A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 27
Distraída.




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Caminhei o mais rápido que pude para ficar um passo a frente das meninas, cruzando os braços apertando frente ao peito tentando não ouvir a conversa logo atrás. “Maxon é o mais novo.” Julia falava. Era impossível ignorar a história dos Maddox. Era impossível não ficar atenta a cada palavra que saía sobre eles. Era desesperadamente impossível parar de pensar neles.

“Eu o conheço desde o jardim de infância.” Letícia falava sobre os dois.

“Sempre foram mais unidos.” Ela dizia, me fazendo imaginá-los a cinco, seis anos atrás.

“O irmão mais velho saiu da cidade.”

“Sebastian é quem cuida dos negócios da família.”

“Travis é o único que mora sozinho.”

“O pai é conhecido pela academia de luta.”

“A família é bem conhecida.”

“Na época do colégio, todo mundo queria ser amiga de um deles. Eles eram os populares.”

“Sorte a nossa que já conhecíamos eles antes.” Letícia falava para Julia, que ria enquanto concordava com a cabeça.

Ok, está decidido e eu não iria pensar sobre eles agora.

Estávamos entrando no prédio e repeti que iria prestar atenção na aula até chegar a porta, respirei fundo e entrei. O Sr. Herondale estava de costas para os alunos enquanto escrevia algo no quadro, aproveitei para ir na ponta dos pés até a primeira cadeira vazia em minha vista.

— Está dez minutos atrasada Srta. Morgenstern. – ele disse sem ao menos olhar sob os ombros.

Puxei o ar com a boca chocada e completamente dura na metade do caminho.

— Espero que isso não se repita.

— Não irá. – falei baixo, afundando na cadeira vazia.

Vou prestar atenção na aula.

Vou prestar atenção na aula.

Vou prestar... Na aula.

Vou...

Ah, Maxon.

Suspirei encarando o caderno sob minha mesa, estava aberto em uma folha nova completamente branca e eu a encarava e encarava e quanto mais encarava mais saindo da realidade eu estava. Voltando ao refeitório, repassando tudo o que havia acontecido, Jake falando sobre meu “showzinho”, Conor falando sobre Sam indo ao banheiro, Maxon repreendendo-os, Aaron devolvendo o olhar, Jem, Travis, Camila.

Levei as mãos no rosto apertando forte por um momento, deixando escorregar para debaixo do meu nariz e lá estava eu encarando a folha de papel vazia outra vez. Porque era tão impossível não pensar neles? Porque simplesmente não posso esquecer os Maddox? Esquecer todos esses homens e focar no meu estudo? Focar nessa matéria fácil e divertida quando é dada por um homem fácil e divertido? Porque não posso tirar Maxon dos meus pensamentos por um minuto?

Vou esquecê-lo.

Vou esquecê-lo.

Vou...

Ergui o olhar piscando várias vezes ao redor da sala observando as pessoas levantar e se dissiparem através do corredor. O professor estava apagando o quadro ainda de costas e nem ao menos lembro de ter visto seu rosto durante a aula, na verdade, eu não lembrava de nada depois que sai do refeitório.

— Dia difícil? – ele perguntou de repente.

Concordei com a cabeça para mim mesma, limpei a garganta e comecei a arrumar minha mochila.

— Mais ou menos. Está ficando cada vez pior. – respondi com uma careta.

— Se for sobre Dylan, pode ficar tranquila que ele irá melhorar. É questão de tempo. – o professor falou, virando para mim com um sorriso pequeno no rosto. Eu o encarei por um instante e sorri de volta, assentindo. – E se não for isso, apenas dê um tempo. Para as coisas se resolverem sozinhas.

— E se não resolverem? – me ouvi perguntar, antes mesmo de me deter.

— Bem, se não resolverem – Will dizia pegando sua maleta e passando por mim indo a porta. – É melhor pensar em um solução. Você está distraída demais. – concordei com a cabeça e ele sorriu, dessa vez mais abertamente, dando as costas e passando pela porta.

Certo. Ok. Vamos lá Karlla, você consegue, meu subconsciente tentava animar. Respirei fundo e sai caminhando pelo corredor em direção a entrada/saída do prédio. De forma alguma eu estava em condições para assistir as próximas aulas e estava fugindo, de volta ao Morgan. Se meu pai ou meu irmão soubessem disso teriam me repreendido, no máximo, um chacoalhar nos ombros para me fazer acordar. Eles – sempre – acreditaram que existem problemas maiores do que corações partidos, indecisões ou seja o que for. E existiam. Suspirei frente as escadas do Morgan e corri para dentro, corri para meu quarto e me tranquei caindo na cama me permitindo um momento de angustia e indecisão.

Eu precisava reorganizar meus pensamentos, precisava refazer a lista das coisas mais importantes a fazer aqui, precisava focar no meu objetivo – mesmo eu ainda não sabendo qual era. Olhei para o teto pensando em Maxon, pensando nas palavras azedas sobre meu showzinho, pensando sobre a noite em seu quarto, pensei e pensei e pensei. Cheguei a conclusão que, assim como ele me disse no Setor 45, nós éramos amigos. Nada mais. Nada menos. Amigos. E eu não precisava pensar em um amigo tanto assim. Um amigo não pode me distrair tão fácil assim e então decidi, Maxon era meu amigo e nada mais. Posso sentir atração por ele as vezes, sentir carinho imenso – exagerado – e preocupação desesperada mas é coisa de amigo, não é?

Então estava decidido!

O próximo ponto era decidir sobre a faculdade, decidir qual curso seguir e ter um foco em diante. Pensei nas possibilidades que a universidade dava aos indecisos, assim como eu. Pensei nos cursos que minhas amigas estão fazendo, pensei em ser líder de torcida se tudo der errado. Pensei no grupo de xadrez, teatro e... em Maxon. Ele fazia Política, mas era algo fora da minha lista. Bufei e sentei na cama, o quarto estava em silêncio graças a minha respiração baixa e por Tay ainda está na faculdade. Olhei para o seu lado do quarto e pensei na possibilidade de Administração – era o que ela fazia – mas todo aquele cálculo também não era para mim.

E lá estava eu derrotada, pensando no final do semestre sem uma decisão fixa, completamente perdida quando um bipe invadiu o quarto vindo do notebook na cama da minha colega de quarto. Ele estava na metade de ser fechado e eu o encarei até que o segundo bipe veio e mais um e outro e outro que me fizeram levantar, cruzar o quatro e abrir o notebook.


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