Foi a primeira vez em que ela e a mãe brigaram de verdade.

Tudo aconteceu muito rápido. De um instante para o outro, a mãe estava em pé, avançando furiosamente na direção da filha, como uma gárgula amarga e corcunda, e puxando-lhe os cabelos com suas garras.

Entretanto, Miyuki estava cansada. Cansara-se daquela mulher há tantos anos, que vê-la em uma posição onde se achava no direito de agredi-la, não lhe trazia nenhuma dor psicológica ou mágoa. Apenas raiva. Sem hesitar, empurrou-a, fazendo-a bater as costas no sofá. Queria ter lhe dado um tapa, feito-a entender que não era a porra de uma propriedade, mas se conteve.

Só com esse gesto, o ódio sumiu da feição da mulher, que se deixou escorregar pelas costas do sofá, pálida. "Y-Yuki..."

"Eu vou para lá.", sua voz se mantinha firme e fria. "Vou sair daqui e virar a melhor astróloga do mundo. Bem longe de você.", frisou. Lágrimas brotaram nos olhos da mãe, fazendo-a virar as costas para que seu peito não doesse. Encontrou o pai no corredor, estático, segurando a cópia impressa da rogatória à escola.

"Desculpe.", disse-lhe, e rumou para seu quarto, trancando a porta atrás de si.