Leite de Morango - OneShot escrita por Afrodite


Capítulo 1
Terno escuro, aroma agradável


Notas iniciais do capítulo

Heey nenéns da tia Lucy, como estão? Espero que estejam todos bem ♥ Estou aqui com mais uma OneShot, dessa vez inspirada em um post do Facebook. Espero que gostem!

Ily...
Lucy D



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Termino de alisar minha roupa e sorrio comigo mesma, completamente satisfeita com o resultado que conquistei. Uso uma saia preta que vai pouco acima dos meus joelhos, uma camiseta branca e tênis pretos para contrastar com o clima estranho do lado de fora de casa. Pego alguns absorventes, jogo-os dentro da bolsa e saio de casa com a consciência de que chegarei atrasada ao ensaio fotográfico para o qual fui selecionada. Tranco a porta de casa e começo a andar em direção ao ponto de ônibus aqui perto. A cada carro que passo, olho pelo vidro para ver se ela (a convidada indesejada) não chegou. Respiro fundo quando vejo o ônibus chegar e sorrio pela sorte dela não ter vindo hoje. Está tudo bem. Meu ensaio fotográfico vai ser bom e ela só vai vir amanhã.

Sento-me distraidamente em um dos bancos vazios e pego o celular para verificar algumas mensagens que recebi desde que saí. Algumas delas são da equipe que me auxiliará hoje. Outras, de meus pais me perguntando o que farei hoje à noite e se podemos jantar juntos. Sorrio com essa. Eles são extremamente carinhos e, desde que saí de casa para morar sozinha, sempre me mandam mensagens perguntando como estou passando e se quero me juntar a eles para o jantar. Respondo todas as mensagens calmamente, ciente do meu caminho até o local de fotos e aguardando ansiosamente a chegada até lá. O ônibus onde estou lota e esvazia, lota e esvazia. O calor dos corpos acumulados aqui dentro é pior do que o calor que faz do lado de fora. Acumulando-os, é difícil dizer qual o pior. Respiro fundo quando decidem abrir as janelas, deixando o vento entrar e ventilar o ônibus, que volta a encher em segundos.

Um cheiro gostoso me faz levantar o rosto quando um rapaz para de pé ao meu lado. Viro o rosto levemente em sua direção para observa-lo melhor: ele usa um terno escuro (apesar de estar quente aqui), uma camisa branca de botões rigorosamente fechados, tem uma bolsa carteiro preta e toma leite de morango. Seu ar casual e acostumado com essa situação me deixa estranhamente calma e mais agitada.

Não, não é isso que está me deixando agitada.

Ela está me deixando agitada. De um modo horrível, mas está.

Olho para baixo e vejo uma pequena mancha vermelha se alastrar pelas minhas pernas. Meu coração palpita e eu tenho certeza que estou mais vermelha do que aquilo que escorre de mim. Puxo a saia preta mais para baixo e olho para os lados para ver se alguém notou o que está acontecendo, mas não... apenas ele, o rapaz de pé ao meu lado, notou o que realmente aconteceu. Ele começa a tirar o paletó de seu terno cuidadosamente, evitando bater nas pessoas ao seu redor e apoia o paletó no braço livre. Desvio o olhar dele e abaixo o rosto novamente para ver o estrago que está acontecendo entre minhas pernas. Sinto meu peito arder e, logo em seguida, uma lágrima escorre de meu olho direito. Apresso-me em seca-la e respiro fundo novamente. Meus olhos se enchem cada vez mais de lágrimas e abaixo a cabeça para esconde-los.

Droga de período irregular.

O ponto onde preciso descer para ir ao estúdio de fotos está se aproximando e começo a arquitetar desculpas em minha cabeça para não ter ido ao ensaio. Meu corpo trava por não conseguir levantar para sair e começa a tremer levemente. O senhor sentado ao meu lado me analisa e, instantaneamente, meu corpo se aquieta antes que ele note algo.

Sinto algo escorrer em minhas coxas e olho para cima. O rapaz ao meu lado derrama um pouco de leite de morango em mim e faz uma expressão chocada. Seus olhos se arregalam e seu rosto cora, me fazendo corar junto, não de raiva por estar mais manchada, mas de surpresa. Ele começa a mexer na bolsa e tira alguns lenços de papéis de dentro dela.

— Perdão... – Ele sussurra e estende os lenços em minha direção. Como não demonstro reação, ele se abaixa, coloca-os em minha mão e depois me entrega o paletó. – Por favor, não mostre isso para ninguém, foi um erro completamente meu e peço perdão por ser desastrado desse jeito. Geralmente nunca acontece...

— Mas... – Começo e olho bem para seu rosto. Durante segundos, seus olhos transmitem uma mensagem para mim, mandando-me seguir seu jogo.

Acontece que o leite de morango é extremamente vermelho, mais vermelho do que o sangue e mais vermelho do que ela. O leite se mistura ao sangue em minhas pernas, camuflando-o e fazendo quem está ao redor pensar que aquilo é realmente leite de morango. Passo os lenços por minhas pernas, limpando-as parcialmente, mas não fazendo nenhum milagre.

— Obri... – Olho para cima, a fim de encontrar o rapaz que me ajudou, mas apenas vejo-o sair sem dizer mais nada. – Moço! Seu paletó!

Ele se vira e sorri para mim. Seu sorriso me faz prender a respiração e minha mão cai em cima do meu colo. Meu rosto cora, mas ignoro essa reação e continuo encarando-o.

— Pode ficar. – Responde e começa a descer. – Coloque ao redor da cintura. Vai cobrir a besteira que cometi. – Sorrindo uma última vez para mim, ele desce do ônibus e começa a andar como se nada tivesse acontecido.

Assinto e me levanto assim que as portas se fecham. O banco está manchado, mas não há resquícios dela ali. Suspiro com força e passo o resto dos lenços de papel no assento, tentando melhorar a aparência dele, mas resultando como se não tivesse feito nada. Dou de ombro, relevando a situação, e peço a próxima parada. Amarro o paletó ao redor de minha cintura (que, por um grande acaso, ficou muito bom) e desço do ônibus. Por instinto, olho ao redor, procurando o moço, apesar de ter certeza que o lugar onde ele desceu está um pouco longe de onde eu estou. Suspiro e paro na frente do estúdio, determinada a fazer o que vim fazer.

Ao entrar no edifício, me deparo com a produção já preocupada se eu tinha desistido ou não. Sorrio para cada um deles, me desculpando pela demora e explicando o que havia acontecido para minhas pernas estarem tão vermelhas. Escondo o fato de o problema de isso tudo ser o meu período estupidamente irregular, mas conto sobre o rapaz no ônibus e de como ele foi gentil ao me ajudar e me deixar com o paletó. A produção me ajuda a me limpar e me dão roupas novas e limpas. Vou até o camarim para me trocar e retiro cada peça de roupa suja. Dobro cuidadosamente o paletó e coloco-o em cima de uma cadeira. Me livro da calcinha e jogo-a no lixo, completamente enojada. Termino de limpar meu corpo com o que tenho e coloco roupas novas e cheirosas. Direciono meu olhar ao paletó, sorrio e pego-o novamente, levando-o ao nariz e inspirando profundamente.

Droga, este paletó cheira realmente bem.

Cheira a leite de morangos


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero realmente que tenham gostado! Deixem um comentário e recomendem pros abiguinhos ♥

Até a próxima OneShot, nenéns ♥

Ily...
Blue Whale



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