O despertar da primavera escrita por Crisântemo Lirium


Capítulo 2
Verdades relativas


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores. Bom dia!
Escrevi esse capítulo ontem pelo celular e só estou postando-o hoje, porque tive tempo agora. >

O exemplo dado no capítulo de hoje é um caso real,ocorreu de verdade mesmo e ocorre muito por aí, a justiça não é plena. Os nomes das partes envolvidas são totalmente originais, apenas peguei um caso para me basear.

Espero que gostem.


Boa leitura! o



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O vento passa morno, denunciando o clima quente de hoje. Se chovesse era bem melhor, confesso. Se bem que, às vezes, em vez de a chuva refrescar mais, ela aumenta o calor.

 

As horas passam, mamãe ainda não voltou. Estou com a boca seca, os raios solares me torturam. Sede. Meio-dia, como sei? O Sol fica mais quente nesse horário, não é recomendável se expor ao Sol nessa hora, faz mal à saúde.

 

Não quero falar o porquê da exposição ao Sol do meio-dia fazer mal, porque teria de entrar em um assunto delicado, que envolve biologia e a sociedade trata como racismo. Aliás, falemos da sociedade, enquanto mamãe não chega.

 

A sociedade incomoda-se com qualquer coisa que as pessoas do seu seio social fazem, seja uma palavra de carinho dita a um amigo, gestos inocentes como andar de mãos dadas com o pai ou a mãe, por exemplo, são vistos com segundas intenções. Isso é um desvirtuamento sócio-moral, uma imposição melindrada e silenciosa, uma obrigatoriedade de crença mitigada.

 

Teorias infundadas a respeito da vida e do universo são tecidas todos os dias, seja oral ou escrita, não importando se o meio escrito seja virtual ou não. As pessoas não podem ser julgadas por seus pensamentos, ninguém deveria ser julgado sequer por suas ações ou opiniões expressas, mas infelizmente algumas opiniões vêm mascaradas de preconceito aliado à ignorância devido o desconhecimento de determinado assunto.

 

Elogio mascarado de ofensa fere muito mais do que um tapa na cara, não acha? É preferível dar a face a tapa a receber uma ofensa. A dor física passa, a da alma não.

 

As feridas da alma demoram a cicatrizar, é algo que se leva para outra vida, por mais que não lembremos de fato ao reencarnar. As feridas do coração cicatrizam com o tempo, podendo reabrir se for mexida; diferente da ferida do coração, a ferida da alma acompanha um processo lento e doloroso chamado karma, podendo a pessoa sofrer mais, ou menos que as outras.

 

Ouço a porta abrir, o vento que entra por ela denuncia a chegada de alguém, que reconheço de imediato, quando ela dirige-se a mim.

— Desculpe a demora, Amarilis. O dia foi horrível. — é mamãe, seu tom de voz é de chateação e ela suspira, fechando a porta atrás de si.

 

O que houve, mamãe? Ela não me ouve, o cheiro de água salgada mescla-se com o vento que passa como brisa pelo quarto. Ela vem até mim e fecha a janela.

 

Liga o ar-condicionado e começa a desabafar:

 

— Não estou triste, porque ganhei ou perdi a causa. Estou triste pelo fato de que não consegui fazer justiça como me foi pedido. A criança sofria abusos sexuais do pai, a pequena Anne. Os pais são separados, Marlene e Mario Jorge, a mãe estava com a guarda temporária da filha — ela funga e enxuga parcialmente as lágrimas — e hoje ela perdeu a confiança em si mesma. O Mario Jorge vai continuar abusando da menina, quando a criança for passar uns dias na casa dele, eu sei disso. Ah! Meu Deus, o que eu fiz? — ela indaga a nós três: a ela, a mim e ao Todo Poderoso.

 

— …

 

Eu queria poder abraçá-la, afagar-lhe os cabelos e retirar as mágoas que povoam seu coração. Não suporto vê-la assim, me parte o coração. Mamãe é tudo para mim, não sei o que faria sem ela.

 

Às vezes, a vida nos mostra nossa fragilidade diante das barreiras que ela mesma nos impõe, precisando para tanto resistir ao medo de seguir em frente. Errar é humano e cotidiano; não estamos livres de erros, somos passíveis de dele, mas resta a nós saber como lidar com a habena de nossas próprias vidas.

 

 


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