A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 62
Pura Tensão.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745941/chapter/62

Uma batida na porta me fez pular com o susto, Maxon passou por mim e a abriu dando de cara com Louis, Jordan e Mari. Eu queria poder abraçar cada um e dizer que agora iria ficar bem ou poderia fingir que não ligava, que havia roubado os papeis e entregado de volta a “A”. Estava com medo que Maxon pudesse contar sobre mim, estava apreensiva com a reação de cada um se ouvissem o que tinha passado e com medo de ser mais uma vez excluída.

Louis foi o primeiro que me viu, atravessou a sala e jogou seus braços ao meu redor puxando meu corpo contra o dele, espremendo minha cabeça em seu peito me deixando ouvir seu coração – mesmo que ele não tenha um – e várias vezes perguntava se eu estava bem. Sim, eu estava bem, poderia ter dito mas com certeza não seria verdade alguma. E ele saberia muito bem sobre isso.

— Aconteceu uma coisa que você não irá gostar de saber. – Jordan disse a Maxon.

— O que aconteceu aqui? – Mari perguntou ao observar a sala limpa – de papeis.

— O que aconteceu? – Maxon perguntou a Jordan, agora distraído com a sala, observando cada mínimo ponto dali. – Jake!

— Sebastian e Aaron estão investigando algo que eu nem mesmo sei o que, no Setor 45. – Jordan respondeu voltando seu olhar a Maxon.

— Foi um acidente. – Maxon avisou fazendo-o concordar com a cabeça.

— Sim, mas Sebastian acredita nisso? Ele está louco.

Pensa. Pensa. Pensa. Pensa. Pensa.

Era o que minha mente dizia.

Pensa nas possibilidades, pensa em uma saída, pensa em um plano.

— Temos uma coisa aqui que é mais importante. – Maxon falou olhando os três naquela sala, demorando um pouco mais em Louis ao meu lado.

Prendi a respiração esperando que Maxon soltasse a bomba, falasse de mim e de tudo o que eu fiz. Estava esperando ódios de todos, críticas e julgamento, estava me preparando para não chorar e sair com a cabeça erguida.

— Fomos roubados.

— O que? – os três perguntaram em uníssono, tão surpresos quanto eu. Maxon olhou para mim e com um leve acenar de cabeça eu poderia dizer que ele estava me protegendo, me mantendo segura.

— Fui buscar Karlla quando sai do hospital e quando chegamos aqui, já não tinha nada. Tudo limpo exceto o notebook. – Maxon explicou gesticulando com a mão.

— Você saiu do hospital faz horas, Max. Como só nos diz isso agora? – Mari falou irritada, preocupada.

Olhei para Maxon e o vi calado, olhando para ela como se procurando uma resposta e eu não poderia deixá-lo sozinho.

Limpei a garganta e falei.

— Na verdade, não notamos quando chegamos. – fingi um sorriso sem graça e a vi relaxar seus ombros como se entendesse. – Só agora que viemos para a sala.

— Então vocês entram em uma sala completamente vazia e não notam, vão para o quarto fazem sexo e tudo bem? – era Louis, me fuzilando com o olhar que devolvi na mesma forma.

Ele sabia que não era nada meu, sabia que não precisava de tudo aquilo e sabia o quanto eu gostava de Maxon.

— Não estou dizendo que está tudo bem, Louis. Estou dizendo que não notamos. Pode nos culpar se isso te tranquiliza. – falei revirando os olhos para ele, cruzando os braços desviando o olhar para os outros que nos observavam.

— O que faremos agora? – Jordan perguntou ao achar palavras naquele momento. – Aaron e eu não tínhamos nem começado a decifrar tudo.

— Eu havia tirado algumas fotos no celular, pode nos ajudar. – Maxon disse cruzando os braços, mordendo o lábio enquanto olhava o chão.

— O que Sebastian acha que vai achar no Setor 45? – perguntei a todos.

— Ele pensa que não foi por acaso que Manu caiu. – Mari respondeu mostrando não acreditar no primo mais velho. – Mas é melhor que ele fique lá e perceba que está errado.

Maxon concordou com a cabeça ainda pensativo, Louis pegou seu notebook e sentou no sofá, “Vamos ver se teremos novidades” ele disse encarando a tela e eu não fazia a menor ideia do que ele falava. Jordan sentou ao seu lado curioso com o que veria e Mari me puxou até o corredor, forçando minhas pernas a acompanhá-la até a porta do quarto de Maxon. “Como você consegue?” ela perguntou segurando meu braço, me encarando com seus olhos castanhos desesperados. “Consigo o que?” perguntei nervosa, estava acabado e Mariana sabia sobre minha farsa, sabia que eu havia roubado os papeis e provavelmente sabia sobre Maxon me dá cobertura. Ela respirou fundo como se estivesse se preparando para o que iria falar e eu estava com medo, estava pronta para gritar desculpas e mais desculpas que pudessem ao menos amenizar o que eu havia feito. “Como consegue fazer sexo com tudo o que está acontecendo?” ela perguntou corando as maçãs do rosto. Meus ombros caíram mais relaxados e meu corpo estava prestes a desmoronar de alívio. “Quero dizer, é muita tensão.” Ela disse. Sorri tão compreensível quanto poderia ser colocando minha mão em seu ombro ao falar “É o que deixa tudo mais divertido” e ela sorriu concordando com a cabeça. Eu queria poder ajudá-la melhor, queria dar conselhos mas não tinha cabeça para um assunto como este. “Talvez eu deva pensar sobre isso.” Mari disse me fazendo olhar em direção a sala, será que Maxon sabia sobre isso? Quero dizer, Mariana e Jordan? O “lance platônico” juntos? Voltei a encará-la e sorri concordando com a cabeça, por fim voltamos a sala.

Louis estava explicando o que havia descoberto sobre o jogo, sua verdadeira nacionalidade quando a porta abriu de repente e Aaron apareceu com suas roupas da noite passada, ombros caídos e cabelos desarrumados, era visível sua exaustão e não evitei de me perguntar o quanto ele estava se dando para descobrir tudo isso. Descobrir o que eu já sabia. Ele se surpreendeu ao me ver sentada na poltrona – extremamente – confortável ao lado do sofá mas creio que estava cansado demais em brigar ou cogitar algo. “Pois bem, continuando o que eu estava falando, o jogo foi criado no Japão. Não possui nenhum tipo de vínculo com nosso país.” Louis disse deixando-nos completamente confusos, completamente perdidos no escuro. Vi Maxon olhar para mim como se perguntasse “Como é possível?” e eu estava tentando ao máximo entender tudo aquilo.

“A” era o codinome da pessoa que mandava mensagens, era suposição nossa ser a mesma pessoa que estaria comandando o tal jogo demoníaco, mas como? Essa era a primeira coisa que eu precisava saber porque além de ter visto duas pessoas responsáveis pelas mensagens, esse já era um bom começo. Maxon e Aaron discutiam quando voltei a realidade, um criticava a opinião do outro e eu não poderia me meter, estavam estressados, exaustos e com certeza a última coisa que eu poderia querer era os dois me criticando. Respirei fundo e levantei indo ao corredor, parei frente a porta do quarto de Maxon e o ouvi dizer “Espera ai” na sala, antes de aparecer no corredor.

— O que houve? – sussurrou perto o bastante para sentir seu halito fresco em meu rosto.

— Preciso da caixa. – lembrei a ele. – Posso levar e descobrir algo.

— De jeito nenhum. – Maxon respondeu negando com a cabeça freneticamente.

— Sério, Maxon? Depois de tudo você vai tentar me impedir?

— Escuta Kar, vamos esperar, ta bem? Pode ser que achamos algo.

— Achar o que? Você ao menos sabe o que está procurando? Eu sei quem é “A”. Posso descobrir quem está controlando o jogo.

— Hey! – a voz feminina ecoou por todo o corredor vindo da sala. Era Júlia.

Olhei Maxon em minha frente tentando encontrar qualquer indicio de amor reprimido, qualquer reação que me faça ter medo – ter ciúmes – lembrando da história, mas ele estava completamente imóvel, impenetrável enquanto me encarava.

— Você não precisa fazer isso agora. Espere pelo menos um minuto. – ele pediu puxando uma de minhas mãos de volta a sala, encontrando Júlia e Letícia frente a porta.

— Hey vocês! – Júlia gritou animada se aproximando para me abraçar forte e a Maxon.

Foi ali que percebi o quanto eram próximos. Os abraços que Júlia fazia questão de dá, o beijo no rosto que Maxon dava a ela, as brincadeiras, as conversas e eu estava – desnecessariamente – desconfortável ali.

— Karlla, precisamos de você hoje a noite. – ela disse virando-se para mim.

— Porque? – perguntei surpresa.

— Vamos alugar vestidos para o baile. – Letícia quem respondeu. – Já é no sábado!

— Que baile? – perguntei confusa, olhando para cada uma delas.

— O Baile de Inverno e não Outono da faculdade. – Maxon respondeu com um sorriso que me fez lembrar o dia da primeira garfe no refeitório, a garfe com Celeste.

— Estamos reunindo todas as garotas para irmos juntas. Vai ser divertido. – Júlia falou animada, sorrindo para mim esperando o sim.

— Vocês irão a esse baile? – perguntei incrédula.

— Claro! É o nosso baile. Até a Mari vai. – Letícia respondeu. – E nós precisamos ir. Relaxar a cabeça.

Queria poder dizer que a última vez que sai para relaxar a cabeça minha amiga caiu e foi parar no hospital, fui sequestrada por pessoas que não se importaram em me machucar e me usar. Mas acabei concordando com a cabeça, imaginando como seria esse baile, como Celeste o faria. Lembrei de vê-la pôr algo na bebida da Lethicia e estremeci, a última coisa que irei fazer lá será beber algo. “Leonor Estrela vai cantar no baile” Letícia disse animada, ouvi Mari pedir uma explicação e estava agradecida por isso, ouvi com atenção Júlia dizer que Leonor havia recebido uma proposta e aceitou, não imaginava que era a nossa faculdade e agora estava ansiosa. Eu não sabia o que pensar depois de tudo o que aconteceu, não sabia se poderíamos confiar ou explicar tudo para que ela tenha cuidado, não sabia se seria realmente bom ir ao baile.

Ainda estava longe da hora do almoço e Aaron decidiu dormir um pouco, as meninas conversavam no sofá e Louis continuava com seu notebook, mas dessa vez, na poltrona – extremamente confortável – quando Maxon e eu fomos ao quarto. Eu estava ansiosa demais para levar a caixa de volta e ele estava apreensivo com o perigo. Queria poder falar sobre Adam e And, queria poder dizer o que realmente eles eram, do que foram capazes de fazer mas não conseguia, não com ele preocupado demais comigo.

— Kar, nós temos que pensar bem antes de qualquer coisa. – ele disse sentado ao meu lado na cama.

— Maxon. – falei fazendo-o se virar para me encarar. – Você e Júlia. Já namoraram? – perguntei, ele pressionou o maxilar e me encarava como se procurando o motivo daquela pergunta e eu poderia explicar tudo, depois de ouvi-lo primeiro.

— Fomos. A algum tempo atrás, por que a pergunta?

Falo. Não falo. Falo. Não falo. Falo. Não falo. Falo. Não falo. Falo. Não falo. Falo. Não falo.

Meu celular tocou antes mesmo de eu pensar em uma opção, era Kent outra vez, tão nervoso como antes, tão irritado por eu ter feito ele esperar e que se dane, gostaria de desligar o celular e continuar conversando com Maxon. “Já está com a caixa?” ele perguntou, “sim, já estou com a caixa” respondi mentindo tão bem como poderia. “Ótimo. Estou na fábrica de vidros. Não demore” e desligou. Levantei da cama no mesmo instante, Maxon fez o mesmo e ouviu com atenção sobre a fábrica. “Eu vou com você.” Ele disse me deixando nervosa, procurando de todas as formas de fazê-lo ficar mas Maxon era tão teimoso que provavelmente insistiria cada vez que eu negasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Promessa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.