San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 61
137. Sem Dó + Cem Palavras


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746722/chapter/61

Assim como sempre, ou quase, os garotos estavam nos esperando na frente do dormitório feminino. Começamos a caminhar, cheios de preguiça pela segunda-feira, e James ficou ao meu lado, estendendo a mão em minha direção com uma expressão de “quer fazer isso?”.

Sorri e segurei sua mão, cruzando nossos dedos enquanto andávamos. Eu sabia que era coisa minha, mas já tinha a impressão de estar sendo observada.

— O que você está fazendo? — Júlio perguntou a Lili, que estava anotando alguma coisa em uma agenda.

— As coisas que tenho para entregar essa semana — explicou, ainda escrevendo. — Tenho um texto de espanhol para traduzir e entregar na quarta, uma redação para amanhã, exercícios de francês também para amanhã e... Tem mais alguma coisa, não consigo lembrar.

— Você não acha que está fazendo coisa demais, não?

— Não, estou fazendo porque dou conta... Ah, lembrei! Tenho que decorar um trecho de um livro em inglês para falar na aula de quarta.

— Já consegue falar alguma coisa em francês? — Bebê perguntou, provavelmente querendo brincar com ela.

— Conseguir, até consigo, mas não quero passar essa vergonha. No final do ano você pode fazer a mesma pergunta que eu vou te recitar um poema.

Ele sorriu, debochado. — Tá bom, vou ver se eu lembro disso.

— Bem lembrado, Lili — comentou James. — Eu esqueci completamente desse texto de espanhol. Falei que ia fazer no fim de semana e não fiz.

— Claro, ficou o fim de semana nos amassos. — Lili riu, maliciosa enquanto entrávamos no refeitório cheio.

Ignorei aquele comentário dela antes que eu ficasse corada.

— Você não ficou nos amassos e também esqueceu, sabichona. — James retrucou, indo na frente para a fila da cantina.

— Eu esqueci porque estava muito ocupada ficando feliz e brava por vocês dois. Essas emoções tomaram conta de mim e eu esqueci de tudo.

— Aham, tá bom.

Pegamos nossas comidas e procuramos uma mesa, encontrando uma com alguns lugares vagos no final do salão. Comemos conversando e depois fomos para as aulas, que passaram lenta e tediosamente.

Ficamos gratos quando o sinal do almoço tocou, com os estômagos nas costas e caminhamos famintos de volta à cantina. Almoçamos com Lili me apressando, dizendo que queria subir logo para começar suas lições para tentar entregar ainda hoje.

Novamente, James e eu ficamos de mãos dadas para caminhar no jardim e, daquela vez, nós realmente fomos observados. Eu estava me controlando para não ficar encarando Erica e suas amigas, mas elas pareciam pedir por isso, já que não tiravam os olhos de nós enquanto passávamos por elas.

— Minhas orelhas estão queimando. — James falou, olhando para frente, como se quisesse não piorar a situação ao me fitar.

— Não é à toa. — Lili ainda deu uma olhadinha para trás. — Até as minhas estão.

Quando eu estava quase aliviada de ter passado pelo grupo, ouvi uma das meninas dizendo algo como “Viu? Eu não disse?” e eu juro que ouvi uma fungada.

— Por que essa menina está chorando? — Lili parecia impaciente. — Foi ela que terminou tudo, idiota.

— Lili — chamei sua atenção.

— Lili nada, minha filha. Eu não tenho um pingo de dó.

— Isso percebemos desde que te conhecemos. — Júlio riu, sendo respondido com um tapa no braço.

Nos despedimos e Lili e eu subimos. Deixei meu material no quarto e peguei meu caderno de escrita criativa, indo para o quarto da Lili. Enquanto ela traduzia o texto junto de um dicionário, verifiquei se eu tinha alguma atividade esquecida para fazer, mas não tinha nada.

Quando Lili acabou seu texto, faltava pouco tempo para as aulas extras. Pegamos nossos materiais e descemos, indo direto para as nossas respectivas salas.

Entrei na classe de escrita ainda vazia e tomei meu lugar de sempre, ansiosa para saber o que faríamos naquele dia. Pouco depois, outros alunos entraram e Bia chegou, sozinha, e se sentou ao meu lado.

— Oi, Bruna.

— Oi, Bia. E as meninas?

— Elas desistiram. — Deu de ombros, colocando seus materiais na mesa. — Tiemi falou que essa área não é para ela e a Amanda prefere se concentrar nas aulas de línguas.

— Ah, que pena. Seremos apenas nós, então.

— Pois é. Estou ansiosa para a aula de hoje. Queria tanto escrever um romance.

— Acordou inspirada? — Dei risada, a vendo sorrir ainda mais.

— Bom... Acho que sim... — Colocou as mãos no rosto, como se estivesse se segurando no lugar. — Ontem à noite... O Nathan veio me devolver meu livro, no jardim, depois da janta.

Abri um sorriso, animada com o assunto, a incentivando a contar mais.

— Ele falou que gostou muito da história e que está esperando uma continuação — disse com um ar sonhador, parecendo lembrar de cada detalhe do momento. — Eu falei que estava começando a planejar o segundo livro, mas que era segredo, então ele não podia falar para ninguém ainda... Aí ele falou que guardaria o segredo, mas só se ficasse sabendo das ideias e do que vai acontecer.

— Olha só! E aí?

— Eu falei que tudo bem, que contaria para ele o que eu conseguisse pensar e ele ainda ofereceu ajuda, para caso eu precisasse. Eu disse “mas você já deve ter tanta coisa para fazer, sem falar das suas atividades como representante e tal” e ele respondeu “imagina, isso não seria uma obrigação e sim um momento de lazer, para esquecer de tanto trabalho que eu tenho”. Não é um fofo?

Gente, como essa menina está apaixonada.

— Realmente, ele considera um lazer ficar com você. — Fiquei feliz por ela. — E você vai falar para ele suas ideias?

— Vou sim, até porque é sempre bom falar das ideias, porque posso conversar sobre elas e isso sempre gera outras ideias.

— Ai, que legal. Bom que vocês vão passar um tempinho juntos.

— A melhor parte, diga-se de passagem. — Deu risada.

A professora Beatriz entrou na sala toda sorridente e foi deixar suas coisas na mesa, parando na frente de todos.

— Hoje eu tenho um desafio, pessoal. É um pouco difícil, mas em contrapartida vai ser fácil. Quer dizer, depende... Enfim. Hoje quero que vocês escrevam um conto de cem palavras com tema livre.

— Quê?! — Uma menina berrou, alarmada.

— Isso aí. É difícil por ter um limite de palavras, mas é fácil porque vocês podem escrever com o gênero que se sentirem confortáveis. Romance, aventura, terror... Vocês escolhem. Para facilitar um pouco a vida de vocês, posso escrever os gêneros na lousa. Querem?

— Sim! — Muitas pessoas responderam ao mesmo tempo.

— Então tá.

Beatriz pegou o giz e começou a listar alguns gêneros.

Ação, aventura, comédia, drama, fantasia, ficção adolescente, lírica, mistério, poesia, romance, sobrenatural, suspense e terror.

— Podem começar! — Ela anunciou.

Peguei minha lapiseira e encostei a ponta na folha, pensando no que escrever. Parecia fácil e ao mesmo tempo, difícil. Eu precisava ser precisa e contar cada palavra, tinha que sair com exatas cem...

Caramba, isso é difícil...

Olhei para o lado e vi Bia escrevendo a todo vapor. Parecia que ela já tinha o texto todo feito na cabeça.

— Já? — sussurrei, apesar da sala não estar muito quieta.

Ela sorriu, animada. — Eu disse que estava querendo escrever um romance.

— Achou fácil? Escrever cem palavras?

— Não muito, mas eu estou fazendo um esboço. Se der mais ou menos de cem, eu vou ajustando, e aí passo a limpo.

Hm, boa tática.

Fiquei mais um tempo pensando no que escrever, e nos minutos seguintes consegui escrever só cinquenta palavras, que eu nem sabia em qual gênero se encaixava.

A professora deixou a gente terminar e entregar na outra aula.

Arrumamos nossas coisas e nos separamos. Fui para a sala de fotografia, encontrando James e Bebê já sentados em seus lugares.

Tivemos uma aula sobre as lentes das câmeras e suas funções.

Fomos tomar o café da tarde e ficamos falando sobre nossas aulas. Lili parecia já estar cansada, apesar de não admitir e dizer que está gostando do ritmo das aulas.

Depois, fomos para o auditório. Começamos na parte onde Rebeca, Aloys e Maria vão ao museu e veem o livro pela primeira vez. Tivemos que ensaiar algumas partes várias vezes, pois estávamos rindo com a expressão de surpresa que devíamos fazer.

Em outras partes, onde Rebeca e Aloys estavam voltando para casa, tínhamos que ficar apreensivos, mas claro que também ríamos. James e eu nos olhávamos e por um momento, eu achava que todos que estavam assistindo sabiam que não éramos mais “só” amigos.

No final do ensaio, o pessoal começou a caminhar para a saída e Bia nos encontrou nas escadas.

— Vocês foram bem, apesar dos ataques de risos — comentou rindo.

— A gente não consegue controlar, é mais forte do que nós. — James falou, segurando minha mão enquanto subíamos, fazendo Bia observar o gesto.

Ela me olhou, quase como se perguntasse se aquilo significava o que ela estava pensando. Eu dei uma levantada de ombros, sorrindo em uma afirmação.

— Ah... bem que eu notei algo diferente em vocês — cochichou mais perto.

— Você acha que ficou óbvio?

— Não. Mas por quê? É segredo?

— Não, não é, mas é um pouco estranho, sabe? Dá a impressão que todo mundo percebe esse tipo de coisa.

Bia riu. — Ah. Não, não ficou óbvio. Não sei os outros, mas para mim, vocês parecem mais próximos, o que eu acho incrível, porque vocês já eram muito próximos.

— Nossa...

— Eu acho que vocês combinam. Vocês são bem fofos.

Claro que as bochechas coraram. — Obrigada.

James e eu esperamos o Bernardo e depois que ele chegou, fomos para o refeitório. Encontramos Lili e Júlio, e pelo menos dessa vez ele não deve ter deixado ela de lado para falar com a Amanda.

Depois da janta, Lili e eu caminhamos para o nosso dormitório.

— Você viu quem estava olhando para a nossa mesa? — Ela perguntou, de repente.

— Não, quem?

— Um garoto bonitinho de cabelo escuro e aqui no ombro. — Indicou em si mesma a altura do cabelo.

— Era o Carlos?

— Não sei, quem é esse?

— Ele é amigo do Nathan, o menino que a Bia gosta. Mas o que tem ele?

— Ele estava olhando para a nossa mesa, ué. — Ela deu um sorrisinho que eu já sabia o que queria dizer.

— Ih, lá vem.

— Você já sabe o que precisa fazer, o meu charme cuida do resto. — Deu uma piscada, rindo da sua própria palhaçada.

Acabei rindo. Estava demorando para isso acontecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estava demorando para a Lili se interessar por alguém, né? shaushuah

Gostaram desse capítulo? Tivemos muitos assuntos!

Nos vemos semana que vem o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.