Mon El entrou pela sala carregando Kara nos braços, e em seguida a colocou em uma câmara que simulava luz do sol. Era a última cartada para que a moça recuperasse sua força e lutasse contra a infecção. Alex cuidava de todos os procedimentos e parecia estar no piloto automático. Ele tentava apoiar a cunhada, mas o medo estava o sufocando. Sabia que Kara tinha que reagir o mais rápido possível, quanto mais tempo a kryptonita estivesse em seu corpo, mais difícil seria ela voltar para eles. Precisava ser forte por todos ali e principalmente por Kara. Alex saiu apressada segurando as lágrimas e dizendo que ia ver como o sobrinho estava, Mon El se aproximou da noiva, pegou sua mão e passou a cantarolar uma canção enquanto as lágrimas escorriam. Sabia como Kara adorava cantar:

—When I look into your eyes.It's like watching the night sky. Or a beautiful sunrise.(Quando olho em seus olhos.É como observar o céu à noite.Ou um belo amanhecer.)

Sua voz foi ficando mais forte à medida que mais lágrimas inundavam seu rosto,  ele não desistiria assim. Kara precisava voltar. Tinham muito o que viver. Tinham muito o que proteger, o que amar.

—I won't give up on us.Even if the skies get rough.I'm giving you all my love.(Não vou desistir de nós.Mesmo que os céus fiquem furiosos.Estou te dando todo meu amor)

Alex voltou para o quarto com o bebê nos braços e se aproximou.

—Volte para nós, Kara.— Mon El a beijou.— Não vamos desistir de você. Volte...

Caleb acordou no chão da L-Corp. O mesmo lugar onde tinha partido na semana anterior para o passado. Estranhou que ninguém estivesse ali para o recepcionar. Não sabia se aquilo era um bom sinal. Ele queria correr para casa e ver se a mãe estava lá, mas sabia que deveria ser cauteloso. Não tinha ideia do que havia mudado no seu tempo, se é que algo mudou. Era o que ele mais desejava, de todo o coração.

Seguiu para a sala de Lena, mas a CEO não estava lá. Decidiu ir para a casa das tias, sua casa. Ninguém. Seu coração começou a apertar. Alguma coisa estava errada. E se todos tivessem desaparecido? Ou se ele tivesse chegado tarde demais ? Caleb cerrou os punhos com a possibilidade. Sua próxima parada seria o apartamento do pai.

Ao chegar, um senhor atendeu, dizendo que não conhecia nenhum Mon El e que morava ali há mais de 20 anos. Caleb começou a se desesperar. Ele tinha certeza que voltaria e encontraria sua mãe. O que havia acontecido no passado, logo depois que ele foi embora? Se arrependeu amargamente de ter voltado antes. Não bastava sua mãe, agora poderia ter perdido toda sua família.

O DEO seria sua última tentativa. Se não os encontrasse ali, ficaria totalmente perdido. Colocou seu traje e voou para o prédio da organização. Pelo o que ele havia visto no passado, eles não tinham feito muitas mudanças desde aquele tempo, somente os equipamentos que ficaram mais tecnológicos e algumas reparações na estrutura. Entrou pela porta principal e percebeu respirações. Semicerrou os olhos e se preparou para um combate:

—SURPRESA!— Sua família e amigos do DEO, saíram detrás dos gabinetes e móveis. Todos com chapeuzinhos de festa, animados.

—O que é isso?— Caleb questionou confuso enquanto Lily corria em sua direção, se jogando em seus braços.

—Seu aniversário!— A garotinha exclamou lhe abraçando.

—O que? Mas meu aniversário é só daqui duas semanas...— O rapaz tentou entender a cena e só depois de alguns segundos, se deu conta. Eles haviam mudado o passado. Não tinham esperado até que ele estivesse mais preparado para nascer. Sua mãe tinha decidido fazer a cesárea, então ele realmente tinha nascido naquele dia.

“Mãe”, a mente de Caleb gritou, seus olhos passaram a percorrer o saguão em busca dela. Mas nada...Sua mãe não estava ali. Seu coração pesou e ele caiu ajoelhado no chão.

—Não acredito nisso...— As lágrimas desciam por suas bochechas.— Eu tinha certeza que tínhamos conseguido…

—Filho...— Mon El se aproximou.— Do que você está falando? O que houve?

—Vocês não se lembram?— Caleb fungou.— Minha mãe...Eu não consegui, pai…

—Não conseguiu o que, Caleb?— Disse ajudando o filho a se levantar.

—Eu...—O jovem não sabia se tentava explicar, ou se era melhor que eles não soubessem do seu fracasso.— Eu...— Ouviu passos atrás de si e sua respiração acelerou quando reconheceu a voz:

—Ei, não acredito que chegou antes de mim...— Kara se aproximou, com um grande embrulho em mãos. Caleb se virou instantaneamente, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

—Você está aqui, mãe! Você está aqui!— A abraçou com toda a força e deixou suas lágrimas molharem a blusa da mãe, que estava sem entender o motivo de tanta comoção.

—Eu estou...Por que não estaria?— Kara questionou, confusa.

Caleb não conseguia falar, seu choro era libertador, ele não acreditava que sua mãe estava ali, que ela tinha sobrevivido, que ele tinha conseguido salvá-la. De repente, percebeu que ele se lembrava de ter ido ao cinema pela primeira vez, com a mãe. De cantar para ela em um recital na escola. De cozinhar, junto com o pai, várias refeições em seus aniversários. Lembrava de tê- la apresentado sua primeira namorada e de como Kara ficou enciumada. Todas as lembranças que ele guardava, agora tinham a mãe incluída nelas. Caleb gargalhou de alegria.

—Eu só estou muito feliz de tê-la comigo em todos os momentos da minha vida. Eu te amo, mãe.

—Filho...— Kara segurou seu rosto.— Você é a melhor parte de mim, sempre estarei com você.

—Ei, estou ficando com ciúmes disso aí.— Mon El brincou.— Papai não ganha nada?— Abriu os braços esperando o contato do filho, que o abraçou.

Logo, Caleb passou a receber felicitações de todos os presentes, ele respondia animado, mas sem tirar os olhos de Kara. Tinha conseguido, sua mãe sobreviveu, sobreviveram juntos. Estranhou por um momento que ninguém se lembrava do que havia acontecido naquele mesmo dia, anos atrás. Mas logo se recordou que antes de deixar o passado, havia pedido para J’onn remover as memórias de todos a respeito dele assim que tudo desse certo. Era mais seguro que não se lembrassem que o filho voltou no tempo e alterou tudo. Isso poderia afetar negativamente o futuro. Num estalo, ele se lembrou do motivo de tudo isso:

—E Apocalypse?— Questionou para os pais.

—Filho?— Kara se aproximou dele, colocando a mão em sua testa.— Você está bem? Apocalypse está preso na jaula que o Winn projetou...Você se esqueceu?

—O que? Quando foi isso?

—Ontem, Caleb. Você estava lá. O que está acontecendo meu filho?— Kara questionou preocupada.

—Ele só está cansado de ontem, não é, meu jovem?—J’onn interviu, lançando para o rapaz um olhar solidário. O marciano era o único naquela sala que também sabia tudo o que tinha acontecido.

—Certo...—Caleb se recompôs, perguntaria mais tarde os detalhes da luta para J’onn. O importante era que tudo estava bem.

Durante a comemoração, Alicia e Thomas, filhos mais velhos de Alex e Lena, colocaram nos telões do DEO um vídeo que os irmãos produziram para o primo, com fotos e filmagens da vida do jovem. Caleb voltou a se emocionar ao reparar que em fotos antigas, que antes só mostravam as tias, o pai e os primos, agora contavam com a figura de sua mãe também. Realmente tudo tinha dado certo.

Mais tarde, todos se encaminharam para suas casas e Caleb teve de disfarçar a curiosidade ao chegar na casa dos pais. Naturalmente, agora, ele nunca tinha morado com as tias e Kara e Mon El, tinham seu próprio apartamento.

Entrou em uma porta supondo ser seu quarto e acertou. Tomou um banho e trocou de roupa. O sorriso não desaparecia de seu rosto e ficou ainda maior quando chegou na sala e pegou os pais dormindo abraçados no sofá enquanto Romeu e Julieta passava na tv. A paz e serenidade na expressão de ambos, aqueceram o coração de Caleb. Desejava ter um amor assim algum dia, que ultrapassou barreiras, dor e sofrimento, mas que continuava mais forte do que nunca.