Tarzan - Um novo amanhecer escrita por Luana Araújo


Capítulo 3
Um homem nas selvas




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O filho de Kala cresceu, e se tornou um homem, ou para os gorilas Tarzan “O sol da selva”, pois ele é forte, um guerreiro temido, ele é heroico, protege a todos da comunidade, ele é amável, ele é gentil e doce com seus irmãos, ilumina a todos com sua existência.

            — Tarzan, vamos correr até a cachoeira e saltar, quem chegar primeiro vai ganhar... Ganhar... — Terk colocou o dedo indicador na boca.

           — Aquele que chegar primeiro vai ganhar aquelas frutas da árvore mais alta. — Tarzan a provoca, confiante de que pode ganhar.

            Terk bufa.

            — Por mim tudo bem, só quero te lembrar que alguns anos antes você não era tão rápido, e eu costumava ganhar sempre.

            — Mas agora eu sou forte e rápido e posso vencer você. Já! — Tarzan dá um leve soco em Terk e sai correndo em direção à cachoeira.

            Tarzan corre como seus irmãos gorilas, ele sentia dificuldade antes, mas seu corpo se adaptou com o tempo, e agora suas mãos são tão resistentes quanto às de qualquer gorila.

            O nosso homem das selvas ama sua terra, ele ama principalmente observar o nascer do sol e sentir o cheiro da manhã, mas Tarzan costuma dizer que as manhãs te dão a sensação de que no horizonte há algo chamando por ele e que um dia ele irá o mais longe possível apenas para descobrir o que tem depois das grandes montanhas.

— Ei, você devia ir mais devagar. — Tantor se assusta ao ver Tarzan passar correndo. — Ah! Vocês dois são malucos.

O elefante se assusta novamente quando Terk passa ofegante.

Tarzan chega ao seu destino, vira-se para ver onde Terk está, e percebendo que a gorila está a apenas alguns metros atrás, ele mergulha em direção ao lago formado pelo desaguamento da cachoeira.

Lá de baixo ele acena para Terk que desiste do salto.

— Eu venci. — Seu sorriso é meigo, mas também provocante.

— Se você acha que vou escalar aquela árvore, pode esquecer. — Terk gritou de volta.

— Você tem que cumprir suas promessas Terk. — Cheeta se aproxima da gorila.

Terk mostra a língua e volta para a proteção das árvores.

Atualmente Tarzan tem aproximadamente 20 anos, Kala e Kerchak são idosos agora, os gorilas vivem em média de 35 a 40 anos, e Kerchak já está no limite da idade, o que significa que logo a comunidade terá um novo líder. Tarzan não almeja ser o líder, mas teme que aquele que tomar o poder o expulse da comunidade, já que agora ele é um adulto e pode guiar seus passos, assim como Kerchak havia dito no passado e sua mãe o prepara a vida toda para esse momento, dizendo que se Kerchak o expulsasse ela iria embora com Tarzan.

O jovem ainda não sabe o que ele é, Kala continua dizendo que não importa de que espécie ele é, e nem como veio parar na selva, pois no momento em que ela o viu soube que seu lugar era entre os gorilas. Tarzan respeita sua mãe, mas no fundo do seu coração ele se sente triste por ser tão diferente de todos.

— Continue agindo como uma criança Tarzan, e nunca terá seu lugar nessa comunidade. — Kago o gorila no topo de opções para substituir Kerchak, diz.

— Talvez você também devesse se divertir um pouco Kago. — Tarzan desvia do gorila e se afasta.

Tarzan respeita e admira todos os seus irmãos, e embora Kago sempre insista em menosprezá-lo, ele admira o poder e coragem do gorila. E acima de tudo Tarzan sabe que de certa forma ele é um forasteiro, e que não pode almejar mais do que já tem.

De cipó em cipó Tarzan voa entre as árvores, se deliciando com a sensação do vento em seus longos cabelos castanhos, e o toque em sua pele morena, queimada pelo sol.  Entre saltos ele escorrega pelos galhos mais fortes e logo em seguida se agarra a outro cipó e continua até chegar em sua árvore lar.

Kala está deitada, a fragilidade da idade não permite que a gorila caminhe por longas distâncias, e dificilmente ela sai de sua casa, por isso conta com seu filho para levar frutas e água, Tarzan criou uma espécie de copo usando bambus para que sua mãe não sentisse sede.

Depois de alimentar a mãe, Tarzan se senta na ponta do galho de sua árvore lar e olha encantado o pôr do sol, e alguns quilômetros dali ele avistou fumaça subir entre as árvores. Tarzan franze a testa, estranhando a cena.

— O que é aquilo? — Disse para si mesmo.

Continuou observando e quando a noite chegou ele conseguiu ver chamas vivas dançarem. Tarzan conhecia o fogo, mas nunca tinha o visto agir daquela maneira. Seu coração se agitou, e em sua mente o pensamento de ir descobrir o que estava acontecendo o deixou inquieto.

Sua inquietação durou até os primeiros raios de sol, então, sem esperar que Kala acordasse, Tarzan saiu em direção ao local de onde as chamas vinham. Ele conhece toda a região, e em poucos minutos chegou ao destino.

Não havia nada lá, nada além de troncos queimados e um monte de cinzas. Com toda certeza algo tinha feito aquilo, e não era um gorila ou qualquer outra criatura conhecida. Os animais da floresta temem o fogo, mas ali, o que quer que fosse, dominou o fogo.

No chão Tarzan viu pegadas estranhas seguirem em direção à floresta. Não pensou duas vezes antes de seguir as pegadas e descobrir quais criaturas estavam invadindo sua morada.

Não demorou muito e Tarzan escutou sons, era uma língua diferente, ele não conseguia entender o que falavam, mas ao mesmo tempo o som era familiar, como um eco em suas memórias. Cuidadosamente ele subiu em uma árvore e continuou seguindo os sons pelo alto.

Lá embaixo ele avistou um grupo de criaturas que incrivelmente se pareciam com ele, só que estavam cobertas por tecidos. Tarzan coça a cabeça, confuso. Nunca antes ele viu estranhos como ele, ele era o único naquela selva. Ficou ainda mais curioso, e se aproximou o máximo que pode sem deixar que os estranhos o vissem.

— Papai, vamos logo, os gorilas não devem estar longe daqui. — Uma das estranhas disse, mas Tarzan continuava não entendendo o significado daquelas palavras.

— Jane, seu pai está velho, não tenho tanto fôlego quanto você. — Um estranho de cabelos brancos e usando aros redondos no rosto disse.

— Não aguento mais levar picadas de mosquitos. — Choramingou uma estranha que usava uma coisa estranha na cabeça. — Quero ir embora.

— Ah, por favor, Rebeca, você não consegue ver o quanto este lugar é maravilhoso? — Tarzan ficou especialmente interessado na estranha que ia à frente, empolgada.

— Jane, como guia, eu devo alertar que não é seguro caminhar tão apressadamente, podemos nos deparar com cobras e outras feras perigosas. — Um estranho que carregava um objeto nas costas disse.

A estranha parou e esperou que o outro estranho passasse a frente e cuidasse para que o caminho ficasse livre de perigos. Enquanto isso Tarzan continuou os seguindo.

Algum tempo depois os estranhos pararam e se sentaram encostando-se aos troncos das árvores. Tarzan queria se aproximar ainda mais, mas tinha medo do que eles poderiam fazer usando aquelas coisas esquisitas. Seu coração agitado quase o impelia a descer da árvore e ir conhecer de perto, seus estranhos visitantes, mas então ele ouviu o chamado de Kerchak.

Os estranhos ficaram em alerta momentaneamente, mas Tarzan não pode observá-los mais, traçou sua rota de volta ao lar e em seu coração prometeu voltar atrás dos visitantes. Enquanto saltava entre os galhos, um sorriso se formou em seu rosto, pela primeira vez Tarzan soube que não era o único da espécie, e confirmou que seu coração não estava enganado, no horizonte há muito mais para se descobrir.


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