Through the Valley escrita por VersalhesTodd
Notas iniciais do capítulo
Esse é um profundo momento de reflexão e o ponto inicial de uma reviravolta na história de Chaos. Zeek está sozinho, está desolado e quer desesperadamente encontrar alguma redenção.
Espero que gostem.
O barulho da madeira rangendo com o vento que soprava lá fora em meio à fina, porém pesada, chuva mantinha Zeek perdido em seus pensamentos. Sentado na velha cadeira de madeira no meio do casebre, ele ficava de costas para a cama, com a cadeira apontada para a viga sudeste, próxima à pia que pingava constante, observando o soalho gasto e putrefato, com o revólver em mão.
Sentia uma angústia indescritível, e se culpava por tudo que acontecera. Do lado de fora, um galho batia no vidro da única janela, relembrando-o do arranhar constante de sua luta, de como estava impotente e desesperado. Remoendo os gritos de desespero, os sons de tiros, os grunhidos e o som da cerca de metal resistindo aos corpos que ele esfaqueava assim que as balas acabaram.
As mãos estavam sujas de sangue, terra e suor seco. Demorou dias até que ele encontrasse aquela cabana abandonada. O peso que sentia era diferente do que estava acostumado, parecia um fardo maior do que tudo que ele já presenciara. Nem mesmo quando sua mãe morrera foi assim.
Olhando para a arma em sua mão direita, ele engolia em seco, rezando em silêncio para encontrar a salvação, pelo menos por um instante. Naquela insanidade, qualquer luz seria o bastante, agora que sua pequena luz se fora. A lareira apagada refletia seu estado: Vazio, esperando por uma chama quente que o reacendesse, mesmo sabendo que isso seria impossível. Ele precisava deixá-la. Ele estava sozinho. Para sempre.
Ele percorrera todo o caminho do riacho entre a mata que crescia calma e silenciosa. Não havia perigo ali. Ele estaria seguro, seria um bom lugar para descansar. No terceiro dia, ele se lavou, sem pressa, deixando o tempo e a água correrem, lembrando-se de todas as coisas boas que havia vivido, e aquilo servia como uma morfina para suas dores que não eram de longe físicas.
Fizera tudo que podia, mas não foi o bastante. Ele se perdeu em seu caminho, deixou-se ser corrompido alegando que fazia aquilo por tudo em que acreditava. Era mentira, ele percebera agora. Não adiantou nada. Se perdeu e não poderia se achar. Não mais. Mesmo que estivesse entre os outros, não poderia estar com eles.
A fina chuva estava sessando e os pássaros voltavam a cantar. Era hora de partir, ou então ele nunca mais iria embora. Se recusando a olhar para a fria cama, levantou-se e saiu andando pela porta aberta, vendo o sol aparecer timidamente entre as nuvens que se dissipavam. Exausto, deu seu primeiro passo para fora do casebre. Foi a primeira vez que ele chorou.
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Apesar de curto, acho que consegui transmitir tudo o que eu queria nesse texto. A forma que escrevi parece um pouco confusa e distorcida propositalmente, queria que sentissem a angústia de Zeek com essas indas e vindas que ocorrem a todo o momento.
Se gostaram, por favor, comentem! Me deem um feedback para que eu possa sempre melhorar, eu agradeço muito!
Obrigado por lerem!