Para ser sincero, se dependesse de mim, nenhuma obra minha teria sido publicada... Quer dizer, se carregassem meu nome, jamais teriam saído pela porta do meu quarto para qualquer prateleira de livraria... De alguma forma, ser invisível fora uma escolha minha, uma forma de viver se esquivando de qualquer excesso de atenção incômodo e intimidador... No momento em que o mundo conhecesse Timothy von Taurus e o tivesse em suas prateleiras, traduzido para a língua vernácula de vários países... Ele deixaria de ser um fantasma. Por outro lado, eu tinha meu pai, esforçado, porém frustrado, que precisava de ajuda. Eu era a ajuda. Ele só precisava aceitar minha proposta e me manter fantasma, invisível.

Eu era uma criança paciente e tinha esperanças de ser ouvido, então esperei o tempo que fosse preciso para ele aceitar minha proposta. Não sei se foi bem “esperar”... Já que por existir esperanças, eu me debruçava cada vez mais sobre os livros da estante e escrevia histórias, contos que constituiriam futuramente um compilado, um livro.

Esperei e a espera valeu a pena. Relutante, depois de algumas contrapropostas, meu pai aceitou publicar algo meu em seu nome.

Era o livro de contos que eu havia escrito.