Os Contos de A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 11
Especial Dia dos Namorados part.1




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Dois anos depois do pesadelo em grupo na qual passamos, depois de Daniel – meu irmão, Daniel – ser preso, depois de toda a confusão com o tal jogo demoníaco e claro, depois da formatura de Maxon, tivemos enfim um dia para comemorar. É claro que ano passado ainda estávamos nos adaptando a nova vida, ao apartamento que não passava um dia se quer sem alguém e principalmente estávamos recomeçando. Maxon estava trabalhando como um louco, tomando maior parte de seu dia enquanto eu estava estagiando a noite. Tudo bem, estagiar é uma palavra forte para o que eu fazia, afinal, nem mesmo Camila me daria um titulo assim. O trabalho como barman no Setor 45 era fácil até mesmo para alguém formada a alguns meses e que não tinha qualquer interesse em procurar um trabalho “descente” por enquanto. Para meus amigos aquele era o trabalho mais descente de todos, até pelo fato de sempre terem uma folguinha para um drinque.

Para Maxon não importava o trabalho e sim se eu estava feliz, para alguém realista seria a maior baboseira a se falar, mas para mim, uma total romântica era tudo o que precisava. É claro que meu salário não era lá como o que Camila ganhava na agência de publicidade ou o que Manu ganhava como advogada e nem mesmo como Larissa sendo jornalista, mas era o suficiente para mim. Já com Maxon as coisas eram bem mais diferentes pois nada bastava, tudo era pouco demais para nós dois. E o fato de não importar o trabalho e sim se você está feliz nele não importava para ele. Já me perguntei algumas vezes o motivo de tanto trabalho, já cheguei a pensar em secretária loira e gostosa, mas nunca tive coragem de perguntar o verdadeiro motivo até descobrir que ele, na verdade, estava juntando todos os extras que conseguia.

Eu não sabia para o que, mas poderia imaginar já que dividíamos um apartamento de dois quartos e um banheiro com Aaron e Larissa, sem contar com os inquilinos que apareciam a qualquer hora do dia ou da noite. É claro que nenhum de nós se importava afinal, são nossos amigos e é sempre bom mantê-los por perto. Manu e Camila ainda não gostavam da ideia de morarmos separadas mesmo dividindo a casa de Sebastian com Travis. Mas provavelmente seria um desastre morar em uma casa com quarto irmãos. Júlia e Mariana, as que mais apareciam de surpresa, achavam a ideia ótima, assim não teriam de dividir o tempo entre os dois apartamentos, mas para Maxon, seu maior desejo era nossa privacidade. E para isso, decidi fazer planos para nós dois mesmo ele não sabendo. O apartamento seria só nosso por uma noite, depois de subornar todos com uma rodada de tequila por minha conta no final de semana. Cozinhei, arrumei o balcão como mesa, vesti o melhor vestido de todos os tempo e deixei o presente que havia comprado escondido atrás da poltrona extremamente confortável.

Abri um vinho e esperei por Maxon sentada no sofá. Não demoraria para que ele chegasse em casa, não iria demorar para que subisse as escadas e eu estava ansiosa para ver sua reação. A muito tempo não tínhamos uma noite para nós dois, nem mesmo eu poderia lembrar a última vez que sentamos naquele sofá e conversamos sobre nada em especial e sim em absolutamente tudo. Olhei para o relógio, marcava sete em ponto, nada de Maxon. Bebi um gole do vinho relembrando a primeira vez que havia entrado naquele apartamento, tudo bem que não era uma das melhores horas, mas não poderia me esquecer da primeira vez em que Maxon me mostrou suas fotos do primeiro show que havia ido, de nossa banda favorita.

Depois que tudo acabou com Daniel, tivemos a única chance de ir a um dos shows e dessa vez, fomos juntos. Sorri ao lembrar de como eu estava feliz por tê-lo comigo, olhei para o relógio pressionando os lábios. Virei a taça de vinho levantando do sofá, andando de um lado para o outro esperando quando finalmente iria ouvir o barulho de chaves na fechadura. Olhei para o relógio e bufei, ele estava meia hora atrasado. Peguei a garrafa de vinho e sem taça ou qualquer refinamento, bebi um grande gole direto da garrafa. Imaginei como minhas amigas estavam, cada uma tinha uma noite especial com seus namorados e eu estava sozinha.

Sebastian havia reservado uma mesa no melhor restaurante da cidade, Aaron levou Larissa para um dia só deles e Travis trancou o quarto com Camila dentro. Já se pode imaginar o que farão. Júlia e Will jantariam à luz de velas, Mylena e Jamie iriam a um show, Mariana e Jordan decidiram sair por ai com aquela caminhonete velha de Jordan e eu estava sozinha em casa. Letícia e Jace decidiram ir para NY. Rob e Ellie foram a um concerto e eu estava em casa, sem Maxon. Olhei mais uma vez para o relógio impressionada de como as horas passavam tão rápido. Virei mais uma vez a garrafa pegando o celular sobre o sofá, havia mensagens de todas elas me desejando feliz dia dos namorados, mas nenhuma de Maxon. Nem mesmo um estou atrasado, chegarei logo ou eu te amo. Virei mais uma vez a garrafa caindo no sofá, olhei para o teto, para o chão, para o relógio e suspirei.

Duas horas depois, eu estava tirando os saltos, virando as últimas gotas de vinho e com uma enorme vontade de gritar. Peguei no celular pronto para começar uma briga com Maxon quando o som de chave invadiu todo o apartamento e congelada no meu lugar vi a porta abrir lentamente. Estava pronta para sorrir e esquecer a espera, estava levantando do sofá quando Aaron apareceu, um pouco pálido. Não, eu diria muito pálido para o meu gosto.

— O que aconteceu? – perguntei levantando rapidamente.

— O que está fazendo aqui? – ele perguntou.

— Como assim? Estou esperando Maxon. – Aaron olhou para mim como se eu fosse louca, sorriu balançando a cabeça.

— Não é possível, nós vimos Maxon e você. – ele parou e me encarou fazendo o sorriso desaparecer. – Mas você estava... Era você, Kate.

— Oh meu Deus. – Larissa disse aparecendo logo atrás de Aaron. – Eu disse que não era ela. – falou se apressando para me abraçar.

— Mas o que está acontecendo?

— Não, espera ai. Você chegou agora? – Aaron perguntou.

— Chegar? Eu nem mesmo sai, Aaron. O que está acontecendo? – perguntei me afastando de Larissa para encará-la.

Larissa desviou seu olhar para o chão e parecia tão pálida quanto Aaron. Eu a conhecia o suficiente para saber que escondia algo, como nas vezes em que tinha um segredo mas não sabia se poderia confiar em mim para contá-lo, afinal, era a Kate que não conseguia mantê-los guardados. Olhei para Aaron com medo do que havia acontecido, nada de acidentes, batidas, roubos ou Daniel, mas algo ainda pior. Larissa se afastou contando que haviam parado para comer algo perto dali, contou que havia visto Maxon, mas longe o bastante para irem cumprimentá-lo. Até ai estava tudo bem, por que não passar em um restaurante e comprar comida feita já que a namorada não sabia cozinhar muito bem? Mas quando Larissa disse ter visto uma morena ao lado dele, meu mundo virou de cabeça para baixo. Mantive a calma pois poderia ser uma amiga de trabalho ou alguém menos importante, mas como os dois me olhavam, pareciam ter visto algo mais que não estavam me contando.

Sorri, um sorriso verdadeiramente falso, indo até a cozinha, pegando a primeira coisa que vi na geladeira, cerveja, apenas para ter algo que possa molhar minha garganta seca. Larissa me seguiu, mas não se aproximou o suficiente, se manteve na entrada da cozinha esperando. Eu por outro lado não sabia o que fazer. Imaginar que Maxon teria alguém no trabalho era loucura demais, mas ouvir que meus amigos o viram com outra era a conclusão de tudo o que eu não queria acreditar.

De repente Aaron apareceu com o celular no ouvido, desta vez estava de boca aberta completamente chocado com o que ouvia. Ele olhou para mim, para Larissa que provavelmente sabendo o que ele queria dizer, pegou o celular pondo-o no ouvido. Depois de vários “sim” e “aham” ela desligou avisando que iria o mais rápido possível. Eu não sabia para onde, não sabia quem era e nem mesmo o que estava acontecendo, mas virei a cerveja sem me importar com nada.

— Ka, você vai conosco? – ela perguntou. – Estamos indo até o tio Frank, parece que ele não está bem.

— O que houve?

— Travis disse que ele está de cama. Estamos indo lá. Você vem?

— Por que iria? Ele não é nada meu mesmo.

— Kate!

Olhei para Aaron no instante em que ele desviou seu olhar para a porta, olhei para Larissa que erguia as sobrancelhas para mim e suspirei. Revirei os olhos concordando com a cabeça, afinal, Frank poderia ser pai do mulherengo e cara de pau que era Maxon, mas continuava sendo um bom homem. Pelo menos alguém tinha de ser.

Vinte minutos depois Aaron parou o carro na garagem da casa onde o pai morava e pela moto de Travis na entrada e o carro de Sebastian ao lado, significava que os irmãos já estavam ali, menos – é claro – o mulherengo e cara de pau. Ignorei a tontura, tentei não cambalear enquanto andávamos até a porta, tentei focar meu olhar em Aaron enquanto ele abria a porta e nos dava passagem para entrar, tentei ser natural a Camila que estava na sala, frente a lareira com uma cara nada feliz. Nos abraçamos rapidamente e por sorte ela não perguntou como havia sido o jantar.

— Como ele está? – Larissa perguntou atrás de mim.

— Indisposto. Ainda está vomitando e não consegue comer nada.

Aaron e Larissa seguiram pelo corredor até as escadas, não arrisquei segui-los. Sentei no sofá observando a chama subir e descer, lentamente a tontura me fazia cair para o lado, deitando a cabeça no assento ao lado respirando fundo.

— Ele estava bem. – Camila disse de repente. – Tínhamos ido ao médico com ele, Larissa tinha separado uma dieta para ele, mas parece que ele não se cuida.

— Uhum. – foi tudo o que consegui responder.

— Finalmente Larissa chegou. – era Manu aparecendo pelo corredor. – Se eu ficasse mais um segundo lá, não iria aguentar.

— Ele está tão mal assim? – perguntei ao me erguer para ela.

— Vomitando muito, não consegue comer ou tomar um remédio se quer.

— Devemos fazer algo? – perguntei desviando meu olhar entre uma e outra.

— Podem ir para casa. – a voz de Sebastian encheu a sala. – Não precisam ficar aqui.

— Está brincando não é? – Manu perguntou virando para encará-lo. – É claro que iremos ficar.

— Nos importamos com ele. – Camila disse.

Estava pronta para dizer algo quando a porta da casa bateu e Maxon apareceu de repente na sala, ofegante, assustado e nervoso. Ele olhou para cada um de nós, olhou para o irmão e então correu pelo corredor até as escadas onde ouvimos cada passo pesado no degrau de madeira, um barulho de porta e então Sebastian se apressou para segui-lo.


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