Ela olhou pela janela, a sombra de um sorriso estampado no seu rosto. Ela observou as pessoas rindo e conversando e sorriu de verdade. De coração. Ela quis ir para lá, sorrir também. Mas ela não foi. Porque o menor dos fatores poderia mudar tudo, e a presença dela ali poderia acabar com aquela felicidade. Ela assistiu de longe e foi para casa sorrindo. E se a noite, as vezes, ela chora porque estar só nem sempre é a melhor coisa do mundo, ela não conta para ninguém. 

Porque Alice era assim, uma mulher com competência para solidão, e se de vez enquando era um pouco de mais, ela nunca reclamou.

Quando a conheci eu era só um homem. Tinha meu trabalho, minhas desilusões e meus amores. Ela era um mistério para mim. Sorria, e chegava dentro do meu coração, que ela realmente me queria bem.

Talvez eu fosse um apaixonado, mas acho que não. Acho que era ela e sua mania de encantar o mundo.

Mas Alice é Alice e um espirito livre. Então quando as asinhas dela nasceram eu a deixei voar para longe, fiquei com o calor do sorriso dela.

Quando olhei para cima e a vi dando as costas para a janela, e se preparando para mais uma grande aventura, meu sorriso foi triste. Porque ela precisa ir para se manter inteira, mas vejo como quer ficar para se manter feliz.