À primeira vista escrita por LadyB


Capítulo 1
Garota anos 50




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  “Espero que tenha certeza que esses foram os macarons feitos especialmente para mim.” — Foi com essa frase dita com tom de advertência e um pouco de sarcasmo que Chuck Bass a conheceu.

Ela estava de costas, então não podia ver seu rosto, mas, instantaneamente, sabia que seria bonita.

Seu vestido vermelho rodado o lembrou daqueles filmes antigos dos anos 50, e o cabelo só reforçou a ideia: Estava preso em um coque.

“Que pescoço mais bonito” Seu pensamento peculiar lhe causou surpresa. Nunca tinha reparado em tal coisa antes.

Quando a moça se virou, talvez ele tenha prendido a respiração para conter um suspiro. A garota não era apenas bonita, era magnífica. Decerto, em termos proporcionais, conhecesse algumas mais bonitas, entretanto, nenhuma com a elegância que aquela portava.

Seu rosto era redondo e delicado, combinando perfeitamente com sua baixa estatura. Sua expressão, todavia, era desconcertante; Altiva e desafiadora. 

Ela tinha feições de uma boneca, uma daquelas que os colecionadores matariam para ter em sua estante. E quando passou por ele até a porta da pâtisserie, Chuck quase atestou que se tratava de uma rainha.

O perfume suave e floral dela se sobrepôs, imediatamente, ao cheiro irresistível dos biscoitos assando.

“Até seu cheiro exala sofisticação”.

Ficou observando-a, abobalhado, até que virasse a esquina. Em algum lugar de seu subconsciente sabia que não era a primeira vez que a via. Se fosse tentar lembrar com precisão, não conseguiria, porém jurou para si que deveria ser só impressão. Era humanamente impossível passar por uma flor tão única e não ter nenhuma recordação. Ninguém em sã consciência esqueceria alguém tão marcante.

Foi à primeira vista de muitas.

Ela começou a estar em todos os lugares, sempre sorrindo com sarcasmo e quê de zombaria. Chuck pensou em chegar com um comprimento sutil e tentar conquistá-la, só que toda vez acontecia um imprevisto que o impossibilitava. Ou talvez fossem só desculpas que criava por medo de uma rejeição. Ao que parecia, era tão covarde quanto aqueles que desprezava.

Ateve-se, então, a observá-la e descobrir quantas expressões ela poderia ter em poucos minutos de conversa. Era meio fascinante, como uma pintura de Da Vince. Sua expressividade era sedutora e inebriante. 

Somente ela ficava bonita misturando uma infinidade de cores e estampas e ainda sim não parecia uma completa idiota. Somente ela declinava um elogio com perspicácia digna de uma das protagonistas de Jane Austen. E somente ela usava uma tiara tão bem.

Chuck imaginava como seria tirar aquelas tiaras e desengrenhar todo seu estilo milimetricamente planejado. Quiçá assim ela parecesse mais mundana. Desejava morder seu pescoço alvo e descobrir se as leves sardas se estendiam até o elegante pescoço, talvez até mesmo pelos seios...

Com surpresa, a viu chegar rodeada de garotas bajuladoras e sem graça na escola, dando um estilo totalmente novo ao fardamento, e lhe tirando toda simplicidade. Que deliciosa coincidência!

Os dias passaram depressa e logo era inverno — com dias curtos e depressivos —, por isso ele começou a passar mais tempo atrás dela, só desse jeito conseguia um pouco de calor para relaxar e um motivo para se divertir.

Descobriu que ela adorava Macarons, tiaras e tudo relacionado à moda. Que tinha uma governanta a quem estimava mais que todas as amigas e uma certa tensão com a mãe.

Blair

Esse era o nome da garota que o tirava dos eixos.

Escutou-o quando aquela sua amiga loira berrou uma saudação do lado de fora do carro — aparentemente, eram amigas desde sempre. Ele murmurou o nome par si, como se testasse a nuance até decidir qual seria o correto.

Blair

 Sua pronuncia era agridoce, como uma cranberry. As duas silabas também transmitiam força e imponência. Combinava tanto com que ela que chegava a ser um pouco assustador.

Em um dia de fevereiro, Nate, seu melhor amigo, o chamou para conhecer sua “ilustre” namorada. Com um dar de ombros pouco interessado, Chuck o seguiu. Foi logo dando um comprimento ácido, mas se interrompeu no meio da frase ao notar quem era.

Blair Waldorf dirigiu-se para ele pela primeira vez com parcimônia e um doce sorriso falso. A cena parecia sair diretamente de um filme de terror. Queria gritar que ela não precisava fingir ser outra pessoa, pois ele conhecia quase todas as suas expressões. Queria gritar que uma pessoa como Nate jamais seria cúmplice de seus comentários mordazes, contudo, saudou-a com cautela e distância, saindo dali com ânsia poucos minutos depois.

Cogitou jogar sujo e tentar roubá-la para si, afinal, nunca foi conhecido pela boa índole, porém tinha a intuição que isso só atrapalharia as coisas. Ela precisaria aprender por experiência.

Observou por dois longos anos o namoro deles com uma chama de ódio. Porque, sim, os odiava; Blair por se apagar por alguém que não valia apena, por jogar fora seus princípios e sua personalidade. Por não notá-lo. Nate por enganá-la, traí-la e ainda dizer que estava naquele relacionamento por puro comodismo. Por ele não ter dado o apoio necessário ou sequer percebeu como a separação dos seus pais a abalou e a fez ficar tão assustada e perdida como uma garotinha.

Blair sofria com as piadas sobre o pai ter deixado sua mãe pela incapacidade das duas de oferecer amor e companhia, mesmo que tentasse fingir que estava bem. Sofria por Serena na mesma proporção que a abominava e, pior ainda, sofria com o descaso de um pseudo namorado infatiloide.

Ela, no entanto, nunca reclamava para ninguém.

Chuck se aprofundou ainda mais nos mistérios daqueles orbes escuras.  Como previra desde o inicio, Blair era mesquinha, egocêntrica, narcisista e mimada, e nunca fez questão de esconder isso dele, sempre revelando seu lado mais perverso nas curtas conversas que tinham. Sua futilidade o embriagava de tal modo... talvez por combinar com a sua.

Duas peças problemáticas e inconsistentes sem rumo.

Embora também tivesse seu lado bonito, cheio de qualidades. Sua persistência, garra, sagacidade, capacidade de perdoar e mais ainda de amar, sua singular cara de desdém — ela sempre parecia saber um passo a diante de todos —, seu estilo

Agora, deitado em sua cama, depois de rever todos os motivos por amá-la, Chuck não conseguia invocar a moral necessária para sentir remorso, quem dirá culpa por ter a seduzido naquela limusine. Mesmo que fosse por todos os motivos errados — que fosse para ajudá-la a esquecer do seu maldito melhor amigo —, tinha certeza que ela sentiu a mesma força que o puxava, que o atormentava dia e noite.

Cada célula do seu corpo ainda vibrava com o calor dos corpos unidos em meio a beijos sôfregos e suspiros de puro deleite. Sua mente ainda sentia o cheiro e o gosto dela. Suas mãos já eram capazes de desenhar até as pequenas e escondidas curvas que a faziam tão única, e que só ele viu. E, principalmente, da confiança que seus olhos cor de chocolate depositaram nele.

Sorriu extasiado ao saber que, como nos seus delírios, ela foi dele de mais modos do que do que jamais saberia. Assim como ele a pertencia sem nenhuma reticência.

Por enquanto ainda era o irresponsável Charles Bass para ela. Tinha absoluta convicção que Blair negaria e resistiria o quanto pudesse, mas, no fim, não se consegue lutar contra o destino.

Chuck mal poderia esperar pelo amanhã e tudo que ele guardava.


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