Girl Meets Real World escrita por Best Ships


Capítulo 1
[OneShot] Girl meets Maya


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, como uma boa fã que sou, algumas referências estarão em inglês. Enjoy.



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   06:50 da manhã, suspiro fundo, sentada na minha cama cujo ainda não tive coragem de sair, já estava afundando-me no colchão. Tenho dez minutos até minha primeira meta do dia: buscar a Riles pra escola. Somos ensino médio agora e, depois de alguns acontecimentos, eu descobri algo que pode destruir minha vida e tudo que tenho de bom na vida, que é a Riley. 
          Lucas e Riley são um casal agora e eu comecei a enxergar o que de alguma forma eu sempre soube e tinha medo, eu nunca gostei do Lucas, eu não gostava da ideia de que a Riley tivesse outra pessoa em sua vida, e, depois da minha última conversa pessoalmente com o Josh - eu ainda sequer sabia o que me esperava - e depois de tanto relembrar eu saquei que ele já sabia e quis me alertar. Eu tenho conversado com ele pelas madrugadas, às vezes Riley se irritava porque as conversas começavam depois das dez, mas ela não imaginava o quanto era importante. Eu não só desabafava como expressava coisas que permaneciam no fundo da minha mente e coração, e tudo era em relação a Riley.
         Tudo estava nas minhas costas agora, parecia que o mundo havia caído em meus ombros, e eu ainda não sei como lidar. Josh, que teve toda a paciência do mundo até eu descobrir, me mandava mensagens motivadoras e estavamos nos dando ótimos amigos. O fato é que, tudo, todos os momentos, passou pela minha mente mais uma vez quando eu descobri que eu, Maya Penelope Hart, amo Riley Matthews não só como amiga, mas como namorada. Bizarro? Às vezes acho que o bizarro mesmo foi o tempo que levou até eu perceber isso. Mas tudo começou com o momento em que eu me vi prestes a perder a Riles para sempre, quando ela estava pra se mudar pra Londres.
       Olho o relógio e vejo que faltam dois minutos pras sete, então parto para a casa dos Matthews.

*

— Hey perdedores! - digo pelo interfone

— Peaches - disse Riley com a rotineira voz melosa e posso mentalizar um enorme sorriso assim que ouviu minha voz - pode subir.

E eu o faço.

— E ai - digo assim que abro a porta - e o meu café da manhã?

Riley apenas sorria e eu me sento ao lado dela, meu prato já estava na mesa e eu começo a comer enquanto ela me observava.

— Está um belo dia! - ela exclama ainda me olhando

— Desembucha - digo desanimada

— Está um belo dia, Maya. Sol, flores, coelhos, noite bem dormida - estreito os olhos - nenhuma olheira...

— É, honey, tudo isto que você disse.

— Então não passou a madrugada falando com o tio Josh.

— Sim, passei.

— Maya!

— O quê? - digo num mesmo som

— Começa depois das dez e nada vem de bom depois das dez. - ela argumenta e eu apenas fico encarando ela - o que vocês fazem? Pode falar, eu aguento.

— Eu...

— Não! - ela grita, me interrompendo, e eu me assusto - nada é bom depois das dez.

— Riles, está exagerando. Nós só conversamos sobre coisas da vida. Pessoas fazem isso sem uma Bay Window, lide com isso.

Ela me olha indignada.

— Não insulte a bay window.

— Não estou fazendo isso, só estou dizendo que eu não estou fazendo nada de errado. E Riles, por que se importa? Não conversa mais com o Huckeberry?

— Maya, você é a minha melhor amiga e tudo em relação a você me importa - ela diz e eu nunca senti antes o que estou sentindo agora com tais palavras. Em seguida ela coloca o cabelo por trás da orelha - e sim, eu e o Lucas conversamos, mas nunca passamos das dez.

— Por que vocês são o senhor e senhora perfeitos! - me viro pra ela por completo - eu... Eu sou só a Maya.

Me levanto e sigo para fora do apartamento, não olhando para ver se estava sendo seguida.

        Durante todo o caminho eu permaneci calada. Na rua mais a frente da Riley, no metrô apenas quieta enquanto ela me encarava, e, enfim, sentada na minha carteira atrás da Riley, onde ela não poderia me encarar durante todo o tempo.

         Matthews está ali novamente, tentando nos dar uma lição de vida, mas pra hoje nenhuma lição me valeria, não há nada a aprender hoje. Então ouvi:

— E se a mocinha não se apaixonasse pelo mocinho? E se o destino dela não fosse ficar com ele?

— Isso não é possível - Riley fala como se fosse obvio e eu me ajusto na cadeira

— Por que não?

— Porque não é certo, porque a mocinha tem que ficar com o mocinho, porque o bem sempre vence.

— Será? E se não vencer? E se a mocinha se apaixonar pelo aparente vilão? E se o poder da influência dela pudesse transforma-lo em algo melhor?

Meu coração dispara e minha respiração para quando Riley olha pra mim. Vejo ela olhar pra Lucas em seguida, depois para Farkle, e então volta a olhar para frente.

*

— Ei, o que faz ai? - Farkle vem até mim - cadê a Riley? E porque está de volta no buraco?

Dou de ombros.

— Eu a procurei por todos os lados e... Eu simplesmente senti que não estava pronta pra estar lá em cima.

Farkle olha pra Smackle, que sobe as escadas e nos deixa a sós.

— Ela está com o Lucas, não está? - ele questiona

Dou de ombros novamente.

— Eu só não a encontrei, sei que não fez por mal e que deve estar me procurando também, mas... Decidi dar um tempo.

— Todos sabemos que isso não dura, você já tentou antes.

— É, mas, desta vez, é um tempo pra mim, não um tempo dela.

— Você percebeu, não é?

— Percebi o quê? - Finalmente olho pra ele

— O que realmente sente por ela.

Puxo-o pela camisa para o canto assim que ele profere tais palavras.

— Pode confiar em mim. - ele diz - não vou contar até você contar. Eu só não quero que isso acabe com o grupo e que te magoe.

— Já está magoando. Dói.

— Faz parte do amor, quando não somos retribuídos isso pode queimar até você simplesmente evaporar.

— Como você soube?

— Eu percebi já faz um tempo, por coisas que diz e faz pela Riley, por ter vinte e quatro horas por dia de sentinela a protegendo na Rileylândia. O jeito que você olha pra ela, o jeito que ela é tudo pra você e tudo que há dentro de você, seja luz ou destruição, tudo envolve a Riley. Até mesmo sobre coisas que não deviam, como você gostar do garoto que ela gosta, gostar do tio dela e até virar ela. Você pode achar que sim, mas não é igual com ela. Sei que ela faria tudo por você, mas quando ela bateu na cabeça de desenho animado dela, não saiu sequer uma Maya Hart, já você...

— Espera, você não estava lá! - o acuso - você nem apareceu no episódio.

— Eu estou em todo o canto, eu sou Farkle.

Reviro os olhos.

— O que eu faço? - pergunto, pois já estou desesperada

— Encare e lide com isso.

Foi a última mensagem que o Josh me enviou, e agora o Farkle disse a mesma coisa, mas não é tão simples. É a Riley e eu a amo desde que era uma garotinha, eu posso acabar com tudo que temos se contar pra ela, posso acabar com o grupo. Ela nunca será a mesma comigo. Respiro fundo tentando não chorar e encaro Farkle nos olhos, ele vem ao meu encontro e me abraça.

— Obrigado - digo sob a longa fungada em sua camisa

— Maya? - ouvimos a voz de Riley acima das escadas

Farkle me dá uma última olhada assim que Riley chega até nós e vai embora.

— Peaches - ela diz, olhando pra onde Farkle fora e depois virando sua completa atenção para mim, segurando nos meus ombros em seguida - eu te procurei por toda parte, onde estava? - ela analisa meus olhos - você está bem?

Assinto com a cabeça.

— O Lucas quis me beijar em público e eu fiquei com vergonha, ai eu gritei por você e você não estava lá - ela diz

— Só assim notou minha ausência? - pergunto um pouco magoada

— Não, Maya, não. Só que eu pensei que talvez você quisesse ficar um pouco longe de mim já que está estranha comigo desde o apartamento. Eu chamei porque pensei por um momento que você apareceria como uma heroína pra me salvar, como sempre fez.

— E se eu não for a heroína, Riley? E se eu for a vilã?

Ela segura meu queixo e eu enrijeço.

— Você não é, você é a Maya.

— Estou com medo de destruir nossa amizade.

— Não há nada que você fale que possa...

— Estou apaixonada por você. - digo depressa, interrompendo-a

— Oh. - ela diz, largando meu queixo

*

      Larguei a Riley onde estava, seu olhar me perseguiu até minha cama. Já está anoitecendo e algo me diz que eu devo ir visita-la, sei que ela está lá me esperando, mas me sinto desarmada. Eu contei, realmente contei a ela e não sei como vai ser daqui pra frente, mas tenho que tentar.

"Eu sinto falta dela... Eu amo ela..."

Minha própria voz em minha mente me assusta, me despertando.

"Porque eu amo ela, sempre amei e ela me ama também."

A expressão no rosto de Josh me aterroriza novamente, ele queria que eu descobrisse. Respiro fundo e me levanto, indo até a porta em rumo à bay window e, quando abro a porta, Riley está de pé me encarando do outro lado, me dando um enorme arrepio que sobe à espinha.

— Toc toc - ela fala com a boca extremamente aberta, o que a deixa igualmente fofa

Eu me sento em minha cama, sendo seguida por ela. Não consigo encara-la e ela procura como começar essa conversa.

— Se você quer terminar com nossa amizade... - começo e ela olha pra mim - eu não aceito.

Ela sorri.

— Eu não vou acabar nossa amizade, Maya - ela diz e eu a encaro de imediato - nada poderia fazer isso.

Meus olhos começam a arder e eu noto que minhas lágrimas estão prestes a sair.

— Você é a Maya e eu a Riley... Não existe uma Riley sem a a Maya.

— Não está brava?

— Eu não sei - o olhar dela se torna vago pelo quarto - eu sequer sabia que isso era possível até o momento em que você me disse.

— Você... Você não sabia?

— Não. E eu conversei com meus pais...

— Riley! - interrompo-a

— O quê? Você sabe que eu conto tudo.

— É, faz sentido.

— Eles disseram que isso é ainda mais comum hoje em dia, que pessoas do mesmo sexo podem sim se gostar e que sabiam que essa fase poderia fazer parte da nossa adolescência, essas descobertas.

— Quão apavorada sua mãe ficou com a possibilidade de ser largada pelo Shawn? - digo sorrindo

— Extremamente.

O brilho nos olhos dela está ainda mais ressaltado esta noite,  me encantando ainda mais.

— Eu não te culpo, Maya. - ela finalmente me olha, encontrando meus olhos de uma maneira que fez minhas bochechas arderem - podia ter acontecido comigo e eu ficaria perdida. Eu lembro de como quase fui pra Londres e como tenho sorte de ter ficado, de estarmos aqui agora... Eu não vou te abandonar por isso.

— Você não sabe com eu...

— Eu vou acabar com o Lucas - ela me interrompe

— O quê? Por que faria isso?

— Somos um triângulo novamente, então, como ele não quis magoar nenhuma de nós, eu não quero magoar você.

— Mas você ama o Lucas.

— Você é mais importante que os meus sentimentos por ele.

Sinto meu coração apertar, ela faria mesmo qualquer coisa por mim.

— O que está fazendo? - pergunto quando ela começa a mexer no celular

— Vou chamar todos eles.

— Não não não, não faça isso.

— Não precisa sentir vergonha de si, Maya, eles são nossos amigos e nos amam como nós somos.

Ela coloca o telefone no ouvido.

— Lucas? Venha pra casa da Maya. Todos vocês.

Ela desliga antes que ele possa responder, não tirando os olhos de mim em momento algum.

— Maya, me diga a verdade. - Ela diz de repente

— Whatever you want.

— Você beijou o Lucas, não foi?

Respiro fundo com tal pergunta, como ela poderia saber? É claro que ela sabe, ela sabe de tudo sobre mim, coisas que nem eu sei.

— S-Sim. - digo

— E quando foi?

— No dia do ano novo, depois que sai da sua casa pela tarde.

— Depois do...? - ela puxa meu rosto próximo ao dela e eu prendo a respiração. Foi como ela fez naquele mesmo dia

Ela solta meu rosto.

— Sim. - Respondo

— E como foi?

— Foi...

— Foi um beijo, beijo? Ou foi um beijão, beijão?

— Riles...

— Eu quero saber, Maya. Não quero que esconda nada de mim.

— Foi um beijão. -  respondo depressa e ela permanece com a boca aberta, como se fosse falar, mas não fala nunca - um... Um beijão.

— Por que não contou?

— Porque gosta dele.

— É, mas você é mais...

Alguém bate na porta, interrompendo-nos.

— Pode entrar - diz Riley e nós vemos nossos amigos passarem pela porta

— Está acontecendo alguma coisa? - Lucas permanece à frente

— Está - Riles se levanta e eu abaixo a cabeça - eu não posso mais namorar você, Lucas. Chamei todos aqui porque essa decisão pode afetar todo o grupo.

— O quê? Mas por quê? - Ele dá um passo a frente - mal começamos.

— Porque não posso fazer isso se somos um triângulo novamente.

Ele olha de um lado para o outro até que seus olhos caem sobre mim.

— Então você gosta de mim? Você disse que não. - ele diz para mim

Abro a boca pra falar, mas Riley se adianta:

— Não. Ela sente por mim.

— Espera, o quê? - ele diz em tom de risada - desde quando a amizade de vocês nos atrapalha?

— Não nossa amizade, mas o que ela sente a mais por mim.

— Vocês estão brincando, não é? - ele diz com um sorriso

— Por que elas fariam isso? - Farkle diz, chegando ao lado de Lucas - elas não brincariam com isso.

— Espera, você sabia?

— Todos sabiam - diz Smackle - só a Maya que não.

Mas eu observava o modo em que Riley ainda olhava pra Lucas, era como incredulidade. É, eu pensei numa palavra difícil. Ela estava, ainda mais, desapontada, então, me levanto e seguro sua mão. Ela abaixa a cabeça e reprime os lábios.

— O que importa aqui - Riley diz em alto tom, fazendo com que parassem de falar e prestassem atenção nela - é a Maya, não o que se sabe ou não sabe.

— Você está levando a sério? - Lucas questiona e eu o encaro

— Você tem algum problema com o que ela é? - Riley me defende e eu nunca estive tão vulnerável

— Não, Riley, eu a amo apesar das escolhas dela, assim como a cada um nesse quarto. Mas então quando você está namorando alguém ela de repente descobre algo dessa forma? Assim como "descobriu" que gostava de mim e de repente não gostava?

Tais palavras doem no peito, eu nunca pensei que poderia me sentir tão pequena, mas ainda nesta situação eu devo me impor. Mas então eu olho novamente para a Riley e ela permanece com a boca aberta, o que viria a seguir podia ser desastroso e a culpa é toda minha. Viro-me para a minha cama e caminho para mais junto dela, encarando qualquer lugar que não fossem meus amigos enquanto as lágrimas saiam dos meus olhos.

— Eu quero que você saia - Ouço Riley dizer e as lágrimas se apressam a descer - vá.

Apenas ouço seus passos.

— Eu vou... Vou impedir que ele... Enfim, eu vou - Zay diz e eu ouço seus passos se afastarem do meu quarto

Não preciso olhar pra saber que Farkle queria que ficassemos apenas eu e Riley no quarto, então ouço seus passos, acompanhado de Smackle, e, por fim, ouço o bater da porta. Tudo ficou em silêncio, até que sinto-a tocar meu ombro para me confortar e, por fim, ela me abraça por trás. As lágrimas caem com ferocidade agora e o quarto é tomado pelo som dos meus soluços.

— Peaches... - ela tenta

— Eu estraguei tudo, eu desfiz o grupo.

— Não, você não fez nada disso - ela me senta na cama, sentando-se junto

— Você também acha isso? Acha que eu estou inventando isto?

— Não - ela desliza o dedo de modo a enxugar minhas lágrimas - se fosse tão fácil pra você porque não se defenderia?

Fungo. Parece que eu não preciso dizer sequer uma palavra pra que ela saiba o que se passa dentro de mim, na verdade, sempre foi assim, eu só aprecio mais agora.

— E você o enfrentou, como poderia fazer isso? - digo

— People change people. Eu mudei, Maya, por você.

— Olha lá um passarinho! - aponto para um canto qualquer

— Eu não vou cair nessa.

— Está sorrindo pra você!

Ela abre um largo sorriso e se vira para onde o meu dedo aponta, ainda sorrindo mesmo não encontrando o pássaro. Sorrio dessa pobre adolescente, tem tanto a aprender comigo.

— Você me enganou de novo - ela afirma, olhando pra mim novamente

— Enganei, honey.

— Você me conhece tão bem, Maya.

— É o que fazemos. - ela sorri ainda mais pra mim - é o que sempre fizemos. Desde criança.

— Como foi descobrir o que você sente? Parece tão confuso e estranho pra mim, sempre fomos como irmãs. O tio Josh tem algo a ver com isso?

— Nossas conversas eram sobre isso, meus sentimentos, e ele me ajudou a ver. Mas, como você, eu não acreditei, era muito bizarro. Então, dias atrás eu notei que ele estava certo e o que me parecia bizarro não era sentir, mas não saber que era isso que eu sentia.

Ela continua me encarando de forma prestativa, as lágrimas continuam presas em seus olhos.

— Será que eu posso dormir aqui? - ela pergunta e eu sorrio pra ela

— Sempre que quiser.

Ela sorri.

— Mas Maya - ela segura minhas mãos - há alguma possibilidade de que o que Lucas disse tenha sentido?

— O quê? De eu estar inventando?

— Não, de, de repente, você estar confundindo seus sentimentos?

Respiro fundo e encaro algum canto qualquer. Eu não confundi o que eu sentia pelo Huckleberry, ele é igual a Riley e isso fez mesmo eu gostar dele, mas não era dele quem eu realmente gostava, era dela. É dela.

— Melhor - ela diz de repente - há alguma chance de que isso seja real?

Encaro-a e assinto com a cabeça, ela sorri.

— Então está valendo pra mim.

Tais palavras me invadem de uma forma que nada no mundo possa me colocar no chão agora.

*

        Riley já está deitada na minha cama quando eu volto ao meu quarto, havia ido colocar os copos e pratos na pia, e agora está na hora de dormir. Me aproximo lentamente e me sento, já estou de pijama e tudo o que me resta é deitar.

— Ainda cabe nós duas aqui? - Riley pergunta sorrindo

— Você cresceu, eu não.

Ela ri ainda mais e passo por cima dela, deitando-me ao seu lado próxima à parede.

— Seus pais não reclamaram? - questiono - Matthews não deu nenhuma lição?

— Acho que chegaremos lá em breve, nunca se sabe o que vem pela frente quando se trata das lições dele e não, eles não reclamaram. Já fizemos isso várias vezes, Maya, por que eles reclamariam?

— Porque é diferente agora.

— Você continua a mesma pra mim e pra eles, afinal, o que poderia acontecer?

Tenho certeza que agora eu estou corada novamente e Riley parece analisar meu rosto de uma forma incomum.

— Isso é novo - ela diz e eu me sinto ainda mais envergonhada - isso cai bem em você. Não parece nem um pouco a Maya que conheço, mas sei que é ela... e cai bem em você.

Agora eu me concentro em não  deixar óbvio que estou contendo minha respiração porque meu coração está batendo tão rápido que poderia até escapar do meu peito.

— É-é melhor irmos dormir logo - digo

— Tem razão - ela diz e se ajusta - boa noite, peaches.

Ela deposita um beijo na minha bochecha e se a parede não estivesse bem atrás de mim eu tenho certeza que cairia da cama. Isso é novo. Poucas foram as vezes em que trocamos beijos no rosto, a maioria partia de mim, mas não depois de crescidas como agora. Ela fecha os olhos, com a barriga para cima, e não os abre mais. É hora de dormir. Mas tudo está tão confuso dentro de mim e  eu sei que não vou conseguir dormir nem tão cedo. Quando fecho os olhos, ouço sua voz:

— Maya?

— Riles.

— Como você sabe que gosta de garotas?

Abro os olhos de imediato.

— Como você sabe que gosta de garotos? - tento enrolar

— Eu não sei, eu só olhei pro Lucas e... Como você descobriu que gosta de mim? Nunca achou que isso aconteceria antes e agora...

— Melhor irmos dormir, Riley.

— Você vai beijar garotas agora?

Me sinto envergonhada novamente, eu não tinha pensado nesta parte ainda.

— Eu não sei, Riles, não sei como vai ser.

Fecho os olhos pra voltar a tentar dormir, mas seu silêncio não dura muito.

— Maya?

— Sim, sweetie?

— Não quero que beije outras garotas.

Abro os olhos e encontro seus olhos de sentinelas aos meus, mas eu não sei o que falar agora e isso é algo raro. Não sei o que pensar sobre isso e minhas duvidas e esperanças enchem minha cabeça.

— Sempre pensei em nosso casamento na mesma igreja, em nossos maridos nos esperando no altar enquanto nos guiamos até eles e em nosso final feliz pra sempre, mas... Por favor não beije outra garota.

— Por que não, Riles? Não entendo.

— Eu não quero te perder, Maya, e eu sempre pensei que nossos casamentos nunca afetariam nossa amizade, como não afetou a do papai e do tio Shawn, mas...

— Vai afetar. Vai porque se fosse uma garota...

— Ela vai ser sua nova melhor amiga e vai ter um relacionamento mais avançado do que o nosso.

— E você achou que se eu me casasse ou namorasse um garoto não afetaria porque você ainda seria minha melhor amiga.

— E... - encaro-a novamente - eu realmente não quero que beije outra garota.

Assisto-a por todo o tempo, ela não está só preocupada por nossa amizade, está com ciúmes. Eu conheço a Riley como não conheço nem mesmo a mim e sei que ela está com ciúmes.

— Está com ciúmes? - pergunto

— O que isso significa, Maya? - ela pergunta baixinho

Mas seu olhar me revelava que agora ela quem ficou confusa, que ela não quer correr e se esconder, mas encarar não como um problema e sim como uma meta. Não contenho minhas ações e certezas quando me apoio no cotovelo, me inclino e beijo seus lábios devagar. Minha mão permanece em seu rosto até que volto a me deitar, ainda encarando-a.

— É a nossa lição - digo e ela sorri pra mim - Boa noite, Riles.

— Boa noite, Maya.

Então fecho meus olhos com o coração aberto, batendo de forma ritmada enquanto minha mente toma conclusões positivas. Isso é novo... E está apenas começando.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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