Os meses foram passando, mostrando que o meu bebe poderia ser normal, pelo menos no tempo gestacional. Agora eu estou com cerca de seis meses de gestação, já posso sentir o bebe se mexer dentro de mim, uma experiência maravilhosa, que só quem já sentiu pode imaginar o quão bom isso é. Minha família sempre fazia as minhas vontades, volta e meia quando eu sentia a vontade de tomar sangue o Jake me acompanhava e segurava o animal pra mim. Mas de umas semanas pra cá não venho sentindo tanta vontade de sangue como antes, estou me alimentando praticamente de alimentos humanos.

-Ei Nessie quer alguma coisa. – O Seth apareceu na porta da biblioteca onde eu estava lendo um livro, ou melhor tentando.

-Só se for aquele doce de chocolate que só você sabe fazer. – Dei o meu melhor sorriso para o meu amigo.

-Vou fazer, mas cuidado ou senão você pode engordar muito e aliás muito doce pode fazer mal ao bebe. – Ele sempre gentil e cuidadoso comigo, típico irmão mais velho. – Ah o Jake ligou avisando que não vem almoçar, mas vai passar a tarde contigo. – Completou antes de sair. Isso eu já imaginava visto que já são quase duas da tarde.

Isso tudo o que eu estava passando é mais lindo do que um dia eu pude imaginar. E é claro que eu tenho certeza que o meu bebe, apesar de nascer num mundo cheio de violência e coisas ruins, ele terá a melhor família que alguém pode querer.

-Muito lindo esse seu pensamento filha. – Meu pai disse entrando na biblioteca.

-Lindo e verdadeiro. – Respondi enquanto ele me abraçava.

-Sabe, quando a sua mãe estava grávida eu não me permiti pensar nesse tipo de coisa. É claro que sabemos que o mundo hoje em dia não nada parecido com o que desejamos. Mas vendo você se preocupar com o mundo que o bebe vai ver é a coisa mais bela que eu já vi.

-Obrigada pai. Eu as vezes fico pensando, um mundo assim não é lugar para crianças. Um mundo cheio de violência, más intenções, pobreza, fome, poluição. Mas ao mesmo  tempo eu sei que há uma maneira de mudar isso e é através das crianças. Eu sinto que o meu bebe pode fazer a diferença se nós permitirmos isso. Cada um pode fazer a diferença, basta se permitir. – Eu disse sorrindo para o meu pai e ao mesmo tempo acariciando a minha barriga com as duas mãos.

-Você não sabe como me faz feliz pensando assim. – Ele me beijou no alto da cabeça, ficando em silencio por incontáveis segundos até o Seth adentrar o cômodo com uma panela nas mãos. – Brigadeiro de novo? – Perguntou meu pai, mesmo não precisando de resposta.

-Não tenho culpa que o bebe gosta dessa gororoba que o Seth faz. – Acredito que todos que estavam em casa riram, pois pude sentir o clima mudando.

Antes que eu terminasse de comer o doce que o Seth fez senti o cheiro do Jake, sinal que ele estava em casa. Era sempre assim, para nós o olfato é um excelente aliado para identificar as pessoas.

-Oi meu amor. – Disse ele entrando na cozinha onde agora eu estava, e me dando um beijinho.

-Demorou. – Reclamei com a boca cheia.

-Desculpe... Nessie você anda comendo muito disso não acha? – Mais um reclamando do que eu como ou deixo de comer, eu mereço viu...

-Alguém tem que controlar a sua alimentação, tem coisas que podem fazer mal ao bebe. – Meu pai resmungou de algum lugar da casa. – Não adiante ficar brava, só queremos o seu bem e do bebe. – Eu sei pai, mas as vezes isso é chato viu? Respondi em pensamento ao meu pai.

-Meu amor seu pai tem razão, é para o bem do nosso bebe. Depois que ele nascer não tem tanto problema você exagerar nessas coisas, mas agora você tem que pensar e fazer o que é melhor para o nosso serzinhos que você carrega aqui dentro. –Ele disse colocando a mão levemente sobre o meu ventre.

- Eu sei, mas entenda que ter todo mundo controlando o que eu como ou deixo de comer é chato. Por mais que eu entenda que é para o nosso bem. – Eu disse colocando a minha mão sobra a mão do Jake que ainda estava sobre o meu ventre. – Parece que você estão pegando no meu pé.

-Se você entende que é para o bem de vocês então não tem que pensar que estamos pegando no seu pé anjo. Agora largue essa panela ai vem me dar um beijo decente já que estava com saudades. – Levantei largando a panela sobre a mesa e beijei o meu marido com muita vontade, a vontade era tanta que escutei rosnados vindos de bem longe, mas nem liguei.

-Perdi a minha moral nesta casa...esse mundo está perdido. – Meu pai se lamentava ao longe, nem quis me dar ao trabalho de responder. Mais rosnados ao longe. Problema é dele...

-Por que seu pai perdeu a moral Nessie? – Jake me perguntou logo que conseguimos nos largar, esse negocio de precisar respirar não é tão bom não.

-Nós não paramos de nos beijar quando ele rosnou, ele acha que está perdendo a moral por que não estamos temendo as suas reações. – Rimos da mais pura lógica, mas no fundo eu acho que posso entender o meu pai, quem sabe não serei assim se um dia tiver uma filha mulher???

-Você ainda não sabe se é menino ou menina Nessie. – Obriga por lembrar que eu ainda não sei o sexo do meu bebe pai. – Desculpe Nessie. – Meu pai disse enquanto entrava na cozinha. – Não quis te magoar, mas você não pode ter tanta certeza que é um menino, não tem como ver.

-Eu sei, mas no fundo eu queria que fosse um menino. Mas é claro que se for uma menininha eu vou ficar feliz também. – Eu passava a mão na minha barriga, acariciando de leve. – Eu já o amo. – O Jake continuava abraçado a mim, meu pai na minha frente com um lindo sorriso foi abraçado pela minha mãe que escutara a nossa conversa e veio conferir o assunto. Curiosa!!!

-Sempre Nessie. – Meu pai disse rindo igual a um bobo, ainda mais quando minha mãe fez uma careta para nós.

-Parem de rir de mim. – Minha mãe fingia estar magoada, hilário.

-Não estamos rindo de você meu amor, estamos rindo da Nessie. – Só meu pai para fazer isso, defender a minha mãe me colocando como a boba da família, sera que ele não podia ter colocado a culpa no tio Emm, que já é palhaço por natureza? – Não dá ele foi caçar. – Olhei cinicamente para o meu pai, que agora segurava o riso.

-Bom gente, a conversa está ótima, mas eu preciso ir me deitar, com licença. – Eu disse formalmente e meio fria, para o meu pai entender que não gostei da reação dele, sai da cozinha sendo acompanhada de perto pelo Jake.

Entrei no nosso quarto e me joguei na cama, me sentia exausta. Cada dia me sentia com menos força. Passava quase o dia inteiro na cama, a ansiedade de ver a carinha do meu bebe, misturada com a agonia de não saber o que esperar para o futuro. Tudo exauria as minhas forças, mas no meu intimo eu sabia que precisava ser forte, minha mãe uma simples humana conseguiu gerar uma meia vampira, eu posso ser forte o suficiente para gerar o que quer que seja o meu bebe, eu preciso ser.

-O que foi meu amor, está tão pensativa. – Jake estava sentado na cama, ao lado do meu corpo quase imóvel. Ele acariciava os meus cabelos de uma forma doce e apaixonada. Cada segundo ao lado dele eu me sentia mais completa e feliz.

-Eu queria ter uma idéia do que será o nosso bebe. Tenho medo de como as coisas ficaram depois que ele nascer. – Admiti com uma lágrima rolando pela minha face.

-Não tenha medo meu anjo, estaremos aqui para o que vocês precisarem. Sabe que eu te amo e amo o nosso filho, nunca deixarei que nada aconteça a nenhum dos dois. – Ele disse como se a minha dor fosse a sua dor, coisas de lobo.

-Eu sei, mas ... e quando ele nascer vai ser meio lobinho como você? Vai se alimentar de sangue como eu? Vai crescer normalmente ou acelerado como eu cresci? Terá as mesmas características que um transmorfo ou será humano? São tantas perguntas que não temos respostas, nós nem sabemos se será menino ou menina. Essas duvidas me matam ... – Comecei a chorar, senti meu corpo ficando mais leve. Tio Jazz é o máximo, sempre atencioso as minhas emoções assim como meu pai aos meus pensamentos.

-Nessie o Jazz foi caçar... – Disse meu pai já na porta do meu quarto.

-Como? Eu senti a vibração mudando? – Meu pai, assim como o Jake, me olhava de maneira estranha quando o Seth entrou no quarto sem pedir licença. Olhamos todos para o garoto lobo que se sentava na cama, aos meus pés com cara de quem não está entendendo nada.

-É uma menina Nessie. –Meu pai disse saindo do quarto sem maiores explicações, Jake rosnou raivosamente, eu e o Seth continuamos sem entender nada. Mas assim que ele viu a cara do Jake saiu rapidamente do quarto, o que foi bom, muito bom por sinal. Eu precisava saber o que meu pai tinha dito para o Jake ficar com aquela expressão.

-Comece. – Ordenei, e escutei meu pai rindo.

-Começar o que meu amor? – Cínico, ele sabe muito bem o que eu quis dizer.

-Não se faça de bobo Jake, eu não estou com o melhor humor do mundo hoje. Eu quero explicações. Meu pai disse que é uma menina, você rosnou e o Seth saiu como se tivesse levado um tapa na cara. Eu com certeza fui a única que não entendeu nada do que se passou neste quarto.

-Seu pai acha que é uma menina, eu concordo com ele só isso meu amor, nada que você precise se preocupar no momento.

-Jake você não sabe mentir pra mim. – Disse seriamente a ele.

-Seu pai e eu sentimos a ligação do Seth com o bebe, por isso achamos que é uma menina.

-Pára tudo e me explica direito. – Isso foi uma ordem e das boas.

-Não sei o que te explicar, apenas senti a verdade nas palavras do seu pai. A sua sensação de leveza quando o Seth se aproximou, ele tirou toda a sua angustia e o medo, mais rápido que o próprio Jazz consegue.

-O que isso quer dizer Jake?

-Quer dizer que isso é terrivelmente parecido com a relação entre a Bella e eu antes de você nascer.

-O Seth vai ter um impriniting pelo nosso bebe? – Perguntei meio incrédula.

- Parece que há um a ligação entre os dois, mas não sei te dizer com certeza. Nunca ouvi falar de um lobo que depois da morte do impriniting sofresse novamente essa ação da natureza. Mas que tem alguma coisa ai isso tem, é perceptível demais.

Fiquei pensando nessas simples palavras por horas, talvez fosse a hora do Seth ser feliz de uma vez por todas, mas ai a questão era que o meu bebe nem havia nascido ainda e isso me incomodava muito. Até que meu estomago resolveu reclamar a falta de atenção, Jake saiu apressado do quarto para pegar o meu jantar que já estava pronto, eu não tinha forças para sair de dentro do quarto. É tudo muito confuso.

-Concordo filha, me senti assim também. – Meu ai respondeu meus pensamentos se sentando ao meu lado na cama.

-Mas pai ela ainda nem nasceu. Como pode exercer uma atração assim tão forte?

-Há mais coisas entre o céu e a terra que possa explicar nossa vã filosofia.

-Pai não precisava citar Shakespeare, era só dizer que não sabia. – Respondi meio irritada.

-Calma meu amor, você vai superar isso, é mais difícil no inicio, até aceitar. E depois quando vê um lobo imenso beijando a sua filhinha que mal saiu das fraudas. E quando esse monstro quer se casar com ela, e fazer certas coisas com ela. E depois descobre que ela vai ter um bebe e já não é mais o seu bebe. É tem razão Nessie não fica mais fácil depois, mas acho que isso é por que eu vejo o que o Jake pensa, e não quero nem imaginar o que o Seth vai pensar da minha neta.

-É acho que agora eu consigo te entender melhor pai. E veja por outro lado o Jake vai ver o que o Seth pensar... – Sorri diabolicamente para o meu pai, que respondeu com gargalhadas. Só paramos de rir quando o Jake entrou no quarto com uma bandeja de comida para mim. É com a boca cheia eu não podia rir.

-Nessie o que você está achando de tudo isso? – O Jake perguntou horas mais tarde, enquanto estávamos deitados na cama, prontos para dormir. Entendi que ele perguntava sobre o nosso bebe e o Seth.