Quando eu fiz aquela pergunta, Josh fez uma cara atordoada, tentando encontrar as palavras certas, ou não, para fazer com que as coisas parecessem melhores do que são. Ele gesticulava sem falar nada, como se as palavras estivessem lá mas não saiam. Depois de alguns segundos, ele apenas se abaixou, beijou meus cabelos e apoiou a testa neles. Aquilo doia mais do que se ele falasse que não queria mais nada comigo. Aquilo era... minha derrota.

   Josh poderia ter dado uma desculpa esfarrapada, podia ter dito que comigo, o futuro seria incerto... porém, ficou em silêncio. O silêncio foi doloroso, decepcionante, um sentimento que antes eu não havia experimentado, nunca.

   E naquele momento, eu tive certeza de que aquilo não era apenas uma paixonite, era uma palavra que me fazia estremecer, pois ela vinha acompanhada de dor por causa das circunstâncias, era amor.

   E o silêncio se prolongava. Aquele sentimento traiçoeiro ia irromper de meu peito a qualquer momento, e com certeza, a dor seria insignificante comparada a dor que eu sentia naquele momento.

   Ter Josh me consolando, abraçado a mim, era insuportável te-lo tão perto sabendo que ele não passaria de um amigo. Como um flash, todos nossos momentos juntos passaram por minha cabeça, as brigas, o sorvete que eu joguei em seu tão amado cabelo, nossos beijos...

   Aquilo estava deprimente demais, era dolorido demais. Limpei minhas lagrimas com as costas das mãos e corri daquele lugar. Aquele ensaio, definitivamente, foi o pior de todos. Eu daria tudo para acordar e perceber que aquilo tudo tinha sido apenas um pesadelo, um terrível pesadelo.

   Apertei freneticamente o botão do elevador, senti Josh me abraçando por trás.

   “Hayley, não vá...” ele disse. “Por mim!” senti um soluço em sua voz. Ele também estava chorando.

   “Eu preciso ir.” só consegui dizer aquilo. Entrei no elevador que havia acabado de chegar.

   Quando a porta se fechou, literalmente desmoronei no chão. As lagrimas, que antes já eram muitas, agora estavam incessáveis. O elevador parou no térreo e eu sai correndo até meu carro, eu sabia que não devia dirigir em tais condições, mas eu necessitava chegar em casa e tomar um banho quente.

   [...]

   Depois do banho, peguei um pote de sorvete de cookies na geladeira e me afundei no sofá. Minha cabeça girava enquanto eu me enchia de calorias, sim eu ainda me preocupava com isso!

   Josh fazia falta. Aquele garoto irritante que eu odiava, hoje estou chorando por ama-lo. Quando eu entrei nesse jogo que é chamado vida, ninguém me avisou que seria justa. Eu devia ter prestado mais atenção nisso. Tudo o que eu precisava naquele momento era Perfect do Simple Plan tocando bem alto e mais sorvete.

   Quanto mais eu cantava, mais eu percebia que eu nunca teria Josh, ele sempre com aquelas loiras biscates oxigenadas e sem conteúdo, até que dessa vez era uma morena. Ele estaria expandindo seus horizontes? Talvez, essa seria uma questão a se pensar.

   Cansei de me lamentar, e, de forma surpreendentemente rápida, decidi seguir a vida. Joguei agua gelada no rosto, me olhei no espelho e vi uma Hayley acabada.

   Peguei meu notebook, e entrei em todas as minhas redes sociais, não tinha nada de novo, então decidi twittar. Recebi alguns 'replys' até mesmo da @espe_f (n/e ah, eu quis aparecer mais uma vez q), mas não respondi nenhum, eu estava em meio a uma multidão, porém, me sentia muito solitária.

   Meu msn estava aberto, mas eu nem vi quem estava online. Depois que eu visitei alguns twitters, uma janelinha do msn começou a subir. Era Josh. Eu não estava preparada, muito menos no msn!

   Por um lado era bom, porque ele não podia ver meu estado de fraqueza, mais uma vez, né. Decidi responder, ele estava naquela baboseira de sempre, que não queria me magoar, que nosso futuro seria incerto, que poderia afetar a banda...

   Eu, sem paciencia, o cortei e disse que seria melhor mesmo se fossemos apenas amigos. Ele relutou, e eu, em um ato covarde, sai do msn sem forças, deixando a tristeza e a melancolia vencerem, mais uma vez.