Superando o passado escrita por Deuzalow


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo ai pessoal. Deu muito trabalho e demorei alguns dias nesse, mas espero que gostem. Ainda to aceitando co-autores. Boa leitura a todos.



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Pov Oliver

            Dormir com Felicity em meus braços confere uma sensação única. É como sentir que ela só minha, mesmo sabendo que isso não é verdade. É sentir que ela está segura e que posso velar seu sono, que posso lhe proteger de qualquer ameaça. Sentir sua respiração ritmada e seu corpo colado ao meu me acalma. Com isso eu estou tendo uma das melhores noites da minha vida. Seu cheiro familiar que está por toda casa, o ambiente agradável e o barulho de chuva fazem com que eu não queira mais sair dessa posição. Tudo está em uma paz e tranquilidade inexplicável até que escuto Felicity gritar algo sem nexo.

            --- É um homem. Agora eu sei, tudo faz sentido. A terceira pessoa é um homem. Droga esses pesadelos não acabam nunca.

            --- Do que você está falando Felicity? Perguntei preocupado, dava para ver a angustia em sua voz.

            Algo está bem errado. Eu consigo sentir a pulsação de Felicity acelerada e como ela está suando.

            --- Oliver fica aqui não vai embora. Eu tenho que admitir, esses pesadelos estão a me dar medo. Ela fala com os olhos marejados enterrando sua cabeça em meu peito.

            --- Ei, Felicity. Está tudo bem, ninguém aqui mencionou em ir embora. Falei fazendo carinho em seus cabelos. Ela esboça um pequeno sorriso, mas continua a se encolher ainda mais em mim.

            --- Você podia começar contando o que está acontecendo para que eu possa lhe ajudar. Continuei a falar.

            --- Eu não sei se devo contar. Eu nunca falei abertamente sobre isso com ninguém. Ela comenta dando uma leve corada. O que a deixa ainda mais fofa.

            --- Ei Felicity, não sei bem o que é. Só que não está na hora de você se acertar com isso? Falei acariciando sua bochecha. Como pode ter uma pele tão macia. Foco Oliver, sei que ficar admirando Felicity é um ótimo passatempo, mas a conversa é importante.

            --- Como você se sente em relação a ilha? Ela pergunta em tom de desafio.

            --- Você me pegou Felicity. Agora eu entendo, são coisas que não podemos controlar. São como feridas não cicatrizadas no coração.

            --- Isso mesmo Oliver. O que eu mais quero é poder acabar com esse fantasma que me assombra, mas enquanto um lado meu cria coragem o outro vem e diz o oposto. Eu fico dividida.

            --- Podemos fazer um trato o que acha? Eu lhe conto algo sobre a ilha e você sobre seus pesadelos, não precisa ser tudo de uma vez. Talvez eu te contando alguma coisa, lhe dê um pouco de coragem e segurança.

            --- Pode ser acho que vai me ajudar bastante, mas você não se importa?

            --- Nem um pouco, na verdade eu estou pronto para te contar esse pedaço da minha história. Eu confio muito em você.

            Vejo Felicity dar um suspiro aliviada e se acomodar melhor no sofá. Eu sabia que isso intrigava Felicity e essa foi uma excelente jogada para poder entender melhor o que está se passando com ela. Eu não gosto de falar sobre isso com minha família porque geralmente eles são invasivos e querem saber detalhes de mais. Só que Felicity me conhece muito bem e sabe me dar espaço quando eu preciso, ela sabe até onde pode cutucar a ferida.

            --- Acontece que o Oliver daquela época não é o mesmo de hoje. Acredito que isso você já saiba.

            --- Sim isso é o que todos os jornais e revistas fazem questão de exaltar. Um playboy bilionário ficou preso em uma ilha.

            --- Nessa época minha mãe queria que eu criasse juízo. Apesar de ser mais novo, eu não tinha mais dezoito anos, tinha começado duas faculdades e abandonado todas. Eu era assim não só pela minha criação, mas era uma forma de chamar atenção da minha mãe. Ela só ligava para suas reuniões da alta sociedade. Era como se seus filhos ficassem ao léu. Estava sempre querendo nos expor como um troféu. Ela acreditava e ainda acredita que se casando eu vou amadurecer, foi então que em um jantar formal ela mesma fez questão de anunciar meu noivado com a filha do delegado da cidade. Nenhum de nós dois queríamos isso. Eu me achava jovem demais e Laurel também. Nos juntamos a contragosto de nossos pais e fomos fazer uma viagem de iate. Foi ai que toda tragédia aconteceu. A pessoa que comandava o iate era um conhecido da família, mas ninguém imaginou que naquela noite uma grande tempestade viria. Eu e Laurel estávamos em alto-mar no meio da madrugada e bêbados. Já tinha perdido a conta de quanto tinha bebido e quantos xingamentos direcionei e minha mãe. Ela não estava diferente xingando seu pai. A chuva do lado de fora era muito forte o vento fora do comum faziam tudo parecer uma cena de filme de terror. De longe dava para ouvir o comandante gritar desesperado, mas nenhum de nós estava consciente o bastante para identificar o que poderia ser. Continuamos ali em nossa festa particular de odiar nossos pais.

            Até que do nada olhamos para a janela e uma onda imensa duas vezes maior que o iate passou por nós cobrindo tudo. Eu vi todas   as janelas de vidro se quebrando, móveis flutuando e Laurel se afogando. Como eu servi o exército por um ano tenho um pouco de treinamento, por isso aguentei por mais tempo. Eu tentei salvá-la, mas ela ficou presa em uma rocha gigante. O tempo estava passando e o ar em meus pulmões ia se acabando. Eu analisei a situação e percebi que se ficasse nenhum de nós ia sobreviver. Eu nadei até a superfície e vi o quão longe estava da margem. Agora já era certo Laurel tinha morrido e o comandante desaparecido. Ou ele está morto eu não sei ao certo. Nadei por dias, pendurado em um pedaço do iate até encontrar um palmo de terra. O que eu não sabia era que essa parte ia ser o mais fácil da minha aventura. Depois só vieram coisas ruins. E até hoje eu ficou pensando que poderia ter salvo Laurel. O pai dela ainda não superou o fato de ter sido ideia minha fazer essa viagem. Eu nunca vou contar que falhei em salvá-la da morte.

            --- Poxa Oliver isso é muito mais do que a imprensa conta. Você foi muito corajoso em tentar salvar Laurel, fez o que pode. Seu olhar agora era de admiração.

            --- Eu não sei, as vezes fico pensando que foi culpa minha tudo isso acontecer.

            --- Oliver você tomou a atitude mais sensata, ou nem você estaria vivo agora. Ela falou acariciando meu rosto, sua pele macia está em confronto com minha barba por fazer. Seu toque vai me acalmando aos poucos. O que é muito bom já que estou começando a me exaltar. Isso sempre acontece quando me lembro desses fatos.

            --- Eu penso nisso também, mas ai sempre que encontro o delegado seu olhar me diz outra coisa.

            --- Não deve ser fácil para nenhum dos dois. Perder uma filha e ser acusado de matar alguém injustamente.

            --- O fato é que o delegado ainda não fechou o inquérito do nosso caso na expectativa de me prender pela morte de sua filha. Ele me odeia e não faz questão de disfarçar.

            --- Tem alguma chance de isso acontecer? Ela pergunta com voz um pouco falha. Percebo seus olhos um pouco marejados.

            --- Bem, se depender da sua vontade sim. Só que se analisarem os fatos é bem difícil. Ninguém além de mim sabe onde a ilha fica localizada e eu já falei que depois do acidente minha memória não é mais a mesma. O negócio é que depois de acidente passei por muito perrengues na ilha e tudo isso me transformou de uma forma muito profunda. É como se eu agora valorizasse mais o meu tempo, as pessoas que estão a minha volta e a vida. Agora sei como a vida é curta e frágil como um cristal. A qualquer momento tudo pode acontecer, temos que valorizar cada segundo que estamos na terra. Eu me envergonho muito de como eu tratava as pessoas e levava a vida como se não houvesse amanhã.

            --- Poxa Oliver, eu fico muito orgulhosa dessa transformação. Você pode não ser o filho perfeito que sua mãe idealizou, mas é o melhor amigo que eu poderia ter. Ela fala depositando um beijo em minha bochecha, o que só me fez lembrar o início de nossa noite e me despertou vontade de lhe beijar em outro lugar. Recordei-me o quão idiota eu fui só para satisfazer um desejo pessoal. Nem posso imaginar sua reação quando descobrir que me aproveitei dela enquanto dormia e não estava sóbria. Não me sinto muito honesto com isso e quero que as coisas fluam de forma natural.

            --- Agora chegou sua vez Felicity. Conte-me algo sobre seus pesadelos. Vejo-a respirar fundo e tomar fôlego para nossa conversa.

            --- Bem já faz um tempo que estou a ter esses pesadelos. Sempre da mesma forma, só que hoje algo a mais me foi revelado. Agora eu sei do que se trata. Tudo parece tão verídico, eu só me dou conta de que não é real quando acordo. Eu estou tendo pesadelos do dia em que meu pai abandonou a mim e minha mãe. Esse foi o dia mais triste e também o mais confuso da minha vida. Na época eu tinha apenas cinco anos, era muito pequena para entender certas coisas, mas agora eu não sei o porquê estou revivendo tudo isso. Parece até um sinal.

            --- Eu nunca imaginei que fosse algo desse tipo. Que homem em sã consciência larga uma mulher com uma filha pequena para criar assim do nada.  

            --- Meu pai sempre foi uma pessoa complexa. Tinha uma mente acelerada estava sempre dois passos a frente que uma pessoa normal. Ele não nos largou sem motivo e agora eu sei que minha mãe não contou a verdade sobre esse fato. Vejo o olhar de Felicity ganhar um peso amais algo que ela não merecia carregar.

            --- Acho que você herdou isso dele. Esse raciocínio avançado que poucos conseguem acompanhar. Eu acho isso admirável e foi por isso que ganhou um lugar de destaque na empresa, mérito todo seu. Agora você sabe o real motivo dele ter desaparecido?

            --- Não, entretanto eu desconfio de algo. Minha mãe falou que ele nos deixou para ficar com outra família, porém eu nunca acreditei muito nisso. Eu vivi pouco tempo com o meu pai e foi o suficiente para saber que ele tinha duas grandes paixões nessa vida, a minha mãe e seu trabalho. O motivo é um pouco mais complicado que a ter traído. Eu só não entendo porque minha mãe nunca falou a verdade.

            --- Talvez ela estivesse tentando lhe proteger, você era muito pequenininha. Minha mãe já faz isso varias vezes comigo nem sempre eu aprovo o ato, só que agora entendo sua intenção. Imagina tentar explicar para uma criança porque seu pai abandonou o lar, não deve ser uma tarefa muito simples.  

            --- A verdade é que eu só queria esclarecer os fatos sabe. Esses pesadelos me fazem voltar para minha infância onde acreditei por muito tempo ser o problemas para as coisas que me aconteciam. Depois que meu pai se foi, minha mãe começou a fazer jornada dupla no trabalho para conseguir nos sustentar. Eu passava boa parte do tempo sozinha. Geralmente eu estava em casa abrindo os eletrônicos que tínhamos, mas às vezes ficava perdida na rua com meu único amigo de verdade. Depois que eu cresci comecei a fazer reparos em computadores da vizinhança para ajudar em casa. Eu não me queixo de tudo afinal de contas, foi por isso que consegui entrar na faculdade. Só que eu fico pensando que se ele não tivesse desaparecido, nossas vidas poderiam ter sido diferente.  

            Nessa hora algumas lágrimas já escorriam pelo seu rosto. Ela tremia de tanto soluçar. Agora eu entendo porque tanto mistério sobre seu passado. Ela tem um trauma de infância, coisas mal resolvidas com o passado. Por mais maluca e controladora que fosse minha família, estávamos lá juntos um pelo outro. Mesmo minha irmã tendo descoberto que seu pai biológico não era o mesmo que o meu, ela não cresceu sem uma figura paterna. Não foi fácil quando Thea descobriu tudo isso, porém ela tinha uma referência. Walter foi e é até hoje um excelente pai para todos nós e ficou igualmente chocado quando soube da notícia.

            --- Ei Felicity eu só quero que saiba que não está sozinha. Você tem a mim, Thea, Sara e seus outros amigos da Star. Falei enxugando algumas de suas lágrimas. Só agora me dei conta que minha camiseta está um pouco molhada.

            --- Me desculpe Oliver, molhei toda sua camiseta. Ela fala envergonhada desviando seu olhar de mim.

            --- Não tem problemas eu fico sem camiseta. Falo a retirando.

            Vejo Felicity olhar fixamente para meu peito enquanto distraidamente passa sua mão levemente sobre ele. Cada vez que sua mão perpassa uma de minhas cicatrizes sinto uma energia a uma atração muito forte vindo dela. É como se a dor que as vezes sinto nunca tivesse existido. Coloco com delicadeza minha mão sobre a sua e sinto uma tenção fora do normal vindo do seu corpo.

            --- Está tudo bem Felicity? Sinto que ainda tem algo errado.

            --- Eu só estou pensando em um velho amigo que me ajudou tanto. Quase não falo com ele.

            Como pode ela estar deitada em mais braços pensando em outro? Thea tem razão, se eu não tomar uma atitude posso perder Felicity para sempre. Quem era essa pessoa e que relação tem com ela.

            --- Você pode me contar um pouco sobre ela? Pergunto não conseguindo esconder meu tom de curiosidade.

            --- Quando era pequena fiz amizade com um garoto chamado Ray Palmer. Ele é como eu sabe? Temos gostos parecidos Ray adora tecnologia, livros e também sofria de alguns problemas assim como eu. Ray me ajudou a superar a falta do meu pai, canalizando minha energia em aprender coisas novas. Me lembro bem de passar horas jogando xadrez e fazendo palavras cruzadas com ele. Também adorávamos desmontar eletrônicos era bem divertido.

            --- Então ele também é um Nerd da tecnologia? Sem ofensas é claro.

            --- Sim, na verdade isso foi um dos motivos da nossa amizade. Eu o conheci quando ele estava apanhando de alguns garotos maiores. Ray sofria bullying na escola. A coisa era bem pesada, me lembro de que nesse dia tentei apartar a briga, eu já tinha passado por isso e não aceitei ver outra pessoa apanhar sem motivo. No final das contas ambos estávamos com o olho roxo e hematomas pelo corpo. Depois desse evento vimos que podíamos nos unir para tentar espantar essas pessoas. Não deu muito certo, mas daí nasceu nossa amizade. Estudamos juntos na faculdade, porém ele criou sua própria empresa e depois diminuímos muito a frequência com que nos falamos.  

            --- Nossa que tenso. Só por curiosidade você já teve alguma coisa com o Palmer?

            --- Ta com ciúmes Oliver? Ela pergunta em tom de provocação.

            --- Eu claro que não é só uma curiosidade.

            --- Sim na faculdade tivemos algo, mas não deu muito certo. Vimos o quão parecidos somos e isso não da à emoção que um relacionamento precisa. Eu acho que nesse caso faz bem brigar né?

            --- Se não perde a graça? Retruquei.

            --- Sim, eu senti isso. O importante é que ainda somos amigos não como antes, mas ainda nos falamos. Ele é uma pessoa bacana e merece alguém que o ame de verdade. Acho esse foi só um momento de carência nosso, estávamos há muito tempo longe da família, passamos por muitas dificuldades juntos e isso fez com que tentássemos algo mais. 

            A conversa está fluindo numa boa, está sendo até melhor do que imaginei. Felicity ainda se encontra deitada sobre meu peito nu e do nada começo a sentir um calor fora do comum vir de seu corpo. Passo minha mão pela sua testa e confirmo o que eu já suspeitava Felicity esta com febre. Por isso seu corpo se encontra bem quente, mas ela continua com frio.

            --- Felicity você está com febre. Acho que todos esses pesadelos não estão te fazendo bem, essa foi uma reação de defesa do seu corpo. Ele anda muito sobrecarregado.

            --- Você acha isso mesmo? Tem tanto tempo que não fico doente.

            --- Sim, mas já faz alguns dias que está a dormir mal. Ninguém aguenta isso por muito tempo. Se isso continuar por mais alguns dias sugiro você conversar com Sara, ela é psicóloga vai poder te orientar melhor.

            --- Não sei, mas vou te deixar informado se algo piorar.

            Pego uma maleta de medicamentos que encontro na sala. Inicio medindo sua temperatura. Não é nada alarmante, mas exige um pouco de atenção. Felicity está com a feição um pouco abatida e parece um pouco indisposta.

            --- Você está em estado febril. Nada grave, só que é bom ficar de olho. Toma esse remedinho que logo vai estar zerada.

            --- Sabe Oliver, nem tudo essa noite foi tão ruim assim. Eu não consigo me lembrar, mas aconteceu algo que me fez sentir bem. È como se tivesse encontrado um lar novamente. Como se essa coisa ou sensação suprisse a minha falta de ter alguém por perto novamente, acabasse com meus problemas. Eu senti uma paz inexplicável e meu coração se aqueceu de uma forma que não sinto há muito tempo. Sei lá desde que minha família era unida. O mais estranho é não me lembrar de nada.

            Saber de uma forma indireta ela tinha gostado do meu beijo me ficar ainda mais feliz. Eu deveria contar a ela sobre o ocorrido. E se ela ficar brava comigo? Talvez nem queira falar, mas comigo.

            --- E se de repente alguém fez algo com você enquanto dormia e não estava consciente. Você ficaria brava? É só uma situação hipotética.

            --- Depende da pessoa, não quero um desconhecido se aproveitando da minha embriaguez. Vai saber o pode acontecer, tem louco para tudo.

            --- Verdade, mas quanto a isso pode ficar tranquila que não vou deixar um desconhecido lhe fazer nada enquanto não estiver sóbria. E se for alguém conhecido? Falei depositando um beijo em sua testa, realmente ela estava pegando fogo.

            --- Acho que não vou achar ruim, mas depende também do que é e do nível de intimidade que tenho com a pessoa. Oliver porque a pergunta agora? Esse papo está ficando estranho.

            --- Porque eu posso acidentalmente ter lhe beijado enquanto dormia e digamos que você não estava muito sóbria, mas estava completamente irresistível. Falei sussurrando a ultima parte na expectativa que ela não ouvisse.  Oliver controla seus hormônios, tenha calma.

            --- Oliver você andou bebendo além da conta ou eu to sonhando? Eu teria acordado caso você tivesse me beijado.

            --- Você não faz ideia de como a bebida te derruba. Fica toda caidinha. Falei dando risada.

            --- Isso é sério? Sua cara de espanto é o mais engraçado disso tudo.

            --- Eu to com cara de quem ta mentindo? Falei apontando para meu rosto.

            --- Não, mas a culpa é toda sua. Quem mandou me fazer beber quando sabe que isso não acaba bem. Seu aproveitador barato. Felicity fala cutucando meu ombro.

            --- Ei não fique brava comigo, você que é fraca para bebidas. Falei a provocando, agora já estávamos em uma brincadeira descontraída.

            --- Pera ai? Você me beijou mesmo? Eu sempre quis isso, porém eu achei que você gostasse de outros tipos de...

Parece que só agora caiu a ficha de verdade do ocorrido. Essa situação estava ficando cada vez melhor, ver Felicity se enrolar é muito engraçado e fofo.

            --- Achou errado. Aliás, uma pena você estar dormindo, foi muito bom sabia. Falei lhe cortando e lançando um olhar travesso.

            --- Oliver seu safado, não se faz isso enquanto a outra pessoa está dormindo. Ela fala fingindo uma cara de brava.

            --- Me desculpe, mas eu não resisti foi muita tentação ter você só para mim em meus braços e de guarda baixa. Não podia desperdiçar uma oportunidade como essa.

            --- Só tem uma forma de ter certeza que tudo isso não é uma brincadeira sua.

            --- Como? Falei em tom de desafio, já imaginando o que se passa dentro de sua cabeça.

            --- Te beijando de novo, só que agora atenta a cada detalhe.

            Felicity aproxima seu rosto do meu sustentando seu olhar fixamente em mim. Vejo que seus olhos azuis estão bem à vontade com situação.  Agora eu já não estou sob meu controle. Sinto o toque de sua mão em meu rosto e fecho os olhos para tentar reproduzir a mesma sensação de beijo as segas que ela tinha experimentado. A única coisa que faço é prender seu corpo junto ao meu para ter certeza que ela não vai sair do lugar. Depois de alguns segundos sinto seus lábios tocarem os meus de forma quase magnética. Tento colocar todos os meus sentimentos nesse momento e provar o quanto eu estou disposto a levar toda essa história adiante. Ao mesmo tempo que estamos nos beijando Felicity faz leves caricias em minha nuca o que só aumenta o meu desejo de lhe ter por perto. Assim que o ar começa a faltar sinto ela ir se afastando aos poucos com um sorriso contagiante. Esse beijo foi igual ou até melhor que o primeiro. Não teve a mesma emoção de um beijo roubado, mas teve a sensação de ser correspondido e isso eu não troco por nada nesse mundo.

            --- Conseguiu tirar suas dúvidas? Pergunto lhe dando um sorriso travesso.

            --- Com certeza era você. E tenho que dizer o mesmo foi muito bom.

            --- O faremos a respeito?

            --- Podemos pensar nisso amanhã? Estou com vontade de voltar a dormir assim quietinha em seus braços.

            --- Tudo bem senhorita.  Falei beijando seu nariz, só para lhe provocar.

            --- Tenha modos Oliver, nossa noite já está quase acabando.

            E é dessa forma que termina nossa noite de sexta entre amigos, que agora já nem sei como classificar. Estar com Felicity é uma caixinhas de surpresas nunca se sabe o que pode acontecer. Outra coisa que me deixou bastante feliz é saber que ela confia mais em mim. Que partilhou um pedaço doloroso de sua história que ainda não se fechou. Eu vou fazer de tudo para lhe ajudar a superar seus problemas e também para ganhar um lugar permanente em sua vida. Depois disso não tem como não dormir melhor.


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Notas finais do capítulo

E ai o que achou?? Deixe sua opinião não custa nada. Qual é sua parte favorita? To aceitando co-autores, interessados mandar mensagem. Obrigada a todos :)



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