Silhouette escrita por Anna Miranda


Capítulo 8
O presente


Notas iniciais do capítulo

Voltei !!!!! Sei que a atualização demorou, mas o que acontece é o seguinte eu to com uma inflamação no braço, e por isso está sendo bem difícil pra mim sentar pra escrever, por isso peço paciência, e espero que vocês gostem desse capitulo.



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A paternidade havia ensinado muito a Robin nos últimos anos, mas ele sentia que a partir do momento em que ele havia se tornado pai solteiro, ele havia aprendido e crescido muito mais, como se no período de pouco mais de um ano, ele tivesse crescido o equivalente há uma década. O aprendizado era constante, era como se dia após dia, ele e Autumn colocassem um novo bloquinho na estrada que levaria os dois a um futuro desejado.

Por isso, que ao deitar a filha sonolenta na cama, exausta pelo dia que havia tido, ele sorriu e se deixou ser invadido por um orgulho imenso que palavra nenhuma seria capaz de descrever. Ele tirou cuidadosamente os sapatos da pequena, e então a ajeitou no centro da cama, rodeando a com cobertas e travesseiros, uma vez que ela estava na terrível fase de rolar pela a cama e inevitavelmente, acabar no chão em algum momento da noite. Em seguida ele caminhou até o abajur e abaixou a potencia da luz, fazendo assim com que o ambiente ficasse propicio a uma noite de sono relaxante.

“Você vai deixá-la dormir suja?” A voz suave de Marie flutuou para dentro do quarto enquanto Robin terminava de arrumar o ambiente.

“Não ela não vai dormir suja, você pode pegar o lenço umedecido para mim?” Ele questionou a irmã que caminhou lentamente para dentro do quarto. “Mas se você esta sugerindo um banho uma hora dessa, a resposta vai ser não, ela não vai entrar para o banho, se eu aprendi uma coisa nesses últimos anos, essa coisa foi o quão ruim e talvez cruel, é acordar uma criança para o banho. Vou deixa-la dormir, e vou tirar o excesso de sujeira com o lenço umedecido, amanhã pela malha ela toma o banho.”

 Robin disse já com os lenços em mão, iniciando a limpeza. O ambiente caiu em um silencio confortável, e Marie observou o irmão.

“Você é um ótimo pai para ela, você sabe disso né?” Marie disse antes de oferecer um sorriso doce ao irmão, e deixar o quarto para que ele terminasse de cuidar da filha em paz.

Minutos mais tarde, Robin seguiu os acordes suaves de Mumford & Sons que se espalhava pela casa de maneira acolhedora. No entanto, só quando se aproximou verdadeiramente da sala de estar, foi que ele conseguiu decodificar a letra e perceber que se tratava de Hopeless wanderer, uma das músicas favoritas da irmã, e um sorriso preguiçoso se espalhou pelo rosto dele.

Marie estava sentada sob o sofá com as pernas para cima, o braço esquerdo abraçava as pernas e a na mão direita ela segurava uma taça com vinho, o olhar desatento deixava claro que ela estava em algum lugar a quilômetros dali. E Robin se questionou, se ela estava perdida em lembranças de alguém, e de repente se viu transportado ao passado, na adolescência dos dois, quando ele passou pelo momento mais constrangedor da sua vida, ao ter que ouvir Marie contar como havia sido o primeiro beijo dela.

Balançando a cabeça, como se quisesse afastar as lembranças, ele riu e fez um barulho com os pés como se anunciasse sua presença, ao perceber a chegada do irmão, Marie inclinou a cabeça em direção a taça e a garrafa de vinho que repousavam sobre a mesa de centro e convidou silenciosamente, Robin a se juntar a ela.

Robin sentou-se no sofá com uma taça de vinho, e então passou o braço que estava livre sobre os ombros da irmã, puxando-a em sua direção. Marie deixou a cabeça repousar no peito do irmão, enquanto eles ouviam as musicas passarem e saboreavam o vinho na quietude daquele fim de dia.

“Como foi o dia de vocês?” Marie perguntou após um tempo.

“Tivemos um bom dia – ele disse fazendo uma pausa, e então completou-, pode soar estranho, mas observando a forma como Regina e Autumn se comportaram hoje, a forma como elas parecem ter uma ligação, como se quando estivessem só as duas elas se prendessem em uma bolha só delas, me causou uma mistura de alivio, alegria e uma pontinha de ciúmes.” Ao ouvir o irmão, Marie soltou uma riso comedido, fazendo com que Robin risse junto com ela.

“Você esta há tanto tempo preso nessa rotina que só cabe você e a Autumn, que não me estranha o ciúmes. Mas Rob, vê que mesmo depois de tudo o que ela passou ela ainda esta disposta a se abrir para outras pessoas, a permitir que outras pessoas entrem na vida dela, sem ter o medo de perdê-las, ou o fato dela se sentir confortável com pessoas além da família, isso é enorme, é algo fantástico.”

“É realmente fantástico, eu só acho que me assustei ao ver como ela está seguindo em frente rápido.”

“Não é rápido Robin, Marian se foi a mais de um ano. Autumn ainda era muito nova, eu sei que ela ainda pergunta sobre a mãe, mas é questão de tempo para ela esquecer Marian, se você não manter viva a lembrança dela para Autumn, pode ser cruel o que eu estou dizendo, mas é a verdade. Felizmente as crianças são melhores para lidar com sentimentos do que nós adultos.”

O silencio se fez presente novamente, enquanto Robin tentava digerir o que irmã falava. E aos poucos ele se sentiu um pouco egoísta, como ele poderia querer que a filha ficasse para sempre presa a ele? Ele deveria estar além de feliz com fato dela se permitir criar laços afetivos novos, e não se prender ao luto pela mãe e se fechar em uma concha solitária como ele havia ouvido vários relatos, ao participar do grupo de apoio que havia frequentado logo após a morte de Marian.

“Mas e você ?” Marie perguntou em seguida.

“Eu o que?” Robin replicou genuinamente confuso.

“Como foi você e a Regina, você se permitiu conhece-la?”

“Nós conversamos, ela é uma pessoa incrível, ela é imensamente inteligente, ela é bem humorada, ela é doce e tem um coração enorme. E a beleza dela é única.”

“Mas? Eu sinto que um ‘mas’ esta vindo.”

“Mas eu não sei se estou pronto para deixar alguém entrar na minha vida, mesmo que seja através de uma simples amizade. Apesar do pouco tempo que eu a conheço, e das poucas oportunidade que tivemos de nos falar, eu gosto bastante da Regina, ela tem algo nela, que faz ser fácil gostar dela, e faz ainda mais fácil o desejo de ficar na companhia dela. No entanto, eu não sei se eu quero aprofundar esse relacionamento, eu não sei se eu quero que ela esteja na minha vida ou na vida de Autumn de uma maneira que se um dia ela partir, isso vai nos deixar arrasados.”

“Robin, você não pode se tornar refém dos seus sentimentos, eu sei que você amava Marian, e que perde-la foi horrível, e que talvez, isso tenha criado uma ferida que nunca vai se curar por completo, mas a Marian não era o grande amor da sua vida, o relacionamento de vocês era confortável, mas não era aquele relacionamento de faltar a respiração, não era aquele relacionamento de borboletas no estomago. E Robin, eu aposto que esteja aonde estiver, Marian gostaria que você tentasse de novo, que você se permitisse sentir, se permitisse conhecer outras pessoas e acima de tudo se permitisse amar. Não estou dizendo que tem que ser a Regina, que ela é A pessoa. O que eu quero dizer é que talvez você devesse começar com ela? Se permita conhecê-la e desfrutar do que ela pode te oferecer sem ter medo do amanhã. Aproveite que sua filha se sente confortável com ela, e deixe ela entrar, seja para uma amizade, ou para algo a mais.”

“Quando foi que você se tornou tão irritantemente sabia assim?” Robin perguntou após uma longa pausa na conversa dos dois, arrancando uma risada da irmã. Ao se deitar naquela noite, o sono demorou a chegar, uma vez que ele repassava em um eterno loop a conversa que havia tido com a irmã.

—x-

Na manhã seguinte, Marie ficou responsável por deixar Autumn na escola, antes de ir para a parada de ônibus, e foi assim que ela teve a oportunidade de conhecer a adorável senhorita Mills. Bastou alguns poucos minutos na presença da morena, para que Marie entendesse o porquê do encantamento da sobrinha e o irmão, Regina – como insistiu em ser chamada – era doce, bem humorada e uma pessoa que despertava o desejo de sempre esta ao redor dela.

No caminho de volta para casa, Marie enviou uma mensagem ao irmão dizendo que ele tinha a obrigação de se dar uma chance de conhecer melhor Regina. A resposta silenciosa do irmão a fez rir, e em uma oração silenciosa, ela pediu aos céus que o irmão começasse a caminhar para fora da concha que ele havia criado ao entorno dele e de Autumn.

Mesmo sobrecarregado de trabalho, Robin não conseguiu afastar um minuto se quer a conversa com a irmã de sua mente, assim como se pegou diversas vezes durante o dia, revisitando o dia que havia tido com Autumn e Regina.

Pensar nas duas, o fez lembrar que ele precisava sair um pouco mais cedo do serviço, assim ele conseguiria comprar uma nova remeça de coockies de chocolate branco e lavanda, que segundo Autumn eram os favoritos de Regina.

Eles havia comprando um pode vidro no dia anterior e Autumn havia o enfeitado com desenhos e adesivos e um pouco de cola gliter, e então Robin comprou os coockies preferidos de Regina e eles encheram o vidro com os coockies para que Autumn pudesse dar de presente a Regina. No entanto, eles esqueceram de entregar o presente, e Robin só se deu conta disso no caminho para o trabalho naquela manhã de segunda.

Robin decidiu comprar uma nova remeça de biscoito e substituir pela antiga, de forma que a filha pudesse entregar o presente naquela tarde quando ele a pegasse na escola. O plano era ótimo até ele deixar o pote cair, agora ele não só precisava comprar novos coockies, como também precisava comprar um novo pote e enfeita-lo para que Autumn não percebesse o que havia acontecido.

E foi com as mãos sujas de cola gliter roxa e ostentando pote cheio de novos coockies que ele caminhou corredor a dentro em direção a sala de Autumn. O horário do fim da aula já havia chegado a algum tempo e a sala estava praticamente vazia, mas Robin sorriu ao ver a filha ajudar a senhorita Mills a recolher os giz de cera espalhados pelas mesas.

Robin se abaixou na altura da filha e abriu os braços pronto para prendê-la em abraço apertado. Depois de se desvencilhar do pai, a pequena percebeu então, o que ele trazia em mãos, e um sorriso enorme se espalhou pelo rostinho miúdo, enquanto ela agradecia, e pega o pote para entregar a Regina.

Ele observou em silencio e de certa forma a distancia, enquanto a duas interagiam. Regina agradeceu verdadeiramente surpresa  e tocada pelo presente, e Autumn ficava cada vez mais eufórica enquanto explicava os desenhos do pote e o que eles significavam. Em um determinado momento ele capturou Autumn explicando que não havia sido ela que havia colado ali certo adesivo, em seguida ela acrescentou que devia ter sido o pai, e que ele provavelmente havia estragado o primeiro pote, e Robin não conseguiu se controlar e soltou uma gargalhada. Autumn era esperta demais.

A risada de Robin fez com que a atenção de Regina até então focada em Autumn desviasse para Robin, e com um sorriso imenso no rosto ela o agradeceu movendo apenas os lábios, e ele balançou a cabeça silenciosamente de forma que dizia que não havia do quê. Regina voltou a atenção para Autumn, e Robin sentiu um sentimento diferente correndo pelo seu corpo, e apesar de não conseguir determinar o que era, ele gostou de sentir. Robin decidiu que talvez Marie estivesse certa, talvez, e só talvez, ele devesse se permitir sentir coisas novas.

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