Goenji escrita por Malina Endou


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Yo!

Bom, esta one já era para ter sido postada há MUITO tempo, mas só consegui termina-la agora porque ontem, dia 24 de outubro (eu sou de Portugal, por isso para mim aqui já passa da meia noite), foi o aniversário da minha OC, Goenji Meiko! Por isso eu quis terminar essa one para publicar no dia do seu aniversário (infelizmente demorou mais tempo do que eu pensava e atrasei um pouco na hora de postar ;-;)

A fic se passa um tempo depois da minha outra OC, Malina, a mãe da Meiko, acordar do coma em que já estava há dez anos (mais informações na minha fanfic "White Angel"), e durante esse tempo a relação entre ela e o pai não foi a melhor e eu queria fazer uma one em que eles resolvem isso! :3

Enfim, espero que gostem!!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745998/chapter/1

Goenji

One-shot

A jovem loira tornou a voltar-se na cama. Quantas vezes já o havia feito? Cinco? Seis? Perdera a conta na décima. Sentou-se na ponta do colchão e bufou de frustração. Realmente não estava habituada à sua própria cama. Estranhara toda a noite o local onde era suposto dormir. Qualquer barulho a fazia despertar de imediato, impedindo que adormecesse novamente.

Escutou passos no corredor. Olhou para o relógio em cima da mesa de cabeceira e viu que ainda eram nove e meia da manhã. Pensou como podia ser tão cedo e ele já estar de pé. Na noite anterior quando voltaram para casa, tinham ficado toda a noite a limpar e a arrumar tudo, a desempacotar caixas e desfazer malas, tudo para o regresso da mãe - claro que o seu irmão ficara em casa dos tios, todo aquele pó podia ser mau para a sua frágil saúde. Ela estava até admirada por o seu pai estar já desperto após adormecer repentinamente no sofá onde o havia deixado. Nem se deu ao trabalho de o acordar. Então decidiu levantar-se também, era tudo o que lhe restava fazer já que aos domingos não havia treino.

Vestiu uns calções amarelos e uma t-shirt cor de rosa. Não tinha gostado exatamente do conjunto visto ao espelho. Pensou que o casaco verde melhoraria tudo, mas passou a querer partir o espelho. O casaco fino só lhe realçava os músculos dos braços e os calções apenas mostravam as suas pernas tonificadas. Apesar de não ser muito feminina, tinha coisas que não gostava de realçar enquanto mulher. Encolheu os ombros. Estava em casa. Pouco importava.

Saiu do quarto e em poucos passos quase tropeçou numa caixa vazia. Perguntou-se o que faria ali. Não era suposto estarem todas no andar de baixo? As vazias pelo menos estariam atrás da porta por baixo das escadas, não ali. O que andaria o seu pai a fazer?

—Meiko? De pé tão cedo?

Levantou-se após pegar na caixa, encarando-o. Estava com o cabelo atado e já arranjado. Uma simples camisola laranja e calças pretas. Era estranho vê-lo ali. Era muito estranho para ela estar em casa, com o seu pai passados tantos anos. Nunca se importou muito com o facto de ser filha de um dos lendários jogadores da Raimon ou da Inazuma Japão. Era seu pai e para ela isso bastava, ainda que a relação de ambos não fosse a melhor. Os cabelos, agora completamente loiros, já não tinham uma única réstia de azul, da presença que apenas a recordava das palavras que havia dito ao seu familiar numa época em que não sabia as razão das suas ações. Ishido Shuji era seu pai, era Goenji Shuya, e jamais se perdoaria pelo que lhe dissera na época. Queria desculpar-se, mas Meiko não sabia como o fazer. Dissera coisas imperdoáveis ao próprio pai que fizera de tudo para proteger o futuro da sua filha.

—Sim. Não consegui dormir muito bem.- Viu o seu pai queixar-se das costas. Só agora se começava a arrepender de não o ter despertado e obrigado a ir para a cama- Também dormiste mal?

—Um pouco.- Meiko não compreendia o porquê daquele sorriso. A culpa tinha sido sua.

—A mãe já ligou?

—Ainda não.

Meiko entregou a sua caixa ao pai e passou por ele sem dizer nada mais. As conversas de ambos se tinham resumido àquilo? Não era que Meiko se importasse muito com esse facto. Havia sido deixada pelo pai na casa dos tios - na verdade eram primos da sua mãe, mas o tio sempre fora como um irmão para ela - e era nova nessa época, tinha apenas dez anos e já nessa altura a relação de ambos era distante após o acidente que pusera a esposa de Shuya em coma e fizera nascer o seu filho com apenas sete mês de gestação.

Após terminar de se arranjar, desceu as escadas para ir comer algo. Já no topo delas sentia uma agradável cheiro vindo a andar de baixo da cama, mas mal chegou à cozinha, percebera que o seu pai tinha deixado a arrumação da casa para poder fazer o café da manhã para ambos.

Assim que o pai de família viu a filha encarar o seu prato de panquecas com caramelo, não escondeu o sorriso ao perceber que afinal a menina de dez anos que havia deixado não havia mudado assim tanto. Claro que se sentia péssimo pelo que fizera com os filhos: deixá-los na altura em que mais necessitavam dele, em que a mãe deles estava numa cama de hospital sem dar sinais de acordar tão assim tão cedo, ele deixou-os aos cuidados de outros. Tentava consular-se pensando que fizera aquilo para cumprir a promessa que fizera à sua esposa; protegeria o futebol. Ao fazê-lo, estaria também a cuidar do futuro dos seus filhos, porém, nunca pensou que um dia acabaria em guerra com a descendente mais velha e a veria a odiá-lo sem poder dizer a verdade, vê-lo chorar sem a poder consular.

Já sentados à mesa, prontos para comer, após Meiko decidir esperar que o pai terminasse de preparar a sua própria comida, o celular de Goenji Shuya começa a tocar bem alto em cima da bancada da cozinha. Após se levantar para atender, viu na imagem do objeto eletrónico a fotografia da sua esposa e um nome carinhoso como nome de contato. Sorriu de imediato ao ler aquilo. Qual é que ela tivera tempo para alterar aquilo? Atendeu a chamada e colocou em voz alta.

—Bom dia, querida.- Meiko apercebera-se logo de quem se tratava, percebendo que o pai pusera de modo a pudesse ouvir tudo.

Boa dia, amor!— a voz dela soava alegre. Não parecia nada de uma pessoa que passou os últimos dez anos da sua vida no sono mais profundo que pode haver. Shuya pegou no celular e levou-o para a mesa. Queria que a sua mulher ouvisse também a filha de ambos. Meiko ficara realmente feliz com esse gesto... Apenas não sabia como o expressar, limitando-se a um pequeno sorriso de breves segundos.

—Bom dia, mãe.

Bom dia, minha querida! Como é que vocês estão?!

—Estamos bem. Eu e a Meiko íamos tomar agora o café da manhã. E tu já comeste?

Já sim! E vocês vão comer o quê?!

—Panquecas!- Meiko não conseguiu evitar responder com um enorme sorriso, deixando o seu pai espantado, ainda que a jovem não percebesse porque sorria; se por estar a falar com a sua mãe, se por o seu pai lhe ter feito o seu café da manhã favorito- Vamos comer panquecas.- A vergonha fizera com que baixasse o tom de voz. Ouviu a mãe rir alto enquanto Shuya tentava evitar fazê-lo.

—E quando vens para casa?- o divertimento ainda se ouvia na sua voz.

O teu pai disse que seria antes da hora de almoço!— pai e filha encararam-se quase que automaticamente. Ambos pensaram o mesmo; havia caixas pela casa inteira, havia muito que limpar, o quarto de ambos estava por arrumar e tinham pouco tempo até à hora de almoço. Pior! Malina voltaria antes da hora de almoço- Sim? Shuya? Meiko?

—Sim, querida, desculpa. E ele não disse uma hora especifica?

Disse que podia sair por volta do meio dia, ou talvez mais cedo, dependendo da demora dos meus exames.— Ambos entraram em pânico. Começaram a falar através de gestos desesperados com as mãos- Está tudo bem ai em casa?

—Sim, mãe! Está tudo ótimo!- nesse mesmo instante, ouviram que do outro lado se abria uma porta.

Mamoru! Filho!— a voz de felicidade do irmão de Meiko ouvira-se perfeitamente, bem como os seus passos ao correr para ela. A voz de Endou Mamoru ainda se ouvia longe- Liguei apenas para saber se estava tudo bem e dizer que irei para casa em breve. O Mamoru leva-me.

—Agradece-lhe por mim.- A lendária jogadora da Raimon, despediu-se à pressa de ambos, entre risos com o filho mais novo. Shuya suspirou. Não fazia ideia do que faria e Meiko ainda menos.

Encararam o celular durante uns segundos como se dele viesse alguma ideia antes de se dirigirem para a mesa. Nenhum dos dois queria que Malina voltasse para casa com tanto por fazer. Era claro que lhe haviam explicado tudo o que aconteceram nos anos que se passaram, e ela podia perfeitamente imaginar como estava a casa tanto tempo fechada. Obviamente que os tios de Meiko iam sempre lá verificar a casa e abri-la um pouco - já que a própria nunca teve coragem de o fazer - mas não era a mesma coisa.

Comeram rapidamente e em silêncio. Ambos queriam dizer algo, mas o quê? Recordavam-se bem do que havia acontecido nos últimos anos. Goenji sabia o quão magoada Meiko estava consigo, e a mesmo não deixava de sentir remorsos pelo que dissera ao pai. As palavras de ódio ainda ressoavam na cabeça de ambos.

—Vou começar a levar as caixas para o barracão.- Ela pegou em várias caixas já vazias.

—Assim que terminar de lavar a louça vou ajudar-te.- Passou o último prato por água.

—Preciso só que arrumes as coisas da sala.

—Está bem.

Novamente a conversa ficara por ali. Nenhum dos dois sabia o que dizer mais naquele momento. Queriam apenas arrumar depressa a casa para que quando Malina chegasse não tivesse que se preocupar com nada. Não era uma casa muito grande, mas custava a limpar devido às imensas coisas que as prateleiras continham, a maior parte era da mulher da casa que simplesmente não a conseguia ver vazia.

Principalmente com fotografias, as quais Shuya começava a limpar e a colocar nas devidas prateleiras. E uma em particular chamou a sua atenção. Baixou-se e agarrou na moldura. Não pretendia coloca-la no lugar, mas sim ficar perdido nas lembranças que lhe traziam. Limpou o vidro sobre a fotografia, sorrindo.

—Bom, lá em cima está quase tudo arrumado. Enfim, os quartos arrumam-se depressa, por isso não conta. Queres...- só quando chegou perto do seu pai é que notou que não lhe estava a prestar qualquer atenção, encarando-me uma antiga fotografia- O que é isso?- ao ouvir a voz da filha a seu lado, é que deu pela sua presença.

—Desculpa.- Limpou-a com o pano que tinha na mão e pousou-a em cima da mesa de centro da sala- Estava a pensar numas coisas.- Meiko agarrou na moldura e identificou logo a fotografia.

Nela estavam os pais nos hospital no dia em que a mesma nasceu. Estava nos braços da mãe, dormindo tranquilamente. Sabia apenas que quem tinha gravado aquela memória fora o seu tio Endou. Sorriu. Ele realmente tinha levado uma máquina para o hospital?

—Nesse dia cheguei atrasado.- Meiko olhou para trás, vendo o pai encara-la. Posou a moldura de volta no sítio e voltou-se para ele.

—Contaram-me que é um hábito teu.- Sorriu para pelo menos evitar rir. Ambos.

—Sim. Nesse dia estava a jogar fora do país e nasceste de repente.- Ficou surpreendida. Nunca lhe haviam contado isso- Quiseste nascer duas semanas mais cedo do que o previsto.

—Não... Sabia.

—E não há um só dia que eu não lamente por não te ter visto nascer, Meiko.- Estava sério e ela conseguia perceber- Que não lamente por te ter deixado, e ao teu irmão. Que não lamento por escondido os meus planos de ti e te ter afastado.- Ela não conseguia dizer uma só palavra. Limitava-me a escuta-lo com atenção- Arrependo-me cada dia do que te fiz sofrer, do que te fiz passar, deixando-te todas as vezes em que precisavas de mim. E no dia em que te vi nos braços da tua mãe, só desejei ser alguém capaz de ser um bom pai para a sua primeira filha.

Meiko sentia como se fosse explodir. Não era exatamente aquelas palavras que queria ouvir? Então não entendia a razão de sentir que elas já não faziam sentido? Como se não fossem necessárias. Talvez ela tivesse exagerado. Não sabia o porquê dos anteriores atos do seu pai e arrepia-se atualmente do que lhe dissera naquele então.

Limitou-se a baixar a cabeça, encostando-a ao seu peito.

—Eu apenas queria ter crescido contigo... Eu só queria... Ter o meu pai e para mim isso chegava.

As lágrimas rolaram pela sua face sem levantar a cabeça para o encarar, não por timidez ou teimosia, mas as tremuras do seu corpo denunciavam o seu estado. Tudo o que Shuya fez foi manter o silêncio e abraçar a sua filha mais velha. Não demorou muito para que ela fizesse mesmo.

Há quanto tempo não se abraçavam daquela forma?

Cinco anos?

Mais?

Nenhum deles sabia ao certo, mas aquela sensação era boa, era aconchegante e pela primeira vez na vida, Meiko sentiu-se verdadeiramente protegida.

*

—Bem vinda a casa!- o duplo coro fora perfeito, tanto que Malina, Atsushi e Endou ficaram surpresos.

—Que ótima receção de boas vindas!- a ruiva abriu os braços e a sua filha caminhou até ela, abraçando-a. Já o fizera há pouco tempo, mas não deixava de o querer novamente. Só que a mãe a primeira a desfazê-lo, levantando o rosto da filha- Tens os olhos vermelhos! Aconteceu alguma coisa?- a mais nova percebeu logo o que a sua mãe quis dizer.

—Foi do pó.- Ambas sorriram antes de Meiko correr até ao seu tio para o ajudar com as coisas da sua prima e levar ambos para a cozinha. Queria ajudar o irmão a preparar o almoço.

—Mamoru, almoças aqui?

—Claro! Vou só chamar a Natsumi.- Os dois irmãos correram para a cozinham. Tinham de começar a fazer o almoço o mais rapidamente possível. Já os pais, aproximaram-se um do outro e Shuya não evitou de pegar nas mãos da sua esposa- Eu vou ajuda-los.- Ambos agradeceram sem tirarem os olhos um do outro.

—Ela esteve a chorar porquê?

—Como sabes?- a mulher riu-se, encolhendo os ombros- Creio que finalmente fizemos as pazes

—Sou mãe dela!
—E ainda bem.- Ia para beijar a esposa, mas a mesma afastou-se para trás- Shuya?- o mesmo suspirou, sorrindo.

—Creio que... As coisas entre nós vão mudar daqui para a frente.- Shuya quando os olhos da sua esposa brilhavam daquela maneira.

—Fico tão feliz.

—Também eu.- Soltou as mãos da esposa e puxou-a pela cintura para si, beijando-a.

—Importam-se?- separaram-se olhando ambos para a entrada da cozinha. Meiko tinha um ar bastante aborrecido- Estão aqui menores de idade, sabiam?- revirou os olhos ao ver a mãe dar um beijo na face do pai antes de lhes voltar as costas e voltar para junto do irmão e tio.

—Vamos ajuda-los?

—Não preferes descansar?

—Descansei durante dez anos, Shuya! Tudo o que menos quero neste momento é ficar parada.

Agarrou na mão do marido, caminhando com ele até à cozinha. Ao chegarem, viram que os três já haviam começado a preparar tudo. Malina foi até ao primo e ao filho mais novo, ajudar ambos que ficaram com a parte mais difícil, deixando Meiko com a salada e o arroz.

—Posso ajudar?- pousou a mão sobre o ombro da filha. Ela encarou o pai, sorrindo de imediato.

—Sempre, pai.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Antes de mais, qualquer palavra que não percebam ou assim, me avisem! Sei que Portugal e Brasil tem algumas diferenças em algumas palavras. E qualquer erro, peço desculpa, mas já é tarde e estou muito cansada para corrijir agora. ;-;

Espero que tenham gostado! :3 Acho que ficou bom não?!

Reviews?!
Kissus!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Goenji" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.