A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 46
Teste de Confiança.




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— Sabe aquele jogo? Que você surtou quando viu? – me virei rapidamente para ele desejando que ele não tenha visto, desejando que ele não pense em jogar ou o que quer que fosse. – Jake estava jogando, parece algo bastante idiota. – falou com uma careta. – Mas eu resolvi jogar e...

— O que? Espera aí... Você está jogando? – perguntei tentando não surtar.

Maxon concordou com a cabeça e antes que pudesse abrir a boca, me enfureci.

— Você é cego ou o que? – perguntei encarando-o. – Você não percebeu que esse jogo não é uma brincadeira? Você não ligou a morte do Dylan com uma fase do jogo? Ou até a morte da Lethicia?

— Do que está falando? – ele perguntou confuso, me olhando com angustia, o que me deixou bastante desconfortável.

Se ele me olhasse como se eu fosse louca, seria mais fácil de aguentar.

— Maxon! Meu Deus! Você viu como eu fiquei quando vi o jogo e mesmo assim você jogou. A morte do Dylan é exatamente uma fase do jogo. A morte da Lethicia é uma fase do jogo. Você realmente não percebeu? Está tão na cara e eu não acredito que está jogando isso. Não posso acreditar. – falei levantando do chão, levando as mãos na cabeça andando de um lado para o outro, xingando-o em minha mente, matando-o em meus pensamentos, desejando ter força para espancá-lo ali.

Maxon levantou e me observou calado sabendo bem esperar que minha briga interna termine para falar algo. E eu não poderia acreditar, não depois de tudo o que aconteceu.

— Kar?

— Qual a fase que você está? – perguntei fazendo-o erguer uma sobrancelha para mim.

— Quarta. Porque?

— Você precisa achar o pote de ouro no bar, mas não pode beber os frascos de vida porque morre.

— Como você sabe? – ele perguntou chocado, se aproximando o suficiente para ficar em minha frente e me olhar nos olhos, era visível sua luta em não erguer as mãos para me tocar.

— Porque era disso que eu estava falando com aqueles caras quando Lethicia morreu! – gritei. – Eu ouvi o bipe insuportável do jogo, ouvi sobre a fase, ouvi sobre a morte, ouvi a mesma coisa que aconteceu com a Lethicia! – não havia percebido que estava chorando até sentir as lágrimas caírem, sentindo o gosto salgado em meus lábios.

Pude ver Maxon lutando para não me abraçar, para não limpar meu rosto ou me beijar e por um instante, eu queria que ele fosse louco – idiota – o bastante para se arriscar.

— Mas a morte da Lethicia...

— Eu vi Maxon. – o soluço me fez fechar a boca, baixar minha cabeça e respirar fundo desejando engolir o choro.

— Kar. – ele sussurrou jogando os braços em minha volta, apertando meu rosto em seu peito e em sua roupa cheirosa.

— Eu vi alguém colocar algo no copo da Lethicia naquele dia do bar. – sussurrei apertando-o pela cintura, me permitindo um minuto de saudade e de carinho naquele momento.

— O que? – Maxon perguntou me afastando o suficiente para me encarar. – O que você está dizendo?

— Eu vi Lethicia com um grupo de garotas, vi e achei estranho quando ela deu as costas para o bar e quando olhei com mais atenção vi que colocaram algo no copo dela.

— Karlla, você tem certeza do que está dizendo? Quero dizer, isso é uma afirmação muito séria.

— Eu tenho certeza por que eu sei o que vi.

— Vem comigo. – ele não pediu, ele não esperou resposta, simplesmente puxou minha mão e caminhou até a porta do Morgan.

— O que? – perguntei puxando-o de volta. – Porque? Para onde? – Maxon se virou e me olhou nos olhos, os lábios retos em uma linha dura, a mão firme e os ombros tensos.

— Você ainda confia em mim?

Esqueci promessa, esqueci aposta, esqueci o final de semana, esqueci o dia de hoje.

— Nunca deixei. – respondi e permiti que ele me levasse para o estacionamento, para seu carro e finalmente seu apartamento.

Eu não fazia ideia do motivo de estarmos ali, não conseguia parar de pensar no jogo e na possibilidade de algo acontecer a Maxon. Pensava no que poderia fazer para impedir o que viesse a acontecer, para está sempre a frente se algo realmente vier a machucá-lo. Maxon me perguntou durante a maior parte do caminho sobre Aspen, sobre nossa amizade e o que eu estava fazendo no corredor deserto com ele. Eu queria poder perguntar, exatamente, a mesma coisa. Quem era aquela morena? O que estavam fazendo na sala vazia? Mas o medo de ouvir a resposta era extremo. Eu tinha plena certeza que além de estarmos juntos nesse momento, não havia dado outra chance a ele até porque eu não queria ouvir sobre a tal aposta. Me pergunto se estavam rindo de mim. “Aspen e eu somos amigos.” foi o que respondi. Ele me olhou intrigado, mas não insistiu e eu desejaria, com todas as forças, que seja por medo do que poderia ouvir.

— Maxon.

— Sim?

— Não vamos confundir as coisas aqui, esta bem? Eu aceitei vir pelo jogo.

Ele suspirou.

E concordou com a cabeça.

Ao estacionar o carro, Maxon abriu minha porta e pegou minha mão tendo o cuidado para não entrelaçar nossos dedos. Subimos o lance de escadas apressados e eu não entendia o porque, queria pedir um tempo para respirar mas estava ofegante demais para achar as palavras. Maxon abriu a porta do apartamento e me puxou através do corredor me dando tempo apenas de ver uma sombra no sofá com algo em suas mãos, mas não tive tempo de falar, tinha de correr para conseguir sincronizar nossos passos e só quando estávamos a poucos passos da porta de seu quarto, paramos ao ouvir seu nome ecoar pelo corredor. A voz era do Aaron e isso eu tinha certeza. “Sim?” Maxon perguntou com uma mão na maçaneta e a outra segurando a minha. “O que houve irmão?” ele perguntou outra vez e sem resposta de Aaron, caminhamos de volta a sala e finalmente pude ver e sorrir para a pessoa no sofá. Era Jake, Jordan com um notebook no colo e ele me olhava tão surpreso, intrigado e confuso quanto podia. Ao seu lado havia um homem, que só ao cruzar nossos olhares o vi sorrindo para mim.

Aquele sorriso.

Aquele olhar.

Só pode ser brincadeira.

— Karlla? – o homem falou enquanto levantava-se e se aproximava lentamente, observando meu rosto e apreensivo com minha reação, mas louco o suficiente para arriscar se aproximar. – Karlla Morgenstern! Eu não acredito.

Prendi a respiração ao sentir a mão de Maxon apertar a minha.

— Você não está lembrada de mim? – ele perguntou mostrando-se ofendido, parando na metade do caminho.

— Como eu poderia esquecer? – ouvi minha voz, mas não sabia como havia achado as palavras, sentia borboletas em meu estômago e sabia que era meu corpo respondendo a presença do corpo dele. Sabia que além da minha mente, meu corpo nunca poderia esquecê-lo.

Ele abriu os braços e sorriu para mim, meus lábios sorriram de volta libertando-se da mão de Maxon e se aproximou do homem. Pude sentir os olhares confusos e intrigados de Maxon em mim, poderia sentir Jordan nos observar com apreensão, mas eu não ligava, porque aquele homem em minha frente trouxe todos os sentimentos do passado a tona, todas as lembranças e momentos que eu jurei esquecer ao fazer a maldita promessa.

O sorriso dele se ampliou ao me ver se aproximar, seus braços abertos esperavam por mim, seus olhos azuis como o mar me observavam com emoção, seus dentes alinhados e brancos dando olá a alguém que por anos não via. Seu cabelo grande, comparado a última vez que nos vimos, jogado para o lado. Parei o suficientemente perto, ergui o braço para trás e bati a palma da mão no rosto liso e perfeito que ele tinha deixando minha mão ardida e sua bochecha vermelha com a marca de quatro dedos.

Soltei a respiração e voltei ao comando do corpo ouvindo com atenção alguém puxar o ar com a boca, mas não me virei para saber quem era, estava mais determinada em encará-lo tão fixamente que poderia fazê-lo sumir, evaporar, deteriorar.

— Acho que mereci isso. – ele disse com uma mão no rosto, um sorriso de desculpas que não iria me comover.

— Quem é você? – Maxon perguntou atrás de mim, duro, firme e muito tenso.

— Louis. – falei. – O que está fazendo aqui?

— Louis Parker. – Aaron falou voltando da cozinha. Louis desviou seu olhar para ele, Maxon deve ter feito o mesmo mas eu não poderia. – Ele vai nos ajudar, Max. – Louis sorriu e eu queria perguntar com o que, queria gritar e dizer que era mentira, que Louis não poderia ajudar ninguém e eu sabia bem do que ele era capaz.

— Como vai nos ajudar? – Maxon perguntou aparecendo em meu campo de visão, parando ao meu lado.

— O que está fazendo aqui? – perguntei antes mesmo de Louis responder. – Quem veio com você?

— Primeiro, essa não é a hora ideal. – Louis disse desviando seu olhar para os três homens que provavelmente nos observava. – Segundo, com certeza posso ajudá-los com o lance das mensagens.

— Que mensagens? – perguntei me virando a Maxon que pressionava o maxilar encarando Louis com uma certa tensão em seu corpo.

— O que está fazendo aqui Karlla? Porque trouxeram ela? – Louis perguntou virando-se para Aaron. – Ela não precisa está aqui. Só vai piorar as coisas.

— Que coisas? – exclamei nervosa, desesperada por vê-lo ali, ajudando Maxon, ajudando Aaron.

Isso não estava certo.

De modo algum.


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