Suplício escrita por G I Dallastra


Capítulo 5
A Sentença: Começa o Pior dos Pesadelos




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Conforme os dias foram passando a vida de Sônia foi tornando-se um pesadelo cada vez pior. Ela trocou de advogada e não falou mais com Pedro. Chegou um momento em que não tinha mais como manter Paula longe dela então ela concordou que a filha a visitasse, porém com o coração partido, pois ela não queria que a garota a visse naquela situação. Ela estava sofrendo demais por não poder mais estar com Pedro, porém ela sentia-se machucada demais por ele não ter acreditado nela. Depois de três meses presa, foi marcada a primeira audiência e quando o advogado teve acesso aos autos do processo e da acusação.

— Sônia, as notícias não são boas – disse a advogada ao sentar-se em frente a Sônia.

— ao andar da carruagem, não sei como isso pode piorar – disse Sônia em um tom abatido, porém ela ainda tinha esperanças.

— como a sua audiência já foi marcada eu pude ter acesso aos autos do processo onde constam as provas e os detalhes das acusações e surgiu um problema muito grande que eu não tinha conhecimento até agora – ela então abriu sua pasta e tirou uma folha de dentro dela – essa é uma cópia de um boletim de ocorrência registrado pela Laura – então ela deu a folha para que Sônia olhasse – a Laura que você alega ser a mandante da armação.

— por que o nome da minha mãe está aqui? - disse Sônia surpresa.

— você não teve conhecimento disso?

— eu não estou entendendo nada, o que é isso?

— Laura registrou esse B.O alegando que sua mãe foi até a casa dela pra forçá-la a confessar que tinha feito armado pra você e com a rejeição dela de confessar isso, sua mãe a teria agredido com um tapa no rosto. Há até fotos nos registros em que ela mostrou o hematoma do rosto – a advogada deu uma suspirada longa – isso vai complicar muito a sua defesa.

— e agora?

— minha sugestão é que tentemos um acordo com a promotoria. Você pode alegar que era sua a droga e isso vai reduzir muito a pena.

— você está louca? Eu não vou pra confessar um crime que eu não cometi!

— Sônia eu vou ser bem franca com você, você foi presa em flagrante e sua defesa se baseia inteira em uma armação da qual não existe nenhuma prova e a pessoa que você acusa de ser a cabeça por trás disso tudo tem um boletim de ocorrência onde há alegações de que sua mãe a agrediu. Se você fosse a juíza do caso, qual seria o seu veredito?

Sônia começou a chorar.

— pelo amor de Deus, me consiga um encontro com a Laura, tente conversa ela a vir me ver.

— isso está fora de cogitação Sônia, completamente fora de cogitação, se a promotoria fica sabendo que houve um encontro entre você aqui eles vão montar um circo do qual você nunca mais vai se livrar.

— caso eu seja condenada, quanto tempo eu posso pegar?

— pode pegar até doze anos pelos dois crimes se você der muito azar ou pegar apenas serviço comunitário se der muita sorte.

Sônia não aceitou aquela situação, ela jamais confessaria um crime que não cometeu, ainda mais sabendo que aquela era uma armação de Laura.

Após passada a primeira audiência não houve nenhuma grande reviravolta. Foram apresentadas as provas, incluindo o B.O e advogada de Sônia pediu as imagens das câmeras de segurança do aeroporto para ver se Laura aparecia em alguma delas, porém como para o juiz era infundada a história de que Laura era a mandante do crime, foi negada a solicitação. Depois de quarenta e cinco dias chegou o dia da última sessão. Após começar o julgamento e a acusação ter feito as considerações iniciais e a defesa ter feito as alegações, Sônia e a advogada estavam em uma sala do fórum esperando que terminasse o ressesso que havia sido pedido.

— e o que você acha? - perguntou Sônia – seja franca.

— não estou com um bom pressentimento Sônia. Esse juiz, como você já pode perceber é casca grossa e não aceitou as alegações de que foi armação – ela deu uma suspirada – eu sinto muito em te dizer isso mas, vamos voltar para lá preparadas para o pior.

E assim o fizeram. Quando o juiz pediu que todos voltassem pois retomariam a sessão, Sônia já foi para lá com o coração na mão preparada para o pior. Reestabelecido o julgamento, o juiz começou a falar várias coisas que ela não compreendia, mas pelo rosto da advogada, ela sabia que coisa boa não era, mas então o juiz disse uma coisa que ela entendeu, entendeu muito bem e aquilo lhe entrou pelos ouvidos como se fosse uma facada “… culpada. Condeno a ré a nove anos e quatro meses de detenção, sendo obrigada a cumprir ao menos um terço da pena em regime fechado.”.

Sônia ficou em choque, ela não conseguia dizer nada, a única coisa que ela conseguiu fazer foi olhar para sua mãe e sua filha que não havia entendido nada daquilo mas chorava a abraçava a avó ao vê-la aos prantos.

O que Sônia não imaginava é que aquele que era o momento mais difícil de sua vida, era apenas o começo do pesadelo, o pior ainda estava por vir…

 

2013

— meu Deus, mas toda vez que você vem pra cá você está maior e mais linda – disse Sônia sorrindo ao ver Paula entrando com Estela no saguão do presídio.

— oi mamãe, eu trouxe um monte de coisas pra você – disse a menina sorrindo ao pegar a mãe pela mão e conduzindo ela até uma mesa que havia no saguão, então elas sentaram-se e Paula abriu a pasta, pegou as folhas que haviam nela e colocou sobre a mesa – olha, fiz um montão de desenhos pra você.

— mas é tudo tão lindo meu amor – disse Sônia sorrindo, então ela pegou Paula no colo e as duas começaram a folear os desenhos – então ela olhou para a mãe – e você dona Estela, tudo bem?

— tudo sim – disse Estela com u sorriso tímido.

— quem não te conhece pode até acreditar dona Estela. O que houve?

— toda vez que eu preciso vir te visitar eu me culpo, se eu não tivesse me metido daquele jeito, você não estaria aqui.

— ê ê ê vamos parar com essa conversa – interrompeu Sônia – só existe uma culpada pra eu estar aqui e é a Laura, eu já te falei um milhão de vezes que isso ia acontecer e que você não teve culpa nenhuma – repreendeu Sônia.

Estela vinha tentando colocar aquilo na cabeça a tempo, porém não conseguia convencer a si mesma.

— mas filha, eu sei disso, mas coração de mãe você sabe como é, eu fico mal.

— não fica mãe, por mais incrível que possa parecer, eu estou bem. É terrível saber que estou pagando por algo que não fiz, mas assim, eu estou me dando bem, estou trabalhando em uma fábrica de roupas o que vai diminuir um pouco a pena, eu estou estudando também sabe, estou com muitos planos pra fazer uma faculdade quando eu sair daqui, quer dizer, é horrível, mas pela primeira vez na vida estou com um tempo pra pensar em mim – disse Sônia esperançosa.

— ai que legal mãe, já imaginou que legal a gente fazer faculdade juntas? - disse Paula animada.

— claro meu amor, imagina que máximo.

Depois de uma tarde linda onde riram e mataram a saudade, Sônia, Estela e Paula se despediram com fortes abraços e beijos e Sônia disse que amava Paula e Estela com uma intensidade tão grande que todos sentiram, então ela foram embora.

Era um final de tarde de uma tarde de inverno fria quando Estela e Paula entraram no ônibus dos visitantes do presídio e sentaram-se no fundo do ônibus, logo Paula dormiu. O presídio era longe do centro da cidade e Estela também estava sonolenta, porém seu sono passou completamente quando ela notou que o ônibus começou a girar na pista que estava molhada e escorregadia. “Todo mundo se segura firme em alguma coisa!” gritou alguém que estava sentado na frente.

Estela estava sem cinto de segurança e Paula estava com o cinto, então o corpo de Estela foi arremessado longe quando o ônibus tombou.


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