—Medim?-Alguém diz enquanto bate a porta.
Ignorei.
—Medim, é o Jasper. O que aconteceu?
Não estava com uma cara "apresentável", então apenas pedi para ele ir embora.
—Medim, estou ficando preocupado. Abra a porta ou eu mesmo vou dar um jeito de abrir.
Vamos pensar... Se eu abrir, ele vai me fazer um monte de perguntas; além de ver a minha cara de choro. Mas se eu não abrir, ele vai arrombar e eu E ele vamos levar um belo de um castigo. É. É melhor abrir a porta.
Sem pressa, fui até a porta e abri uma fresta,a, para ele não me ver.
—O que foi?
—Eu ouvi você quando estava passando por aqui. E acho que estava chorando... Estava?
Certamente, não é?
—...
—Medim, me deixe entrar.
Dei passagem para ele entrar assim que ele empurrou a porta com o ombro. É melhor abrir do que levar um sermão do Hamel, certo?
—O que aconteceu com você?-ele diz enquanto me coloca sentada na cama.
—...
Ele senta do meu lado.
—Não posso te ajudar se não me contar o que aconteceu.
—Você não pode me ajudar, Jasper. Ninguém pode.-eu disse, irritada.
Ele não se incomodou com minha gritaria. Apenas...continuou calmo.
Respirei fundo e tentei me acalmar.
—O que aconteceu, Medim?
Respirando fundo mais uma vez, contei o que tinha aconteciso... Que dia era hoje. O que esse dia representava para mim;a morte da pessoa que amou como ninguém.
Eu estava chorando, lembrando de cada cena, de cada momento e de cada lembrança. Jasper parecia pensativo.
—Esse homem... O cortou aonde? No braço, do pulso até...?
—Até o fim do antebraço, mais ou menos. Mas porque pergunta?
Ele estava... Extremamente surpreso. O que estava acontecendo?
—Jasper, o que houve?
Ele sacudiu a cabeça, como se estivesse despertando de longos pensamentos.
—Só... Estou surpreso. Você convive com isso a anos... E nunca contou a ninguém.
—...
—Durma bem, Medim.-ele disse e beijou minha testa.-Nos falamos amanhã.-Ele fechou a porta.
Nunca contei sobre isso a ninguém... Sinto-me mais leve, mas continuo pesada. É estranho... E o Jasper parece me entender. O que me deixa mais feliz ao estar com ele.
Pera aí, o que? Não, não posso, não consigo... Não sou capaz de amar alguém depois disso e...
Não. Chega de memórias ruins por hoje.

W-w-w-W

—Consegue mais tempo que isso, não consegue, minha querida?
—Primeiro, eu não sou um peixe. Segundo, não me chame de querida!
Ele ri.
—Claro, minha querida. Agora, mais uma vez. Vamos.
Bufei e mergulhei mais uma vez.
A piscina era gigante. G-I-G-A-N-T-E. Bem desnecessário, na minha opinião.
Já eram umas 10 horas, e não vi Jasper até agora. Hamel disse que ele foi para uma missão em Adarlan.
Estranho. Muito estranho.
Já estava ficando sem ar, então voltei para a superfície, quase bebendo a água toda da piscina.
—Ficou 10 segundos a mais. É...Tá bom.
Tá bom? TÁ BOM!? QUASE MORRI ALI EMBAIXO!
—...
—Pode sair, querida.
—Não.Me.Chame.De.Querida.
Ele sorriu de canto e me ajudou a sair.
—Pode voltar para seu quarto para se trocar. Te dou 30 minutos. Querida.
Saí batendo os pés de raiva. Que cara irritante!
Me troquei, e quando estava saindo, esbarrei com Jasper no corredor.
—Não estava em Adarlan?
—Adarlan? Não!
Hamel e suas mentiras... Mereço.
—Preciso voltar para o treino. Nos falamos no almoço.
Voltei para o campo, e continuei treinando até o almoço.
—Medim! Quanto tempo.
—Isso é saudade?
—Já estou até cansado de olhar para sua cara todo santo dia.
Fingi estar completamente chocada.
—Me aguarde depois dessa.
—Nãaaaaaooo, eu estava brincando.
—Pensei.
Passamos o almoço conversando, e senti que ele estava mais longe... Não sei como explicar...
—Está sabendo?
—O que?
—Hamel vai até Adarlan fazer algum tipo de missão.
—E quem vai cuidar daqui?-eu disse enquanto tomava um gole da minha água..
—Eu.
Engasguei com a água.
—Porque VOCÊ vai assumir o lugar dele?-eu disse limpando a água que encharcou a minha roupa.
—Ele meio que... Cuidou de mim quando meus pais me abandonaram.
—Você foi abandonado?-Isso não é história para ficar sabendo agora.
—Já que diz...
Imagino o tanto de coisa que ele me esconde. Não posso reclamar, já que eu escondo muitas coisas dele também...
—E então, mestre, o que vamos fazer hoje?-eu disse alto, para que o refeitório todo ouvisse. Todos ouviram e olharam, esperando a resposta.
Jasper subiu na mesa e disse:
—Dia de folga, pessoal!
Todos gritaram, animados. A maioria foi para seus quartos, enquanto o resto continuou no refeitório.
—Liberada, querida.
Só lancei um olhar que dizia algo simples: Repita isso e vai ficar sem um braço. Entendeu?
Ele apenas assentiu, com um pouco de medo.
Ficamos o dia todo jogando assunto fora, até chegar a noite e irmos dormir.
Finalmente, um dia sem o Hamel...