

Dou um sorriso amarelo e aponto para o relógio no corredor que dava para a cozinha.

— Ei, olha a hora, você não está atrasada para aquela apresentação que tinha mocinha? - desconverso, ansiosa para falar sobre aquele assunto só mais tarde. Já havia passado por muitas emoções em poucas horas.

Ela dá um gemido preguiçoso e se levanta contra a vontade com aquela típica cara de "Conversamos sobre isso mais tarde e nem pense que vou me esquecer disso!". Me levanto do sofá e vou para a cozinha preparar alguma coisa para tomarmos um rápido café da manhã, quase não ouvindo Kattie gritar já no segundo andar:

— Ah, antes que eu me esqueça, tinha uma carta pra você na porta. Acho que você não viu quando chegou! - franzo a testa e fico pensativa. - Tá no balcão da cozinha!

Sigo meu caminho, curiosa. Não estava esperando nenhuma carta. Seria alguma brincadeira, alguma piada de alguém? No lugar que a ruiva dissera encontro um pequeno envelope preto com o meu nome em letra de forma, mas ainda sim bela. Está lacrado. O abro com ajuda de uma faca e a única coisa que encontro dentro é um bilhete prateado com um recado. Sinto meu coração falhar uma batida e repito a frase diante dos meus olhos mais três vezes antes de prender a respiração. Um arrepio me subiu pela espinha e uma vertigem ameaça me colocar os bofes pra fora (?).

Mais uma vez minha intuição me aponta que algo está para acontecer e a única coisa que sinto - por mais que não tenha coragem para admitir - é o medo, que há muito não sentia, se apoderar de mim naquelas cinco palavras.

Estamos de olho em você.   


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Notas finais do capítulo

Cover utilizado no capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=t0BBpn27tK4&t=20s



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