A empatia das trevas escrita por Jude Melody


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo




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Os meninos disseram que o coração de Ellie é feito de rebotalhos. Garota de língua afiada que diz exatamente o que pensa sem se importar com os sentimentos alheios. Ela apenas riu e puxou o capuz do casaco sobre a testa. Ergueu as mãos, balançando os dedos, e jurou diante de todos ser uma bruxa. Foi suspensa.

Agora ela corre pelo cemitério, as vestes roxas esvoaçando atrás de si como uma cauda. Sabe que não é a aluna mais querida, mas não se importa. Seu mundo é permeado por mistérios e histórias fantásticas. Recosta-se em uma das lápides e ajeita o chapéu pontudo. Inspira lentamente, como se desejasse incorporar a noite ao seu redor. Nada mais é tão gostoso quanto perambular sem destino, ouvindo as lamúrias dos Pokémon fantasmas.

Um grasnado chama sua atenção. Orbes vermelhos brilham no alto de uma das árvores. Um movimento rápido e zás! Ellie agacha bem a tempo de evitar o golpe do Murkrow. A ave marota começa a rir, batendo as asas. Ainda consegue ver a trança sob o chapéu de bruxa. Mas outro brilho desperta seu interesse: o colar de pérolas, presente da avó de Ellie. Faz menção de roubá-lo, mas o que é isso? A garota trouxe torradas com geleia. Ah! Ela conhece o Murkrow!

Juntos, eles degustam o humilde lanche. Um é a única companhia que o outro possui. De alguma forma, compreendem-se bem. Conforme a noite avança, Ellie acende uma candeia e põe-se a tecer contos sombrios que Murkrow ouve com olhos vidrados. Perto da meia-noite, ele pousa em seu braço, apenas para alçar voo quando ela o lança para frente com todas as suas forças. Os grasnados de despedida não perturbam os Pokémon fantasmas.

Ellie perde-se em uma ilação sem sentido. O Murkrow personifica as trevas de sua solidão.


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Notas finais do capítulo

Esta é para quem me chamou de “gótica no cemitério” uma vez. *risos*