Ele me lançou um olhar desafiador.
—Tem certeza disso, mocinha?
—Acha que eu não consigo?
Para que perguntar? Eu já sabia a resposta.
—Seus treinos começaram daqui a uns dias. Tenho assuntos importantes a resolver.
—Claro, mestre.
Como eu odeio chamar ele de mestre.
—Dispensada. Tenha um bom dia.
Bom dia? Ele disse mesmo isso?
Saí da sala e fechei a porta, que reclamou com um chiado baixo.
—O que ele disse?
—Pensei que tivesse escutando pela porta, Jasper.
Eu ri imaginando a cena.
—Acha mesmo que ele teria uma porta que desse para ouvir? Essa porta deve ser até a prova de balas.
Não duvido nem um pouco.
—Concordo.
O sinal tocou, avisando ser 6 da manhã.
—É melhor irmos ou vamos nos atrasar para a inspeção.

X-x-x-X

—Jasper e...
Arobynn olhava para a multidão, procurando um oponente.
—Bellamy.
Jasper respirou, aliviado. Olhei para a multidão ao meu redor, procurando o tal Bellamy. Até que uma mulher saiu do meio das pessoas. A Bellamy.
Uma ruiva de olhos pretos subiu na arena, irritada ao olhar para Jasper.
—Nos encontramos outra vez, ruivinha.
Ele estava sorrindo, aparentemente divertido com a situação.
—Lembra bem do que aconteceu da última vez que me chamou assim.
Ele revirou os olhos.
—Ainda venço de você.
—Nem nos seus piores pesadelos.
—Não seriam sonhos?
—No seu caso é pesadelo, mesmo.
A multidão vibrou com o fora; e eu também.
Os oponentes se encararam, se preparando para a luta.
A multidão estava divida em duas; time Jasper e time Bellamy.
Eu não conseguia assistir nada de onde eu estava então aos poucos, fui me afastando da multidão, até chegar no muro; perto de Arobynn. Ali eu poderia assistir.
—Para quem está torcendo?
—Para quem estiver ganhando.
Ele riu.
—No caso, para a Bellamy.
Eu olhei para a arena. O Jasper estava no chão. Com o rosto sangrando.
Bellamy desce da arena, vitoriosa.
—Eles se odeiam desde que se conhecem.
—Porque?
—Não sei. Eles se conheceram num dia, e se odiavam no outro.
Eu falei que o povo daqui era estranho.
—Chega por hoje. Podem voltar para seus quartos.
Eu ainda estava surpresa com o que eu -não- vi. Foram o que... 3 minutos?
—Medim, ajude o Jasper. Leve-o para uma curandeira.
Fui sem hesitar; sabe lá o que pode acontecer se eu desobedece-lo.
Subi na arena e carreguei -literalmente- o Jasper até a sala onde ficavam as curandeiras.
—Não entre numa luta como aquela de novo. Ouviu?
—Ouvi.
Fechei a porta e fui para meu quarto. Minha roupa estava completamente suja por tê-lo carregado, então as lavei na banheira e depois tomei banho. Troquei de roupa, peguei um livro e deitei na cama.
Apaguei minutos depois.