Inesperado escrita por Elisianes


Capítulo 1
O dia


Notas iniciais do capítulo

SEJAM BEM VENIDOS, e segue a história.
Beijos no Kokoro de vocês. :*



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—Testuda, vem cá, olha só isso aqui.

Ino com certeza viria com mais um homem desnudo pra me oferecer e eu mais uma vez teria que repreendê-la. Ela já vinha fazendo isso desde que eu desencanei dele. Quer dizer, estou em processo para que isso aconteça. Ele até cumpriu a promessa, ele voltou, contudo eu mudei. A vila mudou. Minha cabeça mudou. E eu sinceramente não sei se eu ainda o amo.

—Presta atenção em mim TESTA DE MARQUISE! É sempre a mesma coisa, eu falo e você ….

É, confesso, sou assim mesmo, mas pra aguentar a Ino as vezes você tem que se fingir de surda. Homem pelado não é minha praia, é a dela. E só por que estou tetando esquecer de vez aquele bendito o fruto, não quer dizer que vou ficar olhando pra todos os seres héteros masculinos da vida. Ino as vezes passava dos limites.

—Porca, desculpa, mas não tô a fim de ver isso. Eu tenho plantão agora, e depois vou me encontrar com Kakashi-sensei.

—Kakashi-sensei? Não sabia que você estava andando se encontrando com o ninja mais cobiçado da Aldeia.

—E eu não tô, Porca. Ele ficou de me treinar.

—Sei.

Retiro que disse, Ino não passa dos limites só as vezes, ela é toda sem limites sempre. Depois que Kakashi-sensei soube da minha decisão de não aceitar Sasuke, ele e Naruto foram os primeiros a me dar a maior força. Claro, eles apoiaram a minha decisão, mesmo Kakashi-sensei sempre dizendo que essa decisão me fazia mais triste. Até pode ser verdade, mas também é uma decisão que me deixa mais leve. Amar Sasuke não é a coisa mais fácil de se fazer, e eu, cansei de esperar reciprocidade aonde não vem nada. Literalmente, NADA!

Me despedi daquela Ino promíscua e fui direto pro Hospital, estou dez minutos atrasada e se Tsunade-sama me visse, eu estaria morta. Chego, bato meu ponto e visto meu jaleco, no caminho avisto Shizune com uma cara levemente alterada.

—Sakura!

—O que foi, Shizune. Aconteceu alguma coisa?

—Você tá atrasada. E tem um paciente te esperando no leito 2.

Disse me entregando a ficha e saiu, sem mais, nem menos. Da mesma forma que eu fui parada por ela, ali eu fiquei, a olhando por cima do ombro não entendendo nada. Um atraso de dez minutos não é tão grave assim, eu esperava algo do tipo, da Tsunade, não dela. Ainda me recuperando, olho a ficha do paciente a minha espera, e quando leio seu nome, uma dor aperta meu peito, e eu não sei quando comecei a correr, mas só sei que em segundos estava na frente dele o observando procurando algum sinal de fratura ou coisa pior.

—Você… Você está bem? Por que você está aqui?

—Acho que você está convivendo muito comigo, Sakura.

—O que?

—Está atrasada.

Eu ainda continha o olhar interrogativo, mas aquela risada sacana me fez entender tudo. Ele não estava machucado. Estava pregando uma peça em mim, e eu como uma boba, cai direitinho.

—KAKASHI! POR QUE FEZ ISSO?

Eu não podia conter a raiva. Cuidar dos integrantes do time sete foi minha vida. Eu preferia não me curar pra poder ter chacra somente pra eles, como ele pode fingir algo que sabe que é tão importante pra mim. A segurança deles. A segurança, DELE. Sem perceber já estava a centímetros dele com uma mão em guarda o ameaçando incansavelmente.

—Calma, Sakura. Se você não tivesse se atrasado não iria ter que passar por isso. - disse sereno

O QUE?

Relaxa, Sakura. Se ele está bem, não vai continuar por muito tempo se você ficar assim, então, é melhor ficar calma. Afinal, você que vai ter que curá-lo depois. E hoje, incrivelmente, não estou com nenhum pingo de vontade de curá-lo.

Então, respirei, abaixei meu punho, endireitei minha coluna o mais reta possível, ficando um pouco abaixo do queixo dele e com a sorriso mais falso do universo, falei

—E alguma vez eu te puni de alguma forma por algum de seus atrasos?

—Não.

Disse com a cara mais lavada e com aquele tom calmo de sempre. As vezes Kakashi era um porre de se aturar, pelo menos, essas pérolas não acontecem sempre. Ele era o mesmo Kakashi de todo dia com todos, despreocupado, relaxado, sempre com aquela fala mansa que acalma qualquer um, mas, mesmo assim, emanava confiança. Pra ele ter aprontado, algo aconteceu.

Me sentei na maca ao seu lado, cruzei as pernas, suspirei fundo, FUNDO. E esperei a sua explicação. Que óbvio, não veio. Ele continuou parado ao meu lado, sem mexer nenhum músculo ou dizer alguma palavra. Parecia até tenso, mas definitivamente era até aconchegante escutar somente o som de sua respiração se misturando com a minha, e isso me fez sorrir. Ele como bom analítico que é, percebeu. Se virou de frente pra mim vagarosamente, com ambas as mãos nos bolsos da calça, ficando a uns bons centímetros longe das minhas pernas, razoavelmente cumpridas. Parecia até que não queria invadir meu espaço.

—Está sorrindo por quê?

—Não estou!

Lógico que eu vou negar. Seria estranho eu dizer que me senti bem ouvindo sua respiração com a minha. Não seria?

—Hum. - disse me analisando com o que pareceu um mini sorriso.

As vezes eu não sabia o que realmente era, poderia ser uma careta, pois essa máscara dele nunca me deixa a vontade pra poder ver as expressões do seu rosto. Contudo, isso só faz eu ter uma maior atenção a todos os músculos do rosto dele. Aprendi a saber quando ele está com dor, aprendi a saber quando ele está com raiva ou incomodado, aprendi a saber até quando ele está constrangido, o que era raras as vezes que acontecia. Mas, eu particularmente sabia decifrar bem o sensei que tenho. Só não conseguia fazer, quando ele mesmo se escondia de mim, pois ele reconhece que ambos nos conhecemos muito bem.

—Visivelmente, está sorrindo, mas já que disse que não, contarei o motivo da minha visita.

Eu me endireitei na maca, ereta e o encarei mais séria esperando o recado, ao contrário do que eu pensei, o assunto é sério, e eu sei só pelo jeito, tom e linguagem corporal que ele usou. Mesmo sendo tudo muito sútil.

—Vão chegar alguns aldeões muito doentes de uma vila pequena ao lado da nossa. Quero que você lidere a equipe médica. Já que Tsunade quer me treinar pra ser Hokage, nada mais justo eu começar minhas decisões colocando o peso em pessoas que eu confio.

Eu até me animei, por mais que o tom que ele usava era sério, senti o elogio dele, e senti que era sincero. As vezes, seu rosto não demonstrava nada, e muitos diriam que seus olhos cansados e postura relaxada indicariam tédio, mas Kakashi-sensei sabia muito bem como se expressar, só não reconhecia quem não o conhecia. Pois, ali, naqueles olhos, eu recebi cada palavra como carinho, encorajamento, orgulho e companheirismo.

Mantenho firme, mas deixo que meu sorriso apareça nos meus lábios, o passando uma mensagem sublimar dizendo: “Eu capitei seu elogio, sensei. Obrigada”. Ele com um maneio de cabeça, acenou.

—Será um prazer. Farei meu trabalho com responsabilidade. Mas preciso saber da situação em geral que eles chegarão, pra eu me organizar melhor pros atendimentos. Tem dia certo pra poder recebê-los?

Ele se mantinha com as mãos nos bolsos, ouvindo cada palavra que eu disse com a máxima atenção em mim, como sempre fez. Nosso tom é profissional, mas nossa cumplicidade é quase palpável na sala. Por muito pouco, quase conseguíamos nos entender com o olhar. As vezes, conseguimos. Sei quando ele está bravo comigo, por algum erro ou coisa parecida. Sei quando ele está me repreendendo de algum deslize bobo que eu fiz. Sei como me portar com ele em uma luta sem nem olhar. Sei quando ele quer conversar mas, muitas das vezes, não houve as palavras.

—Vão chegar amanhã na parte da manhã. A maioria é crianças. A aldeia está com uma epidemia, uma doença que não sabem o que é, e a hospitalização de lá, é precária demais pra poder atender todos, por isso pediram ajuda de Konoha. Como nós, ainda não estamos totalmente recuperados da Guerra, não podemos abrir muitos leitos pra os doentes, mas chegará em média 20 crianças, menores de 10 anos e 10 adultos, maiores de 16 anos. No máximo, 40 pessoas no total. Mais que isso, pode nos prejudicar, mesmo que nossa vila esteja saudável, ainda temos indícios da guerra, ou seja, pessoas se recuperando. Então, não podemos arriscar.

—Entendi...- disse séria, mas logo minha postura ereta se desfez um pouco

Com esse caso em mãos, não poderei treinar após o almoço. Tenho muita coisa pra fazer, leitos pra separar, equipe pra formar, equipamentos pra organizar, MUITA coisa. Hoje iria ter a surpresa. Kakashi vem falando disso a semanas, desde que eu fiz 21 anos. Hoje que seria o dia que ele realizaria a tal surpresa, não vamos poder treinar. MUITA INJUSTIÇA.

Meu aniversário não foi o dos mais felizes. Eu não queria comemorar, não achava que valia a pena, não depois da Guerra, depois de tudo. Fora que tinha acabado de negar o amor que desde a infância era o ar que eu respirava… Sim, respirava, por que não respiro mais, e pareço está bem mais limpa. Mas, Kakashi ficou tão preocupado comigo, pois eu realmente fiquei mal, que ele sismou com essa de surpresa. Ele disse: “Não crie expectativas, pois pode não acontecer. Mas se acontecer, só vai ser daqui a duas semanas. E isso, se eu ver que você está feliz. Caso contrário...”

—O que foi? Você mudou sua postura.

Claro que percebeu, ele sempre percebia todas as minhas mudanças.

—Não vamos poder treinar hoje.

Ele se mexeu, e aquilo significava duas coisas. Uma, ele também estava decepcionado com isso e duas, ele estava achando graça pela minha atitude frustrada. Ele sentou ao meu lado, perto, mais perto do que ele costumava sempre sentar, pois ele sempre respeitou o meu espaço, com isso, eu também era obrigada a fazer. Coisa que nem sempre funcionava. Mas dele, isso nunca aconteceu. Até hoje.

—Amanhã, supervisionarei a chegada dos doentes. E participarei dos atendimentos. Fiscalizarei você.

Olho pra ele ameaçadora, e vi um sorriso. Isso era raro. Eu lia suas expressões, mas quase nunca as via direito. Só que a aproximação de hoje, me deu o privilégio de vê-lo. Ainda por debaixo da máscara, mas era lindo. Tão lindo que fiquei até constrangida. Minhas bochechas começaram a queimar, e assim que eu percebi isso, virei o rosto.

—Sabe que eu não preciso de babá.

—Eu sei disso. Mas gosto de te ver trabalhando.

Isso era verdade. Mas dizer assim, na lata, era novidade. Olho novamente pra ele, ele não estava sorrindo, mas seu olhar era intenso, não sei explicar o que queria dizer, mas era carinhoso demais. DEMAIS. Com o resto da pouca sanidade que eu ainda tenho, suspiro e levanto da maca, sendo acompanhada por ele. A “consulta” já fora dada e trabalho era o que não me faltava no momento.

—Bom, senhor Hatake. Creio que seu chacra se normalizará dentro de alguns dias, devido ao seu uso excessivo do mesmo.

Ele me olhava divertido me acompanhando a porta.

—Ou não! - eu brinco.

—Você bem que poderia me doar um pouco do seu, Sakura.

—E onde fica a graça da brincadeira? Como brincar que você não tem chacra se você tiver?

Ele me olha reprovativo, um olhar falso de reprovação, eu rio e ignoro. Sem prévia alguma, começo a andar pelo corredor deixando um Kakashi observador pra trás e aceno o olhando por cima do ombro com um singelo sorriso.

—Até amanhã, Kakashi.


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Notas finais do capítulo

E ai?
Acharam o que desse capítulo fofinho?

Até o próximo. :*



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