Zohar escrita por AnneFanfic


Capítulo 48
O som da tua voz.




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 Meu coração pulou tão forte dentro do peito quando finalmente ouvi tua voz...

 

 

 

Juntando as mãos sobre a mesa, Zohar observou sua mãe espalhar uma camada de nozes trituradas por cima das camadas de massa filó. Poderia ser clichê, mas Baklava era seu doce árabe preferido, por isso não via a hora de vê-lo pronto, saindo quentinho do forno. Ansiava por sentir o cheiro que lembrava os bons momentos da sua infância quando ainda morava na Síria, com toda sua família reunida. Nas últimas vezes que comeu Baklava o ambiente à sua volta parecia roubar o puro sabor daquele doce, mas agora reunida novamente com sua mãe em um ambiente de paz ela finalmente poderia degustar daquele doce como nos velhos tempos.

Aisha percebeu como a filha namorava o doce, embora estivesse falando sobre as últimas peripécias de Sarah, e sorriu apontando a colher na direção dela.

—Quer um pouco? Eu deixo pra você...

Zohar ergueu o olhar para mãe, que sorria divertidamente.

—Querer eu quero, mas não vai faltar? A camada de nozes já está tão fininha...

Aisha deu de ombros, deixou a vasilha com as nozes trituradas sobre a mesa e colocou uma camada de massa filó por cima da camada de nozes.

—Se for uma colher só não vai fazer falta.

Zohar pensou por um momento e afinal abriu o sorriso. Depois se levantou da cadeira rapidamente para correr até o armário e pegar uma colher limpa.

—Lembra?- ela olhou para Aisha por cima do ombro. -Aquela vez que o Omar comeu todas as nozes trituradas enquanto você tinha ido atender o telefone.- Zohar sorriu ao lembrar-se do feito de seu irmão mais velho e após pegar a colher voltou a se senta à mesa.

—Nossa...- Aisha franziu as sobrancelhas por um instante, enquanto a lembrança daquele momento surgia aos poucos em sua mente. –Eu tinha esquecido disso...- ela deu um meio sorriso e terminando de preparar a forma de Baklava, levou-a ao forno.

Enquanto ajustava a temperatura e o temporizador do forno elétrico, Aisha desfez o sorriso lentamente e deu um suspiro ao se lembrar do filho que jamais voltou a ver. O aperto no peito que de repente sentiu ao ter aquela lembrança reavivada em sua mente a fez se demorar ali mais do que o necessário para tomar tempo para distrair os pensamentos e evitar que as lágrimas se formassem.  Não queria se virar para a filha e deixar transparecer sua tristeza ao se lembrar do filho, quando Zohar buscava lembrar-se dos momentos divertidos que tiveram na infância.

Zohar comeu o restante de nozes sua mãe tinha deixado pra ela e assim que Aisha voltou a se sentar, ficaram conversando sobre algumas receitas que poderiam fazer da próxima vez.

—Meninas...- Suzan apareceu na cozinha, deixou sua bolsa sobre a mesa e foi até a geladeira. –Vou dar uma saída para resolver umas coisas e já volto. Uns 30, 40 minutos. Será que até lá o Baklava está pronto?

—Pronto vai estar, mas se vai sobrar alguma coisa com essa aqui por perto, aí é outra história...- Aisha apontou para Zohar com a cabeça.

—Mãe!

Suzan olhou de uma para a outra e sorriu.

—Tu guarda um pouco pra mim, menina...- ela brincou apontando o dedo para Zohar, e ao ouvir a buzina do táxi à sua espera, ela pegou a bolsa e saiu às pressas. –Até depois.

Zohar e Aisha se despediram e foram para a sala assistir televisão enquanto o Baklava assava no forno. Estava passando um filme qualquer que Zohar não conhecia e elas decidiram assistir enquanto esperavam. Estavam concentradas naquela atividade quando de repente o telefone tocou.

—Deve ser a Lauren.- Aisha comentou, já se preparando para se levantar do sofá e atender o telefone.

Ouvir aquilo fez com que Zohar sentisse uma pontada de ansiedade dentro do peito. Sua mãe já havia lhe dito que Lauren iria ligar a qualquer momento naquele dia para saber a resposta final delas, sobre a ida ou não a Londres. Zohar se sentia um tanto quanto pressionada, pois a resposta teria que já estar ali, pronta.  Ela já tinha feito uma lista mental com os prós e contras de ir para Londres e era evidente que todas as coisas apontavam para aquela decisão. Ela sabia que ir para Londres era a melhor escolha, mas era difícil lutar contra suas emoções.

Aisha olhou para Zohar esperando uma resposta final enquanto sua mão ainda estava suspensa sobre o telefone. Zohar passou a mão no rosto e suspirou profundamente. Sentia um aperto no peito e simplesmente não queria sair dali, onde tudo era calmo e seguro, mas como poderia se separar de sua mãe novamente? Era um esforço enorme lutar contra suas próprias emoções e medos, por mais que soubesse que muita dessas coisas fossem apenas ilusões.

—E então?- Aisha perguntou, antes de finalmente tirar o fone do gancho.

Zohar olhou dentro dos olhos de sua mãe e deu um meio sorriso, confirmando com a cabeça que iria com ela para Londres. Aisha sorriu e atendeu ao telefonema, enquanto Zohar se deixava escorregar no sofá e olhava para o teto. Desde quando fugiu do casamento ela jamais imaginou que um dia voltaria a morar lá. Visitar era uma possibilidade, mas morar naquele lugar que lhe trazia tantas más lembranças parecia fora de cogitação. Sabia que aquela decisão ficaria pesando em sua consciência, mas por outro lado estava cansada de viver a vida passivamente, fugindo e se escondendo o tempo todo.

Ela virou o rosto e escutou Aisha conversar com Lauren por alguns minutos antes de desligar o telefone e voltar a se sentar no sofá.

—Ela vai amanhã para Londres e convidou a gente para ir junto, conhecer a irmã dela e onde iremos morar...

Zohar se sentou no sofá e pensou naquilo. Era uma boa ideia poder ter uma prévia do lugar antes de ir morar lá definitivamente. Assim, ela concordou.

—Ela vai ligar depois pra confirmar o horário. Ela foi falar com a irmã dela primeiro.- Aisha comentou, pegando uma almofada do sofá e colocando-a sobre o colo.

Ela, melhor do que ninguém, conhecia boa parte das más lembranças que Zohar carregava em sua mente, e era impossível deixar escapar a ruga de ansiedade que se formava entre os olhos da filha.

—Sei que foi lá que tudo aconteceu...- ela iniciou o assunto, chamando a atenção de Zohar.  –E sei que lá não trás boas lembranças, mas... Eu espero que você entenda que nós não podemos morar de favor pra sempre. Eu já tinha comentado com você sobre isso antes.

—Eu sei mãe...- Zohar disse simplesmente, abaixando o rosto e olhando para as próprias mãos sobre o colo.

Sabia que lá era onde se encontravam as melhores oportunidades, ainda mais para elas que eram refugiadas e destituídas de certos privilégios e direitos.

—Eu estou sentindo falta de fazer alguma coisa de útil, você sabe. Aqui nós ajudamos em tudo, mas não é a nossa casa. E eu acho que é isso que falta pra gente: A nossa casa.

Zohar sorriu ao ouvir aquilo. Não lembrava quando tinha sido a última vez que ela tinha uma casa para chamar de sua, já que a única casa que de fato lhes tinha pertencido tinha sido destruída em algum momento no passado.

—Eu sei.- ela disse com convicção na voz. –Eu também quero ter a nossa casa. Mas é que... Às vezes tenho medo de me encontrar com Kahlil, mãe.

Aisha viu o olhar aflito da filha olhando em sua direção e sentiu um aperto de culpa no peito.

—Isso não vai acontecer, filha.- Aisha garantiu. -Pelo que Lauren me explicou, é um bairro bem distante de onde estávamos antes. As chances são mínimas.

Zohar acenou com a cabeça. Ela e Sarah tinham pesquisado na internet sobre a localização do bairro e de fato ele ficava distante onde moravam antes, diminuindo ainda mais as chances de se encontrar com Kahlil na rua por acaso. Apesar de sua ansiedade e apreensão quanto ao futuro e principalmente quanto à concretização daquele seu medo, ela sabia que não podia ficar ali para sempre. Conversar com Sarah, e posteriormente com Lauren, a fez repensar sobre muitas coisas e por mais que seus traumas psicológicos fossem um empecilho, tinha que arriscar.

—Vamos pra Londres, mãe.- ela disse, esboçando um sorriso.

Aisha olhou para a filha, sabendo que os fantasmas do passado a assombravam sem descanso e sorriu ao ver que ela estava se esforçando por dar um novo rumo para a própria vida. Ela se inclinou e a abraçou fortemente.

—Vamos dar um novo início para as nossas vidas. E vai ser do jeito que a gente quiser.

Zohar devolveu o abraço aconchegante da mãe e sentiu seus olhos lacrimejarem. Tudo o que mais queria na vida era poder viver do jeito que elas quisessem, sem medo.

Elas conversaram por longos minutos, dos quais Aisha explicou mais detalhadamente o que iriam fazer na casa de Sophia, a irmã de Lauren, e mais uma vez o telefone tocou.

—Deve ser ela. Deixa que eu atendo.- Zohar falou, já se sentindo um pouco mais animada com as novas possibilidades que se abririam quando conseguisse controlar seu medo e viver livremente. Sentia uma pontada de euforia vibrar dentro do peito ao pensar no futuro que ela iria construir para si mesma dali em diante.

Ela se levantou rapidamente, ao passo que sua mãe ia para a cozinha verificar o forno, e correu para atender ao telefone.

—Alô?- ela falou ao levar o telefone até o ouvido, mas por alguns segundos a ligação permaneceu muda.

Ela prestou atenção para tentar ouvir qualquer som do outro lado da linha, porém não conseguiu ouvir nada além de um leve som que parecia ser a respiração de alguém.

 -Lauren?

—Zohar?- uma voz masculina soou do outro lado da linha.—É o Taehyung.

Ao ouvir a voz dele Zohar sentiu seu coração dar um pulo dentro do peito. Aquela voz grave que ela tanto ouviu nas músicas e nos vídeos da internet nos últimos dias, soou do outro lado da linha tão inesperadamente que por um momento ela ficou sem reação. Ele finalmente tinha ligado.

—Alô?-  ele repetiu após um tempo. –É a Zohar?

—O.. oi...- ela respondeu, percebendo o quanto sua voz estava tremida. Ela apoiou a mão livre sobre uma das prateleiras da estante e percebeu que ela tremia. –Oi... Sim, sou eu...

Oi.— ele respondeu de volta, em seguida dando uma risadinha. –Desculpa ter ligar assim, tão de repente, depois de tanto tempo...

—Não... ér...- Zohar não conseguia diminuir seu nervosismo. –Tudo bem. Ér...

Ela engoliu em seco e respirou fundo, piscando repetidas vezes na tentativa de conseguir se controlar. Era ele, ligando e falando diretamente com ela e ela simplesmente não conseguia fazer com que qualquer coisa saísse da sua boca sem gaguejar.

Por um momento a ligação ficou em silêncio. Ela ficou apenas ouvindo, sem saber o que falar ou perguntar, e implorou mentalmente para que ele dissesse qualquer coisa para aliviar aquela tensão.

—Está tudo bem?

—Sim.- respondeu rápido demais. -Estou bem.

E imediatamente ela se recriminou por não dizer qualquer coisa mais elaborada do que aquilo. Novamente um momento de silêncio, deixando-a com raiva de si mesma por não conseguir reagir. Ela fechou os olhos com força, tentando se concentrar somente na ligação.

—Desculpa. Eu...

Posso ligar outra hora, se você quiser... Eu...- Taehyung falou do outro lado, cauteloso. –Eu queria saber como você está e...-  ele deu uma pausa. -Na verdade eu estou tentando entrar em contato com você há algum tempo, mas eu não consegui. Me desculpe por não ter ligado antes.

—Não, tudo bem.- ela abriu os olhos e olhou para a prateleira à sua frente, voltando a ficar alguns segundos em silêncio novamente. –Que bom que você ligou.

—Que bom que você atendeu.— ele riu do outro lado e Zohar foi obrigada a rir também, começando a se sentir menos nervosa. –Você está bem de verdade?

—Sim...- ela conseguia perceber a afetuosidade no tom de voz dele, assim como quando ele estava com ela, e era impossível não sorrir. –Estou bem de verdade.

—Que bom. Eu estava preocupado por não saber o que tinha acontecido com você nesses meses todos, ainda mais por não conseguir falar com você...

E ao ouvir aquilo Zohar novamente ficou sem saber o que dizer por um momento. Ele não tinha se esquecido dela, afinal. E estava preocupado por não ter notícias.

Ela custava a acreditar que tudo aquilo era real. Durante todo aquele tempo sem receber qualquer ligação da parte dele ela achou que ele tinha se esquecido dela. Principalmente após descobrir quem ele realmente era, teve a certeza de que ele não ligaria por ser tão ocupado. Mas ali estava ele dizendo que se preocupou com ela e pensou nela durante aquele tempo.

—Eu também. Quero dizer... Também queria saber como você está.- disse sinceramente, apesar de ter um mínimo de conhecimento sobre a vida dele através da internet.

Estou muito melhor agora, falando com você.

Zohar sentiu um frio na barriga ao ouvir aquilo e novamente seu coração deu um pulo dentro do peito, enquanto aquelas palavras se repetiram em sua mente. O que deveria dizer agora? Ela abaixou a cabeça e olhou para o próprio peito, alarmada com as reações que estava sentindo. Aquilo era tudo muito inesperado.

Eu posso ligar pra você de vez em quando?- Taehyung perguntou ao perceber que Zohar tinha ficado muda. –Pra gente conversar...

—Claro que pode.- afirmou, sentindo um misto de surpresa e euforia. Não esperava que ele quisesse de fato manter contato constante com ela.

Posso ligar pra esse número mesmo? A Sarah falou que você ainda não tem celular...

—É... Não tenho ainda, mas você pode ligar pra esse número mesmo, sim.

Perfeito, então. Você tem papel e caneta pra anotar meu número? Assim fica garantido que não vamos perder o contato.

Zohar olhou em voltar e abriu uma das gavetas da estante, pegando uma caneta e um bloco de notas.

—Tenho. Pode falar.- ela afirmou, preparada para anotar o número, embora sua mão ainda tremesse levemente. –Você falou com a Sarah?

—Sim, eu liguei pra ela agora há pouco e ela me passou o número da sua casa. Na verdade eu nem me lembrava daquela louc... Quero dizer, dela.- ele riu.

Zohar riu desinibida, percebendo que o nervosismo estava se dissipando cada vez mais.

—Tudo bem, ela é louca mesmo.

E assim que ela terminou de anotar o número, guardou a caneta e arrancou a folha do bloco de notas, guardando-a no bolso da calça.

—Ela mora aí com você?

Zohar notou o tom de desprazer na voz dele e foi impossível não rir.

—Só nos finais de semana. Ela estuda em Londres durante a semana.

—Ah, sim... E como ela é?

—Ela é imprevisível. Legal e irritante. Chata e amiga. Louca e conselheira.

As pessoas costumavam dizer isso de mim...

—Você é assim também então?- perguntou, lembrando-se dos inúmeros vídeos que viu na internet e como ele realmente parecia ser.

—Agora elas dizem que eu mudei um pouco. Mas eu ainda tenho meus momentos de loucura...

Ela concordou com a cabeça, dando-se conta depois que ele não conseguia vê-la.

—Tipo fugir do casamento comigo?

—Ah, sim... Eles dizem que essa foi a maior de todas as minhas loucuras.- ele disse risonho. –Mas é segredo, ninguém mais sabe.

—Ninguém mais precisa saber.- ela afirmou.

Ela notou que do outro lado da linha ele tinha ficado em silêncio por uns instantes.

—É o nosso segredo, certo?

Zohar percebeu um tom diferente na voz dele. Algo que misturava cautela e dúvida. E ela imaginou que ele deveria estar preocupado que isso pudesse se tornar um “segredo compartilhado”.

—Certo. É o nosso segredo.- ela sorriu ao dizer aquilo.

Já tinha um mínimo de conhecimento sobre o estilo de vida dele para ter a certeza de que não tornaria aquilo público. Não faria aquilo mesmo que ele fosse uma pessoa anônima, muito menos depois de saber da popularidade dele. Conseguia visualizar o tamanho do problema que ele talvez tenha enfrentado por conta daquilo e que talvez tenha até sido por isso que ele não tinha entrado em contato com ela antes. Mas não conseguia imaginar o tamanho do problema que aquele segredo causaria se se tornasse público. Jamais permitiria que isso acontecesse.

—Que bom.— Taehyung falou. –Zohar, daqui a pouco vou ter que desligar, mas posso te ligar amanhã?

—Claro.- respondeu de pronto, mas então lembrou-se do compromisso com Lauren. -Na verdade, amanhã vou pra Londres com minha mãe...

Você reencontrou sua mãe?

—Sim, graças à Sarah. Ela é meu anjo, como ela diz...

Que maravilha!- Taehyung falou, radiante. -Eu realmente estou muito feliz de saber que vocês estão juntas. Desde aquele dia eu fiquei pensando o que teria acontecido e se vocês conseguiriam se encontrar novamente.

—É... Na verdade não faz muito tempo, mas finalmente estamos juntas. Me sinto mais segura com ela ao meu lado.

Você não faz ideia de como isso me deixa feliz.

Zohar sorriu ternamente, sentindo seu coração se aquecer de carinho por ele. Queria poder vê-lo pessoalmente mais uma vez, abraça-lo novamente e agradecer por tudo o que fez por ela, mesmo estando na posição de não se envolver em situações como aquela.

—Obrigada por se preocupar comigo. De verdade. Não sei como te agradecer.

—Hm... Eu sei.- ele disse prontamente. —Você tem que me prometer uma coisa.

Zohar sorriu.

—Prometo que vou guardar segredo...

—Não, não estou preocupado com isso, é outra coisa.

Ela franziu as sobrancelhas e sorriu, curiosa.

—O que?

Promete que vai vir me ver quando eu for pra Londres novamente?

Zohar não esperava por aquela notícia e imaginou o que ele queria dizer com aquilo. Ele viria a passeio ou iria fazer um show com o grupo? Foi quando lembrou que ele a princípio ainda não sabia que ela sabia que ele era um cantor famoso, e ao recordar-se disso pensou quando e como iria contar aquilo pra ele. Nesse momento uma pontada de dúvida surgiu. Ele iria desistir de manter contato com ela se soubesse? Ficou pensando tanto naquilo que esqueceu de responde-lo.

—Promete?- ele perguntou ao ver que ela ainda não tinha respondido. –Quero te ver pessoalmente quando voltar aí.

Prometo.- respondeu, sentindo uma pontada de euforia só de imaginar vê-lo pessoalmente mais uma vez.

—Combinado, então.

—Combinado.- ela reforçou, sorrindo ao ouvir a animação dele.

Ok. Vou ter que desligar agora, tem gente me chamando. Amanhã você vai sair, certo? Tenho que ver em que lugar vou estar depois de amanhã... Mas eu ligo, mais ou menos nesse horário, se der tudo certo. Pode ser?

—Pode ser. Quando for melhor pra você...

—Ok. Vou desligar agora. Boa noite. Não, aí é dia ainda, certo? Bom dia pra você...

Ambos riram com a confusão do fuso-horário.

—Boa noite pra você. Durma bem.

Eu com certeza vou dormir bem hoje.

Ela sentiu seu rosto esquentar um pouco e teve a certeza de que estava corada, mas sorriu e se despediu, desligando o telefone em seguida.

Ela ficou parada olhando para o telefone no gancho, questionando-se sobre o que tinha acabado de acontecer. Era tão inacreditável que ele tinha realmente ligado pra ela depois de todo aquele tempo. Ela tirou o papel do bolso da calça e olhou para a sequencia de números ali escritos, não acreditando que aquilo era real.

Estava repassando todo o diálogo em sua mente quando de repente se lembrou da sua mãe. Rapidamente olhou por cima do ombro esperando que ela estivesse ali, ouvindo tudo, mas não a encontrou. Ela guardou o papel no bolso da calça novamente e resolveu ir até a cozinha. Sabia que não era possível que sua mãe não tivesse notado que não era com Lauren que Zohar esteve conversando naqueles minutos, e ao se aproximar-se da cozinha, viu sua mãe sentada à mesa olhando um livro de receitas. Ao notar sua presença ergueu os olhos e esboçou um sorriso, o que fez com que Zohar soubesse que pelo menos uma parte da conversa ela tinha ouvido.

—Era aquele rapaz?

Zohar tomou fôlego e sentou-se na cadeira de frente para sua mãe. Tinham prometido não guardar segredos uma da outra, mas às vezes sentia-se um tanto acanhada de falar sobre ele.

—Sim.- respondeu. –Vai ligar de novo depois de amanhã.

Aisha ergueu o olhar do livro de receitas e olhou para a filha, admirada com daquilo, ainda mais depois que Zohar descobriu e falou sobre ele.

—Vai mesmo?

Zohar confirmou, embora nem ela mesma conseguisse crer naquilo.

—Ele até me passou o número do celular dele, pra garantir que a gente não perca o contato de novo.

Aisha observou os números anotados que Zohar mostrou, não entendendo porque alguém como ele pudesse entregar seu número de telefone de boa vontade para alguém que ele mal conhecia.

—E o que ele falou?

—Pediu desculpa por não ter ligado antes, disse que estava preocupado durante esse tempo, querendo saber o que tinha acontecido, se eu e você tínhamos nos encontrado novamente... Ficou feliz que a gente se encontrou novamente... Essas coisas.

—E depois ele deu o número dele e disse que ia ligar outro dia pra vocês conversarem?

Zohar confirmou e Aisha refletiu sobre aquilo.

—Mas ninguém pode saber sobre isso, mãe.- Zohar alertou.

—É de se esperar. Na verdade não consigo nem entender por que ele está fazendo isso tudo. Não é arriscado pra ele? Esses famosos não tem tanta liberdade de fazer as coisas sem que todo o mundo fique sabendo.

—Eu prometi que não ia contar nada pra ninguém.

—Eu sei que não. Mas e se alguém acabar descobrindo?

Zohar olhou nos olhos da mãe, assombrada com o mínimo pensamento de que aquilo pudesse acontecer e sentiu um peso de responsabilidade sobre seus ombros.

—“E se” não pode acontecer de jeito nenhum.- disse, atemorizada, guardando o papel de volta no bolso da calça. A última coisa que queria era prejudica-lo de alguma forma.

 


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Notas finais do capítulo

Nem sei quantos meses se passaram, mas aqui estamos, vencendo essa loucura chamada 2020.

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