Forever escrita por Mundinho Pequeno


Capítulo 1
Capítulo 1 - único


Notas iniciais do capítulo



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Minha vida se baseava em uma palavra: "forever" que em português, significa "para sempre". Eu sempre achei que todas as coisas do mundo durassem para sempre. Mas com o tempo você vai percebendo que nada, absolutamente nada, dura para sempre. O eterno não existe. Sabem como eu sei disso? Simples. Eu vivi isso.

Vou explicar-me melhor.

Meu nome é Iara. Eu tenho dezenove anos e moro sozinha em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul.

Minha mãe morreu quando eu tinha dez anos, num acidente de carro. E meu pai, bom, meu pai não está morto, pelo que eu sei. Na verdade, depois que minha mãe morreu, ele ficou muito depressivo. Ele começou a beber muito, e até chegou a se envolver com o mundo das drogas. Mas não foi por muito tempo. Duas semanas depois a polícia foi até nossa casa e encontrou no porta-malas do carro uma sacola com alguns tipos de drogas lícitas e ilícitas.

Levaram-no para uma prisão. Desde esse dia nunca mais o vi. Nem sei se está solto ou preso.

Depois disso, eu fui mandada para um colégio interno. Que também servia de orfanato.

Por um bom tempo a polícia investigou sobre minha família, mas não encontraram nenhum familiar. Então eles desistiram e me deixaram no orfanato escola.

Morei nesse orfanato católico por sete anos. Foi uma experiência inédita para mim. Nos primeiros anos eu estava sempre desconfortada. Me escondia das freiras e ficava isolada num canto. Às vezes, quando anoitecia e o céu estava claro com estrelas, eu ia até o telhado e chorava. Chorava até eu não ter mais lágrimas. Não era possível para mim que minha mãe tenha morrido. Ela era meu porto seguro.

Foi uma fase dolorosa.

Quis tentar suicídio por cinco vezes. Mas sempre me vinha a cabeça uma imagem da minha mãe. Então eu tentava esquecer essa ideia. Acho que era o conselho que minha mãe me daria.

Depois que completei dezoito anos, me mudei para um condomínio aqui onde eu moro. Eu o dividia com uma amiga.

Sara.

Essa era o nome dela.

Eu também achava que nossa amizade duraria para sempre. Morávamos no mesmo orfanato escola. Dividíamos as mesmas coisas. Éramos como irmãs.

Eu a conheci dois anos depois de entrar no orfanato. Ela foi minha primeira amiga lá. Primeira e única. Mas ela tinha várias outras.

Quando eu disse que queria me mudar para o Rio Grande do Sul, ela insistiu dias e noites para vim comigo. Até eu me cansar e permitir que ela viesse.

Quando eu cheguei na cidade, fui fazer minha inscrição para faculdade. Eu iria fazer pedagogia. Sempre foi um sonho meu ser professora, minha mãe também era, eu quis seguir os seus passos. Fiz a inscrição e comecei a fazer o curso.

No curso, eu conheci um menino lindo.

Matteo.

Era o mais gato da sala. Do mundo. Do universo.

Um dia ele veio conversar comigo sobre uma dúvida, e desde então viramos amigos.

Por dois longos meses, Sara reclamava que eu estava tão amiga dele, e que isso parecia mais um namoro. No mesmo dia, ele me pediu em namoro.

Eu nunca havia namorado antes. 

Eu aceitei.

Eu já não acreditava muito na palavra "para sempre". Mas eu estava criando expectativas.

Se passaram quase um ano desde o meu namoro com Matteo. Eu resolvi fazer uma viagem com Sara, mas ela parecia estar doente. Foi o que ela me disse.

Então eu fui sozinha. Eu iria a Santa Catarina.

Fui até a rodoviária. Mas não daria para eu ir. Parece que com a neve, houve um problema na estrada. A neve não era tanta, aqui é Brasil. É mais possível nevar fogo.

Um pouco triste eu voltei para casa. Parecia estar silêncio. Então eu entrei com um mínimo esforço, para não fazer barulho.

Apenas a luz do abajur da sala e do quarto de Sara estavam iluminando a casa.

Com muito cuidado fui até o quarto da "amiga".

Chegado lá, encontrei-na transando com o meu namorado.

Foi um choque.

Duas traições ao mesmo tempo. Como se minha vida não estivesse estragada de mais.

Sem querer fiz um barulho. Eu gritei. Eu gritei o mais alto que pude. Minhas lágrimas caiam sobre meus olhos. Eu não conseguia ver direito, estava embaçado por conta das lágrimas. A única coisa que percebi foi Matteo se levantando e tentando me explicar.

"Sai daqui seu nojento, imundo, filho da puta! Não volta mais aqui" - Foi a única coisa que disse.

Não demorou muito e ele já estava vestido e saindo da minha casa. Gritei novamente.

Dessa vez, Sara vinha em minha direção. 

"Não toca em mim" - Disse chorando e gritando.

Eu corri para o meu quarto e me tranquei.

Minha vida não podia ficar pior.

No dia seguinte eu estava deixando o prédio. Sara tentou me convencer de mil maneiras, disse até que era lésbica, e que só estava querendo saber como era fazer "isso" com um homem.

Eu estava puta de mais para ouvir. Não lhe dei atenção e saí do prédio com minhas coisas e imóveis. Eu não moraria em uma casa que fora usada para ser local de prazer de alguém. Ainda mais com o Matteo, que era meu namorado.

Eu continuo na mesma cidade, porém em uma parte bem longe de onde eu morava.

Comecei a dar aula em uma escola perto da casa que eu moro, enquanto faço a faculdade.

Depois de todas essas coisas eu aprendi que o "para sempre" é apenas uma ilusão. Não existe isso de "para sempre". Tudo vai acabar. De um jeito ou de outro. É o ciclo natural das coisas. Não podemos mudar. A única coisa que está ao nosso alcance é melhorar. Podemos aumentar o tempo das coisas. Podemos e devemos aproveitá-las ao máximo. A vida é muito curta para ser desperdiçada. Ela infelizmente, ou felizmente, não dura para sempre. E nunca vai durar.

 


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Notas finais do capítulo

Então bitches, espero que tentam gostado. Foi uma ideia de última hora.
Se vocês gostaram, não custa nada comentar, favoritar, acompanhar.

E caso vocês queiram uma continuação com mais detalhes, mas eu acho que não precisa, vocês me falam.

Beijos ♥



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