Guarulhos, 04 de março de 2016

 Olá, estive pensando sobre você há dias, minha cabeça anda como um carrossel, onde não importa quantas vezes ele dê voltas, em pensamentos quais queres simplesmente para te desgrudar de minha cabeça, eu sempre volta à mesma conclusão.

 Talvez você realmente seja a única pessoa com quem eu me importo de verdade, mesmo sendo provável que nem lembre mais meu nome.

 Mesmo quando todos disseram que você não era tudo aquilo que eu tão apaixonadamente descrevia, para mim você é, e sempre será, o garoto mais lindo deste mundo diante meus olhos.

 Acho que fui notar você tarde demais, se tivéssemos nos conhecido antes o que teria acontecido? Enfim, não aconteceu e temos que enfrentar o presente, o meu triste presente no qual você não faz mais parte, e um futuro onde você não estará ao meu lado.

 Agora meus dias são uma infinitude monocromática, não há mais a alegria de quando você virava a escada e subia para sua sala.

 Quando tinha que me apoiar na parede, pois meus joelhos me traiam ao virar gelatina quando te viam subindo e como meu mundo desmoronava quando você passava por mim sem cumprir a promessa de um simples “oi”.

 E sabe o pior de tudo? Mesmo você tendo me ignorado eu me sentir estupidamente feliz por simplesmente ter te visto.

 Nos dias que eu não ficava te esperando subir meus pensamentos iam até você, à poucas salas de distância. Tudo que eu estudara evaporava de minha mente e você preenchia qualquer espaço em branco de meu cérebro.

 Será que já passou pela sua cabeça o que um único “oi” seu era capaz de fazer comigo?

 Cada dia era vivido intensamente, pois eu sabia que nossos encontros de corredor estava contados.

 Não sou capaz de descrever a devastação que me causou quando descobri que em 2016 você partiria para outra escola, foi um desespero que me consumiu por inteiro ao pensar em acordar e saber que não vou te encontrar, e olhe que ironia do destino, faz quase seis meses que vivo esse sofrimento.

 A única coisa que descobri que tínhamos em comum era nossa preguiça, o que um gostava o outro desconhecia ou não gostava, mas mesmo que fosse discutindo gostos e demorando horas para responder eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo ao receber uma notificação sua.

 Me pergunto se você realmente não tinha Whatsapp? Ou foi um pequeno fora? Na verdade eu nunca acreditei, mas também nunca consegui sentir raiva de você, por nenhuma das vezes em que me fez chorar.

 Se lembra do dia em que nos falamos cara a cara pela primeira vez? Eu me lembro como se fosse ontem, o Gustavo me chamou para sentar ao lado dele na saída, eu desconfiei, porém sem pensar muito eu fui e assim que eu sentei ele te chamou e saiu correndo, deixando nos à sós, quis mata-lo e agradecê-lo ao mesmo tempo.

 Eu estava tão nervosa e com minhas pernas bambas que fui imensamente grata por estar sentada, do contrário certamente eu estaria sem chão

 Você não parecia dar a mínima para o meu esforço para falar com você, mas não conseguia ficar brava. Seu “oi” foi seco e rápido, mas você compensou tudo o que havia passado com o beijo de cumprimento, não foi nada mais do que um beijo na bochecha, porem meus pulmões faltaram com ar e meu coração quebraria minha caixa torácica se seu rosto demorasse um único segundo a mais ao lado do meu.

 E logo minha felicidade foi levada com você, pois nossa conversa se resumiu a um “oi” e logo em seguida um “tchau”, mas a felicidade que eu senti manteve meu sorriso no rosto pelo resto do dia.

 Pelos dias seguintes não nos falamos, eu ficava feliz mesmo me limitando a apenas observa-lo ao longe.

 As pessoas ao meu redor diziam que eu deixava meus sentimentos extremamente expostos no modo em que eu olhava para o objeto de minha adoração, por esse motivo várias pessoas descobriam.

 Mesmo eu não podendo ver meu olhar eu sabia que brilhava como nunca, eu posso afirmar, pois aquela foi a semana mais colorida de minha vida, tudo o que pensava era me encontrar com você, falar com você.

 Eu havia me transformado em uma única maldita semana, a cada dia aquele sentimento ácido crescia dentro de mim e me corroía ainda mais, me deixando completamente vulnerável e exposta.

 Minhas pernas perdiam qualquer força que mantia me em pé com uma facilidade assustadora, e o motivo era você. Mal me concentrava nas provas, e o motivo era você. Acordava feliz já pensando em nossas conversas, por você. Sorria mais fácil que nunca e minha gentileza, antes inexistente, aflorou, e eis você de novo.

 E você nada fez por mim, mas eu não me importava. Queria tanto ouvir sua voz de novo e ver o rosto com os olhos mais fofos que já vi.

 Se pudesse realizar um desejo no mundo, seria ter você do meu lado me amando para sempre.

 Não sei nomear o que sinto por você, já falaram que era paixão, mas isso não é nem poeira comparando ao modo como eu me sentia em relação a você.

 Talvez fosse amor, se amor não fosse apenas algo banal e passageiro comparado à meus sentimentos.

 Não pude lhe dizer nada disso, pela minha timidez e pela sua aparente falta de interesse, mas estava tão cega que mal pude ver.

 Lembra-se do dia em que nos encurralaram na escada da cantina para conversarmos?

 Céus! Era o último dia de aula, foi o último dia que te vi, mas acredite se quiser, eu estava bem, pois achava de que continuaríamos nos falando e que marcaríamos de nos encontrar. Mal sabia eu que este seria o dia da apunhalada fatal.

 Depois de você eu nunca mais fui a mesma, não sinto mais atração por mais ninguém, você fechou minhas portas para o mundo e levou a chave junto com você quando partiu, largando pra trás uma eu que eu não conhecia, capaz de chorar a fio ao ouvir seu nome, só de me lembrar meus olhos marejam.

 Você tem noção do que fez comigo? Você ACABOU comigo.

 Minha esperança, alegria, dias coloridos, tudo isso foi arrancado de mim em um único choque, por uma frase.

 Essa frase... Procurei várias pessoas para dizerem que não era verdade, e eu me senti bem, porem aquilo me incomodou muito, por isso pedi para a Bia falar com você.

 Estávamos em uma chamada eu, Bia e Rayssa quando essa maldita mensagem brilhou em meu visor. Minhas lagrimas não pediram permissão para irromper e minha garganta se fechou, meus pensamentos explodiam, mal conseguia ouvir a voz delas ao fundo, tentavam me consolar, porem no momento não era capaz de responder.

 Desliguei e corri para o banheiro e tive que resistir fortemente ao impulso de socar o espelho. Ele mostrava um rosto vermelho e inchado com rios de lagrimas escorrendo, minha alma pedia desesperadamente por ajuda, os olhos verdes brilhantes e tristes como nunca antes.

 Foi a única vez em que gritos de desespero escaparam de minha garganta durante meu momento de humilhação, nunca estive pior.

 Após um longo banho liguei para elas novamente e acabei por chorar novamente.

 Me odiei por ser tão fraca, por ter sido derrubada tão fácil e com tanto desprezo.

 Mas o que eu poderia fazer? Meu mundo apagou e a completa escuridão preencheu o colorido que um dia você proporcionou.

 Meu rosto denunciava o quão mal eu me encontrava, meu semblante, olheiras e olhos vermelhos.

 Não demorou até que me perguntassem o que havia acontecido, antes que eu processasse desabei novamente e fui incapaz de responder.

 Durante semanas foi assim. Não conseguia dormir sem ter pesadelos de você me deixando, a comida tinha sempre o mesmo gosto salgado de minhas lágrimas, não importava o que fosse, nunca tinha ânimo para sair do quarto e desde então minha vida nunca mais teve os risos sinceros, olhares brilhantes ou a cor que você trazia para minha vida, tudo isso porque nunca mais te vi.

Por favor, traga o brilho e as cores de volta!

Me devolva minha vida.

                                        Julieta Perdida