Assassin's Creed: Other Side escrita por Kanin3


Capítulo 11
Um Templário em Seu Meio




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 “Enquanto os Templários existirem, é de seu feitio manipular a realidade à vontade deles. Eles reconhecem que não há tal coisa como uma verdade absoluta - ou, se houver - somos incapazes de reconhecê-la. E, portanto, em seu lugar, eles procuram criar sua própria explicação. É o princípio orientador da chamada "Nova Ordem Mundial"; reformular a existência em sua própria imagem. Não se trata de artefatos. Não se trata dos homens. Pois estes são apenas ferramentas. Trata-se de conceitos. De ideais. Inteligente deles.

Pois, como se batalha contra ideais?”

 

 

— Trecho retirado do livro  "Assassin's Creed: Irmandade"

 

 .......................

 

Em toda sua vida, Anna Delacroix jamais soube inteiramente da vida dupla que seu irmão carregava todos os dias nas costas. Jamais. Não por falta de interesse ou mera curiosidade, porém, pois se havia algo ao qual o rapaz era reticente para sua irmã, era em relação a sua vida como Templário. Nas primeiras semanas, não foi difícil evitar perguntas sobre as cicatrizes e o rosto marcado do irmão. E conforme os anos passavam, as perguntas tornavam-se menos frequentes ao receber a simples resposta de sempre : “Algum dia lhe contarei. Não se preocupe, irmãzinha”.

Ela apenas se perguntava se este dia estava perto de chegar.

Naquela noite, o cheiro de chá se fez mais forte nas narinas do francês, surpreso com a xicara posta em suas mãos. O aroma de rosas proveniente da irmã o tirou de seus devaneios, e ela sentou-se perto dele.

— Faz tempo que não passamos tempo juntos, Remy. Achei que não se importaria. E sei que gosta do meu chá, também – ela disse, com uma piscadela – Afinal, nossa família tem muito o que aprender com meus talentos na cozinha, nón?

— De fato, o melhor chá de Boston – ele sorriu, em um gole.

Notando seu  olhar perdido, Anna inquietou-se. Ele parecia mnais distante aqueles dias. Curiosamente mais nervoso. E ele, claro, percebeu que aquilo a inquietava. por isso, desconversou, a empurrando carinhosamente.

— E o que a preocupa, món cherry? Não vais dizer que encontrou problemas com  algum garoto por ai? Sabes que não gosto que se meta com alguém sem me falar tudo primeiro.

Ha, não se preocupe. Sabes que não dou satisfação para os rapazes daqui. Além do mais - ela suspirou, apertando seu braço. Os sedosos fios castanhos roçaram no seu ombro, em um abraço apertado - O mesmo vale para voce, Remy. Se tiver algo que queira me contar, pode sempre confiar em mim, certo?

Naquele momento, ele nada disse. Apenas observou o céu, sentindo a respiração da sua irmã contra seu peito. Ele não poderia contar. Jamais. Ela não merecia saber que ele sujava suas mãos há tanto tempo. O tipo de circulos que ele se via no meio. Ainda assim, ele queria contar. Ele desejava tirar aquele peso do seu peito. Contar o que ele estava prestes a fazer. 

O quão difícil era para ele tomar aquela decisão. E ele sentiu seus olhos lacrimejarem, percebendo que teria de carregar aquilo sozinho. Deixá-la fora de tudo aquilo.

— Eu sei, Anna. Eu sei. E quero que saiba que tudo que faço em minha vida, faço  por você.

— Mas não desejo que carregues o mundo nas costas por mim, Remy - ela respondeu, por fim. Em um inocente sorriso. Aquele sorriso que sempre o confortava - Só espero que esteja sempre comigo, como minha familia. Não vá se machucar por algo que não  deseja fazer, tudo bem? Me prometa isso.

Sob as palavras de Anna, seus ombros pareceram ficar mais leves. Se ele não tinha uma mãe a quem olhar como figura feminina, Anna era quem ocupava aquela lacuna. Pois com ela, havia sempre alguém tinha a quem recorrer, espaço aquele o qual nem mesmo Kara possuia. A família a qual tinham em Boston... Claro, a cada dia que passava, mais pareciam um grupo de pessoas debaixo do mesmo teto.  Não, ela era a sua única família. Agora, principalmente. E ele a apertou contra si, afagando seus cabelos enrolados.

 -Eu prometo, irmãzinha. Eu prometo.

 

II

 

Seus ânimos só não encontravam-se  tão fortes quanto os da própria população, Remy percebeu. As abarrotadas ruas de Boston estavam lotadas naquele fim de tarde, como previsto. A fúria, a infelicidade, e o descontentamento dos colonos com a ocupação britânica nada mais eram do que os fins para os meios”, ironicamente parafraseando um proeminente Assassino italiano. E com um único ato, todo aquele barril de pólvora seria essencial para o plano Templario.

Um plano que seria ele a dar o disparo inicial.

O frio assolou sua pele, fazendo-o voltar a realidade, e ele abanou a cabeça, tentando esquecer aqueles pensamentos. Era para o bem maior, não era? Não havia por que se preocupar. Não era como se vidas humanas jamais houvessem sujado suas mãos antes.

Então... por que ele se preocupava tanto?

 Com um afago, atrelou sua égua na rua. Ele precisava de uma espada nova, e a rapieira presenteada por Haytham, embora há anos em suas mãos, agora se via precisando de um descanso. Anos de uso constante em sua vida dupla pareciam te-la desgastado demais. “Que pena”, murmurou ele. “Essa é uma ótima espada”.

— Bom dia. – ele saudou, jogando um saco de moedas no balcão – A sua melhor rapieira, sim?

O vendedor, um velho de barba rala, tomou o saco em mãos. Em alguns segundos, voltou com uma bela espada em mãos, o aço reluzente brilhando em cada centímetro daquela obra inglesa. Não era tão bela ou afiada quanto a sua velha rapieira, mas seria de mesma serventia.

— Imagino como conseguiu uma destas.

O homem riu, olhando ao redor como se estivesse sendo vigiado – Sabe como é, guardas mortos não precisam de suas armas, principalmente os ingleses. E esta belezinha é tão verdadeiramente inglesa quanto aqueles filhos da puta que marcham naquelas ruas lá fora todos os dias.

Remy riu com a sinceridade do velho. Claro, naqueles dias, não havia como culpar o ódio pelos britânicos. A cada dia que se passava, apenas tendia a crescer a insatisfação dos colonos. E ele sabia, mais do que todos, que aquele dia em especifico marcaria esse especifico fato com sangue e pólvora.

— Acho melhor não sair de casa hoje – o Frances sugeriu, guardando a espada. Seus olhos pareceram tomar-se de duvida ao notar o revolver em sal cintura, e suas mãos estremeceram.

O vendedor o fitava curioso, coçando a barba rala. – Tudo bem, rapaz?

— Oh, sim... Oui. Agradeço o serviço. – ele assentiu, desnorteado. O velho ainda quase abriu a boca para falar, mas nada disse, limitando-se a dar de ombros. Não era da sua conta.

— Tudo bem então – ele agradeceu -  Volte sempre, sir.

O jovem templario sentiu outra vez o frio do lado de fora quando a porta abriu-se, revelando um jovem não tão distante de sua idade. Sua aparência porem, lhe chamou atenção. Seus cabelos negros lisos, as roupas levemente esfarrapadas e claramente nativas; a pele levemente mais escura do que a sua. Era claramente um nativo mohawk. Ainda assim, havia um que de colono naquele rapaz. Claro, a tonalidade de sua pele denunciava que era, no mínimo, mestiço, o que levava Remy a se questionar no tipo de homens que ousava, por falta de palavras melhores, “provar os frutos da floresta”.

Não que as garotas nativas - das poucas que tivera contato - não fossem atraentes ao seus olhos, mas a ideia de um branco dividir a mesma cama com um indígena não era nada bem aceita. Bastava observar os olhares, o nojo e repudio que caiam sobre qualquer sujeito de pele mais escura do que a tipicamente branca europeia, e podia-se constatar o preconceito instaurado no coração dos brancos.

 Ainda assim, mesmo em meio aquele mar de peculiaridades mohawk, aquele rapaz lhe era familiar... Assustadoramente familiar. Suas feições...

— Com licença – ele começou timidamente, jogando algumas moedas na mesa. O vendedor o olhou com pouco desdém, braços cruzados. Mas percebendo o gordo saco de moedas em sua mesa, abriu um sorriso como se fosse o melhor cliente do mundo – Eu queria saber se tem estes materiais...

O resto ele não pode ouvir. Pois já estava sob seu cavalo, tomando as rédeas outra vez. Ajeitou seu manto, protegendo-se do frio mais forte, voltando as ruas esbranquiçadas de Boston. A neve começava a cair mais forte, ele percebeu, e já quase anoitecia. Ele engoliu em seco, lembrando do que o aguardava.

 

III

 

O próprio demônio sorria aquela noite. E sorria com o pensamento de como aquele dia veria seu fim. Charles Lee observava as ruas abarrotadas. Mulheres, homens e idosos lotavam uma verdadeira multidão contra a guarda inglesa. O ódio transformado em movimento, e o movimento fadado a tragédia. E bastava um disparo, uma morte, para que tudo se transformasse em realidade. E ele parecia divertir-se com o olhar perdido do jovem ao seu lado. “Ah , a verdadeira definição de inocência”, pensava Lee.

“Se não estiver apto para obedecer, então não estará apto para ser um de nós.”

— Muito bem – o templario assentiu, batendo divertidamente no ombro do jovem. Ele riu com o desgosto que Remy tomou o revolver de suas mãos, sendo empurrado bruscamente.

— Largue de mim, Charles. Não preciso que me suje com suas patas mais do que já sujou.

— Hora de fazermos história, sr. Delacroix. – Lee o enviou um olhar de escárnio. Ele abriu os braços, apontando para as ruas. O cenário de seus esquemas - Já pode dar o tiro. Terás a honra de ser o realizador do nosso plano.

Ele iria mesmo fazer aquilo? Era par um bem maior, não era? Não havia porque hesitar. Ele não sabia porque suas mãos tremiam, o peso da arma como toneladas sobre seus dedos. É o certo. Suas mãos já haviam sido sujas por bem menos, ele lembrou. Aquilo não seria nada. Algumas mortes por uma fagulha que acenderia a Revolução. O futuro das colônias sob o peso de algumas mortes. Claro, mortes ocorriam o tempo todo. Para a vitoria de uma ideologia, vidas deveriam ser ceifadas. Fora um de seus primeiros ensinamentos. Um que parecia refletir ainda mais forte em sua cabeça naquele momento. Um que, ironicamente, ecoava em sua mente como nunca, perfeitos para a verdadeira provação a qual ele se observava.

E tal ensinamento, agora, ele já não sabia se acreditava tão fervorosamente quanto antes.

— Atire, Remy – a voz de Charles o envenenava atrás de si. As mãos apertando seus ombros, em incentivo. Mesmo de costas, o francês podia sentir o longo sorriso que adornava aquele rosto desprezivel – Atire. Não há nada a perder.

— Espere, Charles...

— Esperar? Não há por que esperar! Atire, rapaz! Aperte esse maldito gatilho!

— Dê-me um tempo!

— Deixe-o em paz! – a voz de Kara se fez presente, silenciando Lee. Ela apertou sua mão, o toque gentil tranquilizando-o sob a mira do revolver – Tome seu tempo, Remy. Tome o tempo que precisar.

— Não temos tempo, Srta. Ivanov. – Charles esbravejava, deslizando os dedos por seus cabelos suados – Deixe-o disparar de uma vez. Pelo diabo, ele pode até atirar para o céu, o resultado será  o mesmo! Vamos, dispare para cima, se assim desejar. Faça-o de uma vez!

Os segundos pareceram horas, e Remy sentiu uma gota descer por seu rosto. A neve pareceu cair mais intensamente, fazendo Remy tremer a arma. Não, ele não podia fazer aquilo. Era injusto demais. Era errado demais. Desde quando brincar com vidas humanas tornou-se seu trabalho? Daquela forma?

A voz rouca de Charles o perturbava aos gritos, andando de lado a outro atrás de si. Kara tentava tranquilizar o velho Templário, enquanto Remy sentia-se tremer mais, o coração acelerado, gotas de suor escorrendo por seu rosto. Foi com descrença que Charles o fitou quando Remy baixou sua arma, jogando o objeto ao chão. Um olhar questionador se formou em Charles, erguendo os olhos lentamente, da arma ao francês.

— Não posso fazer parte disso. – ele negou, enviando a Lee um olhar ameaçador – É vil. É doentio o que estamos fazendo aqui. Manipular eventos para nosso próprio feitio? Ameaçar... – ele apontou o dedo em riste contra o peito do Templario – Não ameaçar... Brincar com a vida de inocentes para que alcancemos nosso propósito? Achei que fosse a vida daquelas pessoas que estávamos ajudando a melhorar. Achei que fossemos mais do que isso!

— Mais ? – Charles rosnou, olhando em volta. De súbito, Remy sentiu seu colarinho ser puxado, a saliva do homem voando em seu rosto. Próximos demais, perigosamente próximos  – Somos mais, Remy! Somos nós quem temos o direito de guiar o destino do mundo. Puxando as cordinhas, controlando a peça como os verdadeiros artistas manipulam suas obras. Sim, é o nosso dever, e mais do que isso, nosso privilegio!

— “Privilegio”? Isso é tirania!

— Bah – o templario o jogou ao chão, apontando para um homem posicionado longe dali, num telhado distante. Com o mosquete em mãos, ele apontou para a guarda britânica nas ruas abaixo. Continuando o trabalho sujo do Templario – Veja só o andamento de nosso esquema em primeira mão, Remy. Se não tens coragem para seguir em frente, contente-se com a visão privilegiada, então. Não perderei mais tempo com sua ladainha.

O disparo nunca ocorreu, pois uma figura sorrateira rastejou por trás do sujeito. De longe, Remy teve de cerrar os olhos para reconhece-lo, aquela pessoa. As roupas nativas; o cabelo negro liso; o arco nas costas, machadinha em suas mãos... Sim, o nativo de antes.

 Ele não sabia como aquele jovem detinha conhecimento dos esquemas Templarios – ou melhor, quem era ele – mas sentiu-se aliviado ao ver o atirador cair sob um golpe certeiro do mohawk  em suas costas.

— Acho que seus planos foram por água abaixo, Charles – Remy sorriu, em escárnio. – Agora, ainda vai continuar co--

Charles puxou o próprio revolver, e uma picada lancinante atingiu o ombro do francês, que cambaleou para trás, sentindo o sangue escorrer de seus labios. Tão inesperado para Remy quanto para a jovem templaria, que enviou a Charles um olhar questionador, metendo-se na sua frente.

— O que tu fizeste, Lee? Isso foi desnecessário! – a loira vociferou.

— Não exatamente, Srta Ivanov. Sem duvidas de que nosso companheiro aqui não hesitaria em atrapalhar-me quando virasse as costas. Estou errado, Remy? – o homem ousou balançar o dedo negativamente, como se não tivesse acabado. - E preste atenção, Remy, observe como moldamos o futuro da America!

E bastou um disparo. Para o céu, mas ainda assim, funcionando tão calculadamente quanto se fosse direcionando a população.  Agarrando seu braço ferido, suprimindo sua dor, Remy virou os olhos para a multidão. Jovens, mulheres, crianças... Uma senhora carregando um bebê de colo. Um senhor de idade, amparado por parentes ao seu lado... Em poucos segundos, o pânico tomou aquelas pessoas ao passo em que os mosquetes ingleses pareciam alveja-las sem piedade alguma. Prontamente, os guardas gritavam contra a população, apontando e disparando contra eles como se por sua própria sobrevivência.

Sangue escorria pelo chão esbranquiçado enquanto corpos caiam sob os tiros das tropas inglesas. Gritos de agonia podiam ser ouvidos, o choro de uma moça sobre seus marido ao chão... Tudo pareceu acabar tão rápido quanto havia iniciado, e ele nada pôde fazer, reduzido a um mero espectador sujo em seu próprio sangue. Ele sentiu sua garganta seca. Seu corpo esquentou, e instintivamente, seu dedo ejetou sua lâmina, em fúria.

— Não! – o jovem Templario balbuciou, empurrando-se contra Charles, lutando contra a dor em seu ombro. O velho nada fazia, rindo levemente enquanto Remy debatia-se contra ele, sendo segurado sem esforço por Lee.

— Desgraçado, Lee... Você é um monstro! Eu sempre soube, e acho que no fundo você sempre soube também! Aquelas... Aquelas pessoas lá embaixo...

— Morreram para um propósito, sim. Deixe de inocência e veja que para realizar algo, devemos seguir pelo caminho realista, não o mundo colorido que você pensa viver. E desvie esse seu olhar venenoso para longe de mim junto de tua lâmina, seu merdinha – a cada palavra de Lee, o ódio crescente fervia em Remy. Charles parecia divertido com aquilo, um sorriso maldoso formando-se mesmo por baixo do olhar furioso.

— Estou errado, Srta. Ivanov? Ponha um pouco de juízo na cabecinha dura do seu amigo.

Foi com espanto que Remy virou-se para a loira, dando um fim as suas expectativas de que ela pouco concordava com aquele traste em sua frente. Suas dúvidas quanto a lealdade da amiga para si mesmo mais do que aumentaram, e aquilo lhe doeu ainda mais do que o tiro em seu ombro.

— Kara...

— Entenda, Remy – ela o interrompeu com um gesto – Isso é necessário. Acho que os meios tomados pelo Charles contra você foram exageradamente drásticos – ela lançou um olhar ríspido ao Templario, que limitou-se a bufar – Mas pense no beneficio que traremos para as colônias. Olhe em volta, o povo não ficará feliz com isso. Agora basta esperar a Revolução que, com toda certeza, se iniciará. Corte a cabeça de um cidadão, e a fúria se torna o alimento que erguerá o povo. Confie em mim. Agora, vamos procurar um doutor, essas feridas precisam de tratamen—

— Kara – ele murmurou, a empurrando bruscamente. Tudo que a recebeu de volta foi descrença. Descrença no olhar do jovem, que não sabia mais como a enxergava – Não vês o que diz? Você está falando como ele! Como Lee! O que você se tornou?

Suas pernas se esforçaram ao tentar ficar de pé. Sem perceber, suas mãos deslizaram ao cabo de sua espada, os olhos cerrados entre os dois em sua frente. Se medo exalou de seu semblante, então ele mais do que tentou esconder ao embainhar sua espada.

— Oh, decidiu mostrar os dentes, Sr. Delacroix? Ouse molhar essa lamina com nosso sangue e terás muito o que conversar com o Mestre Kenway.

— Remy... – pediu Kara, sem sucesso.

—  Não. – ele ameaçou, o ombro tremendo com a rapieira em mãos. – Eu estou fora disso. Cansei de você, Charles. Cansei de suas maquinações. Desses joguinhos. E, certamente, cansei disso tudo.

Lee franziu o cenho, divertido. – “Tudo”? Tudo o que, Remy.

— Da Ordem. – Remy rosnou, para pasmo do Templário.

Aquela fora a gota d’água, Remy percebeu. Pois tão cedo aquelas palavras escaparam de sua boca, um tiro foi a resposta de Charles, cuja raiva emanava do seu rosto envelhecido. Felizmente, o jovem escapou do disparo, jogando-se de cima do prédio e sendo recebido pelas telhas nada macias de uma casa próxima.

Deslizando bruscamente, ele pousou nas ruas com a pouca força que lhe restava, rolando no chão . Ele arfava enquanto corria, segurando a dor que se alastrava pelo disparo. O caos da verdadeira polvorosa causado por Lee ainda se fazia presente, e Remy utilizou-se da confusão, misturando-se entre a população apavorada.

Era empurrado contra um ou outro cidadão, se vendo levado pela multidão. Arfando, ele nem mesmo virou o rosto para trás, disparando o quanto seus pulmões o permitiam correr.

Ele não estaria seguro ali. Ele tinha de fugir. Talvez nem mesmo Haytham o ouviria após aquilo. Não com Lee o alimentando de suas palavras. E ele tinha serias duvidas, ainda que lhe magoasse fortemente, que Kara o entenderia após aquela verdadeira prova de seus ideiais. Em meio a correria, um cavalo castanho alcançou sua vista, atrelado a um poste.

— Vamos lá, amiguinha... – seu braço pesou enquanto subia no animal, queimando com o esforço. – Me ajude a sair dessa merda e te dou quantas cenouras você quiser.

Ele puxou as rédeas bruscamente. A egua relinchou sem demora, disparando pelas ruas ao menor comando, para seu alivio. Sem olhar para trás, tudo que fez foi esperar que não lhe alcançassem.

A pergunta que mais ecoava em sua mente era o que mais lhe perturbava: para onde deveria ir?

..................

  - Temos de ir atrás dele. SEM armas – reforçou a loira , montando em seu próprio cavalo após alguns minutos – Ele está ferido. Cansado. Nesse frio, não ira durar muito e provavelmente irá desmaiar em qualquer lugar.

Kara estava prestes a partir para longe da presença irritada de Charles quando uma mão caiu sobre seu braço.

— Srta. Ivanov? Charles? O que está acontecendo aqui? – o Grã Mestre olhou em volta, austero, mas com cara de quem poderia explodir a qualquer sinal. Aquilo preocupou Charles – E onde está Remy?

— Mestre Kenway ... – começou Lee, em suplica. Certamente, temeroso pelo que lhe aconteceria se o Templário soubesse de seus atos drásticos. Drásticos até demais, como alertado pela própria  jovem que o observava em diversão.  – Se me permite explicar...

— É sobre ele que estamos falando aqui, Mestre Kenway – Kara intrometeu-se, pouco se importando com Charles – Ele... Olhe, não podemos deixar que ele vá muito longe. Por favor, eu contarei tudo no caminho. Nesse momento, ele deve estar deixando Boston, na pior das hipóteses.

O semblante do Grã Mestre encheu-se de questionamentos, deslizando os olhos entre ambos. Por fim, nada disse. O olhar em suplica da jovem lhe dizia mais do que precisava saber, e no que tangia ao seu jovem discipulo, o inesperado era o que Haytham sempre aprendeu a esperar. Decidindo dar o braço a torcer, acenou para a jovem Templaria. Prontamente, ela abriu espaço para que ele mesmo tomasse as rédeas do cavalo.

— Espero que me conte tudo que preciso saber, Kara.

— Certamente, Mestre – foi o que a jovem respondeu, sem virar os olhos para um nervoso Charles Lee , que observava-os partir a distancia. O homem engoliu em seco, em desgosto. – Certamente.

III

 Quando o alcançaram, exaurindo suas esperanças de escapar incógnito, ele praguejou a si mesmo. No fim, nem toda as árvores da Fronteira deixariam de presenciar o seu ódio. O seu desespero. O seu medo, ao ser praticamente encurralado por aqueles dois.

 Remy sabia que aquela discussão não levaria a nada, eles não se dariam por vencidos, quanto mais Kara, tão impassível quanto ele. Ele só se agarrava no fato de que ainda significava algo para eles. Se fosse capturado, ele seria, no mínimo, deixado vivo.

― Eu não mudei em nada meu pensamento. Tudo que precisei hoje foi de um vislumbre. Uma visão de até onde vocês estão dispostos a cruzar essa linha. Suas palavras não me farão voltar atrás. – ele anunciou. – Eu já me decidi.

Haytham bufou impaciente, e Remy se preparou para lutar. Recuou os pés um pouco, e suas mãos tremulas levantaram sua espada, que agora parecia pesar toneladas. Seu coração bateu tão forte que parecia que iria saltar do peito a cada segundo.

Não poderia deixar tudo acabar ali. A morte não era um luxo que o jovem templário abraçaria naquele momento. Ele tinha de voltar para sua irmã. Deus sabe o que aconteceria com ela se a fúria dos templários também recaísse sobre a jovem inocente, e Remy conhecia bem como a Ordem agia, ele era um deles, afinal.

Kara permaneceu impassível. Seu olhar estoico o encarava de volta. Ao ouvir o som metálico da lamina oculta do Grão Templário, Remy lembrou o estado em que se encontrava, e se por algum momento ele pensou que poderia lutar contra o homem que lhe ensinou tudo que sabia, então estava muito enganado. Mesmo que estivesse em um estado saudável, não havia dúvidas de que Remy ainda estaria em clara desvantagem.

Haytham deu passos largos e parou alguns metros à sua frente, com sua habitual postura formal.

― Então, senhor Delacroix, como resolveremos isto? Saiba, rapaz, que a última coisa que desejo é eliminar um membro com potencial como você. Mas, se você tornar-se um problema, não lhe concederei piedade alguma.

Deus, para que tanto teatro? Me mate logo de uma vez...

O jovem Templário revirou os olhos.

― Eu não pedi sua piedade, Mestre Kenway. Além disso, eu o conheço bem o suficiente para saber que se fosse me matar, já o teria feito.

Haytham abriu um leve sorriso.

― Ah, como sempre, perspicaz. De fato, não é à toa que Shay viu algo em você. Ainda assim, não se iluda. A primeiro plano, não desejo elimina-lo, mas lembra dessas palavras, Remy? "Faze-lo até a morte"? Alguém não pode simplesmente deixar a Ordem a seu bel prazer, existe um preço, meu jovem. Pense nisso: o que sua irmã pensará de você, comportando-se dessa forma?

— Não toque no nome dela, Haytham! - ele sentou-se explodir em raiva, o dedo em riste apontado para o Templário - Nem mesmo a ponha neste assunto, seu merda! Isso não acabará aqui. Eu ainda vou voltar, e vou banhar minhas mãos com o sangue de todos vocês.

Ele deu um último suspiro, esperando que aquelas palavras tivessem seu valor mais à frente. Recuou lentamente para trás, e parou quando sentiu o chão acabar sob seus pés.

Tudo pareceu parar aos olhos de Remy, e ele sentiu a brisa gelada de inverno em seu rosto, secando o sangue em seu corpo. Quando lembrou que seus braços e pernas ainda pesavam, ponderou se seria tão ruim assim se entregar à morte. Para si mesmo, ele se amaldiçoou por pensar daquela forma.

Ele ainda tinha para quem voltar. Ele não podia simplesmente abandonar Anna. Não a sua própria irmã.

Se rendendo ao cansaço, ele lentamente se jogou penhasco abaixo, o vento balançando seus cabelos quanto mais se aproximava do trecho de rio que jazia abaixo de onde estava. Ao se chocar contra as águas, Remy deixou o frio o envolver, sua consciência esvaindo-se em uma imensidão de trevas...

 

IV

 

Seus olhos piscaram com a claridade. Estava em um quarto desconhecido para ele. O sol raiava levemente entre as frestas da janela, indicando o amanhecer. Ele estava... vivo? Ele só sabia que sentia frio, e muito. Olhou em volta, somente para se perceber amarrado a uma cadeira, os pulsos doloridos presos um contra o outro. Sentiu uma picada perfurante em seu ombro ao se debater, fazendo-o  grunhir com o esforço.

Em seu braço, percebeu um curativo. Estava completamente enfaixado, o pano branco sujo de um leve tom avermelhado. Suas roupas estavam empilhadas em uma cama. Alguém o havia encontrado. E pior, mesmo sem olhar para suas mãos, ele engoliu em seco. Sua lâmina.

Não sentia sua lâmina oculta em seus pulsos.

— Deixe-me mata-lo – foi o que ele ouviu, em sussurros. Uma voz jovem, carregada de sotaque, claramente não perita em inglês, chamou sua atenção. Do outro lado da porta, Remy ouvia uma discussão. O som de passos de lado a outro contra a madeira envelhecida . – Você não viu o pendante em seu pescoço? Ele é um deles!

— Sim, sim. – foi o que outra voz, mais rouca e cansada, respondeu do lado de fora do quarto. Remy inclinou o rosto, esforçando-se para ouvir melhor – Aquele símbolo... aquela maldita Ordem, e aquele menino é um deles. Incrível como a capacidade de converter pessoas para sua causa agora atinge até mesmo meras crianças. E o mais curioso...

— O que? – o outro perguntou.

— Sinto que aquele rapaz... Sinto que já o vi em algum lugar. Ele me é familiar, eu posso afirmar isso. Mas minha memória já não é como antes, devo acrescentar...

Silencio seguiu-se por alguns segundos. Por fim, o mais jovem falou.

— E o que devemos fazer com ele, então? Não confio em solta-lo,  Achilles. Ele estava portando uma daquelas...

— Laminas ocultas – o velho completou.

— Essas mesmas. E lembro que disse-me que essas laminas pertencem aos Assassinos. Então como ele tens uma dessas?

A conversa dissipou-se quando a porta se abriu, revelando aquelas duas figuras peculiares. Um velho trajando roupas simples, os fios grisalhos ocultos levemente por um chapéu.   Em suas mãos, uma bengala o qual o velho, no qual percebeu se chamar Achilles, se apoiava, ajudando-o a caminhar lentamente até a cama. Com um suspiro aliviado,  sentou-se na cama.

Quando voltou seus olhos para a figura de braços cruzados de pé, Remy não pode deixar de sorrir com a coincidência. Três eram o numero de vezes que aquele nativo mestiço de feições brancas cruzava seu caminho. Com o olhar desconfiado, o jovem o olhava de cabo a rabo, andando em volta dele. Observando-o como um lobo observa sua presa, silencioso desde que entrara ali.

— Bem, foi uma bela febre a que tu pegou, meu rapaz. Connor teve sorte de encontra-lo a deriva alguns dias atrás. Devo informá-lo que está sob nossos cuidados há nesse meio tempo, então tomei a liberdade de trocar suas roupas. Acho que se não fosse por Connor, teria sido outra pessoa a achar seu corpo boiando por aquelas águas geladas, só que não tão vivo como estás agora - ele riu levemente -  E nesse inverno, ainda por cima?  Mas não se preocupe, esse seu ombro ficará bom com algum descanso. E acredito que seu estado se encontre melhor. Agora - o velho suspirou, o fitando  curiosamente - Quem é você?

— Quem quer saber? - o jovem grunhiu, ainda sentindo os membros trêmulos de frio. Os dentes batendo. Suas mãos se debatiam, os olhos pesados em cansaço  - Me soltem e devolvam minhas coisas. Agradeço por ter me ajudado, mas tenho outras coisas à resolver.

— O que o faz pensar que tens algum direito de tomar a palavra aqui? - ameaçou o jovem mohawk, sendo impedido de qualquer coisa por um gesto calmo do velho.

— Acalme-se, Connor. Oh, que modos os nossos, não? De fato, lhe devemos ao menos o beneficio da cordialidade. Meu nome é Achilles. Achilles Davenport. E este rapaz simpático do seu lado se chama Connor. E você é...?

Remy bufou, impaciente - Olha só, estou pouco me fodendo para quem são vocês. Me devolvam minhas coisas, me deixem ir e eu sumo de suas vidas mais rápido do que a juventude que escapou de seus ossos, velho.

Achilles riu baixinho, erguendo-se da cama, em passos cansados. Ele pôs as mãos nos bolsos e retirou um objeto, estendendo aos olhos de Remy. Seu semblante havia mudado; e um toque de ameaça foi o que formou-se no rosto do velho.

— Pois bem então. Se quer ir direto ao ponto... Acredito que reconheças este pendante - ele disse, levemente alterado, dentes cerrados - Vê esta maldita cruz Templária, meu jovem? Suponho que você saiba bem no que se meteste ao carregar tal objeto em seu pescoço. Agora, deixe-me elucida-lo com uma pequena história. Eu sou Achilles Davenport, e isto me torna seu maior inimigo - uma lâmina ejetou de baixo de sua manga. O Símbolo cravado em relevo prateado adornando o objeto. Um símbolo que Remy bem conhecia. Ah, como ele conhecia... - E você, ao portar tal simbolo, também é meu inimigo. E ouso tomar novamente o titulo que decerto sabes, um de seus companheiros me privou de carregar por todos estes anos. Eu sou o Mestre da Irmandade Colonial dos Assassinos, meu jovem. E sugiro que comece a falar agora ou voltará para sua querida Ordem, mas não menos que em pedaços.

Um sorriso se formou nos labios do francês, Achilles percebeu. Era incrível como o mundo dava voltas. Então a presença daquele mohawk mais do que fazia sentido em Boston. Claro, era uma ação do lado dos Assassinos. Uma tentativa de interromper  os objetivos da Ordem.

Falha, mas ainda assim uma ação Assassina. Incrível. Pois pelo que ele detinha conhecimento, no que dizia a respeito a Irmandade Colonial, os atos de Shay praticamente levaram-na à extinção durante a Guerra dos 7 Anos.

Pelo visto, o tal Achilles havia criado fibra para treinar mais um Assassino.

 Ele relaxou-se na cadeira, erguendo o rosto. Então lembrou-se de Charles.

Lembrou de Kara. E acima de tudo, de sua irmã. Seus punhos fecharam-se entre as amarras, sentiu seus olhos lacrimejarem. Como ficaria Anna? Como ela ficaria sem ele? Aqueles descerebrados em sua frente certamente o matariam, apenas por brandir a Cruz de Malta naquele pendante. Se eles soubessem o verdadeiro mar de ódio que seus nervos se encontravam. Do ódio que o fazia querer afundar sua lâmina no pescoço daqueles malditos Templários.

Mas ele não poderia realizar sua vingança morto. Ele tinha de ganhar a confiança daqueles dois.

E ele sabia como, foi o que percebeu, quando abriu um leve sorriso. Ele fitou Achilles friamente, os olhos escondidos  entre seus fios negros de cabelo.

— Eu proponho uma aliança, "Achilles". Se você quer saber tudo, então me treinará e ensinará tudo que sabe. Ou se preferir, nem mesmo me ensine nada. Apenas me liberte e devolva minhas armas. Assim, você terás mais uma lâmina na luta contra a Ordem Templária.

— Um Templário do nosso lado? - Achilles balbuciou, descrente. - Falas em... Tornar-se um Assassino? Mas só podes ser louco, meu jovem. O que é, agora? Cansou de socializar com aqueles cães sedentos por controle? Ou as tardes tomando chá com William Johnson o entediaram de vez?

— Deixe de besteira, velho. Sabes que tem muito a ganhar com esse acordo.

Foi o gosto de sangue que escorreu de seus lábios quando a ponta da bengala chocou-se contra seu rosto subitamente, o olhar furioso do velho Assassino o encarando de volta. 

— Acabou, velho?

— Sugiro que abra com cuidado essa boca antes de direcionar essas farpas em minha direção. Fui bem claro?

— Sim - retrucou Remy, em escárnio. O sangue escorreu de sua boca, e ele fez questão de cuspir no chão - Então, pensaste na proposta?

O olhar do mentor tomou-se de descrença, de asco. Ele virou-se, caminhando pelo quarto. Parecia murmurar qualquer coisa, abanando com a cabeça.

— Falas em ganhar com isso. O que supostamente poderia ganhar lhe ensinando e aceitando-o do nosso lado? Uma facada em minhas costas enquanto durmo? Perder a vida de Connor e a minha apenas por confiar em uma cria de Templários brandindo palavras bonitas? Sou velho, mas não sou louco. Eu sei como vocês agem, e sei muito bem. - ele rosnou , apontando para seu joelho com a bengala.

— Estás olhando pelo lado negativo. Pense bem, Achilles. Em troca, eu serei o aliado mais valioso contra os Templários. E isso, sabes bem que é verdade. - Remy afirmou, praticamente uma cobra a seduzir a própria Eva. Fazendo o velho Assassino o sondar friamente - Sei como eles agem, e sei como pensam. Sem mim e meus conhecimentos, seu trabalho será tão dificultoso e demorado quanto capturar o ar com suas próprias mãos.

— Podemos dar conta de tudo - intrometeu-se Connor, puxando Remy pelos cabelos, dentes cerrados. Ele parecia pronto para cortar o pescoço do outro, o punho apertado em sua machadinha - E tens sorte que ele não me permite mata-lo aqui e agora!

— Podem, é? - o francês riu, sendo largado por Connor. - Por que se me perguntarem, o que vejo aqui é um velho senil, com um joelho fodido e incapaz de lutar, e um metidinho portando uma machadinha que se acha um Assassino mas, pelo que vejo,  não se comporta nem um pouco como um. Patético. Vocês dois são apenas isso, duas tentativas patéticas de reconstruir a Irmandade. Vão em frente. Me matem se acham que vou tentar cortar seus pescoços enquanto dormem.

Achilles parecia ferido, ioncomodado. Pois seu semblante logo se alterou, punhos apertados em sua bengala. Perfeito. Era assim que ele os queria. Que percebessem seu valor entre eles. E que se sentissem fracos. "Corte e destrua a mente de um homem e todo o resto se torna fraco. Débil. A partir daí, ele se torna vulneravel. Ele se torna maleável à seus caprichos", as palavras de Haytham ecoaram em sua mente, para seu desgosto. 

Ainda assim, ele não podia tornar aquelas palavras mais verdadeiras do que elas pareciam se provar naquele momento. Pois a curiosidade inundou o rosto de Achilles. Connor parecia inquieto, prestes a protestar, mas foi impedido com um gesto do velho Mentor. Havia algo que o parecia interessar.

E para resignação de Connor, Achilles caminhou novamente até a cama, em passos leves. Ele parecia relevar, coçando a barba rala.

— Não podes estar falando serio, Achilles! Não vais me dizer que --!

— Deixe-o contar seu lado da historia, Connor. – Achilles interrompeu, em tom  sereno. Então, fez sinal para Remy continuar -  Diria que o rapaz merece o beneficio da dúvida, ainda que ousado como ele se mostrou. E de fato, você tem um modo interessante de falar, meu jovem. Deveras interessante. Uma verdadeira cascavel Templária, devo dizer.

Bufando, Connor rendeu-se. De braços cruzados, recostou-se na parede, semblante irritado. Os olhos queimando como se enviassem milhares de facas contra Remy. O francês riu desafiadoramente, voltando os olhos a Achilles. Ele não sabia por que, mas havia algo que o irritava naquele tal  Connor.

— Pois bem - continuou Davenport- Conte-nos seu lado da história, então. Do começo, antes que perca minha paciência.


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