Hecatombe escrita por Bella Burckhardt


Capítulo 1
Cuidado: mortos na estrada


Notas iniciais do capítulo

Hey guys!! Como vão vocês?
Essa é a minha primeira fanfic de TWD, há um bom tempo eu vinha buscando uma ideia legal para isso e finalmente achei! hahaha
Espero que gostem e continuem acompanhando, e também que deixem suas opiniões nos comentários, isso é muito importante para mim!
Divirtam-se...



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 Sirenes, gritos, focos de incêndio, carros engavetados, pessoas apavoradas, há três dias isso era tudo que se via e ouvia nas ruas e também na televisão. Um vírus, bactéria, doença... alguma coisa que não puderam identificar atingia o mundo todo, provocando o caos e o desespero ao, assustadoramente, fazer com que os mortos se levantassem e pior ainda, se levantassem famintos. Irmão atacando irmão, pais se atirando contra os próprios filhos, estranhos se transformando em criaturas selvagens e devorando uns aos outros no meio da rua, essas eram as manchetes dos jornais e também a realidade estampada a cada esquina para quem quisesse ver.

 Em menos de uma semana, os poucos e remotos casos de canibalismo se alastraram, mortes e mais mortes aconteciam e ninguém sabia como deter aquilo. “Tranquem as portas e fiquem alertas” foram as primeiras sugestões anunciadas por policiais e bombeiros na televisão, mas em poucos dias, quando as pessoas começaram a se apavorar, juntar as malas e lotar as rodovias, elas mudaram para “procurem um centro de refugiados”, se referindo aos acampamentos que os militares começavam a montar.

 Mas o verdadeiro caos se concentrava nas grandes cidades como a de Carson – Jacksonville –, a mais populosa da Flórida, e quanto mais pessoas, mais confusão.

 Naquele terceiro dia, preocupada e impaciente com a falta de notícias do irmão, ela decidiu que iria ao seu encontro. Separou alguns pares de roupa e colocou tudo em uma pequena mala, foi até a sala buscar seu celular e as chaves do carro, parou frente a janela por um instante, levantou um pouco a cortina e checou a rua, que pela manhã fazia parte de um engarrafamento que começava nas avenidas mais acima, mas que agora se encontrava mais calma, com quase nenhum carro circulando. A loira pegou o que precisava, apagou as luzes e deixou seu apartamento.

 Desceu até a garagem pelo elevador e seguiu até seu carro, um veículo popular, prateado e que não vinha se mostrando muito confiável nos últimos meses – tanto é que ela praticamente o “aposentara”, usando-o apenas quando era realmente necessário. Bom, aquele era um momento necessário.

 Seu irmão, Joe, era detetive de polícia em Colúmbia, na Carolina do Sul, mas mesmo sabendo que ele podia se cuidar, Carson não conseguia evitar a preocupação e o medo por ele. De certa forma Joe seguia os passos do pai, que também trabalhou por muitos anos na polícia, mas como perito. Henry Hartley era formado em medicina, foi residente chefe em um grande hospital, se destacou e ficou lá por um tempo, até ocupar a vaga de perito e, anos depois, ser convidado para trabalhar no CDC de Atlanta, onde ficou até se aposentar. A mãe deles morrera quando Joe tinha dez anos e Carson apenas sete, o pai os criou com toda dedicação que pôde, mas ainda assim era um pouco ausente graças aos plantões e viagens, então Joe e Carson eram muito ligados, cuidavam um do outro desde sempre, mesmo estando distantes.

 Joe, no auge de seus vinte e seis anos, tinha um emprego que adorava, uma linda noiva – Eleanor – e um apartamento próximo ao centro de Colúmbia. Já Carson, se formara há um ano em jornalismo, em uma cidade do interior da Carolina do Sul, trabalhou por alguns meses em um jornal local e, depois de semanas escrevendo uma carta de apresentação digna de premiação para uma editora, fora contratada e se mudou para Jacksonville. Estava no rumo de, assim como seu irmão, conseguir o emprego de seus sonhos – em seus maiores devaneios ela era a editora, e não a “secretária” da mesma –, mas tanto trabalho exigia algum descanso, por isso suas férias naquele mês caíram como uma luva, ainda mais agora, com tamanho caos se instalando.

 Ela entrou, jogou a mochila sobre o banco do passageiro e deu a partida para fora do prédio, indo em direção a uma das rodovias que seguiam para o norte, saindo do estado. Seria uma cansativa viagem até a Carolina do Sul, mas aquela era a melhor opção, considerando que os aeroportos e as rodoviárias estavam ainda mais lotados que as estradas. E, além do mais, Carson não pretendia seguir o caminho convencional, pegaria a rodovia até certo ponto e então arranjaria algum atalho para fugir da confusão.

 Meia hora de viagem e o trânsito começou a parar, hora por algum acidente, hora por alguma ação policial na estrada, como a que acontecia no momento segundo os motoristas mais à frente. Ela mantinha o rádio ligado, escutando atentamente as notícias e descobrindo que estavam bloqueando as saídas de algumas cidades, torceu para que não fosse a intensão naquele caso e respirou fundo, se recostando no banco quando todos foram obrigados a parar de vez.

Fechou os olhos por um minuto e no instante seguinte um baque sacudiu o carro, fazendo a saltar de susto e algumas buzinas soarem ao redor. Alguém batera em seu carro, fazendo-o deslizar e esbarrar no trailer logo à frente. Pelo retrovisor ela teve tempo de ver uma moto parar bruscamente ao lado do carro e o motoqueiro se apoiar nele, retomando o equilíbrio.

— Merda! – Praguejou e abriu a porta, mas assim que saiu do carro o motoqueiro acelerou para longe, se infiltrando entre os carros.

 Carson o observou se afastar indignada. Ficou encarando até perder de vista a figura de jaqueta preta e então se voltou para o trailer, cuja traseira agora estava arranhada e cujo motorista também descia.

— Me desculpe, por favor, não sei se viu o que aconteceu, mas... – ela começou, mas foi interrompida.

— Sim, eu vi, e o idiota ainda saiu correndo! – O senhor de barba branca e camisa listrada caminhou até onde ela estava e deu uma olhada nos arranhões do trailer – Não precisa se preocupar, querida, é algo muito pequeno para isso.

 Ele disse com um sorriso amistoso e Carson suspirou aliviada. Eles conversaram um pouco, Carson ainda se ofereceu para arcar com o prejuízo, mas ele insistiu que não era necessário, disse que sua única preocupação era chegar logo a casa do lago com a esposa, que o esperava no trailer e sorriu para Carson pelo retrovisor quando o marido se juntou novamente a ela. Carson deu a volta no carro e viu que o homem ainda deixara um amassado considerável em seu porta-malas, o trânsito voltou a se mover, ela entrou novamente no veículo e seguiu viagem.

Logo anoiteceu e Carson estava se aproximando do primeiro desvio que planejara para seu trajeto, mas o trânsito voltou a ficar lento. Uma vez ou outra uma música tocava no rádio, mas em geral, só se ouviam mais e mais notícias sobre ataques e medidas protetivas. Queria chegar logo, se encontrar com Joe e garantir que seu irmão estava bem.

 Não muito distante, Carson conseguia avistar o porquê da lentidão: um engavetamento com pelo menos seis carros que bloqueava a via quase inteira. Quando uma ambulância chegou, vinda da outra direção, os carros mais uma vez se estatizaram e Carson aproveitou para ligar para o irmão, avisar que estava indo.

— Joe Hartley – ele disse quando atendeu.

— Ei, Joe! – Ela sorriu aliviada ao ouvir a voz do irmão.

— Carson, que bom que é você, estava preocupado, já ia te ligar – ele a reconheceu. – Passei a noite na delegacia ontem e continuei lá hoje o dia todo, para piorar ainda esqueci o celular no carro, só agora vi suas ligações e as da Ellie, ela vai me matar!

— E eu vou ajuda-la! Não tive notícias suas essa semana e não atendeu minhas ligações – reclamou –, com toda essa confusão que estamos vivendo, achei que algo podia ter te acontecido.

— Eu estou bem, a Ellie também está, acabei de falar com ela. Agora, já que tocou no assunto, as coisas só tendem a piorar, Carson, acredite em mim – ele alertou. – Eu vi de perto como é, soube de algumas coisas e não gosto da ideia de estarmos tão longe em um momento assim.

— Se esse for o problema, estará resolvido em algumas horas, estou na estrada indo para aí. Estava me perguntando se ia achar exagerado, mas agora que convidou... – Contou e os dois riram.

— Me alivia saber que está a caminho, mas tome cuidado – advertiu. – É melhor eu desligar e te ligar quando chegar em casa, estou dirigindo.

— Eu também estou no volante, mas o trânsito está parado, as estradas estão um inferno!

 Antes de se despedir ela ouviu alguns gritos, voltou sua atenção para a estrada e viu algumas pessoas correndo desesperadas, franziu a testa e se ajeitou no banco.

— Carson, que barulho é esse? – Joe também ouviu a gritaria pelo telefone.

— Eu não sei, não consigo ver de onde estão vindo... – Disse, forçando os olhos para identificar o que acontecia lá na frente.

— O que? Quem está vindo? – Perguntou confuso e preocupado.

— Eu não sei, não sei o que é!

 Carson começou a ficar aflita.

 Mais pessoas vinham correndo e gritando, abandonavam os carros e corriam na outra direção. Os carros mais próximos da batida ignoraram as autoridades e começaram a avançar, Carson fez como eles e nisso, começou a ouvir chiados na ligação.

— C-Carson, Carson, está aí? – A voz do irmão falhava – Pode me ouv... Carson...

— Mas que droga! Joe, está me ouvindo? – Ela pergunta, mas só consegue ouvir pedaços da resposta.

— Carson! – Ele chama do outro lado, mas a ligação cai.

— Que droga! – Ela olha para o visor do celular e vê que o pouco de sinal que ainda tinha por ali se foi, saíra completamente da área de cobertura da operadora.

 Volta sua atenção para a estrada e diminui a velocidade quando, ao passar pelo engavetamento, vê pessoalmente uma daquelas cenas da televisão. Uma mulher caminha trôpega pela estrada, tem o rosto sujo de sangue e um de seus pés ferido, ela o arrasta pelo asfalto e não parece sentir dor, uma outra moça e um homem estão mais à frente, tão machucados quanto ela, mas estão abaixados sobre uma pessoa, arrancam e devoram suas entranhas de forma voraz, um outro como eles se arrasta para fora de um dos carros do acidente. É de lá que estão vindo, são as vítimas da batida, Carson conclui e volta a acelerar.

 Mais um pouco e uma daquelas coisas pula sobre um dos veículos, era o trailer daquele senhor com quem falara. Mais duas criaturas se juntam ali, dessa vez pela janela do motorista e começam a puxa-lo para fora, Carson se assusta e paralisa, não sabe o que fazer e mais deles começam a se aproximar, um homem encharcado de sangue corria em sua direção, pronto para atacar o carro, quando ela ouve atrás de si uma buzina. Ela desperta e acompanha com os olhos uma moto chegar ao seu lado, reconhece ser a mesma que acertara seu carro.

— Por aqui! – O homem aponta a cabeça uma entrada depois da outra pista, que os outros carros usavam, mas que Carson não havia prestado atenção e passara alguns metros. Ele arranca para lá e Carson acelera logo atrás, o morto alcança a janela do passageiro, mas ela gira o carro e a criatura cai.

 Ela muda de pista através de uma brecha entre dois carros, atravessa a via contrária e segue por uma estrada menor que começava ali, deixando para trás as buzinas e o som dos carros derrapando na rodovia. Carson respira ofegante pelo momento de tensão e pisca algumas vezes para se concentrar, não era esse o desvio que iria pegar, tinha que descobrir qual caminho era aquele e arranjar um jeito de voltar para sua rota.

 Continuou seguindo a moto e os outros carros em uma velocidade acelerada, Carson e com certeza todos eles queriam se afastar ao máximo do massacre na rodovia. A pequena estrada também era cercada pela mata dos dois lados, asfaltada e sem nenhuma curva visível no momento, o que significava que se eles se deparassem com uma cena como a da rodovia, sua única saída seria correr para a floresta. Ela rezou para que isso não acontecesse.

 Depois de algum tempo checou o celular, mas ainda estava sem sinal, seu irmão devia estar morrendo de preocupação, largou o aparelho sobre o outro banco e se concentrou em dirigir.

 Minutos mais tarde, ela finalmente avistou uma bifurcação, juntamente com uma placa que informava o quilômetro em que estavam e logo acima uma outra, em forma de seta, indicando sobre um restaurante. Virou à direita seguindo a placa, podia parar no restaurante e se orientar.

 Não demorou a encontra-lo, era um estabelecimento simples, não muito grande, com um posto de gasolina ao lado e um letreiro iluminado em vermelho que dizia “Fred’s”, por sorte os dois ainda não tinham fechado as portas como muitos dos lugares que vira no caminho. Parou no estacionamento onde estavam ainda um outro carro e um caminhão, pegou o telefone, algum dinheiro, desceu e entrou no restaurante.

 Como observou era um lugar pequeno, com um balcão nos fundos, as mesas acopladas nas outras paredes e um espaço razoável entre as duas coisas, formando um corredor. Um homem robusto estava atrás do balcão, vestia um meio avental e secava copos com um pano gasto, olhou para ela quando o sininho da porta anunciou sua entrada, mas logo voltou a se concentrar em sua tarefa.

 Haviam apenas mais três pessoas no restaurante além dela e do funcionário, ela caminhou até o balcão e se sentou em um banco.

— Boa noite, estou tentando chegar à Carolina do Sul, estava indo pela rodovia, mas aconteceu um acidente e tive que desviar, sabe de alguma rota alternativa a partir daqui? – Carson perguntou ao atendente.

— O caminho mais rápido era por lá, mas imagino que tipo de acidente foi esse, levando em conta essa história dos mortos se levantando, então não vou aconselhar que volte – o homem disse. – Só um minuto, vou ver se encontro um mapa lá dentro para te explicar.

— Tudo bem, obrigada! – Carson agradeceu e ele se afastou, cruzou uma porta que provavelmente dava na cozinha e depois de um tempo voltou com um papel em mãos.

— E então, para qual cidade está indo?

— Para a capital, Colúmbia.

 Ele abriu o mapa no balcão e começou a apontar algumas ruas a partir dali que levariam a uma outra estrada que, por sua vez, levaria ao outro estado.

—  Aí é só seguir por ela que vai chegar a essa cidadezinha – mostra –, a estrada atravessa a cidade, então só precisa segui-la até sair e logo estará na capital.

— Entendi, muito obrigada, de verdade! – Ela sorriu e se lembrou de mais uma coisa – Seria muito incomodo pedir para usar seu telefone?

 Carson pediu e ele deu de ombros, ela esticou o braço sobre o balcão, puxou o auscultador do telefone fixo e discou o número de seu irmão.

 Enquanto chamava ela se virou no banco e encarou o lado de fora pelas vidraças, vendo aquela mesma moto passar pelo estacionamento e parar no posto de gasolina. Carson revirou os olhos e se concentrou na ligação.

 Ligou para o celular, mas só ouviu uma mensagem informando que estava desligado ou fora de área, passou para o telefone de casa, chamou por um bom tempo, mas ele não atendeu, tentou mais uma vez e nada. Por fim, deixou um recado na secretária eletrônica:

— Oi Joe, é a Carson, a ligação caiu naquela hora, mas eu estou bem. Ainda estou sem sinal, mas achei esse bar na estrada e o cara me deixou usar o telefone – explicou. – Estou na Geórgia, mas logo devo chegar aí, te ligo de novo quando puder, até mais.

 Ela agradeceu mais uma vez ao homem e acabou por pedir uma garrafa d’água, bebericou um pouco e então o motoqueiro entrou no restaurante.

 Era um homem alto, de cabelos negros, lisos, pele clara, segurava o capacete em uma das mãos e usava, como Carson observara antes, uma jaqueta de couro preta.

— E aí, cara – ele se encostou no balcão e se dirigiu ao funcionário. – Estava viajando pela rodovia, mas tive que desviar, sabe como posso chegar à...

— Deixe me adivinhar, à Carolina do Sul? – O homem ergueu as sobrancelhas – Eu acabei de indicar o caminho para Colúmbia a ela, o mapa ainda está ali, então pode dar uma olhada, se quiser.

 Ele apontou Carson com a cabeça e só então o outro pareceu nota-la.

— Na verdade era à Virgínia, mas vou ter que passar pela Carolina de todo jeito. Obrigado – ele diz e então se aproxima de Carson, que o encara com uma sobrancelha erguida. – Oi, será que posso dar uma olhada?

 Ele aponta para o mapa e ela ri, incrédula.

— O que acha de dar uma olhada naquele amassado que fez no meu porta-malas?

 Pergunta de modo irônico e ele fica confuso por alguns segundos, até que a reconhece e compreende a situação.

— Oh! – ele exclama, desvia o olhar e pigarreia – Eu sei que foi errado sair daquele jeito, me desculpe, mas eu precisava muito chegar em casa.

— Precisava é? Bom, eu também precisava chegar a algum lugar! – Ela esbravejou – Meu carro podia muito bem ter estragado ali no meio da estrada e muito provavelmente eu estaria presa lá até agora, sendo devorada por uma daquelas coisas!

 Carson se lembra das cenas que presenciou, daquele senhor amável sendo arrancado do trailer violentamente, e o que será que aconteceu com a esposa dele? Carson pensa e várias terríveis possibilidades lhe vem à mente, ela sacode a cabeça para afastar o pensamento.

— Eu sei, me desculpe mais uma vez, eu realmente tinha que chegar a Virgínia e o mais rápido possível, aliás, ainda tenho, mas aquela bagunça toda me atrasou – ele tentava se explicar e então algo lhe passou pela mente. – E por falar nisso, se não fosse por mim teria ficado encurralada e realmente sido atacada lá atrás, eu salvei você.

 Ele virou o jogo de modo convencido e sarcástico.

— Acho que sua vida vale mais do que um amassado naquela lata velha!

— Lata velha?! – Ela se ofende, mas para um instante e pondera sobre o que ele disse. Era verdade, salvara sua vida, afinal mais ninguém lá parecia disposto a parar para avisa-la, Carson respira fundo – Só não chamo a polícia agora mesmo porque não estou com tempo para burocracias, e também não acho mesmo que eles viriam. Então, vou considerar sua ajuda naquele momento e ignorar a sua completa falta de cortesia, até porque, não acho que vá me pagar pelo estrago.

— Sinceramente, não vou mesmo, e dinheiro é a última coisa em que devíamos pensar no meio desse caos – disse e meneou a cabeça. – Bom, estamos quites então. Sou Will McDermont.

 Ele estendeu a mão à Carson, ignorando tudo o que ela acabara de dizer. Ela suspirou e balançou a cabeça em negação.

— Carson Hartley.

 Disse, mas não aceitou o cumprimento e Will recolheu a mão

— Bem, Carson Hartley, será que posso dar uma olhada no mapa agora? – Pediu e ela jogou o papel para ele, deixou de encará-lo e terminou de beber a água enquanto Will checava o mapa – Não vou chegar a entrar em Colúmbia, mas parece que vamos seguir juntos por um tempo.

 Se dirigiu a Carson, que jogou um dólar sobre o balcão e começou a caminhar para fora.

— Desde que não ferre de novo com meu carro, faça o que quiser – respondeu seca antes de sair. Foi em direção ao carro e se sentou ao volante, vendo Will também sair do estabelecimento.

 Will coloca o capacete e sobe na moto, Carson prende o cinto e os dois arrancam juntos. Ela vai na frente, seguindo o caminho que lhe indicaram. A estrada está escura e silenciosa, nenhum outro veículo circula por ali.

 Duas horas de viagem e os dois já se aproximam de Colúmbia, Will vez ou outra ultrapassava o carro, Carson se lembra que ele ainda teria que seguir por um bom tempo até chegar em Virgínia, uma viagem difícil de moto, mas ele parecia não se importar, estar acostumado com aquilo.

 Eles passam pela cidadezinha que o homem do bar mostrou, saem e é hora de se dividirem. Quando vê mais à frente o desvio pelo qual seguiria, Will buzina e olha para trás, acenando rapidamente para Carson, a luz dentro do carro está acesa, ele a vê desviar os olhos da estrada um segundo e acenar de volta, então se viram novamente e o susto é coletivo.

 É tudo muito rápido, uma criatura errante surge na frente da moto, Will tenta desviar, derrapa e vai ao chão. Sem tempo para frear Carson gira com tudo o volante e o carro vira para a esquerda, dando de cara com uma das árvores na encosta. Carson bate a cabeça no vidro da janela, a pancada é forte, a desorienta e faz surgir um zumbido irritante em seu ouvido.

 Ela pisca algumas vezes, puxa o cinto e está travado, tenta se levantar para escapar do aperto, se sente zonza, sua visão embaça, mas ela ainda tem tempo de olhar para o lado e ver por entre as sombras a criatura se aproximando de Will, que se encontra caído, com uma perna sob a moto e que não esboça nenhum sinal de estar pronto para reagir. Ela tenta resistir, mas sem conseguir manter os olhos abertos, Carson se entrega à inconsciência.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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