Cactaceae escrita por wulpyx


Capítulo 1
Cacto


Notas iniciais do capítulo

hoy hoy ~ há um tempo venho criando coragem para escrever algo nesse fandom, e finalmente aqui estou!

Aproveitei o embalo do National novel writing month (AKA Nanowrimo), e comecei um projeto. O primeiro de muitos, ainda vão me ver muito por aqui ~ e espero que gostem!

qualquer erro, principalmente de personalidade, não deixem de dizer, por favor, ainda estou bem insegura sobre escrever com eles e espero poder melhorar cada vez mais. ♥

boa leitura ~ ♥



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As hélices giravam sem parar naquela noite abafada de verão. O quarto estava escuro, tendo a janela comprida de correr aberta em passagem para o quintal, mas mais importante, o vento adentrar o cômodo, aliviando um pouco do calor que os dois garotos sentiam.

Bakugou estava deitado de um jeito largado no piso de madeira, o olhar rubro perdido por de trás dos fios loiros arrepiados, trazendo um olhar a face que poucos deveriam ter presenciado. Estava calmo, e parecia que estava já há um bom tempo assim.

O sugar ao plástico do sorvete foi mais um dos poucos sons que eram reproduzidos pelos dois, sendo este da parte de Todoroki, que estava sentado para mais perto da janela. O clima e cenário não se encaixariam completamente se a palavra "amigo" já não fosse mais algo que definisse os dois.

Somente a luz da Lua iluminava-os ali, e essa era o bastante para captar os movimentos de ambos, que eram poucos. Geralmente ficavam juntos, como qualquer outro casal quando se tinha tempo, porém, diferente em se ter dezenas de planejamentos para aproveitarem todo minuto que estavam lado a lado, usufruíam desses da forma mais simples que achavam ser o suficiente.

Embalado no silêncio, Shouto desviou a atenção do céu escuro e estrelado que observava, voltando-se para Katsuki, ao notar estar sendo observado há um tempo. Os olhares se encontraram, sem se repelir, ou gerar conflito como foi por muitas vezes de outrora.

Apesar disso, algo incomodou Bakugou pela forma que foi encarado de volta, parecendo que o outro estava em alguma divagação especial.

— O que foi?

— Você parece um cacto. — Todoroki sugou outra vez o doce gelado entre os lábios, sentindo um repuxar inevitável tomar conta desses ao ver a reação do loiro por suas palavras.

Era claro que ele iria interpretar de maneira equivocada.

— Hãn? — As sobrancelhas claras já tomaram uma posição mais franzida, não entendendo qual ponto Shouto quis chegar com aquilo. — Está dizendo que eu tenho espinhos e ninguém pode me tocar?

— Quase isso. — A longa pausa do meio albino e ruivo incomodou um pouco mais a Katsuki, mas este por sua vez não parecia apressado por tudo o que pensava e iria dizer. — Os cactos são fortes. Eles usam os próprios espinhos para se proteger do sol, e algumas vezes quando são arrancados por animais, eles conseguem criar raízes novamente em lugares distantes. São resistentes e independentes. Assim como você.

Bakugou não pareceu muito surpreso, apesar de ser estranho ser comparado com um cacto tão de repente. Estava sendo chamado de forte? Entendia o ponto o qual Todoroki quis chegar, apesar disso, suspeitava que não era só aquilo o que ele queria dizer.

— E o que que tem?

Contudo, Shouto ficou num silêncio mais comprido daquela vez, gerando certa dúvida da parte do loiro, que já trazia parte da antiga e costumeira personalidade em querer arrancar as coisas dos outros quase à força.

A falta de resposta veio acompanhada de movimentos da parte do maior, dando um nó no plástico em que terminou seu sorvete, buscou o lixo ali próximo em se desfazer deste. Quando voltou-se para perto de Katsuki, deitou-se ao lado dele, ficando de lado, enquanto o loiro estava de costas para o chão.

— Cactos também têm flores — começou, enquanto o encarava. — E alguns deles desabrocham à noite, em um ramo diferente, só florescem uma. E ao amanhecer, ela murcha.

As palavras de Shouto viam carregado de um tom sonhador, terminando em algo ligeiramente melancólico para alguns. Mas esse via apenas um significado bom em tudo o que dizia para Bakugou.

Ele lembrava um cacto, em todos os seus caules, ramos e folhas agregados em sua pessoa, de forma que seus espinhos não permitiam a polinização de suas flores. Mesmo assim, em todos os seus contratempos, ainda era algo de se querer tocar.

Pareciam que todos seus espinhos são suas flores, com medo de desabrocharem e acabarem morrendo logo em seguida, assim, ficando escondidas atrás de todos os espinhos. Contudo, para si, Katsuki tinha um horário para florescer, e esse costumava acontecer durante à noite.

Sua polinização ocorria em noites como aquelas, as de ambos juntos.

Também não era qualquer um que podia florescer um cacto, eles eram especiais, e num período que deveria ser de descanso. Mas pensando bem, qualquer descanso se parece inútil quando você pode ver um lado o qual é único de algo. Valia cada mínimo ou singelo esforço.

Está bem, aonde Todoroki queria chegar com tudo aquilo? Era isso o que a mente do loiro processava de forma lenta sobre o assunto, e Todoroki podia ler isso perfeitamente em suas expressões, se divertindo.

Primeiro o comparou com algo forte e independente, agora com uma coisa que florescia e depois murchava, tão rápido. Custava em entender em que ponto doido o namorado tinha chegado em pensamentos para dizer tudo aquilo.

Shouto tomou proximidade do loiro, junto com o vento realizado pelas hélices do ventilador ao chão mais longe deles, selando seus lábios ao permanecer com um sorriso talvez idiota demais no rosto.

—  O que foi agora? — Bakugou parecia frustrado, e culparia a luz da Lua naquele momento, por mais que tivesse dúvidas se os olhos em diferentes colorações do garoto acima de si estivessem a brilhar mais.

— Você parece um cacto.

Todoroki riu, notando o enrubescimento a região das bochechas alheias, sentindo uma palma se jogar contra seus fios mistos ao topo da cabeça, fazendo relaxá-la sobre um dos ombros dele. O silêncio reinou entre os dois garotos após aquilo, tendo somente os dedos de Katsuki a se enroscarem aos fios brancos e ruivos, a afagarem a Shouto de forma lenta e proveitosa, enquanto esse aproveitava do carinho.

Não podia dizer que Katsuki murchava ao amanhecer, mas que ele apenas voltava a se proteger com seus espinhos, prosseguindo a aparentar uma beleza tão exótica até a próxima oportunidade de polinização.

Ele poderia ter entendido, ou não, quem sabe? Sua flor estava desabrochada, porém, ele podia ainda estar usando seu égide de espinhos.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a todos que leram! ♥ comentários são bem vindos, ainda mais na minha primeira fic por aqui. ♥ espero ver a todos outra vez.

kissus & see'ya ~ ♥