Parei de defendê-lo, agradá-lo. Voltei a chamá-lo de ‘Thomas’. Parei de tocar piano. Só cumpria ordens.

Tentou conversar. Disse que eu era importante, não queria me ver assim. Que lhe doía o coração. “Indico chá de alecrim”, respondi junto a um sorriso frio.

Não odiava Thomas, claro. Ele ainda representava toda a beleza do mundo. Mas sentia-me enganada. Ace disse uma vez que não há fúria no inferno como a de uma mulher traída. Só agora entendia o que isso significava.

Levou semanas até que descobrisse o verdadeiro problema. Meus ouvidos eram bons, e da escada, parei ao ouvir meu nome. Ela estava lá.

— Não quero mais essa garota aqui.

— Candace, ela é praticamente minha filha…

— Uma escrava! Ela é uma escrava, Tommy, não sua filha. Venda-a pra outra pessoa! Ela deve render bastante, ainda mais sendo virgem…

— Não fale assim.

— Vai ser uma influência ruim pro seu filho de verdade. O que vai fazer quando ele nascer, Tommy? Como essa garota vai se encaixar aqui? Venda-a, pelo bem do seu filho que estou carregando, por favor.

— Eu… Está bem. Vou procurar um comprador.

...Grávida. Iam se casar, eu seria vendida.

Já chega. Basta.

Velhos hábitos nunca morrem, não é?