Give Me a Kiss, Teacher! escrita por Biax


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoinhas!

Eis que me deu um momento de inspiração e resolvi escrever essa histórinha curtinha.

Espero que gostem.

Boa leitura!



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Eu quero te dar uns beijos!

Mas gente, sério isso? Não posso falar isso pra ele. Onde vou enfiar minha cara depois? E também não é isso o que eu quero falar! Você precisa pensar em coisas coerentes pra falar, mulher.

Okay... pensa. Primeiro, quando. Não pode ser no começo da aula. Isso é fato. Já pensou se eu falo uma coisa dessas logo no início da aula? E teria que encarar ele durante duas horas... Eu me jogaria pela janela.

Tá. Então... no intervalo também não daria. Provavelmente eu teria resto de biscoito de maisena entre os dentes. Ou aquelas bolachas de água e sal. O chá não seria suficiente para tirar os resquícios do lanchinho.

Só me resta falar no final da aula. Eu posso esperar os apressados saírem correndo da sala e ficar lá, fingindo que o zíper da mochila emperrou enquanto ele arruma as lições na pasta dele...

Isso. É isso. Perfeito. Tá. Combinado.

Saí de casa e fui andando. Vinte minutos a pé.  Cheguei no curso e fui pra sala de espera, que já tinha alguns colegas.

Minhas mãos estavam geladas. Era só questão de tempo até ele...

— E aí, povo. — Roberto apareceu na entrada e eu virei a cabeça para olhá-lo, tipo a menina do exorcista. — Bora?

Bora com certeza.

Todos levantaram, uns com preguiça, outros com animação. Me segurei para não parecer animada demais, e deixei alguns colegas o seguirem para a recepção, e depois para a escada. Subimos, viramos o corredor pra esquerda, depois para direita... Terceira porta a direita.

Entramos e eu peguei meu lugar costumeiro, quase de frente pro lugar onde o professor geralmente sentava.

— Tudo bem, tudo bem? — Ele perguntou para geral, olhando todo mundo se sentar. Fechou a porta e tomou seu lugar, deixando sua mochila na cadeira do lado da dele.

Abri minha mochila, peguei minha pasta e a deixei na mesa — se é que aquilo era considerado uma mesa —. Lá tinha aquelas cadeiras que tem uma “placa” que se usa como mesa, sabe? Minúscula, que não cabe nem uma folha e uma caneta? É essa mesmo.

— Vamos começar então... — começou, abrindo sua pasta e seu caderno. — Semana passada paramos na página... trinta, certo?

— Certo. — Alguns alunos responderam ao mesmo tempo.

— Então... quem quer começar a ler esse texto? — Olhou pela sala, procurando sua vítima. Todos os olhares baixaram para suas folhas, mas eu acho que demorei um segundo a mais. — Bea. — Ouvi meu nome e gelei. — Quer ler pra gente?

Instantaneamente minhas bochechas esquentaram, e sem vontade, olhei para ele, fazendo uma careta. Roberto sorria, parecendo pensar “te peguei".

Peguei meu livro, abri na página trinta e um e localizei o texto. Pigarrei.

Uonce taime, ai dreamed dath ai walked ãntil de dãuntãun...

E eu continuei lendo o texto, sentindo grande parte dos olhares sobre mim, mas o que mais me incomodava era o dele.

Em casa, eu recitava os textos lindamente, mas nas aulas, parecia que eu estava incorporando o Joel Santana. Tudo porque o professor me deixava nervosa.

Vamos explicar algumas coisas? Vamos. Primeiro. Por que eu fico nervosa?

Roberto, o professor do cursinho de inglês, é alto, tem olhos verdes, cabelo louro médio, na altura do queixo. Manja muito de inglês, tem uma banda de rock e parentes que moram na Itália — não que eu ligue para essa parte —. É lindo de morrer, já foi modelo e eu tenho um crush nele desde o primeiro dia de aula.

Precisa de mais? Porque para mim, não precisa não.

Ah, tem mais uma coisa. Geralmente ele usava touca — não me pergunte o porquê — mas quando ele queria deixar as alunas babando um pouco, ele fazia...

Ah, espera, ele vai fazer isso agora.

Ele puxou a touca para trás, e sua franja praticamente caiu no rosto. E, de praxe, ele a puxou com os dedos para trás e para o lado, mas claro que os fios voltaram a cair, cobrindo parcialmente seu rosto. A essa altura, outra aluna estava lendo, e eu lá, encarando aquele semideus arrumando o cabelo dele.

Roberto estava acompanhando a leitura, e de repente, levantou a cabeça e olhou diretamente para mim, e eu, como uma boa pessoa que faz cosplay de pimentão, senti a cara fervendo e baixei o olhar pro livro e o levantei ao mesmo tempo, fazendo as folhas quase tamparem toda a visão que eu tinha dele.

Por que eu faço isso, Deus? Eu amo passar vergonha.

Fiquei naquela posição durante o resto da leitura do texto. Depois, fizemos exercícios práticos e eu tentei manter o olhar no livro.

Chegou o intervalo. Fui a primeira a levantar da cadeira e descer. Comi muitos biscoitinhos de maizena e bebi um copo de chá de camomila, que não me acalmou de jeito nenhum. Logo estávamos de volta pra sala.

Mais textos, mais exercícios práticos. Mais olhares para ele, e ele me pegando com os olhos na arte, digo, com a mão na massa (?).

Se eu chegasse nele e falasse “professor, desculpa, mas eu tenho uma baita de uma paixonite por você”, o que será que ele faria?

Provavelmente ia rir, todo charmoso, talvez ficar um pouco corado, porque apesar de saber lidar com gente, eu percebia que ele ficava meio vermelhinho depois que me pegava contemplando a beleza dele. E aí ele ia falar “bom, obrigado, mas você conhece aquele lance de professor e aluna, né?”

Suspirei.

É, eu sei. Mas você nem é tão mais velho que eu! Temos o quê? No máximo cinco anos de diferença. Bom, é a vida... Eu poderia...

Murmúrios de que a aula acabou foram ouvidos por mim. O povo começou a arrumar seus materiais e sair da sala. Arrumei os meus, quase correndo, por medo de ficar sozinha com ele. Eu nunca teria coragem de falar mesmo. Guardei tudo na mochila e levantei.

— Bea. — Roberto me olhou, ainda sentado. — Espera, tem umas lições suas aqui que não te devolvi semana passada, já que você faltou. — Começou a procurar algo na pasta.

Meu estômago tremeu e eu paralisei. Fiquei na frente dele, esperando. Logo, ele tirou algumas folhas e me estendeu. Levantei a mão para pegá-las, mas ele as puxou.

— Eu sou um bom professor? — questionou, me olhando.

Pisquei algumas vezes, confusa. — Sim.

— Hm... Porque — começou, pensativo — eu sei que você é uma ótima aluna, tem boas notas, mas acho que você anda um pouco aérea nas aulas. E geralmente você fica me encarando, e acho eu, que sem perceber.

Nesse momento, eu me sentia derretendo de vergonha. Sabe quando o suor começa a escorrer que parece que tem uma torneira pingando de baixo do braço? Pois é...

— É... sério? — Me fiz de desentendida, mas sabia que minha cara estava em chamas.

— Sim. Você realmente aprende as coisas? Ou você fica no google tradutor em casa?

— Claro que eu aprendo. Nunca mais acessei o tradutor.

Ele sorriu, divertido. — Ok, I believe in you. Do you like me?

Mas o quê... — Yes... — respondi, meio na dúvida.

I like you too, especially when you blush.

Holy Jesus…Thank you…?

You’re welcome. — Levantou e estendeu as folhas pra mim.

Baixei os olhos pra ela e as peguei, pronta para sair correndo, mas ele segurou meu pulso e eu o olhei. Roberto baixou o rosto, ficando perto do meu e parou com a boca a centímetros da minha.  Eu conseguia sentir sua respiração. E então...

— Bea? — Levantei o olhar, vendo Roberto me encarando da cadeira dele. — Não vai para casa? — perguntou, rindo.

Olhei ao redor, percebendo que todo mundo já tinha ido embora e comecei a guardar minhas coisas. Coloquei a mochila nas costas e andei para a porta.

— Até sexta, professor.

— Até sexta! — Acenou, todo simpático.

Andei pelo corredor e suspirei.

Se é pra imaginar as coisas, por que não parte logo para o beijo?


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Notas finais do capítulo

Juro que eu não tinha um crush pelo professor do cursinho de inglês :~~

Espero que tenham se divertido xD

Bye o/