Entre o Amor e a Razão escrita por Duda


Capítulo 1
Capítulo 1




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Estava ali parada em frente aquela maravilhosa casa situada na melhor região de São Francisco, tinha grandes pilares brancos na entrada, o que a tornava um tanto aristocrática, logo após as pilastras uma grande área com piso em mármore antecedia a porta, também toda branca, era um lugar maravilhoso, ‘era ali que iria morar se tudo não tivesse acontecido, mas agora não podia pensar nisso a sua “melhor” amiga estava precisando de sua ajuda, e mesmo que não quisesse ajudá-la sua Ética profissional não permitia, Ludimylla estava com leucemia e pelo que soubera seu estado não era nada bom, aliás pela carta desesperada que recebera de Edy, ou melhor, Edward Nicolson ela já estava a bera da morte’, Samantha pensava ainda parada em frente a casa que era para ser a sua, antes de sua melhor amiga se casar com seu noivo.

Samantha estava se preparando para suas férias tão sonhadas pelas ilhas do Caribe, quando recebera a carta de seu ex-noivo dizendo que precisava muito de sua ajuda, pois sua atual esposa estava quase morrendo, na hora lhe subiu uma raiva súbita, um ódio foi percorrendo todo o seu corpo deixando-a tensa antes de terminar de ler a carta ela havia embolado o papel e o jogado no lixo, porém sua curiosidade falou mais alto, então, após ficar longos minutos olhando para o papel amassado dentro da lata de lixo, ela resolveu pegá-lo novamente e o leu até o final, era um apelo desesperado de Edy, ele dizia que sua amiga estava com leucemia e já estava em estado terminal, ele pedia quase implorando para que ela fosse ajudá-lo, Samantha era formada em medicina formou-se no ano em que pretendia se casar o que não era coincidência, eles haviam planejado isso, pois ela estava então com vinte e cinco anos e formada, assim poderia seguir sua carreira de forma tranqüila, se especializaria em cardiologia e pretendia ser uma grande cirurgiã, apesar do casamento ter fracassado, ela não desistiu de sua carreira, agora ela já havia feito especialização e trabalhou muito nos últimos três anos para conseguir respeito, resolveu tirar umas férias e depois que voltasse prosseguiria os estudos para ser uma excelente cirurgiã, agora seus planos estavam mudados, depois que leu a carta por completo, seu ódio se tornou piedade, Sam, era assim que era chamada por seus amigos, Sam sabia que sua amiga tinha errado, mais não podia abandoná-la nesta situação. Só depois de todos estes pensamentos terem passado pela sua cabeça foi que Sam resolveu entrar.

A sala era espaçosa, também seu piso era todo em mármore, a decoração era toda clara, sofás perolados estavam no centro juntamente com duas cadeiras que faziam jogo, à esquerda havia uma ampla janela e a parede era toda em vidro coberta apenas pelas cortinas desenhadas especialmente para aquela janela, a cortina tinha a parte interna de um tecido muito fino e delicado na cor pérola assim como os móveis e a parte externa de veludo na cor salmão, as paredes tinham uma cor salmão em um tom bem claro fazendo contraste com os móveis, a sua direita havia uma escada toda branca que dava para o segundo andar da casa, a escada tinha seu corrimão branco assim como a lareira que estava bem a sua frente, com um homem parado junto da mesma. Sam estava com os olhos cheios de lágrimas, pois fora assim que imaginara a ‘sua’ casa, mais a visão daquele homem a trouxe novamente a terra, e dentro de pouco tempo ela se recompôs, deu dois passos a frente e cumprimentou-o.

—Oi. Sam fez o 'oi' mais casual que conseguiu.

—Oi. Edy disse num tom muito distante.

Nesse momento ele só conseguia visualizar aquela linda mulher com quem pretendera se casar, ‘porque?’ pensou consigo mesmo, ‘porque o destino fora tão cruel com ele.’ Mais quando pretendia jogar toda a culpa em Deus, no destino, no mundo, uma voz no seu interior o preveniu. ‘Não fora culpa do destino, a culpa foi unicamente sua por ser tão irresponsável, você não devia ter saído como um desesperado querendo se vingar e também não devia ter bebido tanto, talvez assim você não teria levado para cama a melhor amiga de sua noiva, e que além de tudo engravidou de você, sem falar no pai dela que era um dos mais importantes investidores da empresa onde você trabalha.’ E foi obrigado a render-se ‘eu sei, eu sei, tudo bem eu errei, mais ela agora está aqui e eu mal acredito nisso.’ Edy realmente ainda não estava acreditando que ela viera, quando lhe escreveu não acreditou por nenhum momento que ela atenderia ao seu chamado.

—Como você está? Ele disse por fim.

—Bem. Ela respondeu num tom seco. Não acreditava no que estava ouvindo depois de tudo ele pergunta ‘como você está?’

Edy percebeu a rudez com que Sam o tratara, é ela ainda estava chateada, ‘lógico’ replicou a vozinha interior ‘o que você fez não se esquece facilmente’.

—Eu achei que você não viesse.

—Mas se enganou, eu vim, no entanto se quiser que eu volte tudo bem. Ela disse virando as costas e indo em direção a porta.

—Não. Ele se apressou atrás dela, segurando-lhe o braço fazendo com que ela voltasse novamente. _Eu não quis dizer isso, eu... - ele não encontrava palavras, não podia tocar no passado agora, era muito cedo ela acabava de chegar e sua esposa estava morrendo. _Deixa pra lá, por favor me desculpe.

Sam estava tão próxima de Edy que podia ouvir sua respiração, ela o fitou por um longo tempo e por fim disse. _Tudo bem Sr. Nicolson, está desculpado. Posso ver a Sra. Nicolson agora?

—Claro. Ele indicou a escada num gesto com as mãos e ficou em silêncio por um tempo, sem saber se prosseguia ou não, até que se decidiu. _Mas não devia falar assim com a Mylla ela irá ficar muito ressentida.

Sam pensou em explodir com ele, "como ele dizia pra ela que 'Mylla vai ficar ressentida', por que não pensou que sua melhor amiga iria ficar ressentida, ou melhor, iria ficar arrasada, quando resolveu dormir com o seu noivo." Mas mudou de idéia quando viu os olhos de Edy, eles estavam tão piedosos, era como se implorassem para ela ser compreensiva com a amiga. ‘Será que ele a ama, talvez tivesse aprendido a amá-la nesses três anos de convívio, talvez também ele já amava Mylla quando ainda eram noivos e...’_Oh, pare de pensar bobagens Sam, esqueça este assunto. Sam disse a si mesma em pensamentos.

Ela ainda está muito magoada, pensou Edy, mas o que eu posso fazer já aconteceu, não dá para voltar atrás e mudar tudo, e depois se ela não queria relembrar o passado, porque veio, mas eu não posso deixá-la maltratar Mylla afinal ela e’ minha esposa e mais do que isso está morrendo. Gostaria que nosso reencontro não tivesse sido assim, gostaria de ter podido me separar de Mylla e procurá-la tentar explicar tudo, mas as coisas foram só se complicando, primeiro o bebê depois a depressão de Mylla e agora o câncer, tudo só fez adiar, eu não podia me separar nessas circunstâncias.

No fim da escada eles andaram por mais alguns metros e chegaram ao quarto de Mylla, Edy abriu a porta e Sam se deparou com uma cena horrível, sua amiga estava quase morta, Sam parou na porta e num gesto automático não deu mais nem um passo até que Edy, segurou-lhe pelo braço afim de conduzi-la para dentro do quarto.

—Olha quem veio te ver Mylla. Ele disse com um sorriso no rosto.

Mylla que estava com a cabeça caída nos ombros olhou para a amiga com um olhar triste. Seus olhos estavam fundos devido a seu estado físico, Mylla se encontrava muito magra, não possuía nenhum fio de cabelo no corpo, e sua pele tinha um tom pálido, que não dava nenhum sinal de que um dia fora de um moreno cor de canela a dar inveja a muitas mulheres.

Sam tentou não parecer impressionada, mas não conseguia, sua amiga já fora bela tinha os cabelos pretos e cacheados até a cintura, uma pele morena e um sorriso constante no rosto, agora estava ali sem cabelos, com a pele pálida e um olhar triste, parecia mal entender o que acontecia, era como se ela divagasse em seu próprio mundo.

—Oi Mylla, como você está? Sam disse aproximando-se dela e sentando ao seu lado na cama. Alguns segundos se passaram e ela não disse nada, só olhava para a amiga que acabara de chegar.

—Ela quase não pode falar, nós ainda não sabemos se ela não fala porque não entende ou porque não consegue.

—Mas, eu não entendo, ela não estava com Leucemia, apesar de ser bastante doloroso ela deveria estar andando e conversando, e seu estado só ficaria muito ruim durante os dias subsequentes a quimioterapia?! Sam disse admirada pelo estado da amiga.

Edy deu uma olhada para a esposa, como que para se certificar de que ela não estaria ouvindo, e mesmo sem ter certeza olhou para Sam a fim de respondê-la.

—Bom, na verdade a situação não e’ tão simples assim, foi por isso que nós te chamamos aqui, gostaríamos muito da sua ajuda. Ele disse muito desanimado.

—Nós? Sam perguntou, sem entender. Até aquele momento ela pensara que o chamado vinha somente de Edy, e ele mesmo confirmara que não sabia nem se ela viria, e ainda pediu para ela não ser rude com amiga, o que deixou claro que Mylla não sabia da sua vinda.

—Sim, eu e os parentes de Mylla, nós pedimos para você vir, pois estamos querendo que nos ajude, mas eu gostaria de podermos discutir esse assunto junto com eles, para que não haja nenhum mal entendido.

—Tudo bem. Sam respondeu sem conseguir entender o que estava acontecendo.


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