Made of Stone escrita por littlefatpanda


Capítulo 33
EXTRA - Para sempre, inseparáveis - Pt. I


Notas iniciais do capítulo

Panditores do meu ♥, estou de volta!

FELIZ 2021, GENTE! YEY! VIVA!
Tava mais do que na hora, não é mesmo? A gente começou o ano já com notícia boa (eu sei que tem mt notícia ruim, gente, mas eu tô tentando ver o lado bom das coisas) sobre as vacinas (quem não sabe ainda, se atualizem! Brasil comprou milhões de vacinas coranavac pelo Butantan no início do ano, minha gente, e AGORA a primeira pessoa já foi vacinada merecidamente e o restante tudo vamo também. COMEÇOU ♥) e VAMO QUE VAMO!
A gente merece um ano bom, gente. A gente merece ser feliz um pouquinho. Ai. Desejo que tudo melhore pra gente ♥

Enfim, vamos ao que interessa.
Gente, perdoem essa pobre miserável que teve os únicos planos que fez na vida - eu não planejo nada pra minha vida, never - destruídos pelo corona e pela quarentena, e que passa 24/7 fazendo altos nadas e se culpando por fazer altos nadas 24/7? Please? (PS.: Eu acabei de checar e a última att de MOS foi em 20/06/2020 às 00h03, ou seja, se tudo der certo e eu conseguir corrigir e finalizar isso pra publicar no dia 20 como tá programado, serão 7 meses de hiato, me desculpem T.T)

Amo vocês e senti tanta, tanta, tanta falta disso tudo e de todos ♥

Eu voltei com TRIPLICATA, ok?
1) EXTRA FINAL - Parte 1
2) EXTRA FINAL - Parte 2
3) Próximo capítulo (Caleb's POV) - INÍCIO DA FASE 3

Para começar, aqui está: o EXTRA final, dividido em dois. Como eu tive essa chance de separá-los pra não ficar tão imenso, eu resolvi deixar para esta primeira parte o foco nos romances e para a segunda, o foco nas amizades mesmo.

Conversamos melhor lá embaixo. Espero que gostem!

AVISO IMPORTANTE: CAPÍTULO BEEEEEM +18.

Boa leitura! ♥



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A panelinha do ensino médio deixaria marcas para trás e carregariam, para sempre, memórias colegiais de suas aventuras. Isto não queria dizer que deixavam de ser um grupo, inclusive intitulado por eles próprios de panelinha universitária, apenas que seguiam caminhos um tanto diferentes. Embora, ainda assim, lado a lado.

Bom, alguns mais do que outros.

— Seus pais me amam — comentou Bruno, assim que adentraram no quarto de Jake. — Deve ser meu sangue latino.

Jake soltou um riso pelo nariz, largando a jaqueta na cama e tirando os calçados após terem voltado do mercado. Bruno mal havia posto os pés na casa de Jake quando os pais dele aproveitaram da visita para mandá-los buscar o que seria usado na janta, para que os dois voltassem do serviço sem precisar ir ao mercado. Isso só significava que estavam acostumados o suficiente com sua presença para tratá-lo como filho também. 

— Imagino o tanto mais que iriam me amar se soubessem que sou o pretendente do filho deles — continuou, como quem não quer nada, fingindo dar muita atenção para as paredes enfeitadas do Jake.

Jake parou o que fazia, evitando rir da falta de sutileza de Bruno.

— Pretendente? — questionou, com humor. — E eu aqui pensando que estávamos no século vinte e um... 

Bruno estalou a língua, se aproximando o suficiente para ficar de frente para ele. — Mesmo com um príncipe desses na sua frente? — retrucou, gargalhando em seguida do revirar dos olhos claros do garoto que admirava.

Bruno puxou-o pela cintura, estalando um beijo em sua bochecha, esperando por alguma resposta. Jake hesitou, sorrindo para os olhos de cachorro abandonado os quais lhe encaravam com antecipação.

— Seus pais já sabem? — optou por argumentar, arqueando uma das sobrancelhas.

Bruno deixou a cabeça cair para trás, sorrindo, ao se dar conta do contraponto certeiro. Se pensasse a respeito, suporia que sua família não fazia a menor ideia de que ele poderia ter algum tipo de relacionamento com o Jake que não fosse amizade. Neste quesito, ao menos, Jake estava um passo à frente, porque ao menos sobre sua sexualidade, seus pais sabiam.

E a verdade é que Bruno não fazia ideia de como revelar algo assim para a sua família. Estranhamente, não tinha um pingo de medo de que eles se recusassem a amá-lo se soubessem que gosta de caras também, mas esperava, sim, certo nível de preconceito.  

— Justo — respondeu, voltando a encará-lo, fazendo carinho em seu rosto. — Mas... Faz quatro meses que estamos juntos — revelou, contando a partir do beijo em sua festa. — Não acha que tá na hora de contar, ao menos, pros nossos amigos?

Jake estreitou os olhos, afastando o corpo o suficiente para dar um tapa no braço de Bruno, que arqueou as sobrancelhas com surpresa.

— Fingido! — acusou, estalando a língua. — Eu sei que você já contou ao Alex!

Bruno tentou esconder o sorriso, mas falhou, soltando um riso nervoso. — Não sei do que você tá falando — mentiu, sorrindo amarelo.

Jake cruzou os braços, balançando a cabeça.  

— Eu te conheço, Bruno.

Bruno riu, revirando os olhos em seguida antes de assentir, desistente.

— Tá bom — resmungou, mas perdeu um tanto do sorriso para continuar o que pensava: — Mas eu também conheço você. — Jake franziu o cenho, confuso. — Não contou ao Ben ainda, não é? — Viu-o desviar o olhar assim que a compreensão passou pelo seu rosto. Bruno suspirou. — Se importa se eu perguntar o porquê?

No fundo, Bruno nutria esse medo de que sua história com Jake houvesse sido apressada demais e que ele nunca tivera uma chance de superar o que sentia por Ben.

Jake negou, por fim, e Bruno pegou suas mãos nas dele, receoso.

— Ainda sente algo por ele?

Jake balançou a cabeça negativamente, com rapidez, procurando os olhos castanhos.

— Não — verbalizou, enfim, mas Bruno não parecia totalmente convencido. — Não desse jeito. Eu... — Suspirou, nervoso. — Já faz um ano, sabe? Um ano desde que ele me rejeitou. E recém agora que as coisas ‘tão voltando ao normal, bem quando eu e você... — Mordeu os lábios. — Eu só não sei como contar a ele... Ainda é estranho.

Bruno franziu o cenho, piscando algumas vezes, ao digerir a informação. Suspirou, soltando as mãos de Jake e sentando em sua cama, desanimado.

Jake o observou, confuso, até que ele se pronunciasse.  

— Nós? — perguntou o mexicano, inseguro.

— O quê?

Jake, perdido, repassou tudo o que disse antes que entendesse que Bruno se referia a sua última sentença. Arregalou os olhos, apressando-se em se aproximar de Bruno na cama e, de frente para ele, pegou suas mãos, como ele o fizera anteriormente.

— Não! — reforçou, verbalmente, ao balançar a cabeça. — Conversar com o Ben que é estranho — esclareceu, obtendo um par de olhos castanhos em si novamente. — Nossa amizade sempre foi diferente, com um amor platônico por trás, então a gente nunca falava sobre nenhum interesse amoroso nem nada do tipo. Nem eu nem ele. Sabe, pra evitar o óbvio — explicou, sem graça, ao se recordar dos detalhes de sua relação com Ben, que parecia ter ocorrido há séculos atrás. — E agora que eu tô apaixonado por você, não sei, é mais estranho ainda começar uma conversa a respeito.

Céus!, sequer conseguia imaginar.

Era tão estranho pensar que passara a vida toda fantasiando que a única conversa sobre enlaces amorosos que teria com Ben seria quando se declarasse ou quando Ben se declarasse para ele. E agora, toda aquela paixão se desvanecera, como se houvesse sido um encantamento por magia desde o princípio. 

Ou, bem, uma ilusão de criança carente.

Pela primeira vez, entendia o que era paixão de verdade, e não era nada parecida com a que pensava sentir por Ben. Quando pensava a respeito, apenas o Bruno vinha à sua mente. Então, Jake pensava ser normal que ainda se sentisse estranho ao iniciar uma conversa a respeito disto com o Ben, dentre todas as pessoas do mundo.

Quando voltou a focar os olhos em Bruno, franziu o cenho, estranhando a expressão desacreditada que vislumbrara.

— O quê?

Bruno estava de boca aberta, encarando-o de baixo com deslumbre e um indício de sorriso. Jake se sentiu estranhamente desnudo sob o olhar castanho.

— Você tá apaixonado por mim?

Jake alargou os olhos, dando-se conta da proeza que acabara de cometer. 

Não era mentira, mas não houvera planejado contar dessa forma, por acidente. Às vezes sentia-se tão à vontade com Bruno que a amizade que tinha com ele se mesclava totalmente com sua relação amorosa. Justamente em um momento desses que acabara cometendo o deslize de se declarar dessa forma.

Sentiu todo o sangue do corpo subir para seu rosto e desviou o olhar, o embaraço tomando conta inclusive de sua linha de pensamento, porque sua mente ficou em branco.

— Jake... — chamou, o júbilo escapando por seu tom de voz. — Você tá? — questionou, remexendo-se no lugar, apertando as mãos que ainda estavam enlaçadas nas suas. — Você tá mesmo? Mesmomesmo? — especificou, inseguro, e Jake lhe encarou pelo canto do olho. — Não foi algo da boca pra fora, que você se confundiu por causa de tudo o que...

Jake tapou sua boca com a mão, interrompendo o restante das baboseiras que ele diria.

— Shh, Bruno — pediu, aproximando o rosto do dele. Colou a testa na dele, os olhos azuis presos nos castanhos. — Eu não tô confuso — sussurrou. 

Bruno puxou a mão de sua boca e a segurou, afastando um tanto o rosto, desacreditado, para encarar-lhe melhor. Com os lábios desocupados, podia-se notar que as comissuras de sua boca estavam teimando em subir. 

— Tem certeza? — questionou, no entanto, antes que Jake suspirasse. — Porque sabe, tudo bem se você tiver, eu não vou ficar chateado — garantiu, tentando dar o maior apoio do mundo. — Bom, talvez um pouco — admitiu, com uma careta —, mas eu vou entender, porque...

— Bruno?

Jake sorria, nervoso por ambos, ao encará-lo com interrogação.

Bruno mordeu os lábios. Na realidade, sequer entendia o porquê de estar tão nervoso e o porquê da insegurança bater em sua porta justo naquele momento, mas Jake era a primeira pessoa por quem se apaixonara e tinha medo de estabelecer este fato se não fosse totalmente recíproco.

Deu-se conta, então, de que não houvera estabelecido nada.

Piscou algumas vezes, agitado com o olhar cristalino por sobre si.

— Eu sou apaixonado por você também — sussurrou, enfim, com carinho. — Você... Você sabe né? — questionou, porque para ele, o que sentia por Jake era espalhafatoso demais para passar desapercebido. Toda vez em que o via, se transformava em um repleto abestalhado. — Desde antes da gente ficar junto, desde que a gente se aproximou.

Jake arqueou as sobrancelhas, piscando com surpresa.

— É?

Jake estava duplamente chocado.

Nunca imaginou que ouviria isso de alguém, nem mesmo de Ben. Gostava de se iludir ao imaginá-lo se declarando, mas nunca considerou que, de fato, isso ocorreria. Quanto ao Bruno, menos ainda. Quer dizer, todos os sinais haviam estado ali, há tempos, mas Jake ainda assim era descrente de que seus sentimentos pudessem ser retribuídos. Ainda mais, quando os sentimentos eram tão fortes assim.

O segundo choque veio da linha que Bruno cruzou com o tempo. Como assim ele estava apaixonado por Jake desde que se aproximaram?

Bruno soltou um riso pelo nariz.

— É claro que é — disse, simplesmente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Você me beijou na sua festa e desde então eu venho te seguindo por aí feito um cachorrinho — admitiu, envergonhado. — É... É ridículo! Eu sou ridículo — esclareceu, apontando para si mesmo com humor.

Jake riu, acanhado.

Não saberia apontar em que momento começou a cair por Bruno, mas sabia que no dia em que fora consolado por ele e sua família quando rejeitado por Ben já havia algo ali, entre eles.

— Se você é, eu também sou — murmurou, levando uma mão à nuca de Bruno, fazendo carinho em seus cabelos.

Talvez Jake ainda estivesse dormente demais quanto a relação que eles estavam estabelecendo e suas declarações, mas tinha certeza de que, assim que estivesse sozinho em seu quarto, repassando os acontecimentos daquele dia, teria a necessidade patológica de afundar o rosto no travesseiro e gritar para evitar um ataque cardíaco.

Pensava nisso quando puxou Bruno para um beijo, selando seus lábios antes que ele dissesse mais alguma coisa, inspirando o aroma de orquídeas já tão perfeitamente familiar. 

Os lábios deslizavam entre si em um movimento apaixonado quando Jake sentiu-o sorrir em seu beijo. Afastou-se minimamente, sorrindo também, ao se deparar com um riso nervoso.

Jake arqueeou as sobrancelhas, esperando por alguma explicação.

— Você tá mesmo apaixonado por mim? — desembuchou Bruno, inseguro, embora sorrisse com regojizo. — Tipo, de verdade? De certeza?

Jake sorriu, sentindo-se um tanto envergonhado pelo fato de Bruno estar envergonhado, porque isso só reforçava o quão mútuo era o sentimento que sentia por ele. 

— De certeza absoluta, mexicano — optou por responder, mordendo os lábios em seguida.

Bruno abriu um sorrisão bobo.

— É?

O murmúrio envergonhado bastou para que um pensamento curioso cruzasse a mente de Jake, que uniu as sobrancelhas em confusão. Analisou-o bem antes de pensar em verbalizar o que iria, incerto sobre querer, de fato, saber a resposta. 

— Bruno, você... — Remexeu-se no lugar, vendo-o arquear as grossas sobrancelhas. — Você nunca ouviu isso antes? 

Percebeu quando o rosto avermelhou pela vergonha quanto ao questionamento, soltando um riso nervoso e fazendo uma careta ao desviar o olhar castanho. Encolheu-se levemente antes de focar os olhos nos azuis e responder um amuado: — Não.

Aquilo pareceu aquecer o coração já aquecido de Jake, que não conseguia acreditar que aquilo estivesse acontecendo.

Quero dizer, Bruno era tão perfeito que não sabia como era possível que ninguém jamais tivesse se declarado a ele. Pensava que, se assim fosse, era porque as pessoas que foram apaixonadas por ele não tiveram coragem de se confessar, e não porque nunca sentiram isto por ele. Aliás, se pensasse bem, não tinha certeza se ele próprio teria se encorajado para declarar-se a ele caso não houvesse sido uma declaração acidental.

Por outro lado, sentia a reciprocidade bater em seu peito com tanto esmero que se perguntou se aquilo era mesmo possível. Sempre esteve acostumado com problemas, complicações, conflitos e dores.

Como era possível que algo fosse tão leve e tão gostoso de sentir? E tão recíproco?

Se fosse completamente sincero consigo mesmo, admitiria que levaria bem mais tempo para processar a reciprocidade de Bruno do que fazia sentir. Ainda não acreditava por completo. 

— Eu também não — admitiu, também, ao encolher-se de forma semelhante a Bruno, como um reflexo.

Bruno mordeu os lábios, os olhos encantados quando alguma ideia passou por eles. Então, verbalizou: — Mas... — Pigarreou, envergonhado, embora também parecesse extasiado pelo fato. — Eu também nunca disse.

Jake sentiu a vontade de se juntar ao chão ao lembrar que se declarara para o Ben um ano antes, mas não era com isto que Bruno parecia preocupado: — Desculpa se não foi perfeito. É que... Eu não tava planejando me declarar hoje e se eu tivesse, eu teria preparado algo, de verdade, e eu teria...

Um sorriso começou a se abrir no rosto de Bruno e atingiu os olhos castanhos, quando interrompeu seu futuro namorado.

— Tá brincando? — pergunta, soltando um riso alegre. Jake franze o cenho, em confusão. — Foi perfeito. — Pegou sua mão com carinho. — Eu também não planejei nada, mas isto é perfeito — reforça, a voz tomada de carinho. — Você é perfeito. 

Jake engoliu em seco, sem palavras, embora as batidas aceleradas e emocionadas do seu coração parecessem querer responder ao Bruno por conta própria. 

Queria dizer que não havia nada de perfeito sobre si próprio, que não entendia o porquê de Bruno sentir o mesmo que ele, que ele só podia estar mal da cabeça. Só que bastava um olhar tomado de amor por parte dele, um par de palavras soltas por aquela voz magnífica, um toque afável, e todas as inseguranças pareciam se esvair.

Sentia-se digno e merecedor de amor sob os olhos encantados do seu mexicano preferido.

Bruno não precisou de uma resposta, fechando o espaço entre eles ao beijá-lo outra vez, ação que tornara-se corriqueira nos últimos quatro meses. Jake o correspondeu de imediato, na ânsia por querer também, demonstrar um pouco do que suas palavras falharam em verbalizar.

Suspirou contra os seus lábios, o seu familiar cheiro invadindo seu olfato, seu espaço, seus pensamentos.

Bruno o abraçou, grudando o corpo no dele ao retribuir com similar vontade. Abriu os lábios para que suas línguas se encontrassem e suspirou contra sua boca assim que o fizeram. Abriu os olhos rapidamente apenas para girar o corpo e jogar Jake na cama, pegando-o de surpresa de forma que o fez rir, antes de subir em cima de seu corpo e tornar a beijá-lo. Deixou que seu corpo encaixasse-se no de Jake, apenas os braços o impedindo de soltar todo o seu peso em cima dele.

Jake levou as mãos ao seu rosto, segurando-o com amabilidade ao beijá-lo, o que acabou amansando Bruno por completo. O mexicano sorriu, afastando o rosto o suficiente para olhá-lo com fascínio, encantado de ver o mesmo sentimento estampado nos olhos claros que lhe contemplavam de volta.

Uniram os sorrisos ao fecharem os olhos, permitindo que os lábios deslizassem com mais envoltura, por tempo suficiente para que Jake separasse suas pernas afim de que Bruno se encaixasse entre elas. Ao passo que as mãos de Jake encontravam a bainha da camisa alheia, Bruno desviava os lábios para o rosto, mandíbula e pescoço de Jake.

Assim que Jake conseguiu passar a camiseta pelos cabelos de Bruno, os dois moveram-se na cama, impulsionados por Bruno, para que mudassem de posição.

Sentado em cima do garoto latino, Jake mordeu os lábios com vergonha sob os olhos apaixonados que lhe admiravam de baixo. Aquela ação já era estranhamente corriqueira, mas Jake ainda pensava que jamais se acostumaria.

Bruno o beliscou na cintura para fazê-lo rir, relaxando-o o suficiente para que se sentisse à vontade para beijá-lo uma vez mais. Jake assentiu com um sorriso quando Bruno levou às mãos para a bainha de sua camisa, concedendo-lhe a permissão, ao sentir sua pele alva arrepiar com o contato.

Sequer importou-se com as luzes acesas e a porta destravada, porque existiam apenas os dois naquele momento.

+

As mãos grandes puxaram sua blusa a fim de jogá-la no outro lado do quarto com agilidade, gesto apreciado pela garota sentada em seu colo.

Lucy retribuiu ao beijá-lo com fervor, buscando seu corpo para que se sentasse também, unindo o peito dele, também desnudo, ao seu. Sentiu quando as mãos grandes envolveram seus seios, um tanto deslumbrado que ela não usasse sutiã algum por debaixo da blusa que fora arremessada longe.

A respiração entrecortada apenas aumentava de volume e de velocidade ao passo que Ben descia os lábios para o seu pescoço, deslizando a língua por sobre a pele com envoltura. Sorriu quando a loira agarrou os seus cabelos e conduziu os lábios para que descessem a atenção para a outra parte de seu corpo.

Ben soltou um riso antes de abraçá-la com mais força, descendo os lábios para que chegassem aos seios da namorada, tomando o mamilo de um destes para a devida atenção de sua língua.

Lucy apertou-o ainda mais contra ela, gemendo com mais vontade, desta vez, ao rebolar o corpo em seu colo. Podia senti-lo rígido no seu traseiro, o que apenas a estimulou a querer unir-se a ele ainda mais, o roçar mais acelerado dos corpos fazendo com que Ben gemesse em resposta.

Ele tornou a buscar por seus lábios, unindo-os com mais brusquidão do que a anterior, obtendo um resmungo da parte dela como aprovação pela brutalidade sensual. Os lábios deslizavam quase com fúria, as línguas unidas com vitalidade.

Incomodado com os tecidos que separavam os dois corpos, Ben arrastou-se para a beirada da cama, ainda grudado em Lucy, e levantou-se com ela em seu colo, as pernas em torno de seu corpo. Jogou-a, sem muita delicadeza, na sua mesa de estudos, obtendo um sorriso obsceno por parte dela. Sorriu também, malicioso, ao observar os olhos azuis tomados de desejo ao olhá-lo dos pés à cabeça.

Aproveitou do momento para, sem quebrar o contato visual, despir-se de sua calça em frente a ela e, em seguida, de sua cueca.

— Benhur — murmurou ela, a voz rouca pelo fervor, quando ele tomou tempo excessivo para encará-la —, você está esperando o quê?

Ele sorriu de canto, fechando a distância entre eles com uma lentidão memorável, até encaixar-se entre suas pernas abertas. Fechou os olhos quando ela o tocou, intimamente, sem qualquer aviso prévio, prendendo a respiração.

Deslizou, então, sua mão da perna esbelta de Lucy até seu tronco. Roçou, quase sem encostá-la, em seu mamilo enrubescido, sentindo-a tremer pelo toque, até alcançar seu pescoço. Fechou a mão ali, ao passo que a sentia fechar a mão em torno de sua ereção. 

— Para comer você?

Lucy gemeu e ele sorriu, antes dela fazer o mesmo.

— Sim — choramingou. 

— Estou esperando você implorar. 

Obteve mais um gemido em resposta, ao passo que ela levava as mãos para os quadris de Ben, puxando-o ao seu encontro. Lucy houvera, inclusive, esquecido que ainda vestia a bermuda e a calcinha, a impedindo de senti-lo pulsar contra seu corpo por completo.

Ben soltou um riso, que sapecou os lábios dela, antes de deslizar a língua sobre eles em um movimento erótico.

— Benhur...

E ele não precisou ouvir mais nada.

Da mesma forma que a jogou na mesa, a juntou do mesmo local, sentindo-a circular as pernas em seu entorno uma segunda vez antes de deitá-la, novamente, na cama. Levou as mãos ágeis às bainhas das peças de roupa que restavam na garota à sua frente e as arrancou, com pressa, de seu corpo. Com a mesma impaciência, pegou o pacote de camisinha da mesma mesa de estudos na qual ela lhe implorava por mais dele. 

Antes de se deitar por sobre ela, viu quando Lucy abriu as pernas obscenamente e sorriu, pecaminosa, para ele.

Ben não sabia o que havia feito para merecer aquela mulher maravilhosa na sua cama, mas não iria perder um segundo ponderando sobre os motivos que a trouxeram, perfeita do jeito que era, para ele. Tampouco esperara mais um segundo antes de conceder ao pedido silencioso, fechando o espaço entre os dois. 

+

Não havia espaço sequer entre as duas.

Cada pedaço de pele possível unido ao da outra, ao passo que friccionavam os corpos com o intuito irracional de unirem-se por completo.

As línguas deslizavam uma na outra com ânsia, embora fossem pacientes, cada movimento era um manjar sensual que fazia os corpos arderem um pouco mais. As mãos perpassavam por cada centímetro do corpo da outra, como se nenhum toque fosse o suficiente.

Mia afastou-se ligeiramente para subir no corpo da namorada, posicionando sua perna entre as dela de forma que também ficasse com a dela entre as suas. Ouviu-a gemer contra os seus lábios quando a posição favoreceu o prazer de Faye, que agarrou-lhe o traseiro para puxá-la mais para perto de si.

— Acertei? — questionou, em um murmúrio, apesar de já saber a resposta positiva devido aos resmungos agradados dela.

— Feito uma deusa — respondeu Faye, entre suspiros, arrancando um sorriso dela.

Mia ergueu o corpo de forma que ficasse confortável o suficiente para movimentar-se lentamente, friccionada em Faye. Ouviu um gemido mais lamurioso quando forçou a perna contra a região molhada de Faye, rebolando em cima de seu corpo majestoso.

Faye posicionou ambas as mãos nos quadris largos da namorada, ajudando-a a movimentar-se em cima de si. Mia resmungou em resposta, também agradada, antes de tomar os seios de Faye em suas mãos com gosto, brincando com eles do processo. Observou-a revirar os olhos verdes nas órbitas, a boca - inchada pela prévia de beijos incansáveis - aberta ao suspirar prazerosamente, com os cabelos negros espalhados na cama.

Faye era uma obra de arte.

Viu-a entreabrir os olhos, observando-a com atenção, antes que Faye interrompesse os movimentos cruelmente lentos da namorada. Manuseou Mia de tal forma que caísse ao lado da cama com delicadeza, e sorriu ao tomar os lábios que sempre lhe sorriam, com os seus.

Faye abriu-lhe as pernas, sem tirar os olhos dos seus, e tomou sua intimidade com os dedos ao deslizá-los pela pele já sensível. Perpassou a língua por sobre os lábios entreabertos de Mia, fervorosa ao ouvi-la gemer, antes de brincar com ela.

— Faye... — lamuria, pedinte. — Não maltrata — pede, referindo-se aos dedos que mal tocavam sua vulva.

Faye sorriu, maldosa, antes de pressioná-la com fervor. Mia choramingou ao fechar os olhos, satisfeita, sob os olhos atentos de Faye, que sentia o corpo esquentar ainda mais ao observá-la erguer o corpo de encontro à sua mão. 

Mia tateou o corpo da namorada até que encontrasse sua intimidade e sorriu largo, mesmo com os olhos cerrados, ao senti-la demasiadamente molhada contra os dedos. Faye tomou seu sorriso em mais um beijo lentamente torturante, grudando o corpo inteiro no seu pela vigésima vez.

Testa com testa, as mãos faziam o trabalho por elas, os seios se roçando e as línguas movimentando-se, uma contra a outra. Por ora, pareciam esquecer de como se beija, afastando-se quando os gemidos tornavam-se mais altos, os corpos contorcendo-se de prazer.

Encaravam-se, cúmplices, com paixão.

Os cabelos já estavam molhados pelo suor, a franja de Faye grudada em sua testa quando ela já não tinha mais forças para retribuir a mesma atenção da namorada. Mia aproveitou o momento para afastar a mão da gótica de si ao mesmo tempo em que se ajeitou na cama para intensificar os movimentos no corpo que já se contorcia com o prazer.

Havia algo de extremamente erótico em senti-la gemer ruidosamente contra os seus lábios ao passo que a masturbava com fervor. Mia sabia o que viria a seguir, e quando as lamúrias aumentaram assim que seus dedos deslizaram para dentro de Faye, permitiu-se sorrir mais vez.

Jamais se cansaria disto.

+

Cansado de ver Jake se contorcer contra os seus dedos com aquela expressão sensual sem poder penetrá-lo, deslizou-os para fora, obtendo um resmungo protestante ao fazê-lo.

Bruno sequer deu tempo para que Jake, extasiado ao vislumbrá-lo pela penumbra dos olhos, captasse muito de quando rasgou o pacote de camisinha e deslizou-a pela sua ereção com jeito. Segundos depois, estava novamente inclinado por sobre o corpo de Jake, desta vez, para roubar-lhe os lábios em mais um beijo arrebatado.

Jake, retomando os sentidos, tomou controle da situação ao empurrá-lo delicadamente para trás, deitando-o na cama. Subiu em cima do corpo moreno, como Bruno sempre o incentivou a fazer no início, para que controlasse o quanto seria invadido por ele.

Bruno deixou escapar um gemido antes mesmo de penetrá-lo, apenas com a visão magnífica que tinha de baixo do rapaz por quem estava completamente apaixonado.

Jake sentou com maestria, ainda lubrificado pelos dedos que lhe invadiram por minutos prazerosos antes que pudesse sentir Bruno por completo dentro de si. Suspirou, sentindo-o apertar suas coxas com força desmedida e mordeu os lábios para que o gemido não escapasse com tanto volume. De fato, funcionou por apenas meio minuto, até que Bruno levasse a mão à sua ereção e a massageasse com o intuito de ouvir o gemido reprimido.

Desta vez, ecoou pelo quarto.

— Bruno... — choramingou, em seguida, no que esperava ser uma reprimenda que falhara miseravelmente.

Bruno sentiu o corpo inteiro tremer em resposta à lamúria do garoto que se movia contra seus quadris. 

— O quê, meu bem? — perguntou, a voz rouca, quando apertou Jake mais uma vez contra sua mão, sentindo-o contorcer-se com volúpia.

Céus, pensara ele, sem conseguir verbalizar. Não conseguia pensar em nada que não fosse sensual vindo de Bruno, porque até a sua voz parecia ter o melhor dos efeitos eróticos do mundo.

O corpo inteiro respondia a ele, à sua voz, ao seu toque, ao seu corpo.

Aquilo apenas o fizera intensificar os movimentos acima do mexicano, subindo e descendo, saindo e entrando, com mais vontade, ao passo que Bruno lhe tocava cada extensão de pele que podia enxergar. As mãos já não apenas massageavam sua intimidade, como lhe agarravam o traseiro, deslizavam por suas costas, por suas coxas, pelo seu peito, lhe beliscavam os mamilos.

Jake entreabriu os lábios quando a mão que deslizara pelo seu peito alcançou sua boca, e deixou os dedos intrometidos ali adentrarem, recebidos por sua língua. O ato o fez abrir os olhos a tempo de ver Bruno deliciar-se com a visão, os olhos castanhos brilhando com algo pecaminoso que fez seu corpo queimar.

Deixou-se cair para frente, hipnotizado pelos olhos escuros, até que tivesse a boca grudada na dele. Bruno aproveitou o beijo para puxar Jake até que estivesse com o tronco descansado no seu, para que pudesse acelerar os movimentos cansados de Jake com os seus.

Com as duas mãos, segurou-lhe o quadril onde estava e aprofundou o beijo para que os gemidos, que recomeçaram em maior escala quando começou a penetrá-lo em seu ritmo, não escapassem para fora do quarto. Entrou mais fundo do que Jake o fizera possível, descansado por ele ter feito todo o trabalho até o momento, e pôde ter o deleite de senti-lo lamuriar com gana contra os seus lábios.

Os olhos azuis lhe encaravam de volta em completa rendição e Bruno parecia lhe desafiar para que o olhar se mantivesse firme por mais tempo. No entanto, o corpo delgado o qual maltratava com vontade começara a contorcer-se e a oscilar, ao passo que os olhos claros reviravam nas órbitas e o gemido escapasse por entre a união de seus lábios.

Bruno sentiu-o gozar contra o seu abdômen e sorriu com triunfo contra seus lábios, traquineiro, antes de diminuir a velocidade dos movimentos a fim de lhe dar uma trégua.

Jake deixou o rosto cair na volta de seu pescoço, o corpo trêmulo, a respiração pesada, o coração latente batendo tão forte que Bruno podia senti-lo na pele. O mexicano afagou-lhe as costas, sem sair de dentro dele, além de deixar beijos por sobre seu ombro e pescoço. 

— Já cansou, príncipe azul? — perguntou, divertido, ao afagar-lhe os cabelos castanhos. 

Jake deu um tapa em seu ombro, como resposta, ainda feito um peso morto em cima do corpo de Bruno. Ele riu em resposta.

— Eu sou sedentário — resmunga, contra seu pescoço, e Bruno solta um riso. — Você sempre acaba comi...

Sua fala foi transformada em um gemido quando Bruno mexeu-se, sem querer, dentro de si. Ainda podia senti-lo pulsar e, por mais exausto que estivesse, seu corpo sempre respondia ao de Bruno.

— Hum? — questionou ele, gracioso, ao vê-lo gemer mais uma vez quando começou a sair de dentro de seu corpo.

Jake choramingou quando o sentiu sair por completo. No entanto, não teve um segundo de descanso, visto que Bruno trocou as posições, deitando seu corpo na região ao lado e subindo em cima de si. 

Jake tinha o rosto inteiro vermelho, bem como o pescoço e parte do peito. Os cabelos molhados, parte do abdômen lambuzada e os lábios inchados de seus beijos.

Bruno queria gravá-lo toda vez que o via assim. Lambeu-lhe os lábios, com um gesto lento, vendo-o revirar os olhos novamente para o ato. Abriu-os, com a boca entreaberta, e Bruno pôde ver que ele já cedera antes mesmo de que pedisse:

— Só mais um pouquinho — pediu, a voz rouca, ao beijá-lo lentamente mais uma vez.

Jake assentiu, os dedos deslizando pelo peito de Bruno até alcançarem a base de seu quadril, tão de leve que o fez contorcer-se com prazer com o ato.

— Só mais um pouquinho — concordou, com um sussurro, ao puxá-lo para mais um beijo.  

Bruno aproveitou para trocar a camisinha e penetrá-lo outra vez. Sentia dó pelo estado esgotado de seu amado, mas ele não pareceu querer protestar quando o agarrou pelas nádegas e o forçou para dentro de seu corpo sem pudor. 

Gemeu e tornou a movimentar-se, com tanta gana quanto Jake parecia exigir. Sentiu-o arranhar-lhe as costas e deslizar a língua pela área sensível de seu pescoço, como uma especial vingança por havê-lo desestabilizado antes.

Bruno sorriu para o ato, não parecendo importar-se.

+

As unhas cravaram-se em suas costas de maneira dolorosa, o que fizera com que Ben a penetrasse com mais força.

Lucy agarrou-lhe os ombros para que se sustentasse, ao passo que perdia as forças devido ao prazer que pulsava por todo o seu corpo. Cravou os dentes na pele de seu ombro, ouvindo-o gemer mais alto com o ato, sentindo-o vacilar nos movimentos por um instante. Sorria contra sua pele quando sentiu outra estocada, desestabilizando-a.

Ben sorriu quando a viu soltar-lhe, e puxou-lhe os cabelos loiros emaranhados, obtendo um sorriso obsceno em resposta.

Os lábios estavam mais avermelhados que o normal, os cabelos em uma bagunça erótica e os olhos cor de oceano o encaravam com profundo deslumbre e desafio. Estava suada, acabada mas ainda a sentia pulsar contra sua ereção com lascívia, sempre querendo mais. 

Ben suavizou seus movimentos, soltando-lhe os cabelos para colar a testa na dela, os olhos castanhos prendendo os olhos azuis com tanto sentimento quanto esperou que pudesse demonstrar. Colou o peito no dela por completo, ajeitando-se de maneira que não houvesse sequer um espaço separado entre os dois.

Sorriu quando ela se ajustou ao seu ritmo, levando as mãos às costas maltratadas, desta vez, para deslizar os dedos finos pela região com tanta suavidade que o fez arrepiar dos pés à cabeça. 

Lucy e ele sempre encontravam o ritmo perfeito.

Forçou-se contra ela repetidamente, beijando-lhe os lábios inchados, ouvindo-a gemer junto dele, quando sentia o corpo começar a adormecer ao passo que uma região bem específica fazia o contrário disto. Fechou os olhos quando sentiu a máxima de prazer atingi-lo e gozou, agarrado nela, ao passo que soltava um último grunhido.  

Sentiu os dedos de Lucy acariciarem seu cabelo úmido pelo suor quando seu corpo desfaleceu em cima dela, e ouviu o risinho em seu ouvido como se agraciada por presenciá-lo no ápice mais uma vez.

Ben forçou-se a usar o restante de sua força para sair de dentro dela com cuidado, retirar a camisinha, dar um nó nesta e jogá-la na lata de lixo ao lado da cama. Voltou para a mesma posição em seguida, deixando outro grunhido ao deixar o corpo cair em cima do dela mais uma vez. Ouviu um resmungo em resposta, mas ela não protestou para que saísse de cima.

— Eu te amo — sussurrou ela, depois de alguns segundos em silêncio, no seu ouvido, fazendo-o virar o rosto minimamente a ponto de enxergá-la.

O coração aqueceu, como o fazia desde a primeira vez que ouviu aquelas palavras, e sentiu como se toda vez ocorreria o mesmo. Ben fechou os olhos, querendo não ser patético o suficiente para chorar após o sexo e, como se ela pudesse ler seus pensamentos, deixou mais um riso escapar ao observá-lo quando lhe acariciava o rosto. 

 — Eu te amo também — murmurou de volta, abraçando-a com mais força ao afundar o rosto em seu pescoço para não abrir os olhos.

Talvez ainda demorasse para que aprendesse por completo a se deixar ser amado e se deixar ser merecedor deste amor, mas sabia conhecê-la o suficiente para ter certeza de que era verdade.

Cada gesto de amor dedicados a ele eram genuínos.

Lucy o amava tanto quanto ele a amava.

Apesar de toda a selvageria descoberta no sexo e a intensidade desmedida quando transavam, completamente mútuos, eles eram bem diferentes no restante da relação.

Lucy ainda era durona e exigente, mas desde que percebeu que Ben não retrocederia em sua declaração, em seu amor, em seu compromisso para com ela, ousou baixar a guarda perto dele. Ele também assim o fez, seguindo o conselho que sua segunda mãezinha lhe ofereceu, ainda surpreso por descobrir que havia mais amor neste mundo para receber que não proviesse apenas da Dona Martha ou do Jake.

Ben beijou-lhe o pescoço mais uma vez, ajeitando-se a ponto de que seu corpo estivesse completamente virado para o dela. Levou a mão ao seu pescoço, fazendo carinho na região maltratada anteriormente, e optou por descer os dedos pelo peito da loira.

Sentiu-a estremecer pelo toque leve e presenciou, tão de perto, quando sua pele arrepiou por inteiro. Sorriu, deslizando os dedos pelo mamilo enrijecido, ouvindo-a suspirar contra os seus cabelos.

— O que tá fazendo, Benhur? — questionou, com um tom brincalhão na voz.

Ben sorriu, erguendo o corpo o suficiente para que tomasse um de seus seios com os lábios, ouvindo-a gemer tão lindamente logo após falar, tão lindamente, o seu nome. Sugou-lhe o mamilo e brincou com a língua ao passo que massageava ambos os seios, vendo-a gemer baixinho.

Em seguida, desceu os lábios para sua barriga, deixando um rastro de saliva até que pudesse se encaixar entre suas pernas. Viu-a observá-lo de cima, os olhos azuis escurecidos pelo furor presos nos dele, antes de sorrir de canto.

— É a sua vez — explicou, brevemente, antes de tomá-la com a boca.

+

Faye aumentou a velocidade em que a penetrava com os dedos, sorrindo com deleite para a forma como Mia contorcia-se na cama e para os sons sensuais que deixava escapar por entre os lábios perfeitos.

Sem retirar os dedos de dentro dela, resvalou sua língua por toda a extensão da vulva molhada, sentindo seu corpo tremer pelo contato inesperado e abrir as pernas ainda mais em resposta. Passou a língua pelos próprios lábios, em seguida, sentindo o gosto da namorada quando a viu apreciá-la de cima com a respiração entrecortada. 

Mia já era maravilhosa vestida em roupas. Sem elas, então, era uma deusa. Gemendo e contorcendo-se por causa de Faye, era a sereia perfeita que tanto a acusava de ser.

Tornou a penetrá-la com lentidão, desta vez, tomando sua intimidade com a boca com arroubo. Lambeu-a, sugou-a e maltratou-a antes que sua língua testasse os movimentos corretos que a acendiam de vez, vendo-a aprovar cada ação com o rebolar dos quadris. Começou a penetrá-la com mais vigor, sentindo-a pulsar contra os seus dedos, ao passo que a sentia entumescer contra sua língua.

Faye retirou os dedos de dentro dela, obtendo um choramingo como resposta, antes de ajeitar-se perfeitamente entre suas pernas ao firmar as mãos em ambas suas coxas. Olhou-a de baixo, encontrando com os olhos castanhos cheios de desejo em antecipação, antes que tornasse sua atenção para a bagunça molhada que a esperava.

Mia estendeu as mãos até que alcançasse os cabelos tingidos de Faye e os puxou com delicadeza, erguendo o quadril para que ela tivesse ainda mais acesso ao seu corpo. Ela já tremia dos pés à cabeça, sentia-se pulsar cada vez mais forte e a visão de Faye deliciada entre suas pernas apenas ajudava sua pele a querer entrar em ebulição.

Quando o vai e vem de sua língua iniciou movimentos contínuos e perfeitos e sentia que iria explodir, foi pega de surpresa com as mãos que subiram de suas coxas para o seu peito. Arqueou o corpo quando as sentiu agarrem-lhe os seios e foi o que bastou para que se explodisse em milhões de pedaços. 

Sob os escuros olhos verdes, gozou com fervor, sentindo o corpo contorcer-se até que já não pudesse mais sentir o contato da boca magnífica de Faye contra si. 

Satisfeita que ambas tivessem chegado aos devidos orgasmos, Faye subiu pelo seu corpo desfalecido, deixando beijos por sua barriga, peito, seios e pescoço até que alcançasse sua boca. Beijou-a sem pressa, fazendo com que sentisse o próprio gosto, antes de deitar ao seu lado e abraçá-la com carinho. 

— Nem acredito que estamos aqui agora — comenta Faye, extasiada, ao olhar ao redor.

O quarto ainda estava tomado de caixas fechadas, algumas abertas em puro caos e pouca coisa realmente ajeitada em seus devidos lugares. Já fazia quase um mês que haviam alugado um apartamento juntas e dali a mais um mês, completariam um ano de namoro.

Tudo bem que o apartamento fosse minúsculo e sequer contivesse um elevador no edifício, e que talvez não tenha sido a melhor ideia do mundo morar junto da namorada sem sequer terem completado um ano e, ainda, que talvez fosse um erro morar juntas logo quando iriam começar a faculdade. Mas isso eram apenas detalhes, comparados a felicidade que dividiam juntas. 

Mia era tão perfeita para Faye, que cogitava se seria possível algum cenário em que estarem juntas não daria certo. Nunca teve tanta certeza de algo na vida quanto isto. 

Mia, mais relaxada, deixa um beijo rápido em sua bochecha. — Recém caiu a ficha, é? 

— Sim — confirma, abraçando-a com mais vontade ao roubar mais beijos. — Bom, talvez ainda não — admite, sorrindo largo. — A gente tá morando junto, sereia.

Mia sorri, fazendo carinho em seu rosto.

— A gente tá morando junto, minha deusa — repete, em um sussurro admirado.

Faye ri, sentindo júbilo. — Meu deus, Mia — fala, agarrando sua cintura e grudando o corpo no seu —, eu vou te deixar tão exausta!

Mia mordeu os lábios, olhando-a de cima abaixo, antes de focar os olhos castanhos nos verdes outra vez.

— Eu sei — garante, sorridente.

Mais tarde, estariam as duas vestidas com camisetas largas, comendo pedaços de pizza ao rirem de besteiras, sentadas na pequena e minúscula varanda que marcava o começo de uma etapa bonita em suas vidas.

Em lados opostos da varanda, com opostas personalidades e opostas vidas, encaravam-se com semelhante amor ao soltarem risos de semelhantes tons de felicidade. 

*

 — Em, eu nem sei como agradecer. 

Emily seguia na frente, depois de haver saído da casa da família do Matt, em direção ao pequeno pátio dianteiro. Matt a seguia logo atrás, em um misto de agradecimento e vergonha pelo ocorrido. 

Ocupado equilibrando os dois empregos ao longo de seus dias, Matt demorou para conseguir encaixar seus horários com os de Emily, também enroscada com as atividades da faculdade. Quando finalmente saíram para pôr o papo em dia, depois de mais de quase dois meses sem estarem em contato, Matt teve que se dirigir à casa da mãe às pressas. 

Sua irmã estava tendo uma crise após uma quebra da rotina não planejada e a mãe chamou Matt, que estava há alguns dias sem ver Aurora, para ver se isto a acalmava. Não poder ver a professora na data marcada durante as férias, por um imprevisto da mesma, não pôde ser evitado ou consertado de imediato e, como consequência, tampouco sua crise. 

Emily acompanhou Matt à sua casa após recém haverem se encontrado e esperou, por mais de horas, até que Aurora se acalmasse por completo. No entanto, percebera que Matt, desde antes da ligação de sua mãe, estava um tanto estressado e sobrecarregado. Depois, mais ainda. 

— Não tem o que me agradecer, Matt — fala, com carinho. — Isso não foi nada. 

Matt passa a mão no rosto, cansado, antes de forçar um sorriso. — Para mim, significou muito. — Então, o perdeu por completo. — Me desculpa. 

Emily negou rapidamente. — Não precisa se desculpar por isto, foi um imprevisto. Acontece. Não é culpa de ninguém — garante, o cenho franzido. 

Matt apoia as costas e os cotovelos no muro baixo e maltratado de sua casa, vendo que Emily parava ao seu lado, de lado para este e de frente para ele. Ele encara o céu estrelado, a cabeça o maltratando pela latência gerada pela preocupação contínua, enquanto tentava organizar os pensamentos para não jogar fora o pouco de tempo que restou com Emily. 

Uma das vantagens de morar na zona sul era que não haviam tantas luzes como nas outras partes da cidade, possibilitando uma melhor vista do céu, de sua cor e das estrelas que o acompanham. Tinha os olhos presos nas estrelas enquanto forçava-se a pensar em algo para dizer. 

— O que o preocupa? — questiona ela, antes que ele pudesse pensar em algo para dizer, certeira. 

Matt solta um riso pelo nariz, virando o rosto para deparar-se com os olhos castanhos por sobre ele. Ela havia cortado os cabelos, que estavam pouco abaixo da altura dos ombros, e o que seria sua franja já havia se misturado a eles devido ao comprimento. Podia ver a pele perfeita mesmo no escuro de início da noite, e os olhos castanhos ainda demonstravam o mesmo carinho para com ele de sempre. 

— Você me conhece tanto assim, é? — questiona, retoricamente, com um tom carinhoso. 

Emily apenas sorri, a ruga de preocupação entre as sobrancelhas desvanecendo. — Claro. 

Matt assente, desviando o olhar. Pigarreou, remexendo-se no lugar. 

— Eu fui demitido — revela, sem conseguir olhá-la nos olhos, encarando os próprios pés. — Estavam fazendo cortes na empresa e os únicos que permaneceram nela foram os que possuem mais do que um diploma insignificante de colégio. E foda-se, sabe? — emenda, dando de ombros. — Eu sei que vou conseguir outro. Só que esse tinha sido o melhor emprego que consegui até hoje, o que me gerava o melhor salário e eu sei — enfatiza, chateado —, por experiência, que oportunidades assim não caem do céu pra pessoas como eu. Pra poder substituir esse, eu vou precisar de mais dois empregos. E depois, o quê? — pergunta, mais para si mesmo do que para ela. — Sabe? 

Emily sentiu o coração apertar, dando um passo em sua direção para alcançar seu braço, apertando-o em apoio. Matt finalmente ergueu os olhos para ela, sorrindo fraco ao pegar sua mão e apertá-la também, em agradecimento. 

— Eu sinto muito, Matt — diz, sincera. Ele assente. — Eu sei que você provavelmente não vê isto agora, mas você vai dar a volta por cima. Eu sei que vai. 

Matt suspira, desanimado. 

— Quando? — questiona, desesperançoso. — Porque eu preciso pagar o aluguel do meu apartamento ainda este mês e só meu freelance não vai cobrir, porque tenho que pagar água, luz e comida ainda. 

— Matt... 

— E é mais do que isto, Em — continua, frustrado. — Todo esse sonho de crescer na vida, de conquistar algo, não foi pra pagar aluguel não — fala, erguendo os olhos para ela, chateado. Viu-a engolir em seco. — Isso é o que mais me chateia. Foi para dar um futuro melhor pra minha família, pra minha mãe, pra minha irmã. Cara, Aurora teve uma crise hoje e parece que foi só pra me lembrar que eu tô fazendo isso por ela. Porque ela não recebe metade do atendimento que ela merece, sabe? E eu sei que a gente dá o que pode, e que a gente têm conseguido dar conta de tudo nos últimos tempos, mas as coisas sempre se apertam. Ela merecia melhor do que isto — fala, a voz falhando, ao apontar para a casa. — Minha mãe merecia melhor do que isto também. 

Emily se aproxima, pegando seu rosto com as mãos ao encarar os olhos que haviam marejado com o desabafo. Matt desviou o olhar instantaneamente, temendo chorar com tanto amparo. Baixa a cabeça, mas ela ainda faz carinho em sua barba e o puxa para um abraço. 

— Eu sei — sussurra ela, apoiando o queixo em seu ombro. — E você também. Não esqueça de você também — murmura, preocupada por ele estar sempre preocupado com a família e jamais com si próprio. 

Matt retribui o abraço rapidamente, envolvendo-a com os braços com carinho, o rosto apoiado no ombro cheiroso dela. Recebeu o carinho com um nódulo na garganta, sentindo-se ainda pior por ter que ser amparado por ela. 

— Não se preocupa com o aluguel, a gente dá um jeito nisso rapidinho — fala, sentindo-o balançar a cabeça negativamente contra seu ombro, mas calando-o ao saber o porquê dele negar. — Nada de orgulho — frisa, como uma reprimenda, o que o faz soltar um riso fraco. — Eu vou te ajudar, e nossos amigos vão te ajudar, e você tem um batalhão ao seu lado. Ok? 

Matt resmungou, dividido entre não querer sair do abraço dela e sentir-se culpado por submetê-la a isto. 

— Ok — resmunga. 

— E você vai conquistar o seu sonho todinho, Matt. Você pode não saber disso, mas eu sei — afirma, cheia de si. Matt sorri, afastando-se para olhá-la nos olhos. Ela sorri também, observando as orbes esverdeadas. — Eu tenho fé em você, Matt, e você é motivo de muito orgulho para a sua família. Eu sei e você devia saber também que qualquer empresa teria muita sorte de ter você como parte dela. Ou como dono dela — acrescentou, arqueando uma das sobrancelhas, ao pensar alto por ele. 

Matt riu, assentindo, ao retribuir o afago que ainda sentia em seu rosto pelas mãos dela. Balançou a cabeça, encantado demais para que conseguisse fazer desvanecer o sentimento. 

— Obrigado — fala, sincero, a voz falha. — Você é maravilhosa, Em. A empresa que te tiver também vai ter muita sorte, sabe? — Ela revirou os olhos, mas riu, assentindo. Então, Matt engoliu em seco. — E a pessoa, também. 

O sorriso carinhoso no rosto de Emily vacilou, antes que sumisse por completo. Observou quando os olhos verdes se tornaram tristes, quase melancólicos, ao passo que o toque no seu rosto tornou-se leve demais.

Como se recém percebesse que houvera sido um erro haver tocado no assunto impulsivamente, ele desviou o olhar mais uma vez, pigarreando quando tentou dar um passo atrás. Antes que pudesse ter a chance de fazê-lo, no entanto, e de forçar algum assunto trivial para aliviar suas últimas palavras, sentiu quando a mão esquerda de Emily o impediu que se afastasse ao segurá-lo pela camisa. 

Emily sabia que o sentimento que enxergava ali era o mesmo que refletia nela. Ela sentia que era mútuo, que era recíproco e que era tão latente quanto o fora desde sempre. Nem mesmo meses separados e sem poderem se encontrar e conversar devidamente eram capazes de mudar isso. 

— Então por que você não é essa pessoa? 

Matt fechou os olhos, deixando a cabeça pender para frente mais uma vez, com um suspiro. — Em... 

— Matt — reforçou ela, fazendo-o erguer o rosto, não permitindo-o quebrar o contato visual. — Por que não você? 

Matt engoliu em seco, balançando a cabeça negativamente, enquanto ela o firmava perto dela. Sentia-se exposto, culpado e insuficiente.

Não queria verbalizar o que sentia, nem que seu próprio pedido de meses atrás já não fazia o menor sentido para ele, nem que sentia tanta falta dela que doía em seu peito. Não queria que ela soubesse que se tornara parte dos sonhos que tanto almejava, da vida que tanto queria conquistar, do futuro que tanto desejava possuir. Dentre todas as coisas boas que enxergava para si próprio, para sua família, para a sua vida, Emily sempre estava lá. 

Emily colou a testa na dele, tentando perpassar todo o sentimento que erradiava de seu corpo para o dele. 

— Por quê? — sussurra, a boca tão próxima da sua. 

Matt sentiu o peito apertar. — Porque você merece melhor do que isto também — murmura, enfim. 

Vê quando a compreensão passa pelos olhos dela, fazendo-os marejarem, ao passo que negava com a testa contra a sua. 

— Matt, não — murmura, a voz embargada. — Você é o melhor. 

Matthew imaginava que se havia um melhor para Emily, este definitivamente não era ele. E isto não era um pensamento que passara a acompanhá-lo desde que perdera o emprego naquela semana e a insistente preocupação com sua vida e sua significância iniciaram. Era algo que o acompanhava desde que pôde assumir para si mesmo que retribuía o sentimento não mais platônico de Emily. 

Podia ser que ela o fizesse se sentir tão grande, tão importante e tão incrível, mas no fundo, sentia-se do contrário. Sentia-se pequeno para ela, sentia-se insuficiente, sentia-se pouco. Acreditava que jamais poderia dar tudo o que acreditava ser merecido para Emily, que não era bom o suficiente para ela e que não precisaria buscar muito para encontrar algo melhor. 

Era um bom amigo. Cuidava dela, lhe dava conselhos e a fazia companhia. Podia ser bom o suficiente como amigo e podia desempenhar esse papel para sempre...

Não fosse o coração que quisesse juntar-se ao dela. Não fosse a maneira como o contemplava, encantada por algo nele que ele não conseguia entender. Não fosse a última frase que acabara de ouvir, fazendo o coração bater mais forte por ela. 

Matt nega, mais uma vez. 

— Em, eu não te mere... 

Emily fecha a distância entre os dois, impedindo-se de ouvir o absurdo que ouviria caso contrário. Contornou o corpo de Matt com os braços, grudando-o em si com esmero, os lábios selados em um beijo suave. 

Por muito tempo, idealizara o primeiro beijo com o Matt. O que imaginara possuía muitos detalhes: a roupa que estaria vestindo, o local onde estariam, as específicas palavras e declarações de amor, o tempo que o beijo duraria, que gosto teria, o que sentiria. E absolutamente nenhuma de suas projeções se concretizara no momento. 

Emily se perguntava se essa não seria a melhor coisa que lhe ocorreu, porque no minuto que sentiu os lábios retribuirem seu beijo, soube que aquilo era o sinônimo de perfeição. Soube que o sentimento que aquecia seu peito e que aquela sensação de que tudo estava em seu devido lugar eram o único que ela poderia desejar. 

Não passara de um selinho prolongado e tomado de sentimento, mas fora o suficiente para que sustentasse qualquer coisa que poderia dizer. 

Emily separou os lábios, recusando-se a fazer o mesmo com o corpo, para especificar: — Matt, eu te amo do jeito que você é — declara, observando-o sorrir com o que ouvira, a lágrima prendendo-se na curva de seu sorriso. — Sem tirar nem pôr. Não existe ninguém que me faça tão bem quanto você — sussurra, sincera, vendo-o abrir os olhos verdes marejados. — Não tem nada faltando aqui. A única coisa que sempre faltou foi isso — fala, referindo-se aos dois juntos. 

Isso o pegou de surpresa, fazendo-o rir de nervosismo. 

Sentia o coração explodir de alegria e de amor, mas não conseguia afastar o sentimento hesitante, ainda com um pé atrás. Tinha medo de não ser bom o bastante para a sua menina indígena. 

— Mas... 

— Sem "mas" — interrompeu ela, sorrindo. Arqueou as sobrancelhas, para demonstrar que diria algo importante: — Vamos fazer do meu jeito, desta vez. 

Matt riu, puxando-a de encontro ao seu corpo um tanto mais. Levou as mãos ao seu rosto, apreciando-a com tanto amor que constrangeu-a, em junção ao silêncio que se prolongou. 

É verdade que não podia ver tanto dela sob o céu escuro e a luz empobrecida dos postes de luz da rua, mas ainda assim era impossível que não soubesse decifrar o acanhamento, a afeição e o vislumbramento nos olhos castanhos dela. 

Céus, Em — declara, em um sussurro admirado. — Eu sou tão apaixonado por você. 

Emily morde os lábios, subitamente envergonhada com toda a reciprocidade, e se encolhe minimamente. Sorriu, em seguida, de orelha a orelha, sob os olhos apaixonados de Matt. 

— Eu sou, por você também — murmura, sentindo-se estúpida porque não havia nada mais óbvio no mundo. 

Matt cola a testa na dela, roçando os narizes. 

— Tem certeza disso? — questiona, e ela demora um tanto para entender que ele se referia aos dois, juntos. 

— Nunca tive tanta certeza de algo — declara, fazendo-o rir. 

Matt desvia o olhar para longe, rindo com gosto, antes de voltar os olhos para ela. Morde os lábios também, um tanto envergonhado, antes de que a puxasse bruscamente para perto outra vez, fazendo-a rir de nervoso, circundando sua cintura. 

Ela ainda ria quando ele tomou seu sorriso para ele outra vez. A mão subiu para a lateral de seu pescoço, delizando o polegar por sua bochecha em um carinho suave. Deslizou os lábios pelos dela, desta vez, mais preparado para beijá-la como deveria. 

Emily suspirou contra seus lábios, o que o fez sorrir minimamente antes de aprofundar o beijo como devido. Sua língua encontrou a dela ao passo que a sentia erguer os braços que lhe apertavam os ombros para cirdundá-los em torno de seu pescoço. 

Encaixavam perfeitamente, como peças de um quebra-cabeças. 

Matt imaginou que, se houvesse perfeição em um beijo, seria assim. Que o tempo parasse, que o mundo já não mais girasse, que não houvesse mais chão debaixo de seus pés. Que quisesse fazer com que durasse para todo o sempre. 

Pensava já haver se apaixonado assim antes mas, conforme sentia Emily deslizar os dedos por seus cabelos e suspirar, vez ou outra, contra seus lábios e, ainda, sentir o coração dela bater forte contra o peito, irradiando no seu, ponderava se não estivera equivocado antes. 

Ao menos, conseguia pensar em um momento específico dentro de um carro em que estivera realmente equivocado. 

Em algum momento em que ora se admiravam, ora se roubavam beijos, sem nunca afastarem-se um centímetro, Matt decidiu comentar: — Sabe, eu devo dizer que prefiro mais o seu jeito de fazer as coisas. 

Emily demora poucos segundos para entender a que ele se refira e quando o faz, seu riso ecoa pelo pátio. 

Abraçados, em frente à rua não asfaltada, apoiados no muro baixo da casa já antiga, criaram seu próprio momento perfeito para uma noite que não começara muito bem e que não previra, de forma algum, seu desfecho. Desacostumados com a proximidade não fraternal, mantiveram-se abraçados quase o tempo todo, mal conseguindo manter uma conversa pela necessidade de simplesmente apreciar o momento da relação diferente que se construía ali. 

A relação que começara sob testemunho do céu estrelado da zona sul.

*

Depois de Lucy haver ido embora, Ben certificou-se de limpar o quarto, organizá-lo e pôr em dia parte dos trabalhos da faculdade.

Era isto o que fazia quando alguém bateu em sua porta. Sentado na mesa na qual, horas antes, jogara Lucy com tamanho furor, ponderou se seria sua segunda mãe a querer conversar sobre seu relacionamento. E sobre o Jake.

Levantou-se e abriu a porta exatamente enquanto seu siamês cruzava pela sua mente, surpreendendo-se ao deparar-se com ele em frente ao seu quarto. Sentiu uma onda de puro contentamento atravessar-lhe o peito ao ver o rostinho do qual tanto sentira falta nos últimos tempos. 

Os olhos claros piscaram algumas vezes e Jake sorriu, um tanto acanhado, um tanto receoso, mas Ben não viu vestígio algum de mágoa ou ressentimento. O coração aliviou-se com a constatação, antes que o ouvisse pronunciar, com cautela:

— Podemos conversar?


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Notas finais do capítulo

Sei lá, a forma como Bruno parece ser outra pessoa quando tá com o Jake é diferente. AHAHHAHAHAHA ♥

SOBRE O CAPÍTULO:

Gostaram da minha cena cinematográfica de amor? HHHAHAHHAHA.
Jake&Bruno, Ben&Lucy e Faye&Mia ao mesmo tempo. Não foi proposital estas escolhas - é que eles são os únicos casais que tão transando HAHAHAHAH -, então só depois eu fui perceber a diversidade deles, literalmente: três casais, um gay, um hétero e um lésbico HAHAHAHHAHA. ♥
E vocês perceberam que os únicos solteiros do rolê agora são a Anne e o Alex? HAHHAHAHAHAHAH. Que pecado, que dó, que tristeza! Esses dois nenês - POR ENQUANTO - tão na seca do amor HAHAHAHHAHA. Mas na próxima parte, mais focada nas amizades, vão estar todos juntinhos - inclusive os pestinhas.

IMPORTANTE - MUDANÇAS NA HISTÓRIA E PEDIDO DE DESCULPAS:

Gente, na minha época de bloqueio criativo, eu retornei ao início de MOF e MOS e corrigi muita coisa que estava MUITO errada nas histórias. Com isso, mais eu me refiro a termos e expressões preconceituosas ou simplesmente errôneos que eu usei bastante. Exemplos são "mulata/o", "humor/lista negra", "gordinha", "judiar" e afins. Para quem não sabe, são termos racistas, preconceituosos e/ou inadequados. Sinto muito aos que ofendi, de coração, mas eu tô aprendendo e me corrigindo com o tempo. Peço, POR FAVOR, que ME CORRIJAM com relação a isto. Eu corrigi o que encontrei (posso ter deixado passar algo) e o que adquiri de conhecimento no momento atual, então sempre pode haver algum errinho. Não fiquem com medo ou vergonha de corrigir, eu sou muuuuito de boas com isso. Não sou apegada a expressões nem termos nem palavras nem letras, ao contrário do que tenho percebido nas pessoas, eu sou apegada A PESSOAS. Se eu usei algo que os fez sentir mal, eu não vou mais usar. Vocês valem MUITO MAIS do que qualquer expressão criada no século passado.

É por isso que também quero acrescentar algo:
A partir de hoje tentarei usar SEMPRE o pronome neutro. Sim, eu sei que tem muuuita gente contra, especialmente dentro da área de escrita e do português, mas eu NÃO ME IMPORTO. O mundo tá em evolução e eu não vou bater pé sobre algo que INVALIDA tanta gente de até mesmo USAR PALAVRAS, o que é o maior meio de comunicação brasileiro. Se alguém não pode nem CONVERSAR, como é que se pode deixar as coisas por isso mesmo?
Sim, eu conheço os problemas em torno disso no que diz respeito ao português, porém quando tô conversando aqui com vocês eu usarei o pronome neutro sim, minha gente. É por isso que também peço desculpas se, em algum momento, eu usei o pronome errado quando conversei diretamente com vocês - seja por reviews, seja por MPs, seja pelas notas dos capítulos - e se os invalidei. Não era minha intenção. Agradeço que me corrijam para que eu não cometa o mesmo erro outra vez, caso tenha cometido, e se tem alguma pessoa não-binárie por aqui, me digam como gostaria de ser chamade que eu o farei com MUITO gosto. Amo vocês ♥

AH, EU TAMBÉM FIZ UMA MUDANÇA NA HISTÓRIA:

Esse capítulo acima conteve cenas do Matt com a Emily, então lá vai:
Eu mudei uma coisa que tava me incomodando MUITO. Quando eu escrevi o capítulo “De todos os grupinhos do mundo”, lá no início, quando introduzi a panelinha do ensino médio, eu confesso que não tinha criado uma história mais profunda para cada personagem, nem em que ano do colégio estavam, nem a idade específica de cada um.
ENTÃO, ao mencionar nesse mesmo capítulo, como algo que Mason comenta, sobre Matt ter se envolvido com Mary Jane, era só pra ser uma coisa boba a ser jogada. Só que mais tarde, desenvolvendo os personagens, eu fiz do Matt um personagem mais velho que o normal (20 anos lá no começo) e eu fiz da Mary Jane a mais nova da panelinha (15-16 anos no começo). Não foi intencional, até porque, eu nem lembrei que tinha envolvido um rolo dos dois até me dar conta disso. E DAÍ, a bonita aqui só seguiu a onda, mencionei mais algumas vezes em outros capítulos e a história se prolongou. Não era pra ter qualquer relevância, mas a diferença de idade é gritante e até o ato de ficar com ela não combina em nada com o personagem do Matt, descaracterizando-o, ainda mais considerando o envolvimento dele com a Emily.
POR ISTO, eu decidi voltar e DELETAR todo esse rolo desde o início. Se vocês relerem, podem até notar, mas como não tinha relevância pra história, então talvez nem.
Por isso, eu deixo dito aqui e agora: Matt JAMAIS ficou com a Mary Jane, ok? Foram dorgas que vocês ingeriram e viajaram geral HAHAHAHAHHAHA.

PS.: nem me falem sobre “Lucca”, que eu tô em crise (a crise de consciência é @realoficial) ultimamente e não consigo mais nem escrever capítulo dessa fic, embora não queira deletá-la T.T

SOBRE NOVOS PROJETOS:

Parte do motivo da minha demora é que quando eu me inspirava para algo, não era pras minhas histórias atuais e sim para novas. Mas eu não podia largar a inspiração que demorou pra bater só porque não era focada nas fics em andamento, sabe? T.T
E sobre essas minhas inspirações que miraram nos "projetos em andamento" e acertaram em "novos projetos" (conhecem esse meme? ahhahaha), além de eu haver att MOF, eu ainda tenho novidades.
Sim, eu ressuscitei Made of Fire um tempo atrás porque publiquei o capítulo Especial - Congelados no tempo (apesar de eu ainda estar devendo o Epílogo pra vocês). Eu ouvi um "amém" aí atrás? AMÉM! E eu também tenho mais DOIS outros projetos Spin-off da série "Made Of". Pra não ser repetitiva demais aos que acompanham MOF também (e não deixar essas notas com o dobro do tamanho), vou deixar o link de MOF, onde eu detalho nas notas finais do que se trata:

https://fanfiction.com.br/historia/693106/Made_of_Fire/capitulo/62/

Fiz textão de novo mas cagay. Fazia tempo que a gente não conversava. Espero que estejam bem, suas famílias também, e que logo todos possamos ser vacinados enfim. Que os abraços SEGUROS retornem com tanta gana e tanta força que nos SUFOQUE de amor e afeto, esse é meio desejo para o 2021 de vocês ♥

Amem, odeiem, mas me digam o que acharam! ♥



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