He's a god and my best friend escrita por sawada san


Capítulo 6
VI - Eu não namoro, só beijo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, quanto tempo.

Muito obrigada pela paciência, não notei que havia passado taanto tempo. Queria agradecer também pela maravilhosa recomendação da Beatriz Farva, fez meu dia muito feliz. Sério, quando li, foi o suficiente pra alegrar minha semana.

Boa leitura!



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O dia seguinte à festa foi um inferno para alguns, como o Dan. Metade do colégio estava de resseca e a outra metade aproveitava a situação para fazerem barulhos altos desnecessários. Típico de adolescentes.

Meu plano na semana que sucedeu a festa era achar o Loki e perguntar o que ele era. Porque humano normal aquele ser não era, começando pelo fato de ele não saber o que era Halloween até o ponto em que ele cria roupas do nada. Porém, Loki não apareceu no piano, tentei perguntar para Rebecca, mas ela desandava a falar frases sem sentido, a única informação coesa que se entendia dela era que ela também não o tinha visto desde a festa. Ele não aparecer no piano me irritou um pouco. Sua presença era constante, até o momento em que se fazia necessária.

Meus amigos ainda não sabiam sobre o Loki, por dois motivos: soaria impossível e maluco, e porque Belle diria que sabia que tinha um cara no piano comigo. Porém o não-comentar-o-assunto-inacreditável com ninguém estava me enlouquecendo. A única pessoa que aparentava saber sobre isso era Rebecca, entretanto, toda vez que o assunto surgia ela desconversava. Por causa desses motivos eu estava disposta a arriscar minha segurança e tirar essa história a limpo com o Loki. Porque convenhamos, o cara se mostrou meio assustador e estranho.

Na última semana eu não era a única a quebrar a cabeça para tentar entender alguém do sexo oposto, Belle estava quase arrancando os cabelos pelo Oscar, seu novo peguete-não-peguete. Não entendi como começou o esquema deles, porque cheguei na metade da história. Aparentemente existia uma química entre eles desde o semestre passado, porém ele estava namorando e minha amiga não estava disposta a entrar em um relacionamento à três. Na volta às aulas ele estava solteiro, eles ficaram de enrolação até que na festa de Halloween eles finalmente se beijaram. Esse pequeno ato que não deveria significar muito em alguma festa com bebida estava revirando a mente da Belle. Exatamente por ela não saber se o beijo foi sóbrio e verdadeiro ou só momentâneo.

"Belle, presta atenção, beijar não é compromisso." Dan tentava horrivelmente consola-la, "olhe só para mim! Beijo pra caramba e nada de compromisso." Ele terminou com um sorriso orgulhoso no rosto.

"Não que você saiba, né."

Comentei sobre sua certeza de não iludir ninguém. Dan recitava um minicontrato antes de ficar com uma garota: ele não estava a fim de compromisso, se começasse a surgir sentimentos eles parariam. Obviamente nem todas obedeciam essas imposições.

"Piores amigos," Belle reclamou, "vocês não tão ajudando!"

Tanto Dan quanto eu olhamos totalmente ofendidos para ela. Estávamos escutando Belle contar detalhadamente cada encontro com o Oscar desde que começaram as aulas. Durante uma semana sentamos com ela e revisamos cada interseção que eles tiveram por dois meses!

"Eu troquei minhas santas horas no piano para vir ficar aqui com você na quadra, observando carinhas que nem conheço jogarem um jogo que não entendo e você me agradece reclamando?"

"E eu troquei minhas santas horas de pegação atrás do ginásio para ficar vendo garotos sem camisa jogando e conversando sobre relacionamento! Não sou seu amigo gay." Dan disse a última frase pausadamente.

Belle nos encarava espantada, deveria estar pensando em quando havíamos ficados tão ressentidos com sua vida amorosa. Até que Dan e eu não conseguimos e começamos a rir de sua expressão.

"Seus dramáticos..." ela murmurou aliviada.

Estávamos na quadra assistindo ao treino do time de basquete. Não por vontade própria, mas porque Belle havia insistido para que Dan e eu a acompanhássemos. Por algum motivo ela não se sentia confortável de ir sozinha, talvez por achar que fosse parecer desesperada pelo cara, após um beijo.

Na quadra os meninos faziam algum tipo de exercício suicida. Eles corriam até a primeira linha que marcava o piso e então voltavam correndo de costas. Depois corriam até a segunda e voltavam. Essa tortura acontecia até a última linha que demarcava a quadra de basquete. Era loucura. Entretanto, apesar de o esforço dos garotos ser algo difícil de desviar o olhar, um montinho azul e vermelho me chamou a atenção, na entrada do ginásio. Dan também percebeu, e teve a mesma reação que eu: incredulidade.

Descemos a arquibancada e fomos até onde estava um ser carregando alguns-muitos coletes nas cores azul e vermelho.

"Você está trabalhando? Achei que o objetivo da sua vida era ignorar suas tarefas." Dan comentou surpreso.

Por trás dos coletes uma Rebecca inexpressiva nos encarava.

"Se minhas mãos não estivessem ocupadas você seria apresentado ao meu dedo do meio."

Nós rimos e a acompanhamos até a sala de tralhas do ginásio, onde ela começou a organizar os coletes numa arara.

"Pensei que você fosse monitora?" Perguntei a ela.

"Eu era, até decidir ajudar na fuga daquele deus idiota." A ex-monitora praticamente cuspiu as palavras, enquanto arrumava furiosamente os coletes nos cabides.

"Deus?" Dan e eu repetimos em uníssono, confusos.

Mais uma vez nos deparamos com o rosto inexpressivo de Rebecca, que gesticulava chifres acima de sua cabeça.

"Ah, o cara da fantasia top!" Dan exclamou, " mas acho que "deus" é um pouco demais pra descrevê-lo, ele era meio charmoso, mas não é pra tanto."

Nós duas encaramos nosso amigo magrelo, aquela frase havia soado um tanto quanto estranha. Percebendo o que havia falado, Dan logo tratou de mudar o assunto.

"De qualquer maneira, se você fez merda então não deveria ter sido demitida? Mesmo porque você nunca trabalha. Com exceção de hoje."

A ex-monitora deu de ombros, fechando as portas atrás de si.

"Sou uma Carbonell, nada que eu fizer será o suficiente para me tirarem daqui."

Ao ouvir a explicação de Rebecca a boca de Dan se abriu em um perfeito "o". Porém, eu não tinha ideia do que aquele nome deveria significar, apesar dele não me soar estranho.

Voltamos para a arquibancada, onde Belle estava tão concentrada nos meninos que nem reclamou nossa ausência. De esguelha fitei meu amigo, que ainda parecia impressionado com o sobrenome da Rebecca. Eu ia perguntar qual era a razão da sua admiração pelo nome, quando Belle deu um salto e saiu pulando degrau por degrau, assuntando tanto Dan quanto eu. Ficamos sentados, encarando enquanto nossa amiga nos abandonava com seu talvez-novo-namorado, até um "ei" nos chamar a atenção.

"Então vocês são os idiotas que acompanham a Belle?" O menino que havia gritado perguntou.

Eu fechei a cara com o adjetivo que ele usou para nos descrever. Estava bolando alguma resposta inteligente quando ele continuou:

"Eu sou o idiota que fica ouvindo falar dela", ele explicou e sorriu, mostrando que seu sorriso era compatível com sua beleza. "Acho que vamos virar bons amigos!"

Após sua afirmação ele correu até alcançar o restante do time, que já haviam saído do ginásio. Dan e eu nos entreolhamos, demos de ombros e saímos de lá. Eu iria para a biblioteca, já ele deveria ir procurar sua "menina do momento".

Na recepção da biblioteca, Amy empilhava alguns livros que estavam espalhados pelo balcão. Estávamos na mesma classe de álgebra, mesmo ela sendo uma Sophomore e eu Senior. A garota trabalhava com a dona Ruth na biblioteca e já estava acostumada com minhas visitas frequentes. Mesmo notando minha presença ela continuou o que fazia.

“Ela já ta de saída, se eu fosse você, nem perderia meu tempo. ”

Meu agradecimento pelo aviso foi interrompido por uma cabeleira branca e cinza que surgiu de um dos corredores. A senhorinha parecia agitada e quase não me percebeu ali.

"Querida, como vai? Sinto muito, mas hoje não posso te acompanhar no piano. ”

Antes que eu pudesse explicar o motivo pelo qual me encontrava ali, a velinha já havia desaparecido em outro corredor. Me apressei em segui-la.

"Dona Ruth, quem são os Carbonell?"

A minha pergunta desacelerou o ritmo da senhorinha. Ela parou, respirou fundo e gritou:

“Amy! Você viu minha agenda? ”

Após esse sustou, ela passou por mim e começou a voltar para a entrada da livraria. No caminho, um homem estava numa das mesas de estudo, debruçado sobre uma pilha de papeis. Dona Ruth parou próxima a ele, ponderou e me empurrou na cadeira ao lado dele. Assustado, ergueu a cabeça rapidamente, alternando o olhar entre nós. Era meu professor de governo americano.

"Professor! O senhor não gostaria de explicar para sua aluna a importância da família Carbonell? Uma aula a mais não faz mal, não é mesmo?" Dito isso, a senhorinha deu três tapinhas nas costas dele e saiu tagarelando sobre uma agenda perdida e como estava atrasada.

Me virei e encontrei um Mr. Harris confuso e meio perdido. Ele se ajeitou na cadeira e me fitou desconfiado. Era estranho estar ali, e era estranho como cheguei ali. E ele parecia pensar da mesma maneira.

Dona Ruth criou aquela situação e simplesmente saiu, deixando meu professor e eu num silêncio desconfortável. Meus dedos tamborilavam uma música qualquer na mesa, uma tentativa falha de distração.

“Você faz a mesma coisa durante a aula."

"Acho que é porque eles não costumam ficar parados por tanto tempo," respondi com um sorriso frouxo. O silêncio do meu professor me fez perceber que ele não entendera o que eu quis dizer. "É que eu toco piano."

Seu rosto adotou uma expressão de surpresa e admiração. Ele se ajeitou na cadeira e cruzou os braços.

"Adorável. A quanto tempo estuda?" Ele parecia genuinamente interessado no assunto.

"Fazem 12 anos." Percebi que ele iria para a próxima pergunta e me adiantei, "e sim, pretendo fazer bacharelado em piano, na Juilliard."

O professor riu pela minha antecipação.

"Ansiosa para a excursão?" Ele perguntou, mudando drasticamente de assunto.

Inclinei um pouco a cabeça, tentando entender do que meu professor falava. Então caiu minha ficha, a excursão para a sede da ONU e o Museu de História Natural. O pessoal estava a comentar sobre ela desde que o Mr. Harris marcou a data, logo após a festa de Halloween. Era uma excursão com a classe de governo e de história. Seniors e Juniors.

"Claro. Quem não gosta de perder aula?"

O professor esboçou apensas um meio sorriso, voltando sua atenção aos papeis a sua frente. Ele organizou as folhas em dois blocos, divididos igualmente e pegou uma olha menor, anotando algo ali.

"Se quiser continuar essa conversa e talvez chegar no tópico em que deseja, vai precisar me ajudar a corrigir esses testes." Mr. Harris disse enquanto me estendia o pequeno papel, com o gabarito das questões.

Sorri derrotada, ele já sabia que eu aceitaria. Puxei um dos montinhos de provas. Continuar na biblioteca seria perder minha pratica diária de piano. Suspirei, além de querer descobrir a importância do nome Carbonell, eu gostava do Mr. Harris, ele já havia se tornado o meu preferido.

Corrigimos os testes. Descobri que muitos alunos não sabiam a importância da frase “We the People”. O Mr. Harris explicou em meio minuto que o casal de irmãos Carbonell fundou o colégio e atualmente dois descendentes deles estudavam na escola. Em outras palavras, essa tarde teria sido quase totalmente desperdiçada se não fosse pelo fato de o meu professor de governo ser uma pessoa extremamente fácil de conversa e legal. Ao terminarmos as correções continuamos conversando, eu teria perdido o jantar se não fosse pela Amy nos expulsar da biblioteca pois tinha que trancar a sala.

 O jantar já havia começado há algum tempo quando adentrei o refeitório. Preparei meu prato e fui me juntar aos meus amigos, que estavam acompanhados de alguns integrantes do time de basquete. Aparentemente teríamos que aprender a conviver juntos, já que Belle e o capitão estavam quase namorando.

Sentei ao lado de Rebecca e de frente para o jogador bonitinho, que havia nos classificado como os idiotas do mais novo – talvez – casal. Cheguei exatamente no momento em que Dan questionava a monitora sobre as vantagens que vinham junto do sobrenome Carbonell.

"Só pra confirmar, por ser da sua família, você tem imunidade a ser inútil no trabalho?"

Rebecca resmungou algo sobre não ser totalmente inútil e deu um gole na cerveja que tinha em mãos. Bebida que com certeza não estava no cardápio da cafeteria.

“Certo, porque sumir com seu namorado é totalmente a definição de monitorar. ” Dan frisou a última palavra, e semicerrou o olhar para Rebecca, que o encarava de volta. O clima entre eles foi interrompido pelo jogador bonitinho, que se engasgou com sua comida.

"Você tá namorando? Ela está namorando?" Ele perguntou com a voz rouca de tanto tossir, alternando o olhar entre a monitora e Dan, esperando alguma resposta.

"Sim. Aquele cara lá dos chifres, da festa de Halloween. ”

O jogador encarava incrédulo enquanto Dan explicava a suposta relação. Em contrapartida, uma expressão horrorizada se formava no rosto de Rebecca.

"Eu não namoro, só beijo. E mais algumas outras coisas. "

A mesa ficou em silencio com a defesa da monitora, em especial suas últimas palavras. Parecendo satisfeita em chocar a maioria das pessoas, Rebeca se levantou e saiu. Deixando para trás um Daniel estranhamente maravilhado.

"Eu adorei essa frase! Com certeza vou usar ela no yearbook."

Dan comentou com os olhos brilhando. Entretanto, Belle o encarava com um olhar desacreditado. Enquanto uma depositava grande importância em um beijo, a outra o tinha como insignificante.

Após o jantar eu esperava conseguir praticar um pouco o piano, considerando que não havia tocado nada o dia inteiro. Porém, mudei de ideia quando vi algo que era mais urgente que o piano: Loki.

Corri para alcança-lo. O moço estava bem a minha frente, andando em passos rápidos. Chamei seu nome algumas vezes, mas ele ignorou com maestria. Loki só parou quando o toquei no braço. Ele se virou, me encarando como se eu portasse uma doença contagiosa. Por alguns segundos desejei não ter lhe chamado a atenção.

"Não recordo de termos desenvolvido esse tipo de intimidade." O moço sibilou, me analisou e então voltou a andar.

"Oh, me desculpe. Não achei que precisasse de permissão para toca-lo, não depois que você mudou de roupa na minha frente."

Loki virou-se completamente para mim, cruzando os braços e com um sorrisinho convencido no rosto.

"Então é disso que se trata? Algo que você viu e não sabe explicar?" Ele provocou, fazendo pouco caso do fato de ter poderes.

Continuei em silêncio, apenas encarando o ser a minha frente. Ele pareceu se irritar com minha falta de palavras, semicerrou os olhos para mim e bufou.

"Da próxima vez procure saber o que perguntar antes de me dirigir a palavra. Não sou conhecido pela minha paciência."

Ele me deu as costas e voltou a caminhar. Ato que me aborreceu profundamente. Corri até Loki, parando à sua frente. Novamente ele me lançou um olhar irritado.

"Eu quero saber quem você é. "

Minha pergunta fez com que seus olhos brilhassem. Uma fraca luz verde, porém, visível, se fez presente em seu olhar, mas logo desapareceu. Foi o suficiente para me fazer recuar alguns passos. Minha atitude pareceu diverti-lo. Um sorriso maníaco se formou em seus lábios.

"Sabe meu nome, viu meus truques. Pensei que já tivesse uma resposta." Loki se calou por alguns segundos, então abriu os braços, como se fosse uma peça em exibição. "Pois bem, ainda deseja saber quem sou?"

Permaneci em silêncio. Ele estava fazendo de minha pergunta um espetáculo. Eu queria apenas uma resposta. Algo que, a cada segundo, parecia ser maior do que eu imaginava.

O moço interpretou minha falta de palavras como uma afirmação para o seu questionamento. Lentamente sua expressão modificou-se para séria, acentuando o ar de superioridade que ele normalmente possuía.

"Eu sou Loki. E estou sobre a obrigação de ninguém. Então se me der licença, tenho um martelo para encontrar. "

E ele saiu. Sem responder minha pergunta. Fez um espetáculo para terminar falando sobre um martelo.

Entretanto, percebi que toda sua excentricidade despertara um interesse que eu desconhecia. Em vez de irritação e medo, a curiosidade crescia em mim. Eu queria saber mais sobre ele.


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Notas finais do capítulo

Relembrando que o ensino médio americano tem duração de 4 anos, divididos em:
Freshmen (1°ano)
Sophomore (2°ano)
Junior (3°ano)
Senior (4°ano)

Alem de que o curso funciona por créditos. Então um primeiro anista pode estudar com alguém do ultimo ano, se tiver os créditos necessários.

A frase "We the People" é importante para os americanos pois é a abertura da constituição deles. Tendo como significado que foi escrita pelo povo e para o povo.

Até o próximo!



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