The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 18
"E se não ficar bem, eu minto"


Notas iniciais do capítulo

Hey! Olá, bebês da minha vida! Como vão vocês? Espero que bem.
Enfim, aqui estou eu com um capítulo novo Uma semana depois do dia que eu disse que iria postar ele. Eu sei, demorei, mas é a vida. Desculpe.
Tem algumas coisas no capítulo que serão explicadas nas notas finais, então se não quiserem ficar mais perdidos que eu nas aulas de química e física sugiro que leiam as explicações no final do capítulo. Obrigada, de nada.
Boa leitura, bebês.



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 Tyler apertou minha mão mais uma vez, causando-me um sorriso pequeno. Chegava a ser engraçado esse medo bobo que ele tinha.

Contudo, eu tinha que reconhecer o quanto Tyler está se esforçando para me ajudar. Botou seu medo de voar de lado apenas para estar comigo.

Era domingo, estávamos no Quinjet voando em direção à Washington.

Mesmo olhando minha mãe com Will, Adam mais afastado, Michael pilotando a banheira e Tyler ao meu lado apertando minha mão toda vez que o Quinjet balançava levemente, eu não conseguia acreditar no que estava prestes a fazer.

Eu estava voltando para Washington. Depois de 11 anos.

Foi necessário três dias sem folga com o dr. Palmer para que eu aceitasse realizar o pedido da minha avó. E do Tyler comigo, claro.

Foram as três sessões mais demoradas que qualquer outra sessão que eu já tive. Eu saia da escola e ia direto para o consultório do dr. Palmer, eu só voltava para casa beirando das sete, oito horas da noite que era quando a consulta acabava.

Eu tinha que reconhecer que Richard tem muita paciência para me ouvir reclamar da vida, contar meus inúmeros problemas e inseguranças. Ele até abriu mão do seu final de semana para me ajudar!

Outro motivo de eu ter decidido vir para Washington foi o Tyler. Essa criatura disse que só iria me contar o que rolou com pai dele se eu fizesse o que dona Juliet pediu. Foram três dias de pura tortura.

Entretanto, se surgisse uma brecha que deixasse eu voltar para New York agora mesmo, eu não pensaria duas vezes antes de sair correndo desse Quinjet.

—Você vai quebrar os ossos da minha mão se continuar apertando ela desse jeito. – brinquei ao sentir Tyler apertar minha mão com mais força que das outras vezes.

—Você tem fator de cura avançado, ok? Então seus ossos curariam em um piscar de olhos. – sua voz estava um pouco trêmula. – Washington nunca esteve tão longe. –

—Já estamos chegando. – sussurrei encostando minha cabeça em seu ombro. – Obrigada, Ty. –

—Eu não estou fazendo nada de mais, Melinda. –

—Você tem medo de voar, poderia ter recusado meu pedido assim que ouviu que íamos no Quinjet, mas mesmo assim está aqui. – ergui um pouco a cabeça para olhá-lo nos olhos.

—Eu não poderia negar um pedido como esse. Você precisava de alguém do seu lado. – Tyler sorriu. Sorriso esse que foi desmanchado por um pequeno balancear no Quinjet. – As vezes eu acho que o Michael está fazendo isso de propósito. – ele resmungou fazendo-me rir.

—Eu ouvi. – meu pai disse atraindo a atenção de todos. – E algumas vezes eu faço de propósito sim. – ele admitiu com um sorriso diabólico.

—Eu vou denunciar ele. Isso não se faz! – Tyler falou me encarando.

—Eu estava pensando em te levar para voar comigo. – sussurrei acariciando o torso da mão dele. – Mas como você tem medo de altura, eu acho que não aceitaria, não é? –

—Eu confio plenamente em você com qualquer coisa, menos quando está voando. Desculpa. – abri a boca inconformada. – Mas eu gosto de ver você voando, aproveitando a sensação de liberdade. Isso combina com você. – ele sorriu.

O Quinjet balançou pouca coisa, mas o suficiente para o sorriso sumir do rosto de Tyler.

—Meu pai eterno! Isso vai cair! Eu tenho certeza! – sua voz sumiu algumas oitavas.

—Não. Nós chegamos. – murmurei engolindo seco.

—Ai. – olhei para Tyler que fez uma careta de dor. – Você tem mais força que eu, Melinda. – brincou.

Olhei para nossas mãos e vi que quem apertava a mão do outro agora era eu.

—Desculpa. – pedi soltando sua mão e abraçando meu corpo. – Eu não vou conseguir, Tyler. – murmurei em tom de súplica, encarando-o. – Eu já vim até aqui, eu não vou conseguir pisar lá fora. Não dá. –

—Hey. Não chore. – ele passou seu polegar sob meu olho, evitando que a lágrima corresse pelo meu rosto que nem o Bolt. – Respira, ok? Está tudo bem, Melinda. Você está no controle, lembra? –

—Mas eu sou desequilibrada, você sabe. – ele riu acariciando meu rosto.

—Que bom que eu sou o oposto então. – sorri e ele me abraçou.

Enquanto descansava minha cabeça no peito de Tyler, meu olhar encontrou o de Adam.

Ele continuou com o olhar fixo no meu até o Quinjet pousar, foi quando eu fechei meus olhos desejando que meus poderes envolvesse teletransporte.

Eu só quero sumir daqui.

A porta do Quinjet foi aberta. Minha mãe levantou junto com Will e Adam. Michelle me encarou e no seu olhar eu pude perceber um certo questionamento. Eu dei um sorriso pequeno.

Sim, mãe, estava tudo bem. Ou ao menos eu fingia que estava.

—Vamos? – Tyler chamou assim que os três saíram da banheira voadora.

Levantamos das poltronas e caminhamos até a saída. Porém, eu travei antes mesmo de sair. Quem eu estava querendo enganar? Não estava nada bem!

—Melinda? – Tyler se aproximou quando viu que eu empaquei no lugar. – Hey. –

—Eu não consigo, Tyler. Não dá. – sussurrei balançando a cabeça. – Eu não estou preparada. Eu achei que estivesse, mas não estou! Eu não posso fazer isso. Não posso. – ele segurou minhas mãos. As lágrimas desciam pelo meu rosto em uma velocidade surpreendente.

—Querida? – senti a mão de Michael em minhas costas. – O que foi? –

—É mais forte que eu, pai. – murmurei encarando seus olhos. – Eu não consigo. –

—Melinda, o que eu dizia quando você tinha pesadelos? – sua voz saiu firme.

—Para eu ser mais forte que meus pesadelos. – respondi.

—Então por que você não está fazendo o que eu sempre lhe pedia? –

—É porque eu não sou tão forte assim, pai. Não sou. – minha voz não passou de um mero sussurro.

—É claro que é. Você apenas não sabe. Ou sabe e não quer reconhecer. Melinda, você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço. Ninguém conseguiria passar por tudo que você passou, minha menina. Você carrega uma culpa que não é sua nas costas desde seus 6 anos! Então você é forte sim! – sua mão acariciou minha bochecha. – Se ainda não acredita em si mesma, acredite em mim. Porque eu acredito que você pode vencer mais esse medo. –

—Se o Adam estivesse falando comigo seria mais fácil, mas ele não está. – murmurei.

—O Adam pode não estar falando com você, Melinda, mas aposto que ele não gosta de te ver assim. Nenhum de nós gostamos. – Tyler falou e por puro instinto eu olhei na direção de Adam. Nossos olhares se cruzaram, mas ele logo desviou o olhar. Respirei fundo e encarei os dois homens a minha frente.

—Tudo bem. Mas eu ainda tenho vontade de sair voando daqui. –

—Você não é boa com mapas, lembra? É capaz de se perder. – Tyler brincou segurando minha mão e esperando que eu me preparasse para sair.

E só depois de respirar fundo mais umas duas vezes, eu criei um pouco de coragem e saímos do Quinjet.

Coulson e Michael tinham combinado tudo para o velório ser as escondidas.

Nós iríamos chegar assim que anoitecer, o Padre, que era um grande amigo da família Walker, faria uma pequena missa, guardaríamos as cinzas da minha avó na cripta e voltaríamos para New York logo em seguida.

Eu só espero que ninguém tenha visto a banheira voadora, apenas isso.

O coveiro nos levou até o local onde a cripta ficava e avisou que o Padre já havia chegado.

Ao fazer aquele trajeto eu lembrei de quando teve o enterro do meu pai. Foi o meu último dia aqui em Washington.

—Me diz alguma coisa. – pedi a Tyler que me encarou confuso. – As lembranças. Elas estão vindo. Me fala qualquer coisa. Por favor. – encarei seus olhos.

—Bom... lembra que quando nos conhecemos e você perguntou sobre meu pai, nós meio que começamos a inventar umas teorias do que supostamente havia acontecido na marcação da consulta dele? – assenti. – A sua segunda teoria estava certa. Ele foi morar com a outra família dele. –

—Eu queria que a minha primeira teoria estivesse certa. –

—Dele ter sido abduzido? Teria sido realmente muito melhor. Eu descobri que tenho três irmãos, acredita? – soltei uma risada.

—Será que eu já peguei alguns deles? Ou até mesmo você? – arqueei a sobrancelha.

—Não. Ele me mostrou uma foto deles. Nenhum rosto me parecia familiar. Se bem que eu estava com a cabeça quente e nem prestei atenção direito. – ele revirou os olhos. – A nova família dele parece aquelas de comercial de margarina, sabe? – sorri, assentindo.

Tyler mais nada falou, afinal tínhamos chegado no nosso destino. O nome Walker se destacava acima dos portões de ferro. A cripta não estava diferente da última vez que a vi.

O Padre Paulo cumprimentou e abençoou todos os presentes. Então ele começou fazendo uma oração e meus cérebro deixou de prestar atenção no que ele falava. Uma grande falta de respeito, caso queira saber.

Tyler me abraçou de lado e eu encostei minha cabeça em seu ombro, sentindo as lembranças voltarem com tudo e com elas, as lágrimas, claro.

***

—Alguém gostaria de dizer algumas palavras? – Paulo indagou nos encarando.

—Eu quero. – Will falou dando um passo a frente. No mesmo instante eu voltei a prestar atenção no que estava acontecendo.

O que o Pirralho vai fazer?

Olhei para os demais presentes e vi que eles também estavam surpresos com a postura do Will. Então nem minha mãe sabia disso?

—Eu perguntei para mamãe porque a vovó morreu e ela me disse que a vovó morreu para evitar que a Mel fosse do mal. Pelo menos foi o que eu entendi. – ele deu de ombros. – Aí eu perguntei se a vovó era uma heroína por causa disso e a mamãe respondeu que sim, que ao se sacrificar para que a Mel não fosse do mal ela virou uma heroína. E agora ela é uma estrelinha que cuida de nós. – sorri, sentindo novamente as lágrimas escorrerem. Will me encarou antes de pronunciar suas próximas palavras que acabaram mais ainda com meu emocional: – Não foi culpa sua, Mel. A vovó sempre me dizia que a culpa nunca foi sua. – um soluço escapou da minha garganta e eu cobri meu rosto, chorando mais ainda.

Eu não mereço todo esse carinho. Não depois de tudo que fiz.

Senti minhas pernas serem abraçadas e eu me agachei, abraçando o Pirralho.

—Não chora, irmãzinha. – ele pediu baixinho. – A vovó está bem. Ela está no céu agora olhando a gente. –

—Eu amo você, Pirralho. – sussurrei apertando mais meus braços ao seu redor.

—Eu também amo você. – ele beijou minha bochecha. – Eca. Está molhada! – ele se afastou fazendo uma careta. Soltei uma risada, levantando.

Vi dona Michelle rindo enquanto limpava algumas lágrimas que tinham caído. Michael deu um sorriso abraçando a esposa.

—Se um dia eu conhecer meus irmãos espero que eles sejam tão fofos como Will. – Tyler comentou com um sorriso.

O coveiro abriu a cripta. Meus pais entraram na frente com Will, Adam entrou logo em seguida. Já eu precisei que Tyler me desse um leve empurrão para que meus pés se movessem.

Observei Adam colocar o pote com as cinzas da minha avó no túmulo ao lado do meu avô. O túmulo de baixo continha um nome que eu conhecia muito bem.

Paulo falou mais algumas coisas e se despediu, indo embora logo em seguida. Aos poucos minha família foi embora, restando apenas Tyler e eu.

—Vou deixar você sozinha. – ele disse se afastando.

—Não! – segurei seu braço. – Por favor. – supliquei.

—Eu não posso. Você tem que fazer isso sozinha. – ele segurou meu rosto entre suas mãos. – Você consegue, amor. – Tyler sorriu, beijou minha testa e saiu.

Abracei meu próprio corpo, fechando os olhos com força. Soltei um suspiro pesado.

Eu consigo. Eu consigo.

Abri os olhos já encarando os túmulos. Dei um passo na direção deles e toquei o da minha avó. Meu polegar passou sobre o nome dela preso nos tijolos. Minha mão foi deslizando e logo encontrou o outro túmulo.

Richard Walker.

O ar fugiu dos meus pulmões, meus olhos marejaram novamente, minhas pernas não sustentaram o peso do meu corpo. De joelhos, eu deixava as lágrimas saírem ao mesmo tempo que lembrava daquele fatídico dia.

—Me perdoa. – sussurrei, sentindo minhas forças esvairem. – Eu juro que não queria ter feito nada disso. Eu não queria ter entrado naquele laboratório e feito o que fiz, eu não queria ter sido tão fraca ao ponto de quebrar o escudo quando Ultron fez todo aquele circo, eu não queria ter matado vocês. Eu não queria. – murmurei fechando os olhos com força. – Eu não queria ser tão fraca ao ponto de não conseguir voltar para Washington e visitar o seu túmulo, pai. Eu queria ser tão forte como vocês diziam toda noite quando me botavam para dormir, mas eu não sou. Quando meus medos chegam, eu apenas faço a primeira piada que me vem à cabeça e ignoro. Eu faço isso porque eu não sou forte o suficiente para enfrentá-los com a cabeça erguida. Eu sou uma fraca, uma fraca. – murmurei ainda com os olhos fechados.

Permaneci ali até minha respiração se normalizar nem que fosse um pouco. Sequei meu rosto com a palma da mão e levantei, limpando qualquer resquício de poeira da minha calça.

Respirei fundo e arrumei minha postura, saindo da cripta sem olhar para trás. O coveiro a fechou e eu esperava que nunca mais fosse aberta.

Tyler estava na porta do Quinjet, me esperando.

—Está tudo bem? – assenti e ele me abraçou. – Você se saiu muito bem. – sua voz saiu abafada por seu rosto está contra meu pescoço.

—Obrigada, Ty. Por estar aqui. – sussurrei sentindo ele apertar o abraço.

—Sempre que você precisar. – ele depositou um beijo em meu rosto. – Vamos? –

—Você está pronto? – brinquei recebendo um olhar sério da parte dele. – Você pode ir voando comigo, se quiser. –

—Era capaz da gente ir parar na China. – ele respondeu entrando na banheira.

Sentamos nas poltronas e observei a porta do Quinjet se fechar. Essa foi a última vez que eu pus meus pés em Washington.

O mundo pode estar acabando e o único lugar seguro pode ser Washington, mas eu não coloco meus pés aqui.

Nunca mais.

***

Minha mãe, Will, Adam e Tyler saíram do Quinjet assim que Michael pousou ele no terraço de um prédio próximo da nossa casa.

Acontece que ele iria deixar o Quinjet na S.H.I.E.L.D. e buscar o meu carro que ele deixou lá quando buscou a banheira. Sim, ele usou meu carro, pois o seu estava no mecânico.

Enfim, eu iria com ele para a S.H.I.E.L.D.

—Está preparada para tirar suas dúvidas? – meu pai questionou.

—Sim. – suspirei. – Eu não entendo como o Coulson está trabalhando em uma noite de domingo. – me sentei na cadeira ao lado da do piloto. – Se fosse eu, na sexta a tarde já estava em casa sem ter a mínima vontade de ouvir a palavra trabalho. – ele riu.

—Ser diretor da S.H.I.E.L.D. não é moleza. – a porta do Quinjet se fechou e logo após estávamos a caminho do Playground. – Como você está? –

—Bem. – respondi baixinho. – Só espero que mais ninguém me peça uma coisa dessas. –

—Você se saiu muito bem, querida. – ele sorriu, estendendo a mão. Entrelacei meus dedos nos dele.

—Obrigada. – sorri. – Pai? –

—Sim? – ele me olhou de soslaio.

—Por que você não me ensina a pilotar essa banheira? – Michael arqueou a sobrancelha.

—Você quer aprender a pilotar o Quinjet? –

—Sim, ora essa. – sorri batendo palminhas. – Vai que eu ganhe um Quinjet de presente? Eu tenho que saber ao menos onde fica o piloto automático. Ou o Quinjet virá com um piloto gato? – levantei a sobrancelha. – Se vir com um piloto gato eu também quero um co-piloto também gato, já vou avisando. Ah, e uma aeromoça gostosa. –

—Você não vai ganhar um Quinjet de presente, Melinda. – ele soltou uma risada.

—Você acabou de destruir meu sonho, é isso? – falei levando a mão ao peito em sinal de ultraje. – Você vai ensinar ou não? –

—Tudo bem. – soltei um gritinho enquanto levantava e dava uns pulinhos. – Melinda. – sentei-me novamente na poltrona dando um sorriso.

—Foi mal. Então o que eu faço agora? – perguntei empolgada.

—Presta atenção. – assenti. – E não mexa em nada. – franzi a testa.

—E como eu vou aprender a pilotar sem mexer em nada? –

—Aula teórica. – vi um sorriso divertido brotar em seus lábios.

—Sem graça. – resmunguei, cruzando os braços emburrada.

A viagem até a S.H.I.E.L.D. foi rápida, mas eu pude aprender para que servia todos aqueles botões e tudo mais. Agora me ensinar a pilotar na prática Michael não me ensinou.

Palhaçada.

—Melinda? Você por aqui? –

—Hey, Reginna. – sorri abraçando a mulher, que retribuiu o gesto. – Eu tenho que falar com o Coulson. Mas e você? Trabalhando em um domingo a noite? –

—Tenho recebido muito trabalho esses dias. Como você está? Amélia me contou que você foi fazer aquilo. – sorri.

—Estou bem. Segundo meu pai e o Tyler eu me sai muito bem. – dei de ombros.

—Eu imagino. Você é uma garota muito forte, Melinda. – sorri, agradecendo. Meus olhos avistaram uma cabeleira sobre o ombro de Reginna que me fez pedir licença para a mulher a minha frente e sair correndo na direção da dona dos cabelos castanhos.

Graças aos reflexos muito rápidos dela, nenhuma de nós fomos ao chão quando eu, literalmente, pulei em cima dela, entrelaçando minhas pernas em sua cintura.

—Melinda! Meu Deus! Você quer me matar? – soltei uma risada ainda abraçada a ela.

—Também senti sua falta, Daisy. Faz tempo que não nos vemos. Mais precisamente dois meses. – pés no chão, um metro de distância e meus olhos encaravam os dela. – O que aconteceu? Está me evitando? Nem uma ligação eu recebi. Estou magoada. – fiz beicinho fazendo ela rir.

—Desculpe. Eu realmente sou uma péssima amiga. Você me perdoa? – joguei um olhar de quem diz: "vou pensar no seu caso".— Mas você podia ligar para mim, Melinda. Por que não ligou? – dei de ombros e passei meu braço pelo dela, começando a caminhar em direção à sala de Coulson.

—Porque eu não sei sua grade horários. Você é uma agente muito importante aqui dentro, bebê. Veja só. Imagine que eu quisesse te ligar hoje, agora. Você não atenderia porque estaria trabalhando. Aliás, você está trabalhando em domingo a noite? – paramos de caminhar e eu coloquei as mãos na cintura, ficando de frente para ela. – O Coulson não dá folga para vocês, não? Onde já se viu trabalhar em um domingo a noite? Deus me livre ser uma agente da S.H.I.E.L.D. Numa hora dessas eu estaria em uma balada, passando o rodo em geral e já começando a me lamentar por amanhã já ser segunda e começar tudo de novo. Cruz credo. O Pinguim nunca ouviu falar nos direitos do trabalhador? Porque isso é trabalho escravo, sabia? O Coulson poderia... –

—Olá, Melinda. Como vai? – ouvi uma voz atrás de mim que fez a Daisy segurar a risada e eu fechar os olhos por um curto período antes de girar dos calcanhares e exibir um enorme sorriso.

—Hey, Pinguim! Eu estou ótima e você? Como está passando essa linda noite de domingo? Espero que bem. – continuei sorrindo. Na verdade, eu queria rir do meu próprio cinismo. Eu sou muito cara de pau mesmo.

—Melinda, você não tem vergonha na cara. Impressionante. – a agente atrás de mim comentou e logo ficou do meu lado. – Eu vou indo. Tem trabalho me esperando. – Daisy me encarou. – E vê se me liga dessa vez. Aposto que você tem muita coisa para me contar. – sorri assentindo. Daisy então se afastou.

—Então? Como você está, Pinguim? – Coulson sorriu.

—Bem, Melinda. Como você se saiu hoje? – ele indagou e apontou para o corredor que levava a sua sala. Comecei a caminhar com ele do meu lado.

—Muito bem, segundo Tyler e Michael. – dei de ombros. – Eu também acho que me sai bem. Lógico que eu queria sair voando a cada segundo, mas... bom, você entendeu. – Coulson assentiu e abriu a porta, indicando com a cabeça para eu ir na frente.

Entramos na sua sala e eu soltei uma risada ao me lembrar da primeira vez que estive aqui. Meu ataque um pouco histérico por saber que eu estava na S.H.I.E.L.D. e conversando com o diretor da mesma.

—Do que está rindo? Alguma memória engraçada? – Coulson sentou-se na sua cadeira e indicou a cadeira a sua frente para mim.

—Só lembrando minha reação quando estive aqui pela primeira vez. – sentei-me e cruzei as mãos sobre as pernas.

—Ah, sim. Então, Melinda, o que quer saber? – o diretor da S.H.I.E.L.D. inclinou seu corpo para frente, cruzando as mãos sobre a mesa. Engoli seco. Agora era a hora.

—Não sei. Que tal tudo? – sugeri tombando a cabeça para o lado.

—Posso começar contando como a S.H.I.E.L.D. se envolveu com o trabalho do seu pai. – fiquei calada por um tempo, pensando.

—Pinguim? –

—Pois não? –

—Eu quero saber sobre isso? – questionei. – Digo... eu preciso saber disso? –

—Isso é algo que só você pode responder, Melinda. – encarei o homem a minha frente pelos próximos segundos.

—Ok. – suspirei. – Pode contar. Se eu começar a gritar, você para e nunca mais me fala nada a respeito disso. Fechado? – o Pinguim sorriu discretamente, assentindo.

—Como você deve saber, o Tesseract foi encontrado por Howard Stark enquanto procurava pelo Capitão América. – assenti. – Stark estudou o artefato desde então. Alguns anos após a morte de Howard , a S.H.I.E.L.D. criou um novo projeto que envolvia o Cubo. Nós procuramos pelo melhor cientista que pudéssemos confiar esse trabalho. Foi nessa mesma época que um cientista se destacou mais que os outros. Seu pai, Melinda. – sorri. – Avaliamos o trabalho do Richard antes de fazer parceria com o laboratório dele. Logo vimos que o trabalho do seu pai era algo excepcional e falamos a respeito do projeto, que ele concordou. –

—Que projeto era esse, Coulson? – indaguei trazendo minhas pernas para cima da cadeira. – Era algo incrível? Como os outros trabalhos dele? Provavelmente envolvia o... enfim, o reator de energia e meu pai nunca me falou que projeto era aquele. –

—Pedimos sigilo sobre o trabalho. – assenti. – Mas agora que o projeto não existe mais, podemos contar a você. O reator de energia foi criado com o intuito de criar um armamento diferente. – franzi as sobrancelhas, confusa. – Nós precisávamos de armas diferentes, que pudessem combater possíveis ameaças que as armas comuns não podiam.(1) 

—Armas? Vocês queriam criar armas com a energia do reator? Uma energia que era alimentada pelo Tesseract? Um artefato de outro mundo que vocês não tinham ideia do poder dele? – Coulson assentiu. Eu não estava acreditando no que estava ouvindo. – Mas por que? Por que armas? Não bastou o que o Caveira Vermelha fez na Segunda Guerra Mundial? Vocês iriam fazer a mesma coisa que eles! – protestei incrédula.

—Melinda, nós precisávamos nos defender de possíveis ameaças como o Caveira Vermelha. O armamento que a HYDRA tinha não chegava aos pés do nosso, mesmo com Howard do nosso lado. –

—Mesmo assim, Coulson! Isso era algo totalmente errado! Imagina se algo desse errado? Imagina se a HYDRA tivesse dado um jeito e pegado esse armamento especial de vocês? O que aconteceu em 45 e bolinhas iria se repetir, não? – não deixei o diretor da S.H.I.E.L.D. falar, eu já estava falando pelos cotovelos: – Eu não acredito que meu pai concordou com isso. Armas, sério? Eu sei que todos os projetos dele não eram para ficar sempre nos laboratórios, mas armas criadas com o Tesseract é demais, você não acha? –

—Não destrua a imagem que você tem do seu pai por causa disso, Melinda. – encarei o Pinguim que estava sério. – Seu pai era um cientista. Um grande cientista. Richard não concordava 100% com o propósito do reator, ele concordou nos ajudar depois de muito tempo, quando concordamos que teríamos muito cuidado ao usar essas armas. O dr. Walker também nos lembrou que ele era um dos melhores cientista dos EUA, se outro cientista realizasse o projeto poderia ter falhas. – dei um sorriso orgulhoso. – Acho que você puxou essa... qualidade dele. – meu sorriso aumentou.

—Entendo o lado do meu pai, pelo menos uma parte. Cientistas são loucos e adoram estudar as coisas. Principalmente objetos de outro mundo. – suspirei repetindo o que eu disse quando contei a verdade para meus amigos. – Bom, acho que é isso. Meus poderes vieram de um reator de energia que servia para criar armas. Que coisa mais tranquilizadora. Ainda bem que a S.H.I.E.L.D. foi a única que tinha reconhecimento dos meus poderes. Na verdade, só você tinha. Imagina se fosse a HYDRA? Ou sei lá, o Governo? Eu poderia ter sido usada como arma, né? Meus poderes poderiam ter sido usados para algo ruim. – fiz uma careta só de pensar. – Enfim, eu vou indo. – me levantei.

—Você não quer saber o resto? – o encarei confusa. – Sobre seus poderes, Melinda. – ainda com o semblante confuso, encarava o Pinguim que suspirou. – Você nunca se perguntou por que você foi a única que sobreviveu a explosão? –

—Porque eu ganhei poderes e o escudo foi ativado, ora essa. – soltei uma risada.

—Mas você nunca se perguntou por que você foi a única que ganhou poderes? – minha boca abriu, mas nenhuma palavra saiu. Voltei a me sentar na cadeira.

—Bom, lógico que já. Passei todos esses anos com essa pergunta na cabeça e até hoje eu não tenho nenhuma resposta, que faça sentido, claro. Criei várias teorias, Pinguim. Uma delas foi que eu ganhei poderes porque eu estava mais perto e fui a primeira a ser atingida, porém o reator não tinha a função de "ah, caso eu exploda vou escolher a primeira pessoa a ser atingida para ter poderes". Outra teoria foi que eu não era desse planeta, sério. – acabei rindo ao lembrar de como eu surtei ao cogitar essa possibilidade. – No entanto, depois dos resultados dos testes de DNA eu descartei essa possibilidade. – dei de ombros.

—Você fez um teste de DNA para saber se você era alienígena ou não? Como? – Coulson indagou surpreso.

—Fios de cabelo e saliva da minha mãe e do meu irmão. – o diretor continuou me encarando. – Ah. Eu transei com a médica responsável pelos laboratórios de DNA. – sorri.

—Mas aí ele saberia sobre você. –

—Eu ameacei ele caso comentasse com alguém sobre meus poderes. Eu não iria fazer nada, claro. Não relacionado a meus poderes. Usaria minha suprema inteligência. – Coulson assentiu.

—Contudo, Melinda, há sim uma explicação para você ter sido a única com poderes. – seriedade era a expressão dele.

—Que? – murmurei.

—Isso mesmo que você ouviu. – Coulson confirmou que eu não estava ouvindo coisas sem sentido.

—E... – engoli seco. – E que explicação é essa? Não me diga que os testes de DNA deu erro e eu sou mesmo alienígena? –

—Você não é alienígena, Melinda. – ele falou com um sorriso pequeno. – Acontece que você recebeu seus poderes porque você tocou no Tesseract.(2) 

Após a fala do Coulson, a única coisa que eu ouvia era minha respiração. Talvez eu pudesse ouvir também meu coração batendo mais rápido que o normal ou o cri cri do grilo pelo silêncio que se seguiu.

—Melinda? – Coulson me chamou com uma pitada de preocupação no olhar.

—Não... não tem nexo, Pinguim. – sussurrei. – Como eu toquei no Tesseract? Vocês estavam em posse do Cubo! Ou seja, eu não posso ter chegado sequer perto dele. –

—Você tinha 4 anos, sua mãe precisava resolver um problema no trabalho, sua avó não podia ficar com você e seu irmão, por isso vocês foram para o laboratório do seu pai. Nesse mesmo dia, Fury, que era o diretor da S.H.I.E.L.D. naquela época, veio até seu pai para conversar a respeito do projeto. O Tesseract estava presente e enquanto Richard explicava algum ponto importante sobre o reator, houve um momento de descuido e você tocou no Cubo. –

—Então... então eu poderia não ter esses poderes? Eu... eu poderia? Digo, se eu tivesse obedecido meu pai quando ele me disse para nunca mexer naquilo que eu não sei o que é... eu não teria poderes? – incredulidade define.

—Melinda, acalme-se. A culpa não foi unicamente sua. Fury e seu pai deveriam ter tido mais cuidado relacionado ao Tesseract. – Coulson explicou, mas eu não prestei atenção no que ele dizia.

—Se eu não tivesse tocado no Cubo... eu não teria matado aqueles bombeiros, minha avó estaria viva já que Ultron não teria ido atrás dos meus poderes. – falei ofegante. – Todas essas... todas as mortes que eu causei, Pinguim... elas teriam sido evitadas. – encarei o diretor da S.H.I.E.L.D. com um olhar sofrido.

—E você estaria morta. – Coulson foi taxativo. – As chances da Michelle e do Adam desenvolverem uma depressão após a explosão eram grandes, já que eles teriam perdido você e seu pai. –

—Mas... eu poderia ter sobrevivido, mas sem os poderes, não? Por algum milagre, não sei. Qualquer coisa! – disse gesticulando freneticamente.

—Sim, vamos supor que você tenha sobrevivido sem os poderes por algum milagre. Algo pouco provável, mas tudo bem. Você não teria conhecido a S.H.I.E.L.D., a Daisy, a Amélia, os Vingadores, o Michael. – permaneci calada, imaginando como seria minha vida se isso realmente tivesse acontecido.

—Mas minha avó ainda estaria aqui. – sussurrei sentindo meus olhos lacrimejarem.

—Estaria, mas seu irmão, Melinda, o Will, nunca teria nascido. – pressionei os lábios, segurando o choro. – Se essa possibilidade tivesse acontecido, você não teria matado os bombeiros e sua avó estaria viva, todavia você não teria conhecido todas essas pessoas. Você teria vantagens, mas, convenhamos, as desvantagens seriam maiores. –

Abracei meu corpo, fechando os olhos com força. Inspirei e expirei algumas vezes antes de retomar o assunto:

—Então como aconteceu? Eu toquei no Cubo e puff! Ganhei poderes? – soltei uma breve risada, tentando esquecer o que acabei de ouvir.

—Não exatamente. Assim que você tocou no Tesseract, ficou inconsciente por um tempo. A energia do Cubo era muito grande para uma criança. – assenti. – Você foi levada ao hospital e lá fizeram vários exames com você para ver o que o Cubo poderia ter feito a você. Houve apenas uma pequena mudança no seu DNA, algo quase imperceptível. –

—Meu DNA foi modificado? – Coulson assentiu.

—Você adquiriu genes... –

—Alienígena? – sugeri.

—Genes não totalmente alienígena, mas também não totalmente humanos. Você ficou em observação pelos dias que se seguiram, mas não apresentou nenhuma anomalia para nos preocuparmos. – uma dúvida muito importante surgiu na minha cabeça:

—Eu já era desse jeito antes do Cubo ou fiquei assim por causa do Cubo? – indaguei vendo um sorriso brotar nos lábios de Coulson. – Porque se eu fiquei assim por causa do Cubo saiba que eu tenho que agradecer a ele, sério mesmo. –

—Você já era uma criança deveras agitada e com uma personalidade forte. Acho que com o passar dos anos você só... aprimorou suas qualidades. – soltei uma risada.

—Você é muito fofo, Pinguim. – ele sorriu.

—Retomando, você não tinha nada diferente além da pequena mudança do DNA, então sua vida continuou normalmente. –

—Até o dia da explosão. – falei, soltando um suspiro.

—Sim. Quando eu vi que você tinha sobrevivido a explosão, eu procurei por uma explicação e logo me lembrei do Tesseract. Aparentemente, quando o reator explodiu e a energia dele, que era alimentada pelo Cubo, atingiu você, seu DNA foi modificado mais drasticamente, entende? – assenti.

—Como se tivesse "acordado" os genes não totalmente alienígena e humano. – assobiei. – Então no caso eu sou o que? Uma mutante? Porque se for eu acho que fui para a equipe errada. Eu deveria ter ido salvar o mundo ao lado dos X-Men.— Coulson soltou uma breve risada.

—Digamos que você é como os Maximoff. –

—Aprimorados. – murmurei. – Ah, claro. Como não tinha pensado nisso antes? Eles receberam os poderes pelo Cetro de Loki, eu recebi os meus pelo Tesseract. Espera! Meu pai estudou o Cubo. Então era para ele ter recebido os poderes também, não? –

—Não. Seu pai, toda vez que estudou o Tesseract, usava uma proteção evitando entrar em contato com o Cubo e a energia dele. – murmurei um ah, frustrando minhas expectativas.

—Ok, então. Eu recebi meus poderes porque desobedeci meu pai duas vezes. – soltei uma risada. – Imagina se o mundo descobre que eu tenho poderes e como eu os adquiri? As crianças nunca mais obedeceriam seus pais. –

—Você está bem? –

—Estou, estou sim. – assenti.

—Eu acho que não. – respirei fundo.

—Mas eu vou ficar. Eu sempre fico. – dei um sorriso cansado. – E se não ficar bem, eu minto. – o Pinguim levantou da sua cadeira e eu fiz o mesmo. Era hora de ir.

Coulson veio até mim e ficou na minha frente.

—Melinda, eu não quero que você se culpe pelo que aconteceu, ok? A culpa não foi sua. Fury e seu pai estavam com o Tesseract e crianças no mesmo recinto, deveriam ter tido mais cuidado, mais atenção. E não deixe o que eu te contei sobre o reator estragar a imagem que você tem do seu pai. Pense como você falou: cientistas são loucos. – sorri e então dei um passo à frente, abraçando o diretor da S.H.I.E.L.D. que estava um pouco surpreso, mas retribuiu o gesto.

—Obrigada, Pinguim. Por tudo. Por me contar a verdade, por me ajudar a entender que eu precisava controlar meus poderes, por ter estado do meu lado quando eu nem sabia da sua existência. – sussurrei ainda abraçada a ele. – Eu te conheço a pouco tempo, mas gosto de você para cara... –

—Eu entendi. – Coulson me cortou. – Eu também gosto de você, Melinda. Apenas... não faça besteiras que vá se arrepender depois. – quebramos o abraço e eu sorri.

—Eu fazer besteira? Coulson, eu sou a adolescente mais responsável que eexiste no Universo. – ele sorriu. – Eu vou indo. E pensar que amanhã ainda tem aula. Argh. – revirei os olhos.

—Até mais, Melinda. –

—Tchauzinho. – acenei dando as costas e saindo da sala do diretor da S.H.I.E.L.D.

Caminhei pelo corredor procurando por Michael e logo o encontrei falando com um cara que eu nunca tinha visto na vida. Dei de ombros e fui até ele.

—Pronto. – suspirei e olhei o cara desconhecido de cima a baixo. – Oi, tenho interesse. – estendi a mão com um sorriso.

—Melinda! – meu pai repreendeu minha atitude. O desconhecido apenas soltou uma gargalhada.

—Lucas, prazer. – ele apertou minha mão.

—Melinda, satisfação, porque o prazer vem depois. – sorri e de soslaio vi Michael cobrindo o rosto. – Você é casado, solteiro, enrolado, assexuado? – coloquei as mãos no bolso da calça.

—Melinda! – encarei meu pai com a sobrancelha arqueada.

—Ué, eu estou sondando o terreno. – dei de ombros.

—Eu sou solteiro. – sorri com a resposta do Lucas.

—Está vendo? – encarei meu pai vitoriosa. – Tem uma caneta? – questionei ao gato que franziu as sobrancelhas, mas tirou uma caneta do bolso e me entregou. Sorri e peguei a mão dele, anotando meu telefone nela. – Me liga, bebê. Eu tô livre a noite e finais de semana, mas se você me procurar pela manhã ou tarde eu dou um jeito de arrumar um tempo livre. Multi tarefas, sabe? – pisquei para ele e sai andando.

—Minha caneta. – ele lembrou fazendo-me voltar e entregar a caneta para ele, que continha um sorriso no rosto.

—Bon revoar! Te espero no carro, pai. – falei saindo andando até o estacionamento. Após algum tempo Michael apareceu.

—Você não tem vergonha na cara, né? – dei um sorriso. – Eu me surpreendo o quão direta você é. – ele destravou o carro.

—Não posso enrolar, pai. Tem que ser na base do: eu quero e você também quer, então vamos se pegar logo de uma vez. – expliquei entrando no carro.

—Eu me surpreendo mais ainda por dar certo. – ele comentou dando a partida. Seu telefone tocou. – Sim? Ainda estou no estacionamento. – encarei minhas mãos. Minhas unhas precisavam de uma limpeza urgentemente, cruz credo. – Agora? – eu sei o quanto é feio ouvir a conversa dos outros, mas era mais forte que eu. – É uma oportunidade única de pegá-lo, Lucas. – seria o mesmo Lucas de agora a pouco? E pegar quem? Um capanga da HYDRA, talvez? – Estou a caminho. – Michael desligou e me encarou. – Preciso voltar. – assenti e sai do carro.

Voltamos para o prédio da S.H.I.E.L.D. e fomos em direção à sala de operações – a qual não tinham me deixaram entrar da primeira vez que estive aqui.

Ao entrar na sala eu me questionei por que não me deixaram entrar. Era uma sala que tinha apenas pessoas trabalhando a todo vapor em seus computadores – mesmo em um domingo a noite –, telões mostrando alguns dados sobre possíveis inimigos e câmeras de segurança, gente gata...

Será que eles pensaram que eu ia agarrar os agentes?

—Lucas. Então? Onde ele está? – Michael se aproximou do meu mais novo peguete.

—Em um Cassino, na Filadélfia. Oi, de novo. – ele olhou rapidamente.

—Olá. Cassino? O cara é rico? – me intrometi.

—Sim, mas não ficou rico de forma honesta. – soltei uma risada.

—Claro que não. Caso contrário, vocês não estariam planejando pegá-lo. Quem é ele e o que fez? –

—Vincent Connors, contrabandista de armas. – Michael repreendeu mexendo num computador e logo a foto de um homem apareceu no telão.

—Que gato. Não é a toa que dizem que os vilões são bonitos. – comentei. – Mas contrabando de armas? Achei que isso é coisa  para CIA. – respondi confusa.

—Deixa de ser no momento em que as armas contrabandeadas são nossas. – encarei meu pai com os olhos arregalados.

—Que? Como ele conseguiu armas da S.H.I.E.L.D.? –

—Agente infiltrado. – Lucas suspirou.

—Vocês têm grandes problemas com confiança aqui, hein. – murmurei revirando os olhos.

—Ele se hospedou no hotel do Cassino, acho que pretende passar a noite na Filadélfia. – meu pai comentou analisando os dados no computador. – É nossa chance de pegarmos ele. – ele olhou para Lucas, que assentiu. – Vamos para Filadélfia. –

—Vamos para Filadélfia. – o homem ao meu lado repetiu com um sorriso.

—Que bizarro. – murmurei revirando os olhos. Michael virou-se na minha direção e  pegou minha mão, colocando as chaves do carro nela.

—Vá para casa, avise a sua mãe que eu recebi uma missão e não vou dormir em casa. – olhei para as chaves na minha mão.

—Ou... – ergui meu olhar para o rosto dele.

—Ou? –

—Eu posso ir com você. – sorri.

—Não. – sua resposta foi rápida.

—Qual é, pai! Eu sempre quis ver você trabalhando desde que soube que meu pai era um agente da S.H.I.E.L.D. – falei empolgada.

—Não, Melinda. Sua mãe me mataria. É perigoso. – revirei os olhos.

—Você está mesmo falando isso para mim que lutei contra Ultron e ajudei a salvar o mundo? – cruzei os braços. – Eu fico num lugar mais afastado. Juro. –

—Não. –

—No carro. –

—Não, você vai dar um jeito de chegar mais perto que eu sei. –

—Se você não deixar eu ir com vocês, eu vou sozinha até Filadélfia, procuro o Cassino que o Connors está e pronto. Não é muito difícil. Aprendi assistindo Supernatural. – dei de ombros.

—Você não faria isso. – Lucas falou descrente. Arqueei a sobrancelha.

—Pior que ela faria. – Michael suspirou. – Amanhã você tem aula. –

—São 08:30 PM! – disse olhando rapidamente a hora no telão. – Qualquer coisa dá tempo de eu cochilar meia horinha antes de ir para a escola. Deixa logo vai. Eu sei que você quer que eu vá. – sorri.

—Você vai ficar no carro. Se me desobedecer, eu te algemo. – soltei uma risada.

—Sabe que eu me soltaria. – dei de de ombros.


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Notas finais do capítulo

(1) Eu não sei se vocês entenderam a referência (se sim, o Capitão está orgulhoso de vocês), mas o intuito do reator de energia construído pelo pai da Melinda seria como se fosse o Projeto Insigth (Fase 2) abordado no primeiro filme dos Vingadores e no filme Capitão América: Soldado Invernal. Eu estava tentando achar uma teoria que fizesse sentido para explicar o que o reator de energia iria fazer. Eu conversei com minha amiga, debatemos algumas possíveis teorias e essa foi a que entramos em consenso (depois dela dizer que a fic era minha e eu podia fazer o que quiser). Sei que o Projeto Insigth surgiu após a aparição do Thor, quando a S.H.I.E.L.D. teve a certeza que não estávamos sozinhos no universo. Contudo, imaginem que lá pelas bandas de 1900 e bolinhas, a S.H.I.E.L.D. já tinha uma ideia de que havia outros seres universo a fora e que nem todos eram amigos. (Oi, Thanos!)
(2) Eu sei que se você tocar no Tesseract, seu DNA não será modificado. Porém, eu novamente precisava de alguma teoria que fizesse o mínimo sentido possível para explicar porque Melinda foi a única a receber poderes. Apenas imaginem que se você tocar no Cubo, seu DNA será modificado, mas não muita coisa.
Explicações feitas...
Hey! Olá, bebês! Então o que acharam? Gostaram? Não gostaram? Comentem e eu saberei, pois não sou o Professor Xavier para ler mentes. Haha
Melinda teve um dia cheio, hein? Funeral da avó, voltar para Washington, descobrir que seu pai construiu um reator para criar armas e o porquê dela ter sido a única no prédio a ganhar poderes... E agora ela vai para uma missão com o pai e o futuro peguete, mas ficará apenas como telespectadora (será mesmo?). A missão terá sucesso ou será um verdadeiro fracasso? Essas e demais perguntas sexta, no Globo Repórter.
Mentira. Não sei quando vou postar o próximo capítulo, mas eu já estou fazendo ele, então acho que será breve.
Enfim, comentem o que acharam e nos vemos na próxima.
Bon revoar!



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