Agatha 16

Passados seis meses do ocorrido eu ainda não tinha forças para voltar para Forks, minha família vinha me ver frequentemente, e quando eu digo frequentemente é digamos assim...sempre tinha alguém no apartamento além dos meus avós... Acredita que até o vovô Billy e o vovô Charlie vieram, alguns dos lobos também, só ele que não. A única pessoa que poderia fazer a diferença em minha vida foi à única que não veio me ver. No entanto isso aconteceu por que eu exigi que ele não viesse me ver. Às vezes me retiro para pensar em tudo o que aconteceu, é claro que pensar com meu avô por perto não é nada aconselhável. Será que algum dia vou conseguir olhar nos olhos do Seth e não ter vontade de chorar? Será que algum dia poderei voltar na mesma floresta que nos beijamos sem sentir o seu gosto em minha boca? Essas respostas acho que eu jamais terei.

Ficou decido que eu e meus pais passaríamos as minhas férias fora do país, ainda não havíamos decido para onde iríamos. Logo que eles chegassem escolheríamos e minha mãe e meu avô iriam resolver as questões burocráticas enquanto meu pai me acompanharia no campus, segundo ele para ver em que condições eu estudava. Mas é claro que sabemos que a verdade era que ele queria ver como os rapazes agiam em relação a mim, isso ficou claro depois da conversa dele com o meu avô. Sabe a vovó sempre diz que o vovô Charlie e o vovô Billy fofocam como duas velhas, mas meu pai e meu avô fazem a mesma coisa, só que mais disfarçadamente.

Já passava das oito horas da manhã quando a porta do apartamento se abriu e meus pais entraram. Minha mãe tinha um belo sorriso na face, já meu pai parecia um pouco preocupado, isso é estranho, mas relevei.

-Que saudades mãe, pai. – Abracei os dois, já fazia quase duas semanas que não nos víamos, não que não fosse comum, mas a saudade era grande e sempre seria. Eles me devolveram o abraço e logo em seguida cumprimentaram os meus avós.

-Então Ag, já sabe para onde quer ir? – Minha mãe perguntou, mas o que eu não entendi foi a parte do onde eu quero ir, afinal iríamos decidir juntos. Meu avô sorriu.

-Eu não sei iríamos decidir juntos não é mesmo? – Perguntei à minha mãe.

-Então, conversei com o Jake e decidimos que dessa vez você escolhe onde quer ir, qualquer lugar. – Minha mãe respondeu, não consegui evitar a minha cara de felicidade e ao mesmo tempo surpresa.

-Suíça. – Falei o nome do lugar que eu mais tinha vontade de conhecer.

-Fechado, embarcamos amanhã para a Suíça. – Meu pais disse, mas senti que não era bem o que ele queria.

-Isso não importa querida. – Meu avô disse no meu ouvido, é claro que todos escutaram, mas ninguém entendeu mesmo.

-Tudo bem então temos que ver as passagens, passaportes e roupas, mesmo que não sintamos frio ninguém vai para os alpes suíços vestindo short e camiseta. – Essa parte minha mãe olhou bem para o meu pai. Eu também sentia a temperatura diferenciada, parte de ser lobo.

-Pai você vai comigo na universidade?- Perguntei ansiando a sua negação, mas o brilho de fúria que eu vi em seus olhos me disse que ele não desistiria tão fácil, meu avô só faltava rolar no chão de rir, mesmo tentando se controlar.

-É claro que sim, acho que sou o primeiro pai neste mundo que não conhece o lugar que a filha estuda. – Meu avô ainda se partindo de rir, minha mãe e minha avó tentando se controlar, me aproximei de meu pai tocando a sua face.

-Pai, não precisa ficar tão enciumado. Eu não tenho nenhum pretendente na faculdade. – Eu disse seria para que ele entendesse a verdade por de trás de minhas palavras.

-Não é ciúme filha, é a questão de realmente saber por onde você anda. Sei que o Edward e a Bella cuidam bem de você, mas pai vai ser sempre pai. – Meus avós já haviam, se retirado da sala, minha mãe desfazia as malas no quarto de hospedes que eles ocupariam.

-Tá certo pai, vou tomar um banho rápido e me arrumar ai a gente vai. – Dei um beijinho no rosto do meu pai e fui me arrumar para ir à faculdade. Hoje eu não teria aulas, apenas precisava entregar um trabalho e assinar uns documentos.

Coloquei uma roupa linda, queria mesmo era me aparecer, afinal eu estaria ao lado de um belo homem, não poderia estar de qualquer maneira. Quando eu sai do quarto meu pai quase teve um AVC, ele ficou estático me olhando.

-É assim que você vai às aulas mocinha? – Meu pai perguntou mudando de cor instantaneamente. E agora???

-Na verdade não, mas como hoje eu não assistir às aulas e ainda estarei acompanhada de um belo homem resolvi caprichar. – Eu disse sem querer parecer meio atirada, afinal era o meu pai quem me faria companhia.

-Jake deixe a menina, está linda Ag. – Minha mãe intercedeu por mim. Graças a Deus que existe as mães, ou o que seria das filhas só com os pais. Eu estaria perdida.

Meu pai suspirou alto, meu avô continuava rindo, as vezes ganhava um olhar de reprovação da minha avó ou da minha mãe, mas sempre ignorava. Como diziam ‘aqui se faz aqui se paga, e com juros’. Sai com o meu pai em direção ao campus. A primeira pessoa com quem demos de cara com a Dani toda empolgada com o inicio das férias. Bom eu também estava empolgada afinal eu iria para um lugar maravilhoso com os meus pais por duas semanas.

-Oi Ag, tudo bem. – Ela disse me cumprimentando da maneira dela.

-Tudo e você animada para as férias? – Perguntei ignorando os olhares que meu pai lançava aos rapazes que estavam a nossa volta. – Desculpe eu nem apresentei Dani esse é o Jake, um amigo de Forks. Jake essa é a Dani uma grande amiga, estudamos juntas e ela ainda mora no apartamento debaixo do meu. – Eu disse, não mentindo que o Jake era o meu amigo, afinal alem de meu pai ele era um amigo, mas omiti a parte de ser o meu pai.

-Animadíssima. Prazer Jake. – Ela disse dando uma olhada geral no meu pai...que falta de respeito.

-O prazer é meu Dani. – Meu pai respondeu educadamente, mas sem desviar o olhar de um grupo de rapazes, depois era só para conhecer a faculdade que ele viria junto, mas que descarado.

Meu pai ficava mais nervoso a cada instante, é claro que eu já havia me acostumado com o excesso de olhares masculinos sobre mim, mas nem ligava, na verdade nunca liguei. Ao longe avistei Fred, apesar de ser meu professor ele virou um amigo, e um grande amigo por sinal. Pedi em pensamento para o  meu pai ficar com a Dani, que eu precisava conversar com o Fred, ele é claro que não gostou, mas fez o que pedi.

-Oi Fred, quer dizer Sr. Guetten. – Eu disse rindo.

-Olá Srta Cullen, pronta para as férias? – Ele perguntou rindo e se afastando do grupo de alunos que o rodeavam.

-Mais que pronta e você. – Perguntei.

-Mais ou menos, vou ficar por aqui mesmo. Meus pais virão nos ver. – Ele disse a contra gosto, percebi que ele sempre olhava em direção ao meu pai que conversava ou pelo menos fingia conversar com a Dani. – Aquele ali é o tal garoto da sua cidade? – Perguntou com uma raiva contida.

-Não, o Jake jamais me magoaria. – Percebi o semblante do Fred mudar de raiva para o medo.

-Ele é o que seu? – Nossa pareia que de uma para a outra todos queriam controlar as minhas amizades, mal sabe ele que o Jake é o meu pai.

-Um amigo, mas não se preocupe ele é casado e muito bem casado por sinal. – Pois é, ele é casado com a minha mãe e nada nem ninguém pode separá-los.

Conversei mais um pouco com o Fred e nos despedimos, fiz o que eu tinha vindo fazer: entregar o meu trabalho, assinar uns documentos e me despedir dos meus amigos antes das férias. Meu pai ficou meio apreensivo com tantos olhares sobre mim, mas no fundo eu sei que ele confia em mim, nunca dei motivos para não confiar, nem mesmo quando pensei que enlouqueceria longe do Seth eu desrespeitei suas decisões para comigo.

No outro dia pela manhã embarcamos rumo a Suíça. Lá chegando percebi que era bem mais bonito do que por fotos, a hotel um luxo só, ficamos em duas suítes, meus pais precisavam de liberdade, e eu também. As duas semanas passaram voando, curtimos bastante, esquiamos, aproveitamos para valer cada momento em família.

Em um dos últimos dias da nossa viajem meu pi pela primeira vez se pronunciou sobre o caso Seth, ele disse que não queria estragar a nossa viajem mas sentia que era necessário.

-Agatha, o Seth não tem nenhuma namorada, acho que a garota que você viu poderia ser qualquer garota, até mesmo sei lá, não a conheço pelo que vi em seus pensamentos, mas pode ser uma prima ou amiga. Ele está sofrendo sem falar contigo meu anjo dê a ele uma chance de se explicar. – Desde o inicio meu pai preferiu se manter neutro, até porque se ele tomasse as minhas dores o Seth já estaria sem a cabeça.

-Pai, o Seth não me deve explicação nenhuma. Eu não sou nem nunca fui nada dele. Hoje eu sei que o que aconteceu na minha festa foi só um beijo e que não significou nada para ele. – Eu disse contendo as minhas lágrimas, mas vendo o impacto da minha afirmação nos olhos do meu pai, afinal foi ele quem nos proibiu de ficar juntos.

-Engano seu filha, mas prefiro não insistir, você tem que cometer os seus próprios erros, só não gosto de te ver sofrer dessa forma. Isso me lembra a Bella, quando o Edward a deixou. – Eu sabia por alto da história da minha avó com o meu avô, foi um lance complicado afinal não são todos os dias que uma humana se envolve com um vampiro.

-Mas quem fez a escolha de se afastar fui eu. – Rebati.

-O Seth sofre tanto quanto você. – Essas palavras não deveriam me machucar, mas me machucaram e muito, afinal a minha força para continuar era a certeza que ele estaria feliz com a outra. Uma lágrima traiçoeira escorreu pela minha face, quando minha entrava no meu quarto.

-Jake, não faça isso, ela não merece sofrer. – Minha mãe vinha ao meu socorro, mas não pode impedir as duvidas de tomarem conta do meu coração, agora eu não sabia se estava fazendo a coisa certa.

No fim do período meus pais me deixaram em Seatle e voltaram a Forks. Eu gostaria de ir lá também, mas meu coração não estava pronto para isso e eu sentia que não seria uma boa escolha. Ainda teria mais uns dias de folga, e quem sabe conseguisse me preparar para vê-lo novamente.