Ao sair do refeitório pude correr a procura de Robert e pedir um milhão de desculpas, dizer que eu não havia pensado antes de falar e dizer que me arrependia. Era sempre uma luta para guardar segredos, principalmente quando era algo tão lindo e emocionante. As meninas sabiam os segredos que deveriam me contar e os que tinham de guardar para si, porque já haviam passado por uma dessas e agora Lethicia e Robert iriam me odiar antes mesmo de saberem que eu poderia ser legal como amiga.

Estava ofegante quando dobrei para o prédio das aulas e vi Robert sentado em um banco marrom embaixo de uma árvore com Maxon em pé em sua frente. Ele gesticulava com as mãos falando com a cabeça baixa de Rob. Senti um aperto no coração, a culpa querendo me matar e me aproximei com os lábios pressionados.

—... Que idiota, cara. Mas todo mundo sabe que...

— Todo mundo sabe? – Robert elevou a voz assustado.

— Não! – Maxon estava nervoso. – Não foi isso que eu quis dizer. Mas a gente sabe, somos amigos e... – ele parou quando me viu, limpei a garganta para chamar atenção, Robert virou o pescoço e me encarou.

Meu Deus, aqueles olhos verdes poderiam me fazer chorar.

— Eu queria me desculpar. Eu juro. Juro que não pensei, não lembrei de...

— Ela sabe? – Maxon perguntou a Robert, que concordou com a cabeça. Maxon virou de costas com as mãos na cabeça, eu o ignorei seja lá qual fosse o motivo dessa atitude.

— Eu não sou muito boa em guardar segredos. Mas eu juro... – falei rapidamente sentando no banco ao lado de Rob no banco. – Não foi por maldade. Eu estava feliz por vocês. – sorri e Robert também. – Eu não sou louca. Mas eu achei a história tão linda que eu queria ajudar, mas eu não estou acostumada a esses segredos tão lindos e quase, estraguei. Olha. Não precisa falar comigo, está bem? – falei levantando do banco. – Não. Melhor não. Eu não sou boa com segredos, eu vou...

— Kate.

—... Eu vou acabar estragando tudo e eu não quero que vocês se separem. Eu realmente desejo tudo de...

— Kate! – Robert levantou do banco e me segurou pelos ombros, ele sorriu e eu fechei a boca. Com o silêncio, Maxon se virou e nos observou calado. – Eu não estou com raiva de você, meu Deus. Feche essa matraca, menina! – ele riu e me soltou. – Fiquei com raiva sim, mas dessa maldita fraternidade. Mas não de você. E não se preocupe com Lethicia, ela não esta com raiva ou o que quer que seja.

— Eu achei que você... Mas e o baile? Ela vai com outro. – Robert suspirou e baixou a cabeça, olhei para Maxon que me encarava sério e logo desviei o olhar. – Só se... – parei por um momento imaginando Lethicia e Robert no Baile dançando juntos se eu apenas fizesse companhia e convidasse o tal garoto que convidou Lethicia para o baile, assim dando sinal verde ao casal.

— Só se? – Maxon perguntou. Voltei à realidade com um par de olhos vidrados em mim e então sorri.

— Eu posso ir você. – falei a Robert que franziu a testa. – Nada de segundas intenções. É claro. Você pode ir comigo, eu arranjo alguma desculpa para tirar aquele cara de perto da Lethicia e vocês podem ficar juntos. – sorri e fiz uma careta ao lembrar de ter falado a Celeste que não iria. – Bem, eu não iria a esse baile idiota, mas posso ir se você quiser.

— Isso foi... Muito legal da sua parte. – Robert disse sorrindo. – Vou conversar com Lethicia sobre isso, obrigado Kate. – me deu um beijo na bochecha e saiu.

Eu o observei até sumir de vista, relaxada por ter como ajudá-los depois do que os fiz passar.

— Legal você querer ajudar. – Maxon disse me fazendo encará-lo. – Geralmente as mulheres não gostam muito dele. – ergui uma sobrancelha.

— Porque eu não iria gostar de alguém tão legal como Robert? – perguntei. Maxon sorriu e sentou no banco. 

Só porque ele não tem os músculos que você tem? Porque não é tão sexy como você? Foi o que não disse.

— Ele é legal. Se não fosse tão idiota estaria no Ômega agora. – ele disse me fazendo erguer as sobrancelhas. Robert era como Lethicia, não pertenciam àqueles lugares.

— Resolveria tudo se ele estivesse em uma fraternidade?

— Não. – ele sorriu. – Mas seria um grande passo.

— Você não parece ligar para isso.

— Não ligo mesmo. – ele respondeu levantando do banco e alongando os braços. 

Estava fazendo de propósito? Eu não acredito! Ele estava fazendo de propósito! Desviei o olhar dos músculos que se contraíam e firmei na grama.

— Sabe aqueles caras? – Maxon apontou com o queixo para um grupo de garotos com blusas xadrez e calças engomadas que jogavam xadrez em uma mesa. – Faço parte do mesmo grupo de estudo deles.

— Você? – perguntei chocada, ele riu concordando com a cabeça.

— Eles são inteligentes e além de me ajudarem com algumas matérias, eu os ajudo em outras.

— Não brinca!

— Não estou! Juro! – apertei o olhar para Maxon sem acreditar no que ele disse, procurando algum indício de sarcasmo. Maxon era o típico garoto popular da escola e tal como a fama, os garotos populares não estudavam com os nerds. Muito menos dirigiam a palavra a eles. – Você acha que me conhece. – disse voltando a sentar no banco, tão confortável quanto podia.

— Não preciso conhecer para saber a fama que você tem. – falei sentando ao seu lado. – Cheguei no começo da semana e já vi você com duas mulheres diferentes. – Maxon afastou a cabeça para me encarar e sorriu.

— Está me vigiando?

— Claro que não! Mas eu não sou cega.

— Bem, nessa parte eu não tenho como discutir. – ele disse com um sorriso, revirei os olhos para seu modo charmoso. Isso estava me irritando. – Mas eu não sou o "sem coração" que todo mundo pensa que sou. – completou.