Trish perdera a noção de realidade. Não sabia quantos dias estava naquele torpor. Poderiam ser minutos ou anos. Vez ou outra, ouvia vozes desconhecidas usando termos técnicos. Uma vez, pensou ter ouvido o pai, mas era impossível. A voz que mais ansiava ouvir permanecia ausente.

Quando finalmente acordou, todas as dores que estavam entorpecidas pela catáfora a atacaram. Sua perna estava engessada, alguém consertara seus dentes, os cortes estavam costurados, queimaduras cobriam sua pele.

Notando que ela acordara, um enfermeiro correu do quarto, buscando alguém. Imaginou que, devido à aparência cara do quarto, fosse seu pai, mas foi surpreendida pela entrada de vários policiais armados. Um deles puxou um papel e lhe deu voz de prisão.

— Presa? Eu sou menor de idade! Pelo quê? —perguntou, ou ao menos tentou com o pouco de voz que tinha após o semi-coma.

— Mais fácil perguntar pelo que não. Roubo, invasão de propriedade, vandalismo, agressão, incêndio e homicídio culposo. Inferno, se dissessem que você é o demônio e destruiu o santo graal eu provavelmente acreditaria.  — o policial a encarou com desprezo evidente, lhe enfiando algemas que fizeram-na gritar quando cada ferimento doeu simultaneamente. Apesar da dor, seu cérebro registrou uma palavra destoante.

Homicídio..?