Suplício escrita por G I Dallastra


Capítulo 15
O despertar de um pesadelo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745897/chapter/15

Sônia estava dormindo na poltrona que havia no quarto do hospital onde estava sua filha quando foi despertada pelo seu telefone. Era a garota que ela havia colocado na loja em seu lugar.

— alô? - ela pediu com a voz deixando claro que havia acabado de acordar.

— oi Sônia – disse a jovem do outro lado da linha – chegou a mercadoria nova do pessoal de São Paulo, eu preciso que você venha me ensinar a etiquetar as coisas novas, é que tem produtos que eu ainda não sei como fazer.

— claro, eu chego aí em meia hora.

Sônia estava receosa em ter que deixar a filha sozinha. Fazia uma semana desde o ocorrido com Laura e desde então Sônia não havia saído do hospital, ela havia colocado a funcionária justamente para não precisar sair, então ela ficou muito dividida. Ela poderia ficar uma hora fora ou ligar para a funcionária e pedir que ela deixasse os produtos sem etiquetamento por enquanto “Não, eu não posso ser tão paranoica. Eu vou sim” ela pensou.

Sônia então pediu que uma enfermeira ficasse com Paula no quarto para que ela fosse até a loja e, como todos sabiam do perigo que era Laura, uma enfermeira topou ficar com ela no quarto até que Sônia voltasse .

Quando lá chegou, Sônia achou estranho que a porta de sua banca estava fechada, então ela pegou sua chave, abriu a porta e já entrou brava.

— posso saber por que a porta da loja está fechada às quatro da tarde de uma segunda-feira? - perguntou ela, então quando entrou, deu de cara com Laura apontando uma arma para ela.

— porque eu não tenho talento para vendedora. Tranca a porta e entra – ela ordenou.

— cadê a minha funcionária? - perguntou Sônia assustada.

— não se preocupa que ela não morreu. A única que vai morrer aqui hoje é você.

Sônia então trancou a porta assim como Laura mandou e ficou ali parada esperando o próximo passo.

— fiquei sabendo que você não sai mais do hospital com medo que eu fosse lá machucar a sua garotinha – ela então deu uma gargalhada alta – eu não vou fazer nada com ela, a não ser claro, deixar ela órfã.

— e o que você ganha com isso Laura, você realmente acha que pode me fazer mais mal do que ter me colocado na cadeia por dez anos enquanto vi minha mãe morrer e minha vida desmoronar?

— posso sim, eu posso ter o prazer de te mandar pro inferno.

— deixa de ser burra mulher, pega o dinheiro do caixa e foge. Foge daqui, vá pra fora do país e recomeça a tua vida como uma pessoa digna.

— eu não vou ter lição de moral de uma ex-presidiária, cala essa boca.

— ex-presidiária inocente e você sabe disso, afinal foi você quem armou pra mim sua cretina.

— cretina? - Laura andou até Sônia e colocou a arma em sua testa – não é uma boa ideia irritar uma mulher com uma arma em mãos.

Antes que Laura pudesse fazer alguma coisa, Sônia a desarmou como Sheila havia ensinado a ela e jogou Laura no chão.

— acho que o jogo virou não é mesmo querida? - disse Sônia.

Laura então sacou sua segunda arma e apontou para Sônia.

— pense de novo. Desse vez a luta é justa, não é como da vez em que você me apontou uma arma e me deixou sem ter como me defender.

Laura levantou-se mantendo Sônia na mira e Sônia também a mantinha em sua mira.

— é isso cretina, é matar ou morrer. Desse vez é nosso embate final – disse Laura.

— vai atear fogo em mim com você fez com a Sheila?

— sabe que não é uma má ideia? Eu poderia mesmo tacar fogo nessa porcaria toda e começar um incêndio aqui e acabar com esse mercado popular asqueroso, quem sabe eu receberia um prêmio né, afinal ia ser uma limpeza étnica na cidade inteira.

— me tira uma dúvida Laura, foi você mesma quem ateou fogo na casa as Sheila ou você pagou alguém pra fazer aquilo?

— infelizmente não tive esse prazer, foi o Estevam e um amigo dele que fizeram aquilo, mas foram muito bem pagos tá? Não se preocupe que eu recompenso muito bem quem presta bons serviços pra mim.

— sua desgraçada, quem é Estevam?

— aquele que estava comigo no motel nas tuas fotinhos sua cadela.

— a, então além de amante ele é teu cúmplice? Que linda história de amor. Você então tem na tua ficha corrida comprar aquela agente que revistou a minha mala pra armar a minha prisão, o assassinato da Sheila, a tentativa de homicídio contra mim ateando fogo na casa comigo desmaiada dentro e agora a nova tentativa de homicídio contra mim e contra minha funcionária, esqueci de alguma coisa?

Laura deu uma gargalhada.

— esses são os feitos que mais me orgulho da minha vida, mas você falou uma coisinha errado, agora não é uma tentativa de homicídio contra você, é um homicídio, porque eu vou te mandar pro inferno!

Laura então atirou em Sônia, atingindo-a bem no meio do peito o que fez com que ela caísse no chão. Laura então se aproximou da rival achando que ela estava morta e levou um tiro no ombo que a arremessou no chão, ao cair ela deu um grito de dor que ecoou dentro da sala.

— eu te acertei bem no coração sua desgraçada – gritou Laura.

Sônia levantou-se e foi em direção a Laura e chutou o revólver que ela tinha para longe, então ela levantou sua camisa revelando o colete a prova de balas.

— a prova de balas, sua otária.

Sônia então, mantendo Laura na mira, foi até atrás do balcão e pressionou o botão de pânico da loja e pegou seu celular, discou o número e levou o aparelho até a orelha.

— Guilhermina? Sônia. Está feito, Laura caiu feito uma pata e as câmeras da loja e o microfone gravaram tudo, até o nome do cúmplice ela falou.

Sônia então desligou o telefone e colocou no bolso. Do outro bolso ela tirou o aparelho que estava ligado a um fio que percorria todo seu corpo e terminava no ombro e estava preso por fita microporosa, era o microfone que ela havia usado para gravar tudo o que Laura havia dito.

— sua desgraçada – disse Laura enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Erma uma mistura de ódio e dor.

— isso é só pra você ficar mais esperta do que você pensa que é. Você se achava intocável porque tinha a Guilhermina do teu lado, agora você vai provar o teu próprio veneno.

 

***

Sônia estava no hospital ao lado da cama da filha segurando sua mão, afinal Laura já havia sido presa e ela já havia provado a todos que era inocente, agora para sua vida voltar ao normal e ela poder ser feliz bastava apenas que Paula acordasse e ela não queria perder esse momento, pois ela tinha esperança que ele chegaria. Então mesmo com Laura presa, Sônia continuava ali com ela todos os dias.

Sônia puxou a poltrona para o lado da cama e acabou adormecendo. Era um sono leve como de costume no qual Sônia estava segurando a mão da filha e com a cabeça encostada em seu ombro, eis que então Sônia despertou. Ela estava ouvindo um som que a princípio não conseguiu decifrar, parecia alguém gemendo bem baixinho, quase que em sofrimento, então quando ela recobrou a consciência ela percebeu: era Paula. Dominada pelo sentimento mais feliz que já havia sentido na vida, Sônia começou a chorar de felicidade ao ver a filha ali com os olhos abertos e tentando falar algo.

— minha filha, você está acordada!

Ela então secou a lágrima que escorria no rosto da filha e chamou as enfermeiras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Suplício" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.