Ao ouvir aquilo, Judy ficou muito assustada e tinha saído da realidade: Seu namorado que tinha levado um tiro na panturrilha foi ameaçado de morte de um alguém que nem conhecia, porém Hana percebe o que havia falado para amiga e segura a pata dela, a trazendo de volta. Ela se levanta e liga para Nick, para ver se o namorado estava bem:

—Alô?

—Nick, tudo bem por aí?

—Puxa, cenourinha. Eu sei me cuidar sozinho.

—Eu sei...

—Nossa, que voz é essa? Parece que vai pra um enterro.

Judy não se contém e começa a chorar, dava para se ouvir claramente o choro da pequena do telefone.

—Judy, o que houve?

—Nick...Só quero que me prometa...Não, que me jure... Hoje não abra a porta pra ninguém, por favor, tá? Te amo. —E ela desliga deixando o raposo aflito.

Ela não quis contar o que tinha escutado então, pra ela, essa era a melhor solução que achou no momento. Depois de beber um pouco de água para se acalmar, ela volta para o quarto de Hana, que ao chegar lá estava dormindo enquanto Johnny a observava. Ela faz um gesto com a pata chamando o amigo, e, depois de sair do quarto, ela diz:

—Vou conversar com Lobis...

—Mas, sabe que é uma armadilha, ele pode te machucar e Nick n-...—Ele para de falar de repente fazendo Judy fica com raiva.

—Está me escondendo algo...

—Não é bem isso...

—“Não é bem isso”?! Achei que podia contar com você, mas isso só mostra que eu sou uma coelha ingênua, tonta e burra!

Johnny percebe o comportamento impulsivo da amiga e a abraça, e ela por sua vez o abraça de volta. Ele começa a acariciar a fazendo ficar calma o suficiente para conversar normalmente, e depois de uns minutos de silencio, Judy diz a ele:

—Não me esconda nada. O que você fez com o Nick?

—Foi quando Hana chegou em casa tarde e você ficou com ela, ele me pediu enquanto eu fazia o almoço: ”Eu quero que você me faça um favor enquanto eu tô melhorando, coelho: Não deixa que aquela coelhinha se machuque, ok?” e eu concordei. Fiquei feliz em saber que cuidaria da coelha que cuidou da minha raposa... Não pela promessa com o Nick, mas por mim, não faça isso sozinha, por favor, não conseguiria me perdoar se algo te acontecesse...

—Johnny... Eu...Eu...

—Sinto que posso confiar mais em você que em mim, Judy.

Ela fica em silencio: Todos confiavam nela, mas em quem ela iria confiar? Quando ela estava pensando em falar algo, Johnny a aperta levemente mais forte e pergunta:

—Acho que todos confiam em você, mas em quem você confia?

—Eu não sei. —Diz ela.

—Então vou ser o animal que vai confiar e que sempre vai está do seu lado: Seu melhor amigo.

Aquilo fez Judy se derramar em lágrimas, mas não de tristeza, de alegria ao encontrar um novo melhor amigo pois Nick deixou de ser isso para ser seu namorado que ela deixaria de contar coisas que contaria para Johnny. No meio de tudo aquilo, Judy se sente observada, olha para atrás de Johnny e vê o animal que menos esperava ver: O Nick. Ele estava imóvel, parado com uma expressão de felicidade no rosto, toda sua roupa amarrotada e sua bengala de estimação lhe ajudando a ficar ali e ouvir tudo. Ela larga Johnny e pula em cima do raposo, lhe dando um forte abraço nele que diz bem baixinho para ela:

—Não ache que estou bravo, estou mais que feliz por ter um amigo como ele.

Johnny chega perto para dar um oi pro amigo, mas acaba ganhado um abraço coletivo, não que não tenha gostado daquilo. Depois de ficarem uns minutos se abraçando, aquilo só fez Judy ficar mais feliz e então ela diz aos dois:

—Muito obrigada, vocês dois são os melhores.

—Eu sei disso. —Diz Nick a fazendo rir.

Ela então enxuga as lágrimas, mas Johnny logo pergunta:

—Vai mesmo falar com ele?

—Ele quem? —Pergunta Nick.

—Depois eu te conto. —Diz Judy que logo se vira, deixa os dois e vai para a delegacia.

30 minutos depois...

Judy estava na sala de interrogatório com Lobis que estava algemado e perecia drogado. Depois de se sentar ela começa a falar com uma voz intimidadora:

—Estou aqui, agora fale.

Ele ri cinicamente:
—Você é muito apressada. Nem me deixa perguntar como tá o seus amigos raposos. Por falar neles, a fêmea é muito linda mesmo.

Judy estava se segurando para não dá um soco no focinho do lobo.

—Não precisa saber, vamos logo ao que interessa.

—Ok, então. Eu sou apenas uma isca, minha querida.

—Como assim?

—O animal que está no comando de tudo se chama Henã, meu priminho de segundo gral. A gente foi mandado por uma velha amiga sua bem fofinha...

—Bellwether.

—Acertou. Ela me mandou te matar, mas não queria ter que matar uma presa tão fácil, então atirei no raposo e meu primo se divertiu com sua amiga. —Diz ele chegando perto do rosto de Judy que não se controla e dá um soco em seu focinho. —Até que pra uma coelha você é forte.

—O que querem com o Johnny? Me responde!

—Eu não quero nada com seu amigo coelho, mas ele tem uma coisa que meu primo quer...

—A Hana.

—Acertou de novo. E sabe como ele vai conseguir? —Ela olha para ele com seu focinho tremendo.—Quando ele for voltar pra ir busca ela para levar casa vai ter uma surpresinha no caminho. Quem iria acreditar: “Coelho policial sofre grave acidente dirigindo no centro da Savana Central”.

—E porque me contou tudo?

—Sabe, se ele morrer, quem será o vencedor é aquela doidinha, e não gosto de dividir a gloria, entende?

—E o Nick? Porque querem matar ele?

—Mandaram o seguinte, fofa: ”Matem aquela coelha e aquela raposo”, mas não disseram que não podia matar mais um coelho, não vai fazer a diferença mesmo...

—Como Bellwether conversa com vocês?

—Não conversa. Ela já tinha mandado antes de ser presa, a gente só demorou um pouquinho pra fazer o plano, mas gostei do resultado: Três em uma tacada só. Se fosse você iria salvar seus amigos.

Ela não conseguia falar, sua voz tinha ficado presa na garganta de um jeito que não queria sair de jeito nenhum, mas se levantou e saiu da sala. Fora, respira fundo e olha para Nick que estava encarando o único coelho que detestava: Jack Savage que estava conversando com o Chefe Bogo, não sabia nem o motivo nem a razão de um agente da CIA estava fazendo ali, mas coisa boa não vinha.