Armageddon: A Lenda de LunnaNowa escrita por George Firefalcon, Nowa


Capítulo 1
O começo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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Mesmo na terra para onde Ashitaroth e Hypnos fugiram – Eddon – havia uma pequena guerra em andamento. O primeiro, um youko lilás (aqui explicamos que são youkos de cabelos e caudas conforme a cor em destaque) de mente arguta mas mimado e o segundo, um youko azul-escuro – calmo, ponderado mas sua paciência nem sempre é o que parece ser.

 

Aqui aprendemos que Ashitaroth faz parte de uma família milenar, onde é o mais novo de seis irmãos, sendo os outros Hades, Dariën, Saga, Poseidon, Hypnos (já antes citado). Uma decisão tomada por este último mudaria o destino de todo o país… Não! De todo o planeta.

 

Saga, enquanto assistia a recuperação de sua cidade, Yesshra, aguardava ansioso por alguém. Sem esperar, ele chama um de seus criados.

 

— Audaz! Hypnos já chegou? - Audaz originalmente era criado do irmão de Saga, Poseidon. Este último é um lobo negro com manchas brancas irregulares.

 

— Não, senhor Saga. – Este ainda esperava pela chegada do irmão.

 

— Ele, Audaz, será seu senhor e, algum dia, governará junto comigo. Mas antes que esta bênção aconteça, preciso passar por cima de Ashitaroth, sem protelar nem mais um segundo!

 

Audaz, enquanto observava seu mestre, pensava consigo mesmo: “Passar por Ashitaroth? Tenho minhas dúvidas se ele conseguirá”. No momento seguinte, o tão aguardado irmão é anunciado.

 

Hypnos recebe os cumprimentos do irmão Saga, e este pergunta o motivo pelo qual tinha sido chamado.

 

— Só queria conversar contigo, Hypnos!

 

— Sua falsidade me alarma, Saga. Não precisa se portar desta maneira comigo. Sou seu irmão, te conheço desde que usava fraldas.

 

Enquanto os irmãos conversavam no quarto do youko azul, um pequeno garoto sai de trás de uma cortina e dirige a palavra ao lobo.

 

— Audaz! O que tio Hypnos faz por aqui?

 

— Não faço a menor ideia, Minos. Mas suspeito que algo acontecerá e que não trará nada de bom.

 

Os dois aguardaram a saída dos dois youkos e deixaram o local (claramente Minos. saiu antes de Hypnos deixar a sala de Saga, para não dar na vista).

 

Uma semana depois, ainda em Yesshra, Saga fica sabendo que seu irmão mais novo, Ashitaroth, rei de Eddon, havia declarado guerra à sua cidade, alegando traição de seu outro irmão, Hypnos. Possesso, tentou retaliar, mas sem sucesso. Como ele poderia ter conseguido saber daquilo?

 

Outra coisa que vocês devem saber sobre os youkos é que eles são muito longevos, vivem mais de 10 mil anos sem sequer envelhecer.

 

A guerra entre Eddon e Yesshra durou mil anos. Mortes e desgraças aconteceram, mas isso não pareceu afetar os youkos, muito pelo contrário, pareciam ter gostado de toda a carnificina. Porém, próximo ao fim desta, Ashitaroth recebe em seu castelo uma visita, o embaixador da cidade de seu desafeto.

 

— A que devo a honra de sua visita, senhor embaixador, em minha humilde morada? – pergunta o monarca.

 

— Não é necessário me tratar com tanta pompa, sou Minos. Sou filho de Saga, rei de Yesshra.

 

— Mas Yesshra não é uma democracia em vez de um reinado? E quanto a você? Por acaso é parente de Saga?

 

— Sim. Hoje em dia todos o chamam de Minamino.

 

Ao observar o garoto, Ashitaroth pensa consigo mesmo:

 

“Garoto estranho. Youko não é, deve ser youkai, se bem que ele me faz lembrar alguém… De Hypnos, talvez”.

 

— Senhor… Aceitas a paz?

 

— Aceito, mas tenho uma condição. Quero saber quem és, e diga a Saga vir conversar comigo, jantaremos em dois dias.

 

— Não entendo este seu primeiro motivo, mas meu nome é Minos Aioria Luccifer, e meu pai será avisado.

 

No momento seguinte, as suspeitas de Ashitaroth estavam confirmadas e, enquanto o jovem embaixador deixava o lugar, o jovem Lannkaster pensava consigo mesmo…

 

“Eu sabia. Terei que pagar a Saga com a mesma moeda”.

 

Começando a investigar aquele fato no momento seguinte, Ashitaroth resolveu pedir auxílio a Hades, afinal de contas, este irmão mais velho devia alguns favores a ele.

 

Depois de algum tempo viajando até a morada do irmão, o reino conhecido como Reino Negro, Ashitaroth chega ao local e, sem sequer apresentar-se (como é comum entre membros da família real), ele já vai direto ao assunto.

 

— Bem, Hades… Quero saber mais sobre o filho de Saga.

 

— Boa tarde a você também, irmãozinho. E de quem quer saber? Minamino, Minos ou Shaka?

 

— Minos. Quem é este garoto? Ele me dá uma sensação de dèja vú, parece que o vi em algum lugar, só não sei onde. Quero saber se, além de filho de Saga, é filho de Hypnos.

 

— Investigarei. Mas creio já saber de algo, e posso adiantar a você por algo que eu queira.

 

Ashitaroth, já cabreiro, perguntou…

 

— Diga seu preço.

 

— A cobrança virá depois, fique tranquilo…

 

Neste momento, tranquilidade foi a última coisa que perpassa a mente do youko lilás, mas continuou esperando o resto dos dados.

 

— … Mas sei que Saga tem um filho com Minamino.

 

— E como ele é chamado?

 

— Shaka.

 

A incredulidade fez parte da reação de Ashitaroth. Ouvindo tudo aquilo e sabendo que Shaka, um de seus guardas mais confiáveis era filho de Saga, fez com que ele não acreditasse imediatamente. Afinal de contas, isso significava infiltração, traição, alguém que deveria ser punido. No momento seguinte, Hades confirmou ao irmão o que ele parecia pensar.

 

— Obrigado, Hades. Voltarei a Eddon. Não posso mais perder tempo.

 

A viagem de volta pareceu mais rápida, mas foi porque foi realizada com fúria. Cansado e com dor de cabeça, o monarca de Eddon adormeceu, e no dia seguinte à viagem ele recebe um mensageiro do irmão a quem tinha visitado no dia anterior.

 

“Querido irmão, suas suspeitas estavam corretas. Minos. É filho de Hypnos e este já tem um filho com Minamino, chama-se Kobalt. Se queres vingança, esta é a chance. Sem mais, Hades”. A mensagem terminava de maneira abrupta, mas aquilo era realmente uma bomba.

 

Possesso com a audácia, Ashitaroth resolveu realmente vingar-se. Levou sete meses para planejar tudo, os dois traidores cairiam e eles nunca mais poderiam agir de tal maneira.

 

No final do prazo, em Yesshra, Saga recebe o convite de uma festa. Minamino, curioso, pergunta ao pai.

 

— O que diz, Saga?

 

— Aqui diz que somos convidados para o nascimento de um novo youkai… Estranho. Quem será?

 

Só lembrando aos amigos, que um youkai é um ser tal qual os youkos, mas que tem características de outros animais, como lobos, felinos de grande porte e muito mais. Ignorando a pergunta de Saga, Minos pergunta…

 

— Quando será?

 

— Dentro de um mês, Minos. Por que a pergunta?

 

— Por nada. Só acho que Ashitaroth agiu, e não prevejo nada de bom!

 

E entre olhares, Saga pergunta a Minos. se seria algo que seria prejudicial, porque a guerra já estava ganha. Minos, que conhecia o temperamento do irmão de Saga, sabia que ele teria feito algo muito pior do que qualquer um.

 

Passou-se um mês e, já no dia da festa, vários membros da família real estavam presentes no Palácio de Eddon. Quando o anfitrião chegou, pediu a Hypnos que trouxesse a criança. Intrigados, todos observavam a criança, e Saga se espantou mais que os outros. Tirando a cor dos cabelos, era idêntico a seu filho Minos quando pequeno. Inquirindo sobre a criança, soube que o nome dele era Zaggart, e que era filho de Ashitaroth e Minos.

 

O menino chegou já chamando Saga de vovô e, por mais que não acreditasse, a engenharia genética daquele mundo, avançada do jeito que era, fez com que a criança fosse filho de Ashitaroth com o filho de Saga. Possesso, o youko azul praguejou quando soube isso do próprio Rei de Eddon.

 

No momento seguinte, Ashitaroth provocou ainda mais…

 

— Então, Saga, quer conhecer os outros dois?

 

“Mais dois, o que Eddon virou, creche?”, pensou o youko azul-claro. Logo isso o remeteu ao pai dos dois (cuja história virá mais tarde, leitores).

 

Alguns minutos depois, mais duas figuras entraram no salão, os dois eram youkos vermelhos – um de tonalidade escura, outro de tonalidade clara. O primeiro trajava uma roupa negra com detalhes dourados, enquanto que o outro, que Hades trazia no colo, vestia um traje cinza com detalhes prateados. Foi fácil pra Saga perceber que um deles trazia consigo o símbolo do Reino Negro, cujo rei estava ali mesmo. O outro trazia o símbolo de Eddon.

 

Logo eles foram apresentados. Seus nomes eram Kazuia e Kamia, vermelho-escuro e vermelho claro respectivamente. Mais uma vez o jovem youko azul-claro praguejou, mas se dando conta que eram mais velhos que Zagart, se perguntou onde eles poderiam ter sido escondidos.

 

Ashitaroth olhava para o irmão em estado de dúvida e espanto e pensa consigo mesmo… “Ninguém pega o que é meu, Saga. Ninguém”.

 

Logo o youko azul-claro percebeu que fora derrotado e voltou para sua cidade, Yesshra.

 

Passado mais algum tempo, Saga estava andando pela cidade quando se deparou à frente de uma das empresas que era sócio Kazuia. “O que o filho de Ashitaroth faz por aqui”, se perguntou ele. E ainda mais… Ele conversava com Dariën, seu irmão.

 

Enquanto isso, na conversa dos dois, um avisa o outro…

 

— … Entendeu, Kazuia? Leve este recado para seu pai e diga a ele que já tenho tudo pronto. Logo mais ele terá notícias sobre o projeto N.H.K., que já está quase pronto.

 

— Sim, senhor, mas tio Dariën, o que papai vai fazer, o que ele pretende?

 

— Ainda não é hora de você saber disso. Basta entregar o recado.

 

E ele entregou um grande envelope pardo nas mãos do youko vermelho-escuro, virou-se e entrou em um carro, indo embora. Saga fez um sinal para que Dariën parasse, mas ele sequer deu atenção. Logo, correu atrás do mais novo.

 

— Kazuia! Espere! Quero falar contigo.

 

— Sim, tio Saga, o que o senhor quer comigo?

 

— Quero lhe fazer algumas perguntas.

 

O mais novo não se dignou a ficar ali, dando as costas e entrando na Confederação, o grande conglomerado em que Ashitaroth e a grande maioria de seus irmãos trabalhavam.

 

— Kazuia!! – gritou Saga, mas, mesmo assim, ele pareceu não querer saber. “Este menino não recebeu educação, acho que ele é muito parecido com Hades”. O youko azul saiu correndo atrás do mais novo, ele havia ouvido metade da conversa sobre o projeto N.H.K. e queria saber o que era. Sem fôlego ao entrar no elevador, Saga continua…

 

— Kazuia! Nossa, como você cresceu! Da última vez você estava no colo de seu pai Hades, onde está seu irmão?

 

— Em casa, em Eddon.

 

— Sabia que você se parece com Hades? Ele deve se orgulhar de você. – foi quando Saga viu o envelope – E pra que serve esse envelope? É alguma coisa da Confederação? Ou seria algo particular?

 

O jovem youko continuava a ignorar o tio solenemente, e este último saiu do elevador a caminho da sala de Hades, visando buscar satisfações. Por um instante ele não foi acertado no nariz, fruto do movimento feito para fechar a porta realizado por Kazuia. Praguejando até não poder mais, Saga parou um pouco e encostou a cabeça na porta para poder ouvir a conversa que acontecia lá dentro.

 

— Hades! Dariën deixou isso aqui pra Ashitaroth. Vou entregar a ele.

 

— Nem ferrando. Preciso de você aqui, peça pra outro entregar!

 

— Não, Hades. Dariën pediu que fosse entregue pessoalmente por mim.

 

Foi quando os dois ouviram um grande barulho, era Ashitaroth chegando, e trazia Saga debaixo de um dos braços.

 

— Olhem só o que eu achei…

 

— Papa! Dariën mandou lhe entregar isso. É algo sobre o N.H.K.

 

—Sei! Obrigado, Kazuia. Pode nos deixar a sós, aproveitando pra deixar este aqui – indicando Saga – em sua sessão, sim?

 

Quando o youko vermelho olhou para o azul-claro, este percebeu o quanto o olhar do primeiro era frio. “Calma aí, se eu não estou enganado ou os olhos dele são levemente dourados? Como isso é possível?”. Naquele momento Saga percebeu que o moleque era filho de Hades, e que podia, sim, ser um youko. Mas o que realmente o intrigou foi o fato dele ter olhos dourados.

 

Depois que o youko vermelho foi embora, Saga prometeu a si mesmo que descobriria o que era aquele projeto N. H. K. e se Kazuia sabia de alguma coisa.

 

Mas Kazuia ouviu tudo e resolveu contar a Ashitaroth, seu pai, sobre o ocorrido, não sem antes jurar a si mesmo que o youko azul-claro, irmão de Hypnos, sofreria consequências horríveis caso ele tentasse fazer algo que o forçasse a falar alguma coisa. E com esse intuito, abriu um portal para o castelo de Eddon e o atravessou.

 

Por ser filho de Hades e aprendiz de Darien, Kazuia não poderia andar livremente pelo local, então foi perguntar a Hypnos, uma vez que o youko azul era conselheiro de Ashitaroth poderia lhe dar essa permissão.

 

Andou por alguns minutos e nada observou da arquitetura ao seu redor, e aí chegou à sala de Hypnos, sequer se apresentou, como seria de praxe.

 

— Hypnos, onde posso achar Ashitaroth?

 

— Na ala norte, por quê?

 

— Há algo muito importante que preciso falar com ele, me autoriza a ir lá?

 

— Vai, Kazuia. Tá autorizado. Só não esquece de falar isso ao Ashi, porque ele não vai gostar de te ver lá.

 

E, perdido em pensamentos, o youko vermelho andou até o lugar informado.

 

“Mas na ala norte do castelo só tem o laboratório de genética, o que ele está fazendo lá?”, pensava consigo mesmo Kazuia. Sem perceber, ele foi chegando ao laboratório. Ao entrar lá, ele ficou imaginando… “Qualquer cientista louco daria um braço ou uma perna para trabalhar aqui… Papa às vezes não se controla”, pensava ele.

 

E assim o youko vermelho entrou no laboratório onde seu pai estava, e lá havia várias coisas surpreendentes, como úteros artificiais, contêineres de cérebros em suspensão, e diversas outras coisas que Kazuia tinha feito questão de ignorar, por ser nojento ou irrelevante. E, no momento seguinte, o youko lilás reagiu exatamente como Hypnos dissera que aconteceria.

 

— Kazuia! Sabe muito bem que não pode estar aqui, não é mesmo?

 

— Fui autorizado Hypnos a vir falar contigo, papa. Preciso te contar algo de extrema importância. Mas antes de qualquer coisa, o que significa isso?

 

A pergunta era porque Kazuia havia reparado na aparência do pai. Onde normalmente ele estaria bem-arrumado e esbanjando sua “realeza”, naquele momento ele estava maltrapilho, descabelado e até cheirando um pouco mal.

 

— Me diga, o projeto N. H. K. está te deixando desse jeito? Você precisa sair um pouco!

 

Sorrindo por ver o filho preocupado consigo, Ashitaroth seguiu com a resposta.

 

— Não, Kazu. O projeto em que trabalhei é outro, e olhe: este aqui é seu filho!

 

Kazuia ficou embasbacado. Em sua mente ele queria perguntar se era filho de mais alguém, mas não conseguiu. Adivinhando o que seu filho queria perguntar, Ashitaroth se adiantou…

 

— Ele é nosso filho, tem os seus e os meus genes.

 

— M-mas eu nem sei cuidar de criança! - Kazuia já estava em pleno desespero.

 

— Acalme-se, Kazu. Sei que você será um ótimo pai. Afinal de contas, minha pequena vai precisar de alguém mais ou menos da mesma idade pra brincar…

 

— Ah sim, pai… Mas PERA AÍ… COMO ASSIM "MINHA PEQUENA"? O senhor não tem filhas, nenhum youko tem filhas… Explica melhor isso aí!

 

Naquele momento Ashi sorriu, fazendo sua melhor expressão de criança arteira e, com o olhar, pediu que o filho o seguisse. Assustado, esse o fez. “Para me deixar aos fundos do laboratório, isso deve ser muito importante”. Andando pelo local, foi possível ver que os objetos que desviariam seu olhar estavam rareando até que sumiram. Chegaram a um corredor que não tinha prateleiras, e no final dele havia uma sala que continha dois úteros artificiais. Um deles continha um garotinho parecido com Kazuia.

 

Antes de desviar o olhar, o youko vermelho-escuro olhou para o filho com afeto. Ao olhar para o outro, havia uma menina. E ele não ficou assustado…. Ficou completamente perplexo.

 

— Como assim, papa? Como conseguiu? Não pode ser, é uma menina!

 

— Claro que pode ser… Ela é minha filha, a fiz pra ser meu clone! E esqueceu que eu sou um gênio?

 

Chocado com a notícia – até porque Kazuia nunca ouviu falar de youkos meninas, imediatamente ele começou a ficar tonto, até que desmaiou. Preocupado com o filho, o carregou até a parte externa do laboratório (porque não queria que ninguém visse os dois dentro do útero).

 

—Guardas!

 

E assim dois guardas youkais parrudos chegaram.

 

—Levem meu filho até o meu quarto e que um de vocês dois fique lá pra avisá-lo que mais tarde eu estarei lá pra continuar nossa conversa!!

 

—Sim, Ashitaroth-sama!!

 

E, com o maior cuidado do mundo, os dois levaram Kazuia para fora dali, em direção do dormitório do rei de Eddon no conglomerado. Enquanto isso, Ashi seguiu para os úteros em que estavam o youko vermelho sangue e a youko lilás.

 

Pensando consigo mesmo enquanto observava todo o lugar e os dois confinados, ele pensava… “Parece que Kazuia não aceitou muito bem a minha incrível descoberta…”, e assim ele se virou em direção da menina. “… Não é, pequena?”.

 

Para espanto de Ashi, a pequena olhou para ele de maneira inteligente e fez um balançar de cabeça, como se concordasse com o pensamento do pai. Pensando estar cansado demais por trabalhar naquilo de maneira exaustiva, o monarca pensou ser sua imaginação e deixou o local, em direção ao seu dormitório. Sabia que tinha muito a explicar a Kazuia e não seria fácil fazê-lo entender o que tinha feito.

 

Porém, no momento seguinte, eis que Hypnos chega. Ao chegar ao laboratório, onde Ashi não estava presente na parte da frente dos úteros, ele encontrou o casal. O menino tinha o olhar vidrado, como se nada entendesse daquele ambiente, mas a menina não. “Que gracinha, Ashitaroth está brincando de deus novamente”, disse ao ver os dois ali, mas se assustou completamente quando a menina o seguiu com os olhos e com o corpo quando saiu de seu corpo de visão.

 

“Esta criança está me dando calafrios… Porque ela continua fazendo isso…?”, e no momento seguinte, a menina pisca. Esse foi o catalisador para o youko azul-marinho sair correndo apavorado. Era como se tivesse visto a pior assombração à sua frente.

 

Chegando perto do dormitório de seu irmão, ele já chega gritando.

 

— ASHI!!!!! ASHI!!!! SOCORRO!!!

 

— O que aconteceu, Hypnos? Nunca te vi assim tão assustado!

 

— Aquela coisa no seu laboratório, ela sorriu pra mim, ela me seguiu com os olhos, ELA PISCOU!! É UM MONSTRO!!

 

Ao ouvir aquilo, Ashi socou a cara do irmão com força, fazendo com que ele deslocasse a cabeça para trás.

 

— Por que você fez isso??

 

— Como você pode falar assim dela? Nunca mais ouse chamá-la assim. Ela é minha e de mais ninguém! Não a chame mais assim…! - a última parte da frase foi dita em tom choroso, como se suplicasse para que ele não fizesse mais isso. Até lágrimas nos olhos tinha – Você sempre quis uma menina e agora você fala desse jeito! Não é justo, levei mais de mil anos para descobrir como gerá-la com tudo o que você sempre quis e é assim que você me agradece…?

 

Hypnos percebeu que Ashi estava completamente alterado, e retomou a calma de sempre.

 

— Calma, Ashi. Parei com a histeria. Só não consigo ainda acreditar… Você conseguiu gerar uma menina! EU TE AMO, SEU DOIDO!!

 

— Mas Hypnos, temos um pequeeeeeno problema.

 

— Qual?

 

— Kazuia!

 

— O que tem ele?

 

— Enfim, ele não está lá muito bem, acho que eu meti os pés pelas mãos dizendo sobre o filho dele tão cedo, e se eu fosse dizer, precisava separar ele da menina…!

 

Hypnos olhou por cima dos ombros de Ashitaroth e viu Kazuia atrás dos dois, sorrindo. Ele tinha ouvido a conversa dos dois.

 

— Acho que ele já aceitou muito bem, Ashi.

 

O youko lilás olhou para trás e viu o filho, que lhe tocava o ombro esquerdo.

 

— Papa, quando meu filho nascerá?

 

— No solstício de verão, por que a pergunta?

 

— Quero preparar uma festa para ele – disse o youko vermelho-escuro ao beijar a testa de seu pai, deixando o quarto do pai.

 

Hypnos sorriu ao ver a cena, e fez quase a mesma pergunta no momento seguinte.

 

—E quando a nossa pequena nasce, Ashi?

 

—Em três meses, por que a pergunta?

 

—Acho que vocês dois terão muitos convidados e ela terá os melhores papas do mundo inteiro. Falando nisso, ela é seu clone, não é mesmo?

 

—Como você descobriu?

 

—Descobrindo! - disse Hypnos ao sair, rindo do irmão. “Não é óbvio? Ela é igualzinha a você quando criança! Ainda me lembro como você era encrenqueiro!”, pensou Hypnos enquanto deixava o lugar. Aquele acontecimento estremeceria as bases do mundo dos dois… Não, do mundo inteiro!!

 

Enquanto isso, no Reino Negro, um Kazuia completamente sem fôlego chegava aos berros, procurando por seu outro papa e seu irmão.

 

— Hades! Kamia!! Cadê vocês dois, eu tenho novidades!!

 

— Calma aí, irmãozinho! Qual é o motivo dessa felicidade toda?

 

— Eu vou ser pai, Kami! VOU SER PAI!!

 

— QUÊ? - se perguntou em um espasmo frenético. “Ou Kazu tá doido ou papa tem algo nisso tudo aí, e eu acho que é o mais provável. Como assim! Papa dar um filho ao Kazu sem me consultar!”. A mente de Kamia era um turbilhão, morria de ciúmes do irmão e não fazia questão de esconder isso de ninguém. Kazuia sabia disso e provocava o mais novo até ele não aguentar mais, então continuou com a pinimba.

 

— É, e ele vai nascer no solstício de verão! E papa disse que é nosso, meu e dele!

 

Foi quando o chilique veio à tona.

 

— COMO ASSIM TER UM FILHO COM O MEU KAZUIA? ISSO É INADMISSÍVEL!! COMO PAPA ASHI PÔDE FAZER ISSO???

 

— Calma, Kami, não precisa ter tantos ciúmes assim! - Kazuia não aguentou e foi rindo à medida que falava. Kamia tentou mudar de assunto no momento seguinte.

 

— E qual vai ser o nome do monstrinho, digo, do meu sobrinho?

 

— Não sei, Kami. O que me sugere?

 

— Bem, se a pest… Digo, se o menino vai nascer no solstício de verão, porque não Solaris?

 

— Gostei! Será Solaris então.

 

Finalmente entrando na conversa, Hades pergunta…

 

— E quem diabos é Solaris?

 

— Seu neto, papa! - disse ele alegre mas nem tanto, pensava que seu pai sairia em fúria, mas ele respondeu calmo, calmo até demais.

 

— Seu filho com quem?

 

— Ainda não posso revelar. Gostaria, mas ainda não posso. - Kazuia olhou feio para o irmão porque seu chilique chamara a atenção do pai dos dois.

 

No momento seguinte, um mensageiro chega e pigarreia.

 

— Hades-sama, mil perdões pela interrupção! O senhor é aguardado em Eddon, e com urgência!

 

— Mas será o Benedito? Hoje ele tá empolgado! Ele disse o que era?

 

— Não, Ashitaroth-sama só pediu que eu chamasse Kazuia-sama, milorde.

 

—Então estou indo imediatamente! – depois de ouvir a frase, o mensageiro faz uma mesura e sai rapidamente e, enquanto isso, Kazuia se dirige ao portal que o levaria rapidamente até Eddon. Ao passar pelo portal, o youko vermelho-escuro seguiu até a ala norte calmamente, vendo o que seu pai iria querer, chamando-o até seu palácio daquele jeito. Mal chegou ao lugar, Ashi já chegou berrando:

 

— VAI NASCER!! NÃO PODEMOS PERDÊ-LO!!

 

Sem entender nada da correria, Kazuia chega perto de seu pai…

 

— Papa, o que está acontecendo!

 

— Kazu! Você veio! Nosso menino está nascendo antes da hora, o previsto era daqui a um mês, precisamos fazer alguma coisa!

 

— Não precisa se preocupar, já está tudo preparado. Olha aqui a roupa dele.

 

E tinha um macacão azul nas mãos do youko vermelho-escuro.

 

— Ótimo, você pensou em tudo.

 

—São os seus genes, papa. - disse Kazuia sorrindo levemente. Seu pai às vezes poderia ser um dos youkos mais durões que conhecia, mas naquele dia estava uma verdadeira manteiga derretida.

 

O youko vermelho-escuro observava aquela aglomeração de geneticistas alvoroçados ao redor do útero artificial de Solaris, e se martirizava por não entender muito daquilo para poder ajudar…. Foi quando ele olhou para o lado e viu o outro útero, o que continha a menina.

 

E o mais interessante era que ela olhava para aquela situação com vívido interesse.

 

“Eu devo estar louco, crianças em úteros não têm interesse assim em nada…. Deve ser a minha imaginação”, pensou Kazuia consigo mesmo. Então, do nada, ele resolveu conversar com ela.

 

— Pequena, você sabe o que está acontecendo, não é mesmo? O garotinho que está nascendo é meu filho e vai ser chamar Sakuya Solaris, gostou do nome?

 

Pensando estar louco, Kazuia balançou a cabeça, sorrindo de maneira desconcertada. Mas um dos geneticistas veio correndo e teclou furiosamente, chamando Ashitaroth em seguida.

 

— Ashitaroth-sama, venha ver aqui. A menina está respondendo às perguntas de Kazuia-sama!

 

Ashitaroth olhou a tela do computador e, com uma das mãos, chamou o filho.

 

— Olha isso, Kazu. Ela respondeu a sua pergunta.

 

E a tela continua a mensagem:

 

“Olá, irmão! Sim, sei que meu amiguinho está nascendo, vai ver o mundo antes de mim. Gostei do nome dele, Sohar!!”.

 

— Não acredito no que eu estou vendo!

 

— Kazuia, falou em que língua com ela?

 

— Eddono, por quê?

 

Ashitaroth, quase não acreditando no que seus olhos viam, refez o teste.

 

— Pequena, pode me entender? Se puder fale como fez agora há pouco, me conte o que acha disto tudo o que está acontecendo!

 

Na tela do computador as palavras foram aparecendo…

 

“Sim, posso! Ele está nascendo, só isso!”.

 

— Ei, pequena, o nome dele é Solaris, não Sohar!

 

“Que seja!” foram as duas últimas palavras que surgiram e ela se virou de costas. Todos riram ali, e Kazuia disparou, em tom de brincadeira:

 

— Igualzinha a você, papa! Impertinente!

 

Ashitaroth queria acreditar e também não acreditava no que tinha conseguido criar, mas no momento seguinte o choro de criança pôde ser ouvido e o pequeno Sakuya Solaris nascera. Chorando e sorrindo, Kazuia amparava o pequeno em seu colo e ficou dizendo, como se fosse um mantra…

 

— Seja bem-vindo, meu filho!

 

Hypnos ouvindo toda a gritaria chegou, e logo Kazuia pôs se a mostrar a criança, os dois ficaram observando os olhos do pequeno que era uma mescla entre verde e amarelo, puxado a um dourado, mas não passou disso, o youko vermelho-escuro não largava seu rebento. Pouco depois os dois – pai e filho – foram embora, onde o último prometeu que apresentaria seu filho a todos. Ainda no palácio de Eddon, uma semana depois, Kazuia queria que tudo ali fosse perfeito, o salão da ala sul estava já decorado à espera de seus convidados. O bebê era desconhecido a todos, inclusive a Kamia, irmão do youko vermelho-escuro, não soube do sobrinho. Fogo Negro, o tigre que cuidou do pequeno, também estava ali.

 

— Sabia que meu filho não é um filhote de tigre, não é mesmo, Fogo Negro? – Disse Kazuia ao ver que o tigre estava carregando Solaris na boca, como se fosse filhote dele mesmo.

 

— Só levei o menino na ala norte porque, de certa forma, ele gosta de passear por lá, milorde. Imploro que não fique bravo comigo.

 

Claro que ele não ficaria, até porque era o modo do tigre cuidar do pequeno como cuidasse de um dos seus. No momento seguinte, andando pelo castelo, Kazuia encontrou Riei.

 

— Kazuia! Você aqui? Fazes o quê? Onde está o pequeno?

 

Espantado, o youko vermelho-escuro olhou para o outro à sua frente e disparou, sem se atentar às perguntas feitas por ele.

 

— Riei! Achei que você não viesse! Você cresceu bastante! A última vez que o vi, não era maior que o meu Solaris. Falando nele, quer segurá-lo um pouco?

 

E, diante da primeira negativa com um balançar de cabeça, Kazuia continua.

 

— Como vão Faren e Altozan? E onde está Silver?

 

— Não cresci do jeito que você acha que cresci. O problema é faz tempo que você não nos visita, não é mesmo? Solaris é bem pequeno, não é mesmo? Faren e Altozan não mudaram desde a última vez que você veio e Silver está lá fora se reportando ao tio Ashi.

 

— Ah sim, sei. – Riei era um dos filhos de Poseidon, mas este nunca se importou com o filho, então Ashitaroth o adotou. Pelo que Kazuia podia observá-lo, agora ele não contava com mais de 18 anos youkais*, cerca de uns 16 ou 17 talvez.

 

— Mas Kazuia, mas que tipo de nome é esse, Solaris, que você deu ao seu filho?

 

— É, que tipo de nome é esse? – Kazuia ouviu uma voz diferente no lugar em que estava com Riei e deparou-se com Kuramma e Kobalt, seguidos por Aioria. “Como esse projeto de Eddono tem o desplante de vir onde estou?”. O youko vermelho-escuro não gostava sequer um pouco do recém-chegado, sabia que ele trabalhava para Saga. Contra Kobalt ele sequer gostava de pensar sobre o assunto.

 

— É porque ele nasceu no solstício de verão, Kuramma. Eu achei bonito o nome.

 

— Concordo. Posso vê-lo?

 

— Claro! Mas não o pegue no colo, porque ele é bem irritadiço quando acorda.

 

Os dois andaram até o berço até onde Solaris dormia, e logo ele exclamou, em voz baixa.

— O menino é mesmo muito bonito! Os olhos dele, mesmo sendo verdes, são mais claros que os meus!

 

— Obrigado. Mas Kuramma, cadê sua irmã? Ela não pôde vir?

 

— Não… Não creio que ela poderia vir. – Kuramma tinha uma irmã gêmea chamada Luanna, mas ele não gostava nem da ideia de ter uma irmã quanto dela.

 

Depois disso, Kazuia faz um sinal para que Aioria o acompanhe, e os dois começam a andar pelos corredores do palácio de Eddon. Ele escolhe uma das salas do hall de reuniões e espera que o outro o siga. Assim que este entra, o youko vermelho-escuro entra, fechando a porta. Ele não queria incômodos em sua “pequena reunião”.

 

— Pronto. O que quer de mim, Kazuia? – perguntou Aioria de maneira displicente.

 

— Quero conversar contigo sobre Solaris e sobre o projeto NHK.

 

Após o outro sorrir com as palavras do primeiro, ele dispara…

 

— Continue.

 

— Primeiro, Solaris não é pra você. Diferente de você, ele já nasceu youko e não precisa tentar parecer um. E quanto ao projeto… Bem, me parece que vai ter mais gente mandando em você.

 

Aioria ficou estupefato.

 

— QUE?? Como assim o menino é youko? E o que você quis dizer que vai ter mais gente mandando em mim? Sou um príncipe, ninguém manda em mim!!

 

— Às vezes esqueço da sua falta de humildade. Olha o envelope que você deveria ter recebido. Desculpe, mas parece que seu pai gosta mais de ouro do que você!! – Kazuia estava com uma expressão de extremo escárnio no rosto enquanto falava aquilo.

 

Quando Aioria abriu o envelope, havia uma carta com uma letra cursiva inclinada.

 

A partir de hoje você, Minos Aioria Luccifer, trabalhará sob as ordens de seu superior, Shido Kazuia, pelos próximos 150 mil anos para assim estar apto a comandar os exércitos de Yesshra.

 

Aioria não parava de olhar para a carta e dela para Kazuia. Com um sorriso de satisfação, Kazuia saiu da sala e se pôs em direção à ala sul, onde encontraria Ashitaroth. O youko vermelho-escuro foi andando calmamente pelos mesmos corredores por onde havia passado, mas Aioria correu em sua frente e já chegou reclamando para Saga, que estava ali, junto de Ashitaroth:

 

—O que significa isso, pai? É um ultraje à minha pessoa, ser subordinado a alguém como ele….!

 

O youko claro pega o papel das mãos do filho, lê o que está escrito e sofre um ataque de riso, o que deixou o mais novo ultrajado. Depois, apresentou uma feição serena e um sorriso calmo.

 

— Sabe que tem que aprender a combater, e este é o melhor jeito. Reclamar assim não vai adiantar, Aioria.

 

— Mas pai! Ele é mais novo que eu!

 

— E o que tem de mais nisso? Ele pode ser mais novo, mas é mais experiente que você. Aceite e não reclame.

 

— Vou tentar! Além disso, ele disse que o senhor preferia o dinheiro de Ashitaroth a mim…

 

Além de não responder, Saga sorri e tapa a boca. “Não é que Kazuia é observador? Acertou na mosca. Devem ser os genes do pai. E se Aioria pensa que será fácil, pena. Não será”, pensou ele.

 

Enquanto isso, Kazuia vai chegando à ala sul onde estão todos. Estava absorto em seus pensamentos, principalmente com a conversa que acabara de ter com Aioria. Com isso, sequer percebeu quando seu pai o chamou. Ashitaroth, não sendo conhecido por sua paciência nesses casos e dotado de uma mira formidável, levita um vaso com seu poder e o atira contra ele, acertando facilmente.

 

O impacto “acordou” Kazuia.

 

— Ei, pai, se quer me chamar, me chama pelo nome!

 

— Ninguém mandou você estar no mundo de Bobby e não prestar atenção quando eu te chamo. Agora quero saber o que aconteceu pra Aioria chegar aqui batendo o pé e ir reclamar ao Saga por isso.

 

— Soldados insubordinados devem ser tratados rigidamente. Talvez se conhecer as fossas e o subsolo do castelo pra começar o deixe mais ciente de seus deveres como aprendiz de soldado.

 

Tanto Saga quanto Aioria ficaram indignados com o que ouviram da conversa entre Ashitaroth e Kazuia, mas o último sequer deu atenção às feições irritadas deles.

 

— Então o que está esperando? Leve-o até seu quarto.

 

— Sim senhor.

 

Kazuia vai em direção ao desafeto e, com uma única indicação de cabeça, mandou que ele o seguisse.

 

— E as minhas malas? Quem vai carregar?

 

— Que bonitinho! Um aspira querendo carregadores! Anda logo e me segue, antes que já ganhe uma passagem direta à solitária!

 

Assustado o jovem youkai segue seu agora líder e os dois deixam Ashitaroth e Saga a sós.

 

— Bom – começa o youko azul-claro – aí está o pagamento que prometi. Vai deixar Yesshra em paz?

 

— Vou pensar com carinho. Agora devo lhe indicar saída ou você já conhece o caminho?

 

E deixa o recinto, deixando o irmão sozinho e irritado.

 

“Você não muda nunca, Ashi. Sua empáfia e arrogância um dia serão o motivo da sua queda. Eu ainda vou tomar algo de você que seja tão importante que você vai me implorar pra devolver”, e com esse pensamento Saga ri de maneira bem amarga, sombria.

 

Enquanto Saga se retira do castelo em direção à Yesshra lamentando em deixar Aioria, Kuramma e Kobalt ali, Ashitaroth chega em seu quarto e vê seu criado em palpos de aranha com seu neto.

 

— Haram! O que tá acontecendo aqui?

 

— Solaris não quer trocar de roupa, e ele está muito sujo!

 

Ashi observa que o criado está tentando vestir o menino com uma roupa cor-de-rosa, e seu neto está esperneando como se não tivesse amanhã. “Até nisso ele é parecido com o pai, não gosta de roupas cor-de-rosa”.

 

— Você já pensou em colocar uma roupa de outra cor, azul por exemplo?

 

— Não, milorde… Faz sentido! Obrigado, vou tentar!

 

— Não, sua besta. Pode deixar comigo.

 

Logo Ashitaroth veste seu neto com um pagão azul e o aninha em seus braços.

 

“Ele parece bonzinho e parece com a minha amiguinha! E isso tá tão bom, tão quentinho, acho que vou dormir”, pensou o pequeno alguns segundos antes de adormecer.

 

Com isso, ele foi atrás do filho com o neto no colo, sorrindo por entender que ele havia encontrado conforto no colo do avô.

 

Enquanto Ashitaroth andava para onde o filho estava, foi possível escutar o que ele falava com a guarda de Eddon.

 

— Ouçam, Aioria não tem privilégios aqui, e ele deve se despir de toda a frescura que aprendeu ao ser criado pelo pai para de tornar um guarda bom e um homem decente. É quero que ele aprenda isso da pior maneira possível, estamos entendidos?

 

— SIM SENHOR, SENHOR! - bradaram os comandados em uníssono.

 

Ao ver de longe o pai chegando, Kazuia ordenou a dispersão, e cada soldado da guarda do palácio de Eddon foi cuidar de seus afazeres.

 

Depois de uma reverência feita por Kazuia, Ashi começou.

 

— Sabes onde está seu irmão? A festa de apresentação do seu filho vai começar em breve e nenhum de vocês dois se arrumou ainda!

 

— Infelizmente não sei onde está meu irmão, mas assim que eu terminar minhas obrigações no palácio, eu me arrumo facilmente. - e depois, sussurrando disse ao pai – e o que o senhor está fazendo com Solaris aqui? Não quero que mais ninguém saiba dele antes de eu o apresentar!

 

— Larga de frescura, filho. Você já vai apresentá-lo a todos mesmo, e mesmo que alguns saibam antes não haverá problemas.

 

— Você sabe que haverá sim, mas não quero entrar nesse mérito agora.

 

E enquanto os dois se retiravam para se aprontar, afinal de contas o que faltava para Kazuia terminar em sua guarda era irrisório.

 

Já algumas horas depois, Kamia olhava para toda a decoração feita no salão de convenções e contemplava todo o trabalho que tiveram por seu irmão mais velho. A apresentação de Solaris seria única.

 

Também absorto em pensamentos, Ashitaroth também estava ali, em uma das cadeiras do canto, quando ouviu o barulho de algo (vidro ou porcelana, talvez) quebrando. Kuramma e discutiam sobre a autoria do feito e também quem era melhor ou não que o outro por sua origem. O monarca de Eddon calmamente foi apartá-los, e vendo que estavam prontos para chegar às vias de fato, este correu para impedi-los.

 

— Quero explicações agora do que está acontecendo aqui. A família real não é um bando de barraqueiros que resolve tudo no tapa, então quero explicações convincentes.

 

Ashitaroth olhou para os dois com um olhar tão gélido que ambos tiveram vontade de falar ao mesmo tempo.

 

— UM DE CADA VEZ! - bradou o youko lilás. Os dois ficaram assustados, mas somente Kuramma, mesmo quase se borrando de medo, tomou a iniciativa.

 

— Sabe tio, o Riei disse que você gosta mais dele porque ele é filho de Poseidon, eu sou só um genoma e Kobalt é filho do Minamino! - lágrimas corriam pelo rosto do mais novo.

 

— Oras…! Vocês deveriam aprender a conviver. Com Kobalt e Zaggart vocês serão quatro, e deveriam ser dar bem. Gosto de todos vocês igualmente. Não quero ver mais discussões sobre isso ou similares, vocês dois me ouviram?

 

Depois que os dois saíram de perto, Ashitaroth acrescentou uma nota mental… “Riei tem que aprender a ficar de boca fechada, não pode sair espalhando minhas preferências pra todo mundo”. Pouco momentos depois, um arauto do palácio anunciou a chegada de alguém. Juntando-se ao filho Kamia, o rei de Eddon se prepara para recebê-los (mas todos sabemos que ele estava sem qualquer vontade de receber quem quer que seja).

 

— Kazuia! Há quanto tempo, e eu fiquei sabendo que essa festa é para a apresentação do seu filho único, Solaris, onde ele está?

 

—Tio Poseidon, eu sou o Kamia, não o meu irmão Kazuia. - disse o youko vermelho claro rindo levemente – faz tempo sim. Essa festa é sim é pra apresentar o Solaris, apesar de eu também nunca ter visto meu sobrinho!

 

Poseidon observou Kamia como se estivesse brincando, mas o youko mais novo estava sério. “Quer dizer que ele nunca viu mesmo o sobrinho… O que faz este moleque tão especial?”, pensou consigo mesmo o mais velho. Ashitaroth vendo a cara de quem não estava entendendo nada no rosto de seu irmão mais velho, pôs-se a gargalhar. Era um frouxo de riso não controlado. Era o que Poseidon causava no irmão, e era isso o que o mais novo gostava nele.

 

Embora tivesse rido, Ashitaroth via as outras pessoas chegando, esperando a apresentação de Solaris, e a quantidade de pessoas deixava o rei de Eddon nervoso. Parecia a primeira vez que ele tinha discursado depois de ser empossado como tal. A todo momento ele ficou se perguntando onde estava Kazuia com Solaris, então ele se cansou de esperar e pediu que Hypnos entretivesse os convidados enquanto ele dava busca pelo filho e o neto.

 

O monarca vai diretamente a seu destino, o quarto de Kazuia, mas ao chegar lá, encontra apenas Fogo Negro dormindo a sono solto no chão ao lado da cama. O momento seguinte foi o youko lilás inquirindo o guardião de seu neto.

 

— Fogo Negro! Acorde!! - para acordar rapidamente o tigre, Ashitaroth chutava o pobre coitado, mas, mesmo assim, ele não acordava.

 

— ACORDE PREGUIÇOSO! OU DESEJA MORRER? - bradou o histérico.

 

— Hã? Que foi? Eu tava dormindo…

 

— Onde estão Kazuia e Solaris? Já estou sem paciência com você!

 

— E como é que eu vou saber? - Fogo Negro não se deu conta que quem estava à sua frente era Ashitaroth.

 

— Eu ouvi bem o que você disse, ser insolente?

 

— Ashitaroth-sama? Desculpe-me pelo pouco caso, Kazuia-sama pediu que caso o senhor viesse aqui, que lhe dissesse que tinha ido à ala norte atrás de Solaris.

 

Sem olhar meio segundo para trás, o monarca de Eddon deixou o pobre tigre marcado de chutes para trás e correu para a ala norte do palácio, se perguntando a todo momento o que faria seu filho ir procurar seu neto no lugar de onde o pequeno surgiu.

 

Nessa ação ele levou alguns minutos, pois a distância entre os dois era quase a do palácio inteiro. Corredores e mais corredores depois, na ala norte Ashitaroth encontrou quem procurava.

 

— Kazuia, seu idiota! Todos estão à sua espera e à de Solaris? Aconteceu alguma coisa com o meu neto?

 

— Pai, conte-me mais deste projeto N.H.K., porque procurei meu filho pelo palácio inteiro e só fui achar ele aqui, junto com a menina! - e Kazuia não respondeu o que lhe foi perguntado.

 

Ashitaroth se recusava a acreditar. “Mas Solaris é só um bebê e a pequena nem saiu do útero ainda… O que eles podem conversar?”, mas mesmo depois de um pensamento destes, ele respondeu ao filho.

 

— O projeto é simples, eu fiz uma youko. Sempre me achei o melhor de todos, então nada mais justo unir o que eu queria com o melhor, ela é um clone meu.

 

Kazuia não conseguia entender aquilo. Como poderia ter uma youko? Não existiam youkos fêmeas, ao menos que o youko vermelho-escuro soubesse. Ele nem sequer conseguia formar uma frase que fizesse direito, ele não entendia porque havia uma youko conversando com seu filho, sendo que a primeira não tinha saído do útero e o segundo tinha acabado de nascer.

 

— Primeiro acalme-se, Kazu, não é pra tanto. Segundo, não faço ideia do por quê ele quis conversar com ela, mas se eu chegar lá no computador e der uma olhada na câmera de segurança, posso tentar responder às suas perguntas.

 

No momento seguinte ele entra no laboratório e olha as câmeras através do sistema de segurança. Por um comando de voz, ele ordena ao sistema que se aproximem as imagens, e a conversa dos dois fica nítida.

 

— Oi, Sohar! O que tá achando do mundo aí fora? - perguntava a pequena com curiosidade.

 

— É bom sim, princesa. Mas o nome não é Sohar, é Solaris. Está chateada de estar por tanto tempo aí?

 

— Um pouco sim, Sohar – disse a pequena ignorando a correção feita pelo youko fora do útero – Sabe, ficar sozinha, sem conversar com ninguém é um pouco chato, né? Mas falando nisso, o que você tá fazendo aqui?

 

— Eu sentia a sua falta. Lá fora ninguém me entende, só papa e vovô Ashi, fora que eu tenho que ficar fazendo cara de bebezinho humano, que não entende nada…!

 

— Eu também senti sua falta. Seu papa é o meu irmão Kazu, né?

 

— Sim. Quando você sai daí? Mas espera um pouco, eu consigo ver mais alguém aí com você, quem é?

 

— Nem eu sei direito, apareceu aqui há poucas semanas e eu fiquei muito cansada pra chamar você aqui e você não veio, pensei que tinha acontecido algo ruim!

 

— É que eu não consegui vir antes, me seguraram longe daqui. Mas me conta, é uma criança como a gente?

 

— Não sei, acho que… - e antes que eles pudessem saber, o computador que Ashi usava explodiu, parecendo que tinha excedido sua capacidade de processamento mediante a captação dos pensamentos da pequena. Vendo ao menos cinco servidores pegarem fogo, Ashitaroth só ficou chateado por não ter conseguido ouvir a última frase de sua filha.

 

Enquanto isso mais adentro no laboratório, encontramos os responsáveis pela explosão próxima aos mais velhos. Assim, ele reinicia a conversa.

 

— Princesa, ainda não me disse quem é esse atrás de você.

 

— Não é um só, Sohar. São três. Três meninos iguais a você. Acho que tem um igual a mim, mas eu ainda não tenho a menor ideia.

 

— Como assim? Você fez eles?

 

— Não, Sohar. Estavam aqui o tempo inteiro, talvez papai não os tenha visto… - Assim que percebeu as visitas, alertou Solaris da aproximação de Kazuia.

 

“O que ela quis dizer com alguns iguais a ela?”, pensou o youko vermelho-escuro. Ele tinha pego parte da conversa entre os dois menores, mas não tinha entendido muita coisa. O que ele fez a respeito do caso foi entrar no laboratório onde eles estavam, pegar Solaris no colo e sair andando. Já estava muito atrasado e não ficaria mais que isso.

 

Ashi seguiu o filho e os três voltam para a ala sul, onde a apresentação aconteceria. Chegando ali perto, Riei se exaspera.

 

— Tá muito atrasado, Kazuia. - até ofegante Riei estava por determinado esforço que não ficou aparente para quem quer que fosse.

 

— Eu sei, eu sei! Chegou muita gente?

 

— Claro, né? O salão tá lotado de gente! Nunca vi tanto parente e chegado da família!

 

Kazuia sorri e continua levando o filho no colo. Pelos bastidores, ele vai caminhando calmamente até o alto do palco, e dali para o trono.

 

— Peço um minuto da atenção de todos. - no momento seguinte o burburinho parou ainda que lentamente. Com isso, Ashitaroth tomou a frente.

 

— Hoje comemoramos o nascimento de mais um youko na família eddona. Peço que recebam, com fervor, Sakuya Solaris!

 

A primeira reação foi de espanto, depois uma ovação sem precedentes veio do povo. Hades, o outro pai de Kazuia, chegou e pediu para levar seu neto no colo, e a reação foi a melhor possível.

 

Porém, Kazuia não esqueceu o que ouvira da pequena no laboratório, e a despeito de não caber em si de orgulho do rebento, ficou com essa questão na cabeça. "Amanhã cedo vou falar com meu pai Ashi. Não posso deixar isso pra lá".

 

A festa correu muito bem, todos começaram o novo integrante da família real e foi pano de fundo para vários outros acontecimentos que tiveram lugar ao longo do tempo.

 

Sem sequer perceber, Kazuia pegou seu filho (àquela hora no colo de Hypnos) e seguiu para seu quarto. Antes que caísse em sono pesado, conseguiu deixar Solaris no berço e adormeceu rapidamente.

 

Um mês depois do acontecido, Ashitaroth foi visitar o filho em seu aposento, porém nada que o youko lilás fizesse o acordava. Berros, cutucões, nada. Foi naquele momento em que ele viu que o neto estava brincando com os cabelos dele. Rindo do “momento fofura” dele, o monarca de Eddon o pegou no colo e o levou consigo, deixando o filho dormir em paz, por mais que tivesse dormindo demais. O mais velho se dirigiu ao laboratório, tendo em mente que faltava apenas para que sua pequena saísse do útero artificial.

 

Em dado momento, antes de chegar a seu destino, o monarca de Eddon o deixa com sua “babá” e termina seu percurso.

 

Enquanto Ashi cuidava de suas coisas, Solaris estava com Fogo Negro, e inesperadamente a dupla recebe a visita de Aioria, que torceu o nariz assim que viu o filho de seu desafeto. Lembrou-se da festa no mês anterior, em homenagem do pequeno, e a inveja fez casa. No momento seguinte, começou a alfinetar:

 

— Ora, ora, o que temos aqui!? Um pequeno cupim no meu caminho. Sabia que ao menos você não é tão igual ao seu pai! – e este último riu da própria piada sem graça. Nem a criança e nem o tigre esboçaram qualquer sorriso. Na verdade os olhos do pequeno faiscaram de raiva.

 

No alto de seu 1 metro de altura, o pequeno Solaris desatou a falar, para espanto do mais velho.

 

— Sou pequeno sim, Aioria, mas nunca um cupim. Nunca mais fale mal de meu pai em minha frente, senão serei obrigado a tomar providências. – na última frase Aioria saiu correndo o mais rápido que suas pernas permitiram, pois sentiu o poder que o pequeno youko vermelho emanava, e era avassalador.

 

“Como é possível uma criança de um mês ter aquele poder todo? Preciso avisar papai”, pensou o odiado enquanto corria em direção à Yesshra.

 

Enquanto a discussão ocorria, Fogo Negro precisou dar uma saída, “atender ao chamado da natureza”, e quando voltou apenas viu que tinha um rastro de cheiro levando ao laboratório. Seguiu o rastro com seu faro e, quando entrou no laboratório atrás da criança, já tomou uma bronca do dono do lugar.

 

— Fogo Negro, o que faz aqui dentro? O que eu já falei sobre tigres no meu laboratório? Sabe bem que não gosto deste comportamento!

 

— Peço perdão, milorde, mas Solaris veio para cá pelo que pude rastreá-lo, e o mais intrigante é que eu o vi falando, e o pior, ameaçando Aioria. – o semblante do tigre era de uma surpresa genuína.

 

— Fogo Negro, tem certeza de que você não estava sonhando? Solaris falando?

 

— Certeza absoluta, milorde. Caso queira verificar, podemos perguntar a ele assim que o acharmos. – em seguida o tigre passou a procurar por todos os cantos do laboratório que pôde, e ao chegar perto do útero da menina, lá estava quem ele procurava.

 

— Milorde!! Ele está aqui junto da menina!!

 

— Não precisa fazer tanto estardalhaço, seu tigre de meia pataca. Calma aí, estou chegando. – ao passo em que Ashitaroth chegou perto do útero, quase teve uma síncope.

 

— Milorde Ashitaroth! Está tudo bem com o senhor? – perguntou o tigre preocupado.

 

— Fo… Fo… FOGO NEGRO!! Por acaso você viu o que está dentro do útero artificial junto com a menina? O que é aquilo? – no momento seguinte a ter visto o que viu, correu para um dos computadores e começou a digitar igual desesperado, e pouco depois continuou, para todos os geneticistas presentes ali – SOCORRO! PRECISO DA AJUDA DE TODOS VOCÊS! EMERGÊNCIA!!

 

Hypnos chegou no meio de toda a confusão e viu o irmão atarantado ali. Tentou acalmá-lo, sem resultado. Vendo isto, Hypnos toma o irmão no colo e o leva dali, e este se deixou ser levado. Enquanto isso, Kazuia, com a maior cara de sono do mundo, apareceu ali e viu toda a cena: seu pai sendo carregado por seu tio, os geneticistas trabalhando como se um apocalipse tivesse acontecido e ali no útero ele não via mais só a garota, mas sim, outras crianças também.

“Estranho… Nunca imaginei que haveria outras crianças lá dentro. É muito suspeito, vou falar com o pai Hades”.

 

E Kazuia foi o mais rápido que pôde até o Reino Negro, morada de Hades. Demorou ao menos umas 10 horas, pois por causa da agitação ele sequer conseguiu usar magia direito, e por causa disso ficou se culpando por demorar demais.

 

Ao chegar lá, além de desesperado estava sem dormir, o que piorava as coisas. De maneira histérica, o youko vermelho-escuro chegou berrando.

 

— Pai, preciso urgentemente da sua ajuda! Tem outras crianças com a menina de Ashitaroth, ele mesmo desmaiou, Luccifer está histérico e eu não sei o que fazer!

 

O monarca do Reino Negro olhou para o filho condescendentemente e aplicou-lhe um afago em sua nuca.

 

— Tenha calma, Kazu. Não precisa se desesperar. Um dos meninos é gêmeo dela e os outros eu não sei, ou sei lá, é o que eu acho.

 

— COMO ASSIM?

 

— É que nas anotações de Ashitaroth falava de um gêmeo pra dividir com ela todo o poder que carrega. Ashi ficou espantado porque não se lembrou disso, simples.

 

— Mas como assim "esse poder todo"?

 

— Mais uma vez simples. Ele depositou nela mais poder que possuem os cinco filhos de Eclipse, aparentemente mais poderosa que Daríen e supostamente mais poderosa até que o próprio Ashi.

 

Entendendo o que acontecia ali, mas, ainda assim, surpreso, ainda questionou…

 

— E o que eu falo ao pai Ashi?

 

— Só é preciso dizer que o experimento dele não saiu como ele queria, filho. - e Hades riu. Antes que Kazuia pudesse agradecer, apareceu alguém. Antes também que este último pudesse se perguntar quem era, logo foi identificado pelo youko vermelho-escuro: era Louis, seu antigo desafeto e seu primo.

 

— LOUIS!

 

Hades logo viu que teria de intervir, pois Kazuia já estava nervosíssimo, e ainda Louis usou de escárnio pra cima dele... A coisa realmente ficaria preta se ele não interviesse.

 

— Tio Hades, onde está meu irmão? - perguntou Louis.

 

— Em Eddon, mas você vai ficar por aqui hoje, vai pra lá só amanhã, estamos entendidos?

 

Não foi necessário explicação. Kazuia partiu imediatamente de volta a Eddon, enquanto Louis ficou junto de Hades.

 

Após este episódio, Kazuia prometeu a si mesmo que um dia colocaria um fim naquela rixa, mesmo que fosse com o fim de Louis.

 

Já no dia seguinte, Louis foi atrás do irmão no castelo de Eddon. Claro que perdeu alguns segundos observando a construção enquanto chegava, era magnífica. Andando com calma sempre, ao estar já dentro, perguntou a vários serviçais onde seu irmão poderia estar, e nenhum deles pareceu saber. Então, o último a quem perguntou lhe sugeriu que procurasse por Ashitaroth, que ele deveria saber, e o inquiridor achou uma boa ideia.

 

Guiado pelo criado até a ala norte, Louis encontrou quem procurava aos berros com seus assistentes.

 

— Quero que vocês descubram o que aconteceu de errado, e quero PRA ONTEM!

 

— Calma, tio.

 

— Como você me pede pra ter calma em um momento desses, Louis? Isso aqui é muito importante, e... Espera aí... LOUIS? O que tá fazendo aqui em Eddon?

 

— Olá, tio Ashitaroth. E sabe, ouvi seus gritos! - vendo que a piadinha não surtiu efeito, continuou – Brincadeirinha. Tô procurando por Aioria, e soube dele lá no Reino Negro. Por acaso falei com Hades e Kazuia e soube que tá acontecendo algo de errado no projeto N.H.K..

 

— Hades te contou sobre o projeto...? E me conte... Qual a sua necessidade de falar com o seu irmão, já que me parece que você despencou de Altozan até aqui, não é mesmo?

 

— Nem sei de nada sobre o projeto, tio. Só vim aqui pra te entregar este envelope, a pedido de meu pai Saga.

 

E Louis entrega o envelope pardo com o selo de Yesshra a Ashitaroth.

 

— Sei... - a desconfiança era clara no rosto do monarca.

 

Ashi virou-se em sentido ao laboratório e seguiu. Louis tentou segui-lo, mas foi prontamente barrado pelos guardas de quem ele tentou seguir. "Maldita unidade de guarda!"

 

— Por que não posso acompanhar meu tio? - perguntou Louis a um dos guardas. Prontamente, sem que este último recebesse qualquer resposta, foi escoltado para fora da ala norte.

 

"O que o tio Ashi está escondendo de mim e do pai Saga? Se eu soubesse andar no castelo de Eddon sem depender de Fogo Branco... E mesmo ele só pôde me trazer até a ala norte...". O pensamento que ele cultivou só o deixou ainda mais tenso. Naquele momento percebeu que ficar andando em círculos não adiantaria nada, com isso parou e ficou à espera de alguém que poderia ajudá-lo. Ele tinha certeza de que não demoraria muito.

 

Depois de uma hora, Kazuia chega com Solaris no colo e encontra Louis a sono solto, roncando e babando. Rindo até não poder mais, o youko vermelho-escuro acordou o primo aos chutes, alguns particularmente doloridos na lateral do corpo. Este acordou assustado e irritado consigo mesmo, principalmente por ter sido encontrado por quem tinha sido.

 

Aprumou-se atabalhoadamente e, envergonhado por ter sido pego por ele naquela situação desfavorável, esperou que ele falasse, o que não demorou muito.

 

— LOUIS! Louis, seu preguiçoso, o que está fazendo dormindo no meio do corredor aqui do castelo de Eddon? Não tem cama não?

 

Era fato que o filho de Saga não admitiria, mais ainda para o desafeto, o que realmente estava fazendo ali. Então começou sua tentativa.

 

— É que tio Ashi pediu que eu o esperasse aqui fora porque queria falar comigo. Ainda não sei o que é, mas sabe como é, né?

 

Desconfiado das intenções do primo, Kazuia pretendia ver até onde ele iria, acompanhando suas ações... Mas Solaris, por ainda ser ingênuo e não estar contente com a situação, disparou...

 

— Tio Louis, você está mentindo!

 

— Veja como fala comigo, seu... Seu... - Louis não soube responder à altura, pois Kazuia estava ali e ele não era tolo o suficiente para responder ao pequeno como ele merecia na frente do pai dele. "Mas que falta de sorte! Como se já não bastasse estar perdido aqui dentro, me deparo com ele. Mas que inferno!".

 

Vendo a reação silenciosa do primo e a feição que este apresentou involuntariamente, Kazuia resolveu agir.

 

— Vem comigo, Louis, tenho algo para te mostrar!

 

Enquanto o youko vermelho-escuro levava o primo com esta frase, Ashitaroth, no laboratório, enfrentava problemas.

 

— Senhor Ashitaroth, aqui está o relatório que pediu a respeito do incidente.

 

— Ótimo. Me dê.

 

O geneticista entrega o documento ao rei de Eddon, e este se põe a ler imediatamente. Entre vários termos técnicos, a conclusão fora que sempre fora cinco o resultado da clonagem, os quatro meninos nunca foram percebidos antes porque não o quiseram ser, e nunca terão o mesmo potencial que a menina apresentava.

 

Embora no começo do relatório houvesse essa conclusão, havia mais o que ser lido, então Ashitaroth continuou sua leitura parecendo entretido como se fosse um livro de ficção científica.

 

Aí retornamos onde Kazuia e o filho estavam com Louis, e este perguntou onde estavam indo. O youko vermelho-escuro tinha a intenção de deixá-lo com seus "bichinhos", enquanto que o filho de Saga não fazia a menor ideia do que o esperava...

 

... Nos calabouços. Sim, senhores leitores! Haviam calabouços no castelo de Eddon.

 

Enquanto isso, no laboratório, uma coisa bem interessante aconteceria.

 

— Vejo que já compreendeu o erro que cometeu, não é mesmo, Astaroth?

 

— Só tem uma pessoa que me chama assim… - Ashitaroth estava com uma nesga de medo na voz. - Pai! Sabe bem que não gosto de ser chamado assim.

 

Eclipse ignorou completamente o chilique do filho e continuou.

 

— Então… Brincando de deus novamente? O que aprontou dessa vez?

 

— Nada de mais, só fiz clones meus. Sendo lindo e maravilhoso como sou, é uma injustiça não compartilhar mais de mim por aí…

 

— Tá, sei. São meninos ou meninas?

 

— Os dois. Uma menina e três meninos.

 

— Deixa eu olhar pra isso direito… Você tá delirando… Mas espere um momento… - disse o youko mais velho completamente abismado – A menina tem olhos dourados!

 

— Sim! Não é incrível?

 

Olhando assustado para o filho, emendou…

 

— É quando esse mons… Digo… Quando ela nasce?

 

— Em breve, em breve.

 

— Então quer dizer que meu filho conseguiu criar seu monstrinho?

 

— Ela não é monstrinho, seu velho caquético!

 

Eclipse sentiu um puxão na barra de suas calças e viu Solaris por ali, de cara feia, embirrado com a afirmação do mais velho.

 

— Oras, é Solaris, meu bisneto. Como conseguiu entrar aqui?

 

Quase perdendo a sanidade de tanta raiva, Solaris continuou…

 

— Seu bisneto o caramba, e to aqui porque vim ver minha amiga!

 

— Que amiga?

 

— A que está lá dentro, oras! Me coloca perto do computador, vai? Deixa de lenga-lenga.

 

Rindo com a empáfia do pequeno, Eclipse o pega no colo e faz o que lhe foi pedido. Os começam a trocar amenidades até que a pergunta surgiu.

 

— Quem é esse aí com você?

 

— Vovô Eclipse, pai do vovô Ashi.

 

— Aaaa tá. E quando eu saio daqui?

 

— Eu acho que é daqui uma semana e meia, mas eu ouvi vovô Ashi falando que eles vão tirar os seus irmãos e levá-los para um lugar chamado Asra!

 

Conforme a conversa prosseguia, Eclipse percebia a desenvoltura dos dois, e o quanto estavam inteirados do projeto. Sem esperar muito, foi falar com seu filho.

 

— Astaroth, venha cá agora! O que eu vi agora é no mínimo perturbador!

 

— Então me conta, o que aconteceu?

 

— Primeiro lugar, você sabia que Solaris já fala? Sabia que os dois conversam? E que a menina aparentemente sabe onde é Yesshra?

 

— Calma, calma, uma coisa por vez. Primeiro, eu sabia que Solaris já fala. O aprendizado da menina está quase completo, o que torna natural ela saber onde é Yesshra, mas como os dois conversaram?

 

— Através do computador, mas o que me espantou foi que o pequeno sabia até quando a monstrinha ia nascer!

 

— Monstrinha não! - disse Ashitaroth com fúria, mas a informação o fez pensar. “Se Solaris e a pequena já têm todas essas informações (e eu sequer sei como conseguiram), isso pode atrapalhar meus planos”.

 

Com isso Ashitaroth sai correndo de volta para o laboratório, e lá encontra os dois conversando.

 

— Nowa, cadê seus irmãos? - perguntou o monarca de Eddon, afobado.

 

— Ali, mas por quê? - perguntou Nowa inocentemente.

 

Antes que Ashitaroth pudesse falar ou pensar em alguma coisa, Solaris se adiantou.

 

— Tome cuidado, Nowa! Não deixe seu pai chegar em seus irmãos, porque senão ele os vai levar pra longe e você nunca mais vai ver eles!

 

Lembrando que Solaris havia escutado a conversa entre ele e Kazuia, Ashitaroth tem um súbito aumento de pressão por pensar demais naquilo e desmaia prontamente. Aproveitando o cenário com Eclipse na outra sala e o pai de Nowa desacordado, Solaris começa a digitar furiosamente no teclado do servidor de controle, transferindo os irmãos de Nowa para o laboratório de Yesshra, deixando apenas a pequena para trás, pois ele não queria ficar longe dela.

 

Enquanto isso, em outro ponto do Negaverso, dois seres andavam rapidamente em direção a um destino ainda não conhecido…

 

— Tenho certeza que era por aqui!

 

— Eu sei disso, mas por aqui aonde?

 

— Suspeito que é daqui que a clone do Ashitaroth veio, de onde ela tira seus poderes.

 

— Estamos onde mesmo, Lanntis? - queixou-se o mais velho dos dois.

 

— No PSI, Quasar. Vem de Inteligência Superior Psíquica, antes que pergunte.

 

— Mas por que raios está ao contrário? Não deveria ser ISP?

 

— É que PSI é a letra humana grega para inteligência e beleza. É o que dizem.

 

— Você parece bastante bem informado, não?

 

— É que é de onde vovô Apocalipse veio de lá.

 

— Mas Apocalipse não é pai de Eclipse, avô de Ashitaroth?

 

— Sim…

 

— Mas voltando ao assunto do clone, pude constatar, graças ao que você disse, que ela veio de lá mesmo. O que fazemos agora?

 

— Seguimos, porque por mais que não fosse de nossa conta, ela é uma youko, e é clone do Ashitaroth, então diz respeito a todos nós. Temos que saber mais dela.

 

Enquanto os dois passeiam pelo PSI, voltamos ao laboratório, onde Ashitaroth só falta arrancar o cérebro do neto de tanto balançá-lo.

 

— Vamos, Solaris, me diga o que disse aos meninos, ANDA LOGO!!

 

— Calma, vovô… Os meninos estão em Yesshra… Mas olhe só, um deles ficou! - com essa frase Solaris impediu que seu avô continuasse o chacoalhando, e lhe perguntasse…

 

— Como você sabe disso? - Solaris apontou para uma pequena luz vermelha em um dos painéis, informando que eles estavam mesmo onde o pequeno informava estar. O menino estava tonto, e demoraria a se recuperar.

 

Ainda olhando o monitor, Ashitaroth não viu quem chegava, e com uma pancada bem-dada, este ficou inconsciente. Logo foi possível determinar de quem se tratava, e era Kuramma. Ele viera em auxílio de Solaris e, vendo que seu golpe lograra sucesso, disparou…

 

— Vamos ter que sair daqui, Solaris!

 

— Mas Kuramma, você acertou o vovô Ashi, ele vai ficar muito bravo com você se souber que foi você quem fez isso!

 

— Só se ele me encontrar!

 

— E a minha amiga?

 

— Deixe aí, não é problema nosso! Ela vai estar melhor que nós! Vamos!!

 

Kuramma passou o braço ao redor do braço do “irmãozinho” e saiu correndo o quanto que suas pequenas pernas conseguiam aguentar. A única coisa que ele não desconfiou foi que a pancada que ele deu em Ashi foi tão forte que ele poderia ter saído andando normalmente sem sofrer qualquer consequência… O youko lilás ficou desacordado cerca de uma semana. Todos os funcionários do palácio estavam preocupados, pois seu mestre havia sumido e seu projeto, o tão afamado NHK, teria sua conclusão em algumas horas.

 

Exatamente à meia-noite o alarme tocou. Estridente, pulsante, forte o suficiente para acordar o castelo inteiro. Com a gritaria e correria, Ashitaroth, que até o presente não tinha sido encontrado (porque a ninguém era permitido entrar no laboratório sem seu consentimento), acordou no chão com uma bela dor de cabeça. Os geneticistas, que já tinham aprovação prévia, corriam de um lado para o outro, terminando os preparativos e tudo o mais.

 

Ele desconfiou que àquela hora não era para as pessoas correrem assim no castelo, mas ao levantar-se, percebeu que tinha ficado ali havia uma semana inteira. Era hora de Nowa nascer, por isso a correria e o alarme todo.

 

Foi aí que ele se desesperou e começou a correr para todos os lados. Quando os preparativos foram terminados, no laboratório apareceram Kazuia e Luccifer envoltos em seus robes. Outros membros dos Lannkaster apareceram para presenciar o nascimento da pequena.

 

— Ela vai nascer! - disse um empolgado Kazuia.

 

— Vamos, monstrinha, quero te ver! - disse Luccifer, cético.

 

— Lu! Ela não é monstrinha, pode parar com o sacrilégio! - Ashitaroth, mais amassado do que nunca, era o que tinha mais expectativas.

 

Uma hora se passou; Duas, três, quatro e nada de ela nascer. Quando finalmente haviam se passado 12 horas do alarme, com o sol a pino do lado de fora do castelo, todos ficavam se perguntando o porque de tanta demora.

 

— O QUE ELA ESTÁ ESPERANDO? - gritava e se exasperava o monarca de Eddon.

 

— Não faço a menor ideia, pai… Já faz doze horas que o alarme tocou…! - disse Kazuia também preocupado, quando de repente, uma forte luz invadiu os dois laboratórios, tanto Yesshra quando Eddon, e com essa luz, todos os que estavam próximos dos úteros artificiais de Yesshra foram transportados para Eddon, na entrada principal. Sequer os que estavam presentes no laboratório de Eddon foram deixados dentro do laboratório. Era o espaço grande o suficiente para que eles aparecessem.

 

Os quatro surgiram após a luz amainar, e eram o alvo da atenção de todos. As crianças eram muito parecidas entre si. A menina tinha olhos dourados, os cabelos e os pelos eram de uma cor lilás bem clara, tinha orelhas bem felpudas e um par de lindas caudas. O primeiro menino era uma cópia quase perfeita da menina, apenas com a cor lilás um pouco mais escura. O segundo menino tinha o cabelo e pelos roxo e os olhos também dourados, e o último também tinha olhos prateados, porém os cabelos e pelos eram negros como a noite, parecendo-se com Hades.

 

Todos os observavam ainda, e logo após da luz sumir, todos os quatro se ajoelharam e, em uníssono, disseram…

 

— Aqui começa uma nova era. Governaremos não só o Makai, mas também os outros quatro mundos, e com eles viveremos em perfeita harmonia. Não haverá ser vivo que não se ajoelhe perante nós!

 

Todos os presentes se ajoelharam e ali havia uma cena épica. No momento seguinte, foi possível ver que o que foi visto por todos era apenas uma ilusão, e quando esta terminou, foi possível ver que as duas crianças de olhos dourados estavam juntas no laboratório de Eddon, enquanto as duas crianças de olhos prateados estavam juntas no laboratório de Yesshra.

 

Um dos cientistas dispara para Ashitaroth:

 

— Senhor! São quatro crianças. As duas em Yesshra estão inalcançáveis no momento, o que fazemos com estas?

 

— Estas você leve para o quarto. Elas serão apresentadas ao povo. Quanto aos outros dois, quero que quatro de vocês vão imediatamente para Yesshra para colocá-los em sono criogênico. Serão dois problemas a menos para se preocupar.


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Notas finais do capítulo

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