Legado dos Deuses escrita por Any Louze
— A quem devo a honra de ter me convocado ao conselho? - pergunto ficando frente a frente com os quatro deuses.
— Poupe-nos do seu sarcasmo Loki - Zeus reclama impaciente.
— O meu sarcasmo não impede que falem - replico sorrindo.
— Não há tempo para isso! - Osíris reclama olhando para meu pai - Diga a ele Odin.
O deus me olha de cima a baixo, o usual olhar de decepção presente em seu rosto imortal, mas já havia deixado de me importar com que o Grande Odin pensa de mim.
— Um Makteho nasceu - ele faz uma pausa esperando o efeito dessas palavras se dissipar pelo ambiente.
— E? - retruco disfarçando a surpresa em meu olhar - Maktehos têm surgido aos montes. Nenhum deles foi digno de tornar-se um Universal.
— Essa é diferente - Júpiter se pronuncia pela primeira vez.
— Então é uma garota... - digo por fim sem entender o que eu estava fazendo ali.
Júpiter se remexe na cadeira desconfortável. O deus romano estava definhando aos poucos, não haviam mais homines divinitatem romanos há décadas. Os romanos estavam desaparecendo e, a única esperança de evitar sua extinção, o deixava irritado por alguma razão, provavelmente o motivo de meu envolvimento.
— A garota, - Odin prossegue - é uma Arv - assinto ainda sem entender o motivo da convocação, a garota é viking e daí?
— E nasceu com a sua marca, - Osiris complementa - com cabelos vermelhos como o fogo que lhe é submisso.
— E o que os faz achar que ela seja digna? - replico mascarando o meu interesse no assunto.
— Porque a garota não quer o poder que tem, ela aceita suas origens e aceita sua história, ou pelo menos a fantasia que os humanos lhe contaram, ela só não aceita o poder.
— E qual é meu papel nisso?
— A profecia finalmente tem as variáveis que precisa para realizar-se - Zeus responde.
— E o seu papel, Loki, será reclamar a garota, marcá-la com sua serpente e como Makteha - meu pai revela me analisando.
— Se eu a marcar como um Universal ela terá um alvo nas costas.
— E desde quando vidas mortais importam a você, trickster? - Osiris retruca.
— A mim pouco importa, - digo trazendo um sorriso de volta ao rosto - mas se a garota é a primeira que recebe o poder de quatro facções de primordiais sendo digna de utilizá-lo a vida dela importa ao conselho.
— Devíamos ter deixado que Hefesto a marcasse - Zeus murmura irritado.
— Ela precisa ter a marca de um dos Grandes - Odin responde paciente - e, além do mais, ela acredita ser uma viking. Se Hefesto aparecesse não tenho certeza se ela estaria inclinada a nos ajudar e...
Pigarreio chamando a atenção dos quatro anciões a minha frente. Todos olham para mim com o usual olhar de desprezo e eu me limito a manter o sorriso e a expressão jocosa.
— Pelo que entendi, - inicio observando os deuses - além de marca-la com o meu fogo devo marca-la como Universal e ainda fazer o que? Explicar a nossa situação - rio com desprezo - a uma mera mortal?
— É a nossa última esperança - Osíris diz sério.
— As Nornas realmente trabalham de uma forma engraçada - comento deixando os conselheiros mais irritados - o Conselho deveria ter considerado mandar Hefesto, ou qualquer outro deus.
— O elemento principal da garota é o fogo - Júpiter retruca com as poucas forças que lhe restam - Você e apenas você pode clamar a garota. Não tente fugir garoto, nós já analisamos todas as variáveis, você é nossa única e última opção.
— Como negar um pedido dessa forma... - afirmo ainda sarcástico - o que desejam que eu faça?
Os deuses se entreolham desconfiados antes de começar a falar, mas - por mais que eu quisesse negar - precisava da garota tanto quanto eles. Já começava a sentir o fogo se rebelar sob meu controle e sabia que isso era só o início.
— Precisa guiá-la - Odin diz enquanto observa cada movimento meu - treiná-la e fazer com que ela acredite em nossa verdadeira história. Precisa fazer com que ela não seja corrompida pelos humanos - conclui e eu rio abertamente
— Está dizendo, pai - faço uma pausa para me recompor - que devo ser o guia da garota? EU Loki? O deus que você mais desconfia?
— Como bem disse, as Nornas trabalham de uma forma peculiar - responde
— Acredito que eu tenha usado a palavra engraçada, - ele me olha sério - mas peculiar também parece aplicar-se.
— Aceitará a missão ou não, trickster? - Zeus questiona impaciente.
— O Conselho não me dá outra escolha... irei aceitar a missão, - começo a me retirar - contudo não farei nada além disso. Irei guiar a garota...
— Érika - meu pai interrompe.
— Que seja, - continuo - irei guiar a águia-rainha até seu ninho, - digo sorrindo ao traduzir o nome da garota - mas será tudo. Depois de lhe dizer tudo que precisa saber irei deixá-la seguir seu caminho. Afinal todos sabemos como os deuses do destino ficam quando interferimos - respondo vendo Júpiter e Zeus fecharem ainda mais as feições.
— Muito bem, - Osiris diz levantando-se - contando que o faça direito não lhe pediremos mis nada. Está dispensado.
Sorrio e começo a me retirar quando Odin grita:
— Ela irá para o Último Arquipélago amanhã!
Dou meia volta, pronto para discutir a questão, mas os quatro deuses já haviam saído dali. Irritado, rumo aos meus aposentos já maldizendo os quatro conselheiros.
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