Os Buscadores de Relíquias—O Buscador Errante escrita por Jean Carlo


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Algumas pessoas já me perguntaram como funciona os poderes do Daniel e do Marcos, então acho que esse capítulo é a resposta para algumas das perguntas, que possivelmente tenha em mente.

A palavras usada pelo Daniel nas técnicas que irá ler aqui. São palavras proveniente do meu idioma, que futuramente será explicado.



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A lua cheia brilhava alto no céu e as estrelas formavam um tapete de brilhante no manto negro, enquanto Daniel caminhava lentamente em uma rua com algumas árvores e aos sons dos seus passos no asfalto. O rapaz ainda estava um tanto sonolento, pois havia dormido a tarde toda e mais da metade da noite. Noite essa que gelava o corpo do Buscador.

Sua alma vinha ao seu lado com uma face totalmente fechada e séria. Daniel sabia que o amigo queria poder ajudar todas as almas, mas isso custaria muito de ambos e quando surgisse uma necessidade eles não poderiam fazer nada. O rapaz realmente queria poder ajudar todos aqueles que necessitam, porém seu trabalho de acabar com as almas ruins era mais importante.

— Já chega Marcos! — Exclamou Daniel com uma voz séria e alta que ecoou pela noite. — Sabe que usar o nosso poder é um desgaste para os dois lados, então para de tentar querer ficar libertando qualquer pessoa morta. Sei que deve ser horrível ter essa punição depois da morte, mas se fizer as suas vontades vamos...

— Finalmente entendeu. — Marcos disse e sua forma etérea piscou. — Fui uma pessoa apegada ao meu físico em vida! Minha alma não suportou a ideia de ter morrido em um acidente de carro. Voltei para entender o que tinha acontecido com o meu corpo, quando descobri a doação dos meus órgãos para pessoas estranhas.

— Você não vai começar com essa história de novo. — Daniel disse ao ficar ofendido com as palavras cortante do espírito. — Se não tivesse recebido seu coração naquele ano, bem… Nunca pedi que isso tivesse acontecido com a gente. — gesticulou para os dois. — Você quem voltou para ver o que tinha acontecido com o seu corpo!

Os dois ficaram se olhando por longos minutos, até Marcos voltar andar pela rua iluminada pela iluminação pública.

— Sei que quer a minha morte, mas já vou avisando que isso vai demorar muito para acontecer — falou Daniel ao olhar para o espírito que andava na sua frente. — Para com essa revolta e vamos fazer o nosso trabalho.

Seguiram pela rua, até chegarem a uma curva, que dava para uma enorme mansão. Daniel olhou para a aparência velha da casa. A fachada enorme do segundo andar estava quase com as janelas totalmente quebradas e a pintura desaparecendo. O rapaz percebeu algumas caixas na varanda, os vidros da parte de baixo estavam todos quebrados. Tudo apresentava-se no seu pior estado.

Foram para a porta de entrada, mas antes olhou para a alma ao seu lado.

— Precisamos nos fundir! — exclamou. Daniel não queria se fundir com o Marcos depois da pequena discussão, mas precisava entrar no Modo Buscador. Modo esse que é a fusão do espírito com o corpo do outro. Marcos apenas assentiu com a cabeça e ficou de frente para o seu humano. O Buscador colocou sua mão direita sobre o coração e disse a palavra antiga, que significava fusão. — Êfurudii!

Daniel sentiu seu coração se contrair, enquanto a forma etérea do Marcos se dissolvia e seguia para seus dedos, depois entrando no peito. Notou seu sangue esfriar, como se cacos de gelos tivessem sido injetados em suas veias e todo seu corpo ficou dormente. Por um breve momento viu a varanda mudar, fazendo assim, as caixas desaparecerem e uma luz leitosa preencher o lugar, mas logo voltando ao normal. Daniel sabia que era o Mundo Espiritual exercendo sua presença no lugar para a alma de Marcos entrar no corpo do Buscador.

Agora conseguia sentir a forte energia vinda do interior da casa, também algumas almas livres próximas e ao longo da rua. Deu o primeiro passo para porta, quando uma terrível dor explodiu em seu peito, depois sentiu algo molhado em seu nariz.

Daniel logo passou a mão para ver e a mesma saiu suja de sangue. Sobe na hora que a briga com Marcos, tinha quebrado o equilíbrio entre os dois.

— É melhor você parar de tentar me matar! — Exclamou Daniel em meio à dor que aumentava gradativamente. Seria a terceira vez na semana que o espírito estava tentando fazer algo com seu humano.

Daniel esticou a mão direita ao mesmo tempo fazendo sua energia vivente no seu interior fluir para seus dedos, que logo depois se acenderam com chamas azuis brilhantes. Tinha que fazer o Marcos dormir por alguns minutos, mesmo isso significando queimar uma parte do seu corpo, pois não queria deixar o espírito tentar matá-lo por dentro. Levantou a camisa preta que usava naquela noite, para revelar sua barriga com cinco pontos negros dos outros procedimentos que foi obrigado a fazer para deixar sua alma mais calma.

Colocou seus dedos em cada marca, quando sentiu sua pele chiar ao ser queimada. Sentiu uma terrível dor, mas não tão forte quanto a do seu coração. Enquanto queimava sua própria pele, percebeu a vontade de o espírito sumir em seu interior.

— Durma um pouco — disse para si mesmo e abaixou a camisa. Também limpou o resto do sangue do nariz e sentiu sua dor começar a desaparecer.

Daniel abriu a porta e entrou em uma sala pequena sala, que não tinha nenhum móvel. Uma outra porta ao lado da entrada revelou outra sala ainda maior, assim que mudou o olhar de lugar percebeu uma escada levando para o segundo andar. Parou e, concentrou-se na energia que percebeu do lado de fora, quando notou certa quantidade na parte de baixo do piso.

Não queria perder muito tempo no interior da casa, então foi para o fundo e ao passar na lateral da escada, acabou percebendo outra porta. Levantou a sobrancelha ao colocar uma das mãos na maçaneta e ao abrir a entrada, percebeu outra escada levando para a parte inferior da casa.

Daniel não teve escolha, a não ser entrar na escada e começar a descer, porém novamente fez sua energia fluir para os dedos, mas dessa vez fechou a mão e o punho se iluminou como uma tocha de fogo azul. O rapaz sabia que aquele fogo era proveniente da ligação da sua alma com a do Marcos, então naquele estado não iria machucar sua pele.

Desceu, para finalmente chegar a uma sala no parte debaixo da casa.  Ergueu o punho acima da cabeça para iluminar melhor e ver o que tinha naquela sala. Viu várias caixas de madeiras ao lado da parede esquerda, uma mesa na direita e uma estante com vidros na do fundo. O cheiro no lugar era de coisas velhas, cigarro misturado com algo que não conseguiu entender, também não fez questão de tentar.

— Sei que você está aqui. — Daniel falou ao sentir a presença do espírito ficar mais forte na sala. — Apareça! Posso lhe ajudar.

Nada aconteceu depois das palavras ditas, mas Daniel sabia que o espírito não iria aparecer com facilidade. Demorou cerca de cinco minutos, para o rapaz sentir uma corrente de ar passando pelo seu pescoço, depois os pelos do seu braço se arrepiaram e começou escutar sussurros em seus ouvidos.

Se fosse uma pessoa normal em seu lugar, já teria saído correndo, mas o Buscador passou por tantas cenas como aquela, que agora nem ligava mais para as tentativas de uma alma em assustá-lo.

— Vai se mostrar ou terei que te expurgar assim mesmo? — Daniel quis saber ao levar sua mão para o vazio e ver seus dedos segurando algo invisível.

Não demorou muito para a alma começar materializar-se na sua forma física, então o Buscador percebeu que se tratava de um homem, mas não conseguia ver as características, pois estava todo deformado e consumido pela maldade terrena.

— Você é um Buscador de Relíquias? — A alma perguntou e Daniel só agora percebeu que o segurava pelo pescoço. Sentiu o cheiro de podridão, quando o espírito fez a pergunta.

— Minha mão no seu pescoço é a sua resposta, meu caro — comentou o rapaz tentando não respirar o mau cheiro que começou se instalar no lugar. — Normais não podem segurar em suas formas etérea, então sim! Sou um Buscador e vim aqui para te expurgar desse mundo!

Expurgar é a técnica que os Buscadores utilizam para abrir uma abertura para o inferno e céu, assim no espaço criado a alma é julgada e enviada para o seu destino. Os únicos que podem fazer algo semelhante aos Buscadores são humanos com um alto nível de conhecimento religioso. Para os normais os seus livros religiosos são uma forma de aproximar-se do divino, mas nem suspeitam que sejam armas contra seres malignos.

A alma começou se debater, quando um vidro saiu flutuando e veio na direção do Daniel, o obrigando a dar dois passos para o lado. Esquecendo-se de manter sua mão firme, foi o bastante para o espírito se soltar e desaparecer.

Daniel praguejou algo ao olhar para os lados na procura da sua vítima. O rapaz soube na hora, que o vidro veio em sua direção o tipo de alma que enfrentava. Tratava-se de uma Alma Destrutiva. São espíritos que foram violentos em vida ou possuía quaisquer sentimentos ruins em seus corações, quando morrem suas almas densas de maldade se recusava ir embora do plano físico.

Também são conhecidas, por não possuírem relíquias de ligação terrenas, já que se ligam a lugares que por anos foram palcos de brigas e mortes. Daniel lembrou-se da folha que leu ao receber do Joshua, no papel estava escrito que a mansão era um lugar de encontro de jovens para brigas de ruas, festas regadas a bebidas e sexo.

Enquanto tentava sentir a presença e pensando nas informações da folha, sentiu algo vindo à sua direção, mas não teve tempo de se proteger. Daniel recebeu um impacto no estômago seguido de outro no rosto. O rapaz deu mais dois passos para trás e acabou caindo no chão cheio de terra, levou cerca de alguns segundos para recuperar o fôlego e perceber três vidros flutuando acima do seu corpo, então os viu caído em sua direção. Daniel rolou rapidamente para o lado esquerdo, batendo as costas na caixa de madeira.

— Juro que vou jogá-lo pessoalmente no inferno! — Exclamou ao bater sua mão com as chamas na terra. Fazendo as chamas se espalharem pelo chão.

Daniel percebeu Marcos começar apresentar sinais de que iria acordar. O Buscador não podia correr o risco de ter que lutar com a Alma Destrutiva e ao mesmo tempo com sua Alma de Ligação.

O fogo ainda se espalhava pela sala, quando Daniel avistou um ponto onde as chamas se comportaram de uma forma diferente. Era como se houvesse um bloqueio para o fogo não correr naquela direção. O rapaz percebeu que sua alma estava quase, que completamente desperta. Teria que resolver os dois problemas o mais rápido possível, então fez suas chamas dobrarem de tamanho, pois sabia que as mesmas não iria estragar nada. As chamas eram feitas de poder etéreo, então não apresentam perigo para coisas sem essa mesma base de criação.

Daniel fez as labaredas ficarem ao redor do lugar estranho, quando viu o homem começar materializar-se novamente. Tinha que usar sua técnica de expurgar naquele exato momento.

Trexiuxurá. — Daniel disse a palavra chave para a técnica de envio das almas. Fechou os olhos para concentrar-se, sentiu seu poder sair e correr na direção da alma. A energia tinha uma sede para consumir algo, pois fez as chamas desapareceram ao envolver o alvo.

Daniel abriu os olhos para ver o resultado. Viu que tinha formado um cilindro em volta da Alma, à prisão deveria ter pouco mais de dois metros de altura. Depois percebeu vários símbolos aparecerem no pé do ser e o mesmo na parte de cima.

— Por favor — pediu a alma. — Não quero deixar esse mundo ainda!

Daniel sentiu movimentos dentro da sua alma, então logo soube que Marcos estaria despertando. O Buscador estava irritado com a Alma, que não sentiu pena ou compaixão para pensar em desfazer sua técnica.

Os símbolos formaram duas estrelas. Aquela nos pé da Alma soltava um brilho vermelho alaranjado e a outra acima da cabeça do espírito uma luz azul perolado. Daniel pôde sentir a energia do inferno vindo da estrela vermelha e a do céu na azul. O jovem era atraído para as duas, mas se manteve firme no lugar.

Os desenhos eram pequenas passagens para o destino final para todos aqueles que vivem e possuem alma. O ser vivo que entrar naquele lugar pode morrer ou acabar indo literalmente para o céu ou inferno.

A Alma gritou, fazendo Daniel tirar os olhos do processo de expurgar, quando a alma foi sugada pelo desenho do chão. Sendo assim, aquele ser foi condenado ao inferno.

Daniel caiu sentado no chão da sala, depois de acenar para sua técnica dissipando-a. Marcos acordou transbordando de raiva para o lado do seu humano de ligação. O Buscador colocou sua mão novamente no coração, então convocou sua magia desfazendo o Modo Buscador com o Marcos. Novamente a energia do Mundo Espiritual encheu o lugar, fazendo a sala mudar totalmente de forma, pois os objetos presentes nela sumiram e foram trocados por formas negras retorcidas. A energia do Marcos saiu de dentro do Daniel, então a sala voltou ao normal.

— Não precisava ter feito aquilo comigo! — Exclamou para Marcos.

— Você tentou me matar novamente — advertiu o Daniel. O Buscador estava irritado com sua alma, mas também cansado de ter usado seu poder. Então resolveu não tentar ter uma conversa e foi para a escada ao se levantar.


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Notas finais do capítulo

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