Os Contos de A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 7
Mari


Notas iniciais do capítulo

POV do Jordan como brinde.



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Maxon e Karlla passaram como um vento pela sala e mal consegui ouvir quando ele disse que iria ao Morgan. Naquela altura, eu não poderia esperar nada daqueles dois. Não poderia estranhar nenhuma atitude desde a festa a fantasia quando chegaram juntos, mas passaram quase a festa inteira separados e apenas no final, agiram como um casal de verdade. Qualquer coisa que eles fizessem seria tudo bem, bacana cara, porque assim como Maxon, Karlla era extremamente louca e não se importava com o que os outros achavam, não se importava se estava fazendo algo certo ou errado e sempre se arriscava e eu admirava isso em Maxon, agora admiro nos dois.

Olhei para minhas mãos em meu colo e imaginei como seria se eu tivesse uma chance, uma única chance de poder falar meus sentimentos, de pedir um abraço, um beijo e uma mão para eu segurar, para entrelaçar meus dedos e me permitir estar seguro. De repente me vi encarando Mari mais do que o normal, meu coração acelerou e algo em meu estômago, que não era comida com toda certeza, revirou me deixando enjoado.

Porque aquela garota me deixava nervoso? Porque eu simplesmente não me sentia confiante como quando sou com outras mulheres?

E lá estava minha resposta, rindo da cara do idiota aqui.

Mariana não era como as outras porque além das covinhas charmosas em seu rosto, ela é gentil e delicada, ela se importa com as pessoas e não com o que elas possuem em suas mãos, em seus pescoços e pulsos. Mari não se importa com status e sempre, desde o primeiro dia que me conheceu, sempre foi simpática comigo, mal parecia uma Maddox. E é por causa dela que eu tenho esperança nessa família. Desviei o olhar ao vê-la sorrir e virar a cabeça em minha direção, olhei a parede, o chão, minhas mãos e não sabia se deveria olhar para ela outra vez, não sabia se deveria tentar outra vez.

*

Letícia e Júlia estavam falando algo sobre alguma coisa e alguém, mas eu não conseguia prestar atenção tendo a terrível sensação de alguém está me olhando, me encarando. Sorri para elas concordado com a cabeça, mas sem ouvir uma palavra do que diziam. Olho ou não olho? Poderia ser Louis nos observando conversar, poderia ser outra pessoa, essa que fez meu coração acelerar ao pensar nela, fez meu corpo travar e eu já não aguentava mais, eu precisava saber. Me virei a tempo de ver Jordan desviar seu olhar para parede e logo depois para suas mãos, mas o que ele queria comigo? Porque estava olhando? De repente meu coração parou e apertou forte arrependido por não ter olhado antes, por não ter encontrado seu olhar e lhe dado um reconfortante sorriso. Suspirei fundo e voltei as meninas que conversavam e mal notaram minha decepção, encolhi os ombros e levantei do sofá, fazendo-as se calarem.

— Eu preciso ir para casa. – falei as duas que fizeram uma grande e feia careta para mim. Antes que eu pudesse me explicar e eu não sabia como, Jordan levantou do sofá e disse:

— Eu te levo. – eu poderia sorrir eternamente para ele, poderia me afundar em seus braços e...

— Você vai mais tarde, Mari? – Júlia perguntou me fazendo voltar a realidade, dissipando os pensamentos.

— Para onde? – perguntei nervosa.

— Comprar os vestidos do baile. – Letícia respondeu elevando o tom de voz.

— Ah sim. Eu irei. – respondi com um sorriso, indo a porta do apartamento, me despedindo das duas e de Louis, acompanhando Jordan até sua picape azul.

O silêncio era terrível e eu não sabia o que falar, não sabia se poderia respirar e me forçava olhar apenas para a rua em nossa frente. A tensão naquele ar era gritante e eu estava com medo dele notar. Eu nunca tive a certeza se Jordan gostava de mim, nunca tive a chance de perguntar a alguém pelo fato de Maxon ou Sebastian ou Travis ou Aaron estarem sempre ao meu lado. Ele não está afim de você, eram o que diziam. Você merece alguém melhor, tentavam me persuadir. Eu falei com ele e Jordan não falou sobre você, Maxon dizia. E era sempre a mesma ladainha, que sempre me deixava para baixo. Mas quando Jordan aparecia e sorria para mim, tudo mudava e com o passar do tempo eu percebi, ele só era assim quando estava comigo e nem mesmo seus amigos podiam entender.

Ou, no caso da minha família, não queriam entender.

— Jordan. – falei instante que ele falou: - Mari.

Nós rimos, aquilo foi realmente engraçado e nervoso.

— Fala você. – ele disse encarando a rua.

— Você primeiro. – eu disse, as palmas das mãos suando por não saber o que dizer, por medo do que ele iria falar.

— Então... – Jordan limpou a garganta e parou no sinal vermelho. – Está tudo bem com você? – perguntou virando-se para mim e eu não poderia reagir aquilo, não conseguia me mover ou falar algo com seus olhos fixos em mim. E quando não respondi, ele continuou. – Está tudo muito confuso, eu sei. Não sabemos quem está fazendo isso, não sabemos o que poderá acontecer e eu não sei se estou fazendo a coisa certa, mas eu quero falar com você.

— Falar o que? – consegui achar a palavras a tempo, curiosa sobre o que ele queria, nervosa se seria algo ruim, ansiosa para algo bom.

— Estamos bem, não é? – Jordan perguntou erguendo uma sobrancelha. Eu iria responder que sim, porque não estaríamos? Só porque estávamos em um vai e volta terrível? Um carro passou ao meu lado e buzinou irritado. Jordan mostrou o dedo do meio e voltou a acelerar. – Você sabe o quanto adoro conversar com você, tenho que admitir que depois de tudo isso ter acontecido, estamos mais próximos. - concordei com a cabeça porque era verdade, estávamos mais próximo e não havia – pelo menos a maior parte do tempo – um Maddox tentando nos separar. – E... – Jordan parou no encostamento frente a minha casa. – E aquela noite nós quase... Olha Mari, não era minha intenção te levar par...

— Jordan. – o interrompi. – Eu queria ir, você não me forçou. Só não aconteceu por que não era para acontecer.

Me permiti lembrar mais e mais uma vez daquela noite quando fugimos do hospital. Manu estava bem, Karlla havia saído e eu esperava ver Maxon segui-la e tomei uma grande dose de coragem para puxar Jordan até seu carro e ser a primeira a beijar. Era claro a apreensão dele mas de modo algum Jordan se afastou ou rejeitou, simplesmente me puxou pela cintura colando nossos corpo e me beijou como se estivesse a muito tempo esperando aquilo. Nós entramos no carro e eu já não sabia o que fazer, não sabia para qual lado ir e nervosismo tomou conta de meu corpo, da minha mente e me travou por completo. Jordan me olhou confuso e perguntou se eu estava bem. Eu não estava bem. Neguei com a cabeça e ele se ergueu, sentando no banco de trás da picape e me puxando para seus braços. Você não quer fazer isso? Foi o que ele perguntou e eu queria poder responder que sim, queria tanto desde o momento em que percebi gostar dele, mas tudo o que estava acontecendo me deixou nervosa, me deixou com medo.

Talvez Jordan tenha entendido errado, como se eu não quisesse com ele e lá estávamos nós falando sobre aquela noite, as palavras prontas para saírem quando ele disse limpou a garganta.

— Mari, eu gosto muito de você. E se você gosta de mim, eu bem que... Iria gostar muito de saber. – ele disse coçando a nuca sem graça.

Me pegou completamente desprevenida, completamente desarmada e eu não sabia como responder, como juntar as palavras certas para dizer, sim eu gosto de você e talvez estou amando você, mas não conte para meus primos.

Seria tão ridículo.

Respirei fundo e me virei para encará-lo, minhas mãos tremiam e suavam, meu estômago estava rodando e minha cabeça era sacana em relembrar momentos em que o vi saindo com mulheres muito diferentes de mim.

— Eu gosto de você, Jordan. E não é de hoje. – respondi forçando a não baixar a cabeça ou desviar o olhar. Jordan sorriu e pôs uma de suas mãos sobre a minha.

— Não é de hoje, de modo algum. – seu sorriso me fez sorrir, seus olhos brilhando para mim – e não era  por causa da luz – me fez querer beijá-lo e dizer, que se dane meus primos porque Jordan também gostava de mim, nosso sentimento era recíproco e pela primeira vez a muito tempo eu estava completamente feliz.

O telefone tocou e me trouxe a realidade. Jordan o atendeu sem tirar sua mão da minha, sem deixar de sorrir ou olhar para mim. E depois dessa revelação, nem eu conseguia desviar o olhar, nem eu conseguia parar de encará-lo. Então era isso, nos amávamos. Como eu poderia gritar a felicidade que crescia dentro de mim? Como eu poderia dizer em palavras o que estava sentindo? Talvez eu explodisse de animação e fogos de artifício com purpurina saísse de mim. O mundo voltou a ser colorido, as nuvens eram lindos desenhos no céu e o céu... tão azul. Meu sorriso estava mais amplo e eu tinha plena certeza disso, mas quem se importa? Eu estava feliz, eu tinha de estar feliz. Mas de repente o sorriso do rosto de Jordan sumiu, seu olhar passou de brilho-feliz para choque-não-pode-ser. Meu mundo estava desequilibrando esperando uma única palavra para cair novamente ao preto e branco. Meus ombros enrijeceram e esperei pacientemente até ele desligar o celular.

— Era o Aaron. – Jordan disse rodando a chave do carro. – Não sabem onde Maxon está.

— M-Mas... – então era isso? Não tinha a ver com nossos sentimentos? – Mas, ele disse que estaria no Morgan.

— Vamos lá checar e eu juro por Deus que vou matar Maxon por ter estragado nosso momento. – Jordan disse enquanto mexia no som do carro. Meu sorriso voltou quase que instantaneamente e meu mundo colorido ainda estava ali, vivo e feliz.

— Teremos tempo para voltar a essa conversa. – eu disse fazendo-o concordar com a cabeça e sorrir, tão sexy, para mim que me fez querer beijá-lo. Jordan estava tão perto que eu poderia me inclinar um pouquinho para encontrá-lo, mas antes que eu pudesse fazer, meu celular vibrou no bolso de trás da calça. Mylena.

— Mariana Maddox, eu não sei aonde você está mas eu não quero saber porque tenho uma coisa muito importante para dizer.

— O que? – perguntei nem um pouco curiosa, mais apressada para desligar e voltar a plano de me inclinar e beijar Jordan antes de sairmos dali.

— Jamie ouviu algumas meninas da Alfa falarem que viram Maxon na casa da fraternidade. — e antes que eu pudesse me chocar com a notícia, Jordan parecia ter achado a música certa, deixando-a no volume mais baixo possível e se virando para mim. Eu não sabia o que responder a Mylena, não conseguia pensar direito e o vi inclinar a cabeça para o lado como sempre faz quando está intrigado. – Mariana Maddox, você está ai? Eu vou para o apartamento dos seus primos, nos encontre lá.

Desliguei o celular e suspirei lentamente.

— O que houve? – Jordan perguntou e eu precisei respirar fundo antes de contar o que Mylena havia dito, antes de dizer que tínhamos mais uma missão pela frente. Jordan sorriu e muito gentilmente ele disse. – Vamos continuar essa conversa mais tarde?

Concordei com a cabeça e sorri, aquele era meu único motivo para sorrir, para enfrentar tudo o que nos esperava e ter a certeza de que no final de tudo, ele estaria ali, ao meu lado. Jordan aumentou o volume do som e eu realmente tive que sorrir.

— Sweet Child of Mine? – perguntei tentando não sorrir. Ele concordou com a cabeça e respondeu.

— Ela me inspira. – com um sorriso e uma piscadela eu assenti. - Agora vamos resgatar aqueles pombinhos. – ele disse pressionando o acelerador, fazendo os pneus traseiros emitirem um som terrivelmente alto.


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